sábado, 16 de junho de 2018

Os pobres saem sempre a perder

Na vida urbana: 

EDITORIAL
É de William Shakespeare, esse grande escritor da língua inglesa, a expressão que diz que “a discrição é a melhor parte da bravura”.
O que para outros se traduziria em qualquer coisa como, não diga tudo o que pensa, mas pense sempre bem no que diz.
E será o que nos faz lembrar a intervenção do Presidente Filipe Nyusi na semana passada, quando em visita à cidade de Maputo, se insurgiu contra os manifestantes que dias antes haviam bloqueado a estrada circular da capital, exigindo que fossem tomadas medidas para mitigar a incidência de atropelamentos fatais na zona de Chiango.
Aqueles que sentem dificuldades em se inserir no meio urbano que saiam, disse o Presidente, ao mesmo tempo que, parecendo irritado, sugeria a existência de alguém (que parece ser do seu conhecimento) especializado em agitar as populações a rebelarem-se contra as autoridades.
Fez lembrar Donald Trump, quando se pronunciou sobre jogadores do NFL, que numa manifestação de indignação perante a brutalidade policial e desigualdades raciais, tomaram a decisão de ajoelhar enquanto se entoava o Hino Nacional, na abertura da época do futebol americano.
Depois de acusar os jogadores de anti-patriotas e desrespeitadores dos símbolos da nação americana, Trump sugeriu que eles deveriam sair do país. E alguém retorquiu: “sendo americanos, é para irem viver aonde”?
No mesmo dia da manifestação de Chiango, o vereador do município de Maputo para os transportes, João Matlombe, teria dito, em resposta ao pedido da população para que uma das medidas fosse a instalação de uma ponte para a passagem de peões, que mesmo que isso fosse feito, a população não a iria usar, por uma questão de preguiça.
E para se justificar deu o exemplo das duas pontes ao longo da Estrada Nacional Número 4 e de uma outra no bairro do Benfica, na EN1, as quais alegou que não estavam a ser usadas pela população.
Alguns dias depois das declarações do Presidente Nyusi, circulou nas plataformas sociais uma mensagem violenta, em que os seus mentores diziam que desde que nasceram nunca conheceram um outro lugar que não seja a cidade de Maputo.
Acrescentavam que não sabiam como é que as pessoas se preparavam para viver na cidade de Maputo. “Será pela condição social? Será pelo grau de habilitação (sic)? Será pela idade?” Há uma tendência humana em que os rurais de ontem tendem a apagar as suas origens, para serem mais urbanos que os próprios urbanos.
Dias depois de toda esta retórica presidencial, do nosso ponto de vista absolutamente desnecessária, o Presidente visitou a estrada circular, precisamente na zona onde tinham ocorrido as manifestações, e foi manifestar solidariedade à família da criança cujo atropelamento tinha provocado o protesto popular.
No dia seguinte lá estavam a ser lançados os alicerces para a construção da ponte que a população havia pedido. A questão aqui não é de saber quem, afinal, tinha razão.
E não nos compete dar lições a sábios. O que podemos dizer é que líderes devem aprender a ouvir aqueles que os elegeram para os altos cargos que ocupam. Quando pobres se queixam das precárias condições em que vivem, mesmo que isso seja uma trivialidade, é sempre aconselhável parar, nem que seja por um minuto só, e reflectir se não haverá algum grão de justeza nas suas reivindicações. Não custa muito satisfazer as pessoas cuja única coisa que pedem é uma ponte que lhes permita atravessar uma estrada bastante movimentada, em condições de segurança.
Porque, de facto, se justiça tivesse de ser feita, o que deveriam pedir é que a construção de uma estrada para facilitar a circulação dos que têm o poder de adquirir viaturas, nunca deveria ser feito ao custo da rotina das suas vidas. Poderiam exigir, por exemplo, que no lugar de terem de ser eles a subir seis metros para atravessar a estrada, deveriam ser as viaturas a passarem por um túnel ou por cima de um viaduto construído para o efeito. E não estariam a exagerar. Mas nestas coisas de modernismo e desenvolvimento, os pobres saem sempre a perder.
SAVANA – 15.06.2018

Comments

1
Francisco Moises said in reply to Frank...
Caros Chiloane e Frank:
Antes de mais nada, felicito-vos pelas vossas maneiras de ver as coisas quanto a situaçao no Norte. Chiloane parece lamentar que os rebeldes estejam a concentrar as suas operaçoes no Litoral e provavelmente gostaria de os ver atacar um pouco por todas as partes, o que na verdade esta acontecendo com os rebeldes avançando e expandido as suas operaçoes e nos ultimos dias meteram Pemba, a capital da provincia de Cabo Delgado, em panico quando correu a informaçao de que os estavam prestes atacar a cidade.
A estratégia militar requere que nao se divida as forças em diversas frentes. Os rebeldes fazem exactamente aquilo que Napoleao, um dos maiores tacticos militares de sempre, aconselhou a fazer: concentrar operaçoes contra um objectivo primeiro e mover contra os outros. Um erro estratégico foi cometido por um General britanico que dividiu as suas forças para duas frentes contra os Zulus no sécuo 19 e os britanicos terminaram por enxugar umas das piores derrotas em Isindlwana no Natal.
Mas como diz Frank, estes novos "rebeldes nao sao analfabetos" como aqueles a quem se referiu como pais da democracia, referência a Renamo cujo malogrado chefe se auto-intitulara "pai da democracia moçambicana." Comprendo que Frank pense assim sobre a Renamo que teve a desgraça de ter sido dirigida por um homem que se fazia de alfa e omega de tudo na Renamo e que terminou entregando a sua vitoria a Frelimo numa bandeja de pau preto.
Mas o novo dirigente e os duros e falcoes em seu redor poderao nao fazer os erros que Dhlakama cometeu, se a Frelimo os provocar. Ai dela se o fizer!
Frank que foi militar com as forças armadas portuguesas tem razao sobre o primeiro objectivo dos rebeldes que é estrategicamente razoavel. Eles atacam aquilo que é a esperança e o suporte do regime e ja conseguiram uma vitoria estrondosa com Porugal, o Canada, o Reino Unido, e os Estados Unidos a ordenarem os seus cidadaos para se retirarem de Cabo Delgado. Como é que aqueles projectos dos hidrocarbonetos vao se realisar nesta situaçao?
Um artigo do Jornal Savana de Maputo que acabo de ler no blog diz que as tais Forças de Defesa e Segurança correm o perigo de perderem a situaçao na provincia de Cabo Delgado sob pressao da intensificaçao dos ataques rebeldes e diz mais que as tais forças do regime sao elas que andam a prender e matar muitas pessoas que capturam sob acusaçao de que sao aliadas as rebeldes.
E que mais: algures o artigo diz tambem que os revoltados nao tem um caracter religioso.
O regime da Frelimo se incendia num fogo que as suas acçoes ateam contra ela.

2
Chuphai said...
Insulto aos Maniquesses em particular aos professores desta cidade que por falta de planificação da mesma administração 14 milhões de horas extras são devidos aos professores. Apareceu um mentiroso, que podemos chamar de director provincial da educação que na TV assim como noutros meios de comunicação mentiu que nenhum professor era devido dinheiro de horas extras na província de Manica. Não sei se este director dirige a província de Manica ou outra Manica no paraíso celestial…
3
Frank said...
Porquê é que só atacam no litoral?
Porque é onde estão os maiores investimentos em capital estrangeiro que permitem a sobrevivência do regime colonial da Frelimo. Com o fim desta entrada de capital o Banco de Moçambique ficará sem moeda estrangeira para financiar o governo colonial.
Estes rebeldes não são analfabetos e distinguem-se dos outros que se auto-intitulam pais da democracia
4
Esta e outras informaçoes fornecidas pela Frelimo so servem para dizer que existe algo que nao vai bem no Norte, e que pode-se mesmo dizer que existe uma guerra que o regime da Frelimo desaguenta controlar,e que esta perdendo desde o mês de Outubro de 2017, apesar de tantas mentiras e comunicados falsos que ele faz veicular atraves da imprensa em Maputo.
Desinformaçao e mentiras nao alterao em nada a situaçao. O regime da Frelimo esta a deriva e em perigo de falecer visto que ele nunca e jamais conseguira derrotar a rebeliao mesmo de catanas e paus com os seus combagentes gritando o nome de Allah, segundo o que ela diz ao mundo), nas florestas virgens de Cao Delgado.
E quem pode acreditar que estes homens sejam tao estupidos para assaltarem posiçoes da Frelimo munidas de armas modernas com catanas e protecçao de feitiçaria e matam dois soldados e ferem outros, e tudo isto com catanas?
Nao sera este conto uma fantasia?
O certo que se pode vislumbrar desses comunicados propagandisticos, mentirosos e liricos difundidos em Maputo, é que os rebeldes avançam com um certo apoio da populaçao e que estao se munindo com armas capturadas as forças da Frelimo e outros recursos no terreno. Eles nao podiam existir sem apoio dos populares.
O desanimo que a situaçao cria vai roendo a Frelimo que até entao nao sabe que sao os dirigentes que talvez nao querem se identificar porque sabem que no seu desespero a Frelimo querera um dialogo para aldraba-los como nunca se cansava em jogar, aldrabar, e depois matar as pessoas da Renamo quando esta estava sob a chefia do malogrado Afonso Dhlakama que talvez por estar doente ja nao consequia ver o mal que se fazia ao seu pessoal.
Agora ha uma incognita quanto a Renamo e é melhor mesmo que Felipe Nyusi tenha cautela.
Parece que os duros e falcoes estao agora em frente dos militares da Renamo cujo novo chefe esta la nas matas. Seria melhor a Frelimo nao continuar a fazer aquilo que fazia com a Renamo sob Dhlakama e nao pense mesmo em provocar a Renamo militarmente.
Se ela brincar, pode vir afundar-se sob pressoes militares da Renamo e do tal Al Shabab deixando a Renamo cara a cara com os rebeldes do Norte para se fazerem uma outra guerra.
5
umBhalane said...
Bom...já ouvi de ler, ouvi de falar, que adentraram NAMPULA (província), já chegaram em NAMPULA (província).

Só ouvi de ler, e de falar.


Embora que a FONTE seja mais ou menos.

É mais melhor lhes esperar.
ESTAMOS ATENTOS
Wangani.

Na luta do povo ninguém cansa.


FUNGULANI MASSO

LEMBREM BEM
QUEM NÃO LUTA, PERDE SEMPRE

A LUTA É CONTÍNUA
6
Chiloane said...
Porquê é que só atacam no litoral? 
Para "limparem a zona" de forma a protegerem a entrada e saída de recursos, criando uma zona tampão, livre de obstáculos.

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