Sermão de Domingo
J.Verdasca
(O Movimento das FFAA que ontem derrubou o regime, hoje é Poder e amanhã permite e comete o crime)
Caros
paroquianos, o sermão de hoje é dedicado aos actos, factos, tratos e
desacatos do 25 de Abril, numa tentativa de abordagem psico-filosófica
dos procedimentos mais polémicos que o caracterizaram, e que nos últimos
dias vêm sendo objecto de sérios pronunciamentos, com interpretações
opostas e contraditórias, por vezes fundamentalistas, em relação aos
ex-centuriões, por parte de comentadores de todas as ideologias
político-partidárias, de todos os estratos da pirâmide social, de todos
os níveis socio-culturais e ainda dos mais variados sectores e posições
economico-financeiras. Apesar de a esmagadora maioria dos polemistas
pertencer à classe militar, nota-se também razoável participação do
sector dos espoliados retornados, além, claro, de cidadãs (os) que se
interessam e ou apaixonam pelo tema. E - vejam bem - todos
estarão certos de suas razões, todos se consideram discutindo
honestamente e todos merecem o nosso profundo respeito, quando
argumentam educada e sinceramente. O tema é apaixonante, e envolve uma
boa parte da população portuguesa, neste dramático estágio da vida da
NAÇÃO, quando a uma profunda e grave crise financeira se soma outra não
menos grave CRISE MORAL, em que o CARÁTER e ou os CARACTERES da nossa
gente se encontram amolecidos, a provocar alterações de personalidade,
juízos de valor apressados, mudanças culturais, morais (de mores=costumes) e
comportamentais significativas e até mesmo reacções não antes vistas, a
revelarem mudança de rumo adotadas por quem sempre foi ortodoxo,
tradicionalista e equilibrado. Convivi lado a lado com o
Otelo durante todo o primeiro ano da Academia Militar na Amadora,
permanecemos juntos mais dois anos no curso em Lisboa, pensava
conhecê-lo bem, mas, depois, muito me surpreendeu com seu comportamento
após o 25 de Abril, o mesmo acontecendo com o Campos Andrada e outros,
dos quais jamais esperei o comportamento que tiveram. Aqui, aplica-se a teoria de Ortega e Gasset: "Eu - ou nós - sou eu (nós) e minhas (nossas) circunstâncias". É que, em condições (circunstâncias) ANORMAIS,
os homens comportam-se anormalmente !. E os Capitães de Abril NÃO
ESTANDO PREPARADOS PARA TANTAS LUZES - PARA TANTA RIBALTA - PARA
TANTA FAMA - PARA TANTA RESPONSABILIDADE, deram com os
burros na água, como dizia Sarmento Pimentel. Passando de simples
majores a generais, de comandantes de pequenas unidades a comandantes de
Regiões Militares, pura e simplesmente, NÃO AGUENTARAM. e NINGUÊM REPAROU NO COMPORTAMENTO DO CAPITÃO SALGUEIRO MAIA, QUE, COMO CAPITÃO, REGRESSOU À SUA UNIDADE !!!!!
A carne é fraca, e a vaidade, o Poder, a ambição, o orgulho e a ganância tornam fraca a forte gente. Camões
- que era sábio, pelo estudo e pela experiência - assim falava, mas,
após o 25 de Abril, a Nação entrou em transe, esqueceu-se de que
precisava trabalhar, que necessitava poupar, que urgia produzir, que só
com ordem se alcança o progresso, que só a disciplina constrói, que
apenas respeitando se é respeitado. Spínola renunciou por falta de
apoio, e, a ele, seguiu-se o caos que foi o PREC, cúmulo
e acúmulo de indisciplina e desordem, de vagabundagem e
irresponsabilidade, de procedimentos criminosos apoiados e até mesmo
instigados por alguns "lideres", sob o olhar complacente de quem deveria
tomar providências, pois eram manifestações e procedimentos da ralé da
Nação, da escória da sociedade, do pior que havia em Portugal, a que se
somou um pouco do pior que o país acolheu. Entre esta gente, sobressaíu o
escol da Pátria, representado pelos impropriamente designados
RETORNADOS, que chegados só com a roupa do corpo - mas habituados ao
trabalho honesto, acostumados a vencer - logo se encaminharam na vida,
lição que ninguêm quiz seguir, exemplo que ninguêm ousou seguir, rumo
que mais ninguêm tomou, pelo que - em pouco tempo - desapareceu a
PESADA HERANÇA, representada por muitas centenas de toneladas de ouro,
poupança do regime anterior, apesar de seus defeitos, de suas agressões,
de seus crimes !!!. E, nestes 35 anos - talqualmente como antes - os
portugueses viram-se obrigados a recorrer à emigração - uma vez que a
sua Pátria continuou a empobrecer RELATIVAMENTE AO RESTO DA EUROPA,
ONDE CONTINUA A SER A LANTERNA VERMELHA, O
QUE PARECE SER O NOSSO FADO, O NOSSO TRISTE DESTINO, QUAL FATALIDADE DE
QUE JAMAIS CONSEGUIMOS LIVRAR-NOS, DEPOIS DE TERMOS SIDO O MENOR ESTADO
A TORNAR-SE O PRIMEIRO E MAIOR IMPÉRIO DO SÉCULO XVI, PRESENTE NOS
CINCO CONTINENTES, PÁTRIA DE GIGANTES DESBRAVADORES E COLONIZADORES,
EVANGELIZADORES E POVOADORES, DESCOBRIDORES E NAVEGADORES.
Um autêntico SERMÃO deve ter características PEDAGÓGICAS, não podendo ficar-se ou limitar-se a citar erros, antes devendo apontar soluções, indicar caminhos, sugerir objectivos, aconselhar metas, mas sempre obedecendo a PRINCÍPIOS, respeitando gentes e normas, submetendo-se a regras e leis, subordinando-se
a usos, costumes e tradições que são a CULTURA de um povo, a IDENTIDADE
de uma NAÇÃO e a personalidade de suas gentes. Ora,
Portugal está hoje derrubado pela violência, a revelar a ineficácia das
leis, e, consequentemente, a necessidade de as reformular e adaptar às
actuais circunstâncias. A
Assembleia da República - por sua dependência dos partidos, de que
dependem os deputados, por sua colocação nas listas de candidatos -
não será um PODER - e como tal independente - enquanto não for
constituída por DEPUTADOS INDEPENDENTES, cujas decisões não possam ser
objecto de represálias do governo, quando o deputado não seguir a
liderança de seu partido. Os chefes de governo não podem continuar a
poder ser designados sem exigências mínimas de escolaridade, de
moralidade, de idealismo, serviços prestados, de garantias quanto a
comportamentos criticáveis e ou condenáveis. Aos políticos tem que
passar a exigir-se boa conduta, idoneidade moral, passado limpo,
atestado de bom comportamento. Aos funcionários públicos, há que não
perdoarabusos e infrações, que castigar faltas e omissões, que exigir
eficácia e competência. EM SUMA, HÁ QUE DISCIPLINAR O ESTADO, DAR BONS
EXEMPLOS À NAÇÃO, NÃO DESILUDINDO O POVO HUMILDE, HONESTO E TRABALHADOR,
QUE A TODOS AQUELES SUSTENTA, ATURA E AGUENTA. FALTA
HUMILDADE AO PODER PARA OUVIR O RUMOR DAS RUAS, PARA SENTIR AS
RECLAMAÇÕES DA PLEBE, PARA SE COMPORTAR COM SENTIDO DE JUSTIÇA, PARA NÃO
ABUSAR DE REGALIAS, DE SALÁRIOS ALTOS, DE MORDOMIAS, DE PRIVILÉGIOS, E
DE TODA UMA SÉRIE DE INJUSTIÇAS DISCRIMINATÓRIAS COM QUE SE VÊM
LOCUPLETANDO ABUSIVAMENTE, ENQUANTO A "ARRAIA MIÚDA" PASSA NECESSIDADES,
VIVE DESAMPARADA, EXPOLIADA, ENCURRALADA. HÁ QUE ACABAR, DEFINITIVAMENTE, COM AS MUITAS APOSENTAÇÕES DE POUCOS E A MISERÁVEL APOSENTAÇÃO DE MUITOS.
H A J A V E R G O N H A !!!!!!!!!
Cordialmente, JVerdasca
Poderá também gostar de:
Sem comentários:
Enviar um comentário