Empresários e profissionais dizem que camiões vão deixar de circular a partir das 08.00 de hoje. Querem melhores condições
"Pagamos impostos altíssimos, combustíveis altíssimos. Por isso, o setor dos transportes vai exigir que seja respeitado." Esta é a base do protesto que os camionistas garantem ir cumprir a partir das 08.00 desta segunda-feira: uma paralisação com "hora e data marcada para começar, mas cujo fim depende das negociações que possam existir", garantiu ao DN Márcio Lopes. E até podem ter dado bons resultados durante a noite, pois o presidente da Associação Nacional de Transportadoras Portuguesas (ANTP) foi convocado ontem para uma reunião, pelas 21.00, com o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d"Oliveira Martins. Encontro que hoje se deve repetir com os responsáveis da Antram, a maior associação do setor.
O presidente da ANTP foi uma das pessoas que deram voz ao sentimento de injustiça que os profissionais e as empresas filiadas na associação dizem sentir pela situação vivida no setor. "Somos responsáveis por 5% do produto interno bruto e transportamos os restantes 95% [cerca de dez mil milhões num total de 193 mil milhões no ano passado]", acrescentou, lembrando que o preço dos combustíveis não afeta apenas os profissionais. "O país tem de abrir os olhos."
As reivindicações dos camionistas e entidades patronais representados pela ANTP passam pela regulamentação do setor, a indexação do preço dos transportes ao dos combustíveis, melhores condições de trabalho para os motoristas e descontos nas portagens. Além de uma secretaria de Estado dedicada em exclusivo aos transportes.
Protesto começa no Facebook
A união de motoristas e empresas começou a ganhar força na quarta--feira com o arranque de um grupo na rede social Facebook denominado Paralisação de Portugal. Seguiu--se uma reunião, no sábado, em Porto de Mós (Leiria), encontro de onde saiu a decisão de fazer a paralisação que, segundo Ricardo Canelas, um dos mentores do grupo online, seja "ouvida pelo governo de forma a resolver de forma célere as reivindicações".
Se a iniciativa partiu de um ato individual, anteontem recebeu o apoio da ANTP e, de acordo com Ricardo Canelas, há conversas com "sindicatos para nos apoiarem. Estamos a tentar que outros sindicatos e associações de outros setores nos apoiem, pois esta luta é de todos. O cidadão também já não aguenta mais aumentos de combustíveis, os custos dos bens". Quanto ao impacte que poderá ter esta ação, Ricardo não avança com uma previsão, mas frisa ser "natural que tenha se continuarmos parados muito tempo. Por isso, estamos a pedir o apoio de outros setores da sociedade".
Fectrans contra e Antram espera
Quem não concorda com esta iniciativa é a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações. Num comunicado colocado no seu site, pode ler-se que a paralisação "não é uma greve porque não é convocada por nenhuma organização sindical, as entidades que, nos termos da lei portuguesa, têm legitimidade para as convocar. Trata-se de um lock-out proibido pela Constituição da República Portuguesa". Concordando que o preço dos combustíveis é razão para o protesto, lembra que a "ANTP também pode dar um dar um contributo positivo se [...] retomar as negociações de um contrato coletivo de trabalho".
Gustavo Duarte, presidente da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), que representa 90% do setor, disse ao DN que não participam hoje no protesto, pois vão "tentar perceber as reivindicações".
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