terça-feira, 1 de maio de 2018

Acordei com o meu marido gritando 'fogo', diz moradora

Acordei com o meu marido gritando 'fogo', diz moradora

Incêndio atingiu dois edifícios no centro de São Paulo. Um deles desabou.


Por Kleber Tomaz e TV Globo, G1 São Paulo
 
Moradora conta que saiu apenas com os documentos e o filho pequeno na hora do incêndio
Moradora conta que saiu apenas com os documentos e o filho pequeno na hora do incêndio
Moradora do 3º andar do prédio que desabou após pegar fogo no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo, Crivalda conta que estava dormindo quando o incêndio começou.
"Eu estava dormindo, acordei meu marido gritando 'fogo, fogo, fogo'. Peguei meu filho e saí. Não consegui salvar os documentos dele, consegui salvar só os meus. Estou aqui no meio da rua, com roupa de dormir, sem nada."
Crivalda afirma que havia se mudado para o prédio – uma ocupação onde viviam 50 famílias – há um ano, por não conseguir mais pagar o aluguel da casa onde vivia. Segundo ela, os moradores separavam os lares com chapas de madeiras compensada.
"Eu tinha medo mas eu não tinha condições de morar em outro lugar."
Outra moradora do prédio diz que conseguiu chegar na rua pouco antes de as chamas tomarem conta do prédio
"Eu ouvi o barulho dos vidros caindo e pensei que era chuva. Quando nós estávamos na rua, que eu virei, o fogo já estava tomando conta, a chama já estava subindo."
Leandro, que não quis dar seu sobrenome, morador do segundo andar, disse que ouviu uma explosão e que o celular deixou de carregar. Muita gente achou que o incêndio era no prédio ao lado. "Aí ouvi gente gritando fogo, fogo, só consegui pegar minha mochila e a TV, tentei pegar minha gatinha, mas ela escapou. E desci."
Um homem que se identificou como Antonio disse ter morado no imóvel de 2015 a 2017 conta ter visto muita fiação aparente e muita rachadura nos andares superiores, além de muito colchão e entulho. "Às vezes ficava dois, três dias sem luz. O pessoal mexia na rede elétrica sem entender".
Moradora de um prédio vizinho, a camareira Brunele Viana Lisboa, de 23 anos, também diz que só teve o tempo de pegar a filha e os documentos.
"No momento que começou eu estava dormindo. Quando começou, a minha amiga que me acordou. O dono do prédio começou a gritar e a falar que estava pegando fogo. Aí ele saiu batendo em todas as portas. Minha amiga que me acordou, acordei ela [a filha] e saí. Não deu tempo de eu pegar nada. Só peguei os meus documentos e peguei a menina e saí do prédio", disse.
O incêndio teve início por volta da 1h30 no prédio, que em seguida, desabou. As chamas atingiram um edifício vizinho.
Até o início da manhã, Corpo de Bombeiros contabilizava 1 desaparecido – um homem que estava sendo restagado quando o primeiro edifício desabou, e caiu junto. O governador de São Paulo, Márcio França, entretanto, disse ao visitar o local que "certamente há vítima" e que algumas pessoas podem estar sob os escombros.
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