quinta-feira, 21 de junho de 2018

Como se sai de uma relação


A relação que estabelecemos com um cônjuge, com uma igreja, com uma associação ou com um Partido, implica um certo nível de confiança, de empatia e de entrega entre as partes. Se eu fico cinco anos ou mais numa organização, ou com uma companheira, convivo, nesse tempo, com coisas boas e outras menos boas dessas entidades. Elas também são obrigadas a aturar as minhas perfeições e os meus defeitos.
Pode acontecer que, passado algum tempo, eu conclua que há incompatibilidades que tornam a relação pouco sã. Isto não torna as pessoas ou organizações a que estive ligado absolutamente imperfeitas (sendo que eu seria o único prenhe de virtudes). Pessoas honradas, pessoas decentes, sabem como terminar essa relação, com dignidade e com o respeito que valorizem, também, o empenho e o esforço daqueles que tiveram de me aturar.
Não é de gente decente, não é de gente honrada, ir à imprensa e sugerir para o público que o cônjuge ou a organização que, durante cinco anos ou mais, me aturou não serve para nada. E fazer isso num discurso grandiloquente, numa linguagem altaneira, como se eu fosse o último dos puros.
Se a minha igreja está cheia de ladrões, ou se o Deus que evoca não é o verdadeiro, precisei mesmo de dez anos para chegar a essa conclusão? Se o Partido pelo qual eu suei, corri, "dei o litro" durante dez anos tem défice democrático, são necessários dez anos para chegar a essa conclusão?
Quero mudar de igreja ou de Partido? Nada mais legítimo! Se quiser, vou dizer isso ao público. Mas julgo ser de gente decente valorizar o tempo que eu fiquei lá. Posso, por exemplo, começar por referir as coisas boas que encontrei lá. Posso, depois afirmar que, ao longo desse tempo, construí expectativas e encubei utopias e crenças que já não cabem lá. Posso dizer que preciso de outros espaços para perseguir as minhas utopias e as minhas crenças.
Considero pouco decente o que tenho estado a ouvir nas últimas 24 horas. Tenho pena das organizações que receberem esses indivíduos. É como uma mulher (ou homem) que aceita como cônjuge um indivíduo que passa a vida a falar mal do parceiro anterior. Quando se cansar de novo, vai falar mal da(o) actual.
Comentários
Rafael Por isso gajos inteligentes não falam mal da esposa, quando virem a amante. Foi o que me disseram. Eu sou pequeno.
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Júlio Mutisse Se aconselhe com meu irmão mais velho. Leia e releia este post
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Manuel Mageta Taque Eu falarei de tudo, vou falar do que me separa do partido se for o caso... Não esconderei minha indignação. Hugs
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Rafael Indo ao texto e olhando mais além: Venâncio está a ser atacado por todos lados pelos adversários. Então está fazer coisa certa.
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Júlio Mutisse Nem sempre é assim. Há uma fase na vida que podemos pensar assim. Mas não é universavel
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Rafael Quando não convém não é universal...
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Júlio Mutisse Não acredito que os ataques sejam (sempre) o indicativo da correcção das nossas acções MoPuto.
Imagine... não íamos corrigir o Homer Wolf nunca...
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Antonio Gundana Jr. Saber resolver as divergências com classe elegância intelectual👌

Quando se trata de figuras e assuntos públicos, as pessoas devem sim saber dos motivos da ruptura da relação. Para mim, isso é em respeito e consideração pelas pessoas que lhe tomam como
 exemplo ou prestador de serviços. Agora, a questão é como está ruptura é transmitida. Se a ideia é dar impressão de pureza, falta um ponto. Deve-se indicar apenas os motivos das divergências que levaram a ruptura e nada mais. Quando ha troca de acusações numa especie de purgatório, falta outro ponto.
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Nito Ivo "...pessoas honradas, pessoas decentes sabem como terminar essa relação COM DIGNIDADE E COM RESPEITO..."
👆👆👆 
Disse tudo. Essas pessoas não são melhores que as que criticam ou acusam. Venâncio e Frangulis podiam ter feito papel melhor. Uma decepção.
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Responder5 dia(s)Editado
Muzila Wagner Nhatsave A dupla igual a si propria
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Lara Matavele Combane Falta sabedoria e humilde
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Chacate Joaquim Não gosto de pessoas que pensam que são supremas que os grupos. Para mim é a pior das fraquezas. Na circunstância você até pode arrancar muitos aplausos mas no fundo você termina como alguns exemplos terminaram... Haver vamos, alguns já estão no caixote no junto pela cidade. Kkkk
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Júlio Mutisse Mas o MDM foi projectado à imagem e a volta de pessoas. Quando vejo as pessoas se baterem para que o Partido seja um Partido de facto fico preocupado. Não pelo Partido mas pela sua ingenuidade
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Chacate Joaquim Júlio Mutisse para mim se os membros soubessem estar e ser no grupo, estes por sua vez se tornariam o desejável, sucede que viram Deviz e acham enganosamente que podem o mesmo! Vão desaparecer. Com agravante de que o povo está cada dia está percebendo que não basta lábia eurocentrica para se ser melhor cidadão que patriotas
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Augusto BáfuaBáfua Foi captada a ideia. Digo muitos vezes que os partidos em africa não tem ideologia ou projecto de nação, só ganância e um altamente evidente ismo tribal...
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Júlio Mutisse Cada vez mais acredito no Padre Couto quando dizia que a verdadeira oposição (em Moçambique) nasceria de dentro da própria FRELIMO. Da cisão desta...
Vai ver, meu irmão Augusto, isso se possa projectar para Angola. Mas o que vejo dos partidos nos dois países me faz acreditar no Padre Couto.
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Edson Bule Texto teorico muito bonito. Era bom que o fim fosse sempre deste geito. Ha muitos elementos pessoais tambem a avaliar nestas coisas. O correcto de facto seria uma despedida exactamente nestes termos arrolados no texto, mas tambem pode se aventar a hipotese de lhe ter sido enfiado muitos caniços finos, durante os tais bons e maus periodos em que esteve ou esta no partido. Dependendo da forma como tu me fazes bem ou mal, se me tocas o ceu do anus, desço a minha significancia, e ja nem me recordo das boas passagens que tivemos juntos. Se calhar seja o caso do Venancio.
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Responder4 dia(s)Editado
Gabriel Muthisse Edson Bule, em política nós pretendemos, essencialmente, comunicar para os eleitores. E não para os nossos adversários. Quando fazemos um discurso, é àqueles que temos em mente
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Marilia Chissano Infelizmente em Moçambique os políticos não tem em mente que a comunicação é para o eleitor. DOI ver isso
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Hermes Sueia Só querem tacho.......apenas tacho. Não aceitam a condição de simples militantes...........tacho, apenas tacho.

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