Política de tolerância zero de Trump implica que todos os que são detidos a cruzar ilegalmente a fronteira são acusados por um procurador federal.
Os EUA estão a transferir para as prisões federais 1600 imigrantes que foram detidos quando tentavam cruzar ilegalmente a fronteira, ao abrigo da política de tolerância zero do presidente Donald Trump, revela a Reuters.
Uma porta-voz dos serviços de imigração e controlo de fronteiras dos EUA (ICE, na sigla em inglês) disse à Reuters que cinco prisões federais vão acolher, durante pelo menos 120 dias, até serem encontrados novos espaços em centros de detenção, os detidos que aguardam serem ouvidos nos tribunais, incluindo eventuais requerentes de asilo.
Uma só prisão, em Victorville, na Califórnia, vai acolher mil pessoas e cerca de 500 detidos estão a ser transferidos para arranjar espaços para os imigrantes.
Responsáveis dos sindicatos de trabalhadores das prisões disseram à Reuters que que esses números levantam problemas de segurança e de pessoal, indicando que houve pouco tempo para preparar a chegada de tantas pessoas.
"Uma grande percentagem dos detidos do ICE não têm cadastro e são mais vulneráveis num ambiente prisional - pessoal de segurança e administradores nas prisões federais fizeram carreira a lidar com criminosos que estão a cumprir penas longas por crimes graves e os procedimentos e treino refletem isso", afirmou à Reuters um antigo diretor adjunto do ICE, responsável pelos centros de detenção durante a presidência de Barack Obama. "Esta transferência em massa pode trazer sérios problemas."
"As nossas prisões federais estão preparadas para deter os piores dos piores. Não deviam ser usados para questões de imigração", disse à agência o diretor do Fórum Nacional de Imigração, Ali Noorani.
Sob as ordens de Trump, o ICE está a implementar uma política que obriga os procuradores federais a acusar todas as pessoas apanhadas a cruzar a fronteira. No passado, quem era detido na primeira tentativa de passar a fronteira era normalmente submetido a processos de deportação civil. Isso implicava que ficassem em instalações de detenção do ICE ou em prisões locais.
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