Os comandantes-gerais da polícia de dois países estiveram reunidos em Luanda para apresentar o ponto de situação em relação às acções de grupos armados nos dois territórios, segundo Bernardino Rafael, citado hoje pelo diário Notícias.
O responsável falava à margem de uma reunião de chefe de polícia da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que decorre na capital angolana.
"Moçambique está há oito meses com este problema e a RDCongo há dois anos. Uma segunda reunião está agendada para breve, de modo a alinharmos posições para melhor combater estes malfeitores", referiu Bernardino Rafael.
Para o comandante-geral da Polícia moçambicana, um dos principais trunfos da polícia será o apoio e colaboração das comunidades para a captura de membros destes grupos, situação que é comum nos dois países.
"Apelamos a cada família para continuarem a sensibilizar os seus filhos para não aceitarem em recrutamentos alegadamente para formação religiosa ou de suposto emprego", observou Bernardino Rafael, acrescentando que "é preciso reforçar a vigilância".
Além da RDCongo, Moçambique já colabora com a Tanzânia, que faz fronteira com Cabo Delgado e que tem registado há pouco mais de um ano casos similares.
O objectivo dos três países é garantir acções concertadas no combate a estes grupos.
A vila de Mocímboa da Praia e povoações do meio rural da província de Cabo Delgado têm sido alvo de ataques de grupos armados desde Outubro de 2017, causando um número indeterminado de mortes e deslocados.
Dez pessoas foram decapitadas na semana passada, depois de terem sido interceptadas em duas aldeias remotas, sem electricidade, nem infraestruturas.
No sábado, as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique abateram alguns dos supostos membros dos grupos armados que têm atacado a população, no norte do país, de acordo com um canal de televisão e fontes ouvidas hoje pela Lusa.
Segundo o canal de televisão STV, foram mortos oito suspeitos pelas autoridades durante uma operação nas matas da província de Cabo Delgado, junto a uma das aldeias onde foram decapitadas 10 pessoas.
Já esta madrugada, um ataque de um grupo armado à aldeia de Naunde, distrito de Macomia, no norte do país, terá provocado pelo menos seis mortos, disseram residentes na região à agência Lusa.
Um estudo divulgado em maio, em Maputo, aponta a existência de redes de comércio ilegal na região e a movimentação de grupos radicais islâmicos, oriundos de países a norte, como algumas das raízes da violência.