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- Bye, bye Zuma…mas Ramaphosa?
Mesmo estando preso, acompanhei em 2008 o afastamento de Thabo Mbeki da liderança do país. Mbeki renunciou ao poder por falta de apoio político no parlamento. Intelectual que é, não precisou de milésimas moções de censura para abandonar o poder. Fê-lo antes de ser vulgarizado e quem estava por detrás deste golpe palaciano é Jacob Zuma.
Zuma, hoje provou do seu próprio veneno. É aquela velha máxima de aqui se faz, aqui se paga. Não sou muito futur...ologista, mas prevejo que o povo sul-africano há-de ter a mesma decepção com Cyril Ramaphosa. Hoje lançam foguetes porque empurraram o corrupto Jacob Zuma, porém o amanhã é uma incógnita.
E Cyril Ramaphosa chega ao poder usando a mesma estratégia que serviu para derrubar Mbeki e Zuma. O ANC, há pouco tempo esteve em congresso mas, a avaliar do que emerge, fragmentou-se mais ainda. O essencial ficou por resolver.
Não restam dúvidas de que Zuma é corrupto, mas essas alianças duvidosas com os Gupta não passaram despercebidas pelo partido. O que fez com que Zuma fosse empurrado foi a sede do poder dos seus rivais, com Cyril Ramaphosa a ocupar o lugar de destaque.
Zuma reabilitou a sua residência privada de Nkandla com dinheiros públicos. Qualquer coisa como 20 milhões de dólares. É um valor irrisório se comparado com o que o Governo de Armando Guebuza roubou aos moçambicanos. E mesmo assim ocupa lugar de cátedra, enquanto Zuma amarga e ainda vai amargar. Terá uma morte lenta e penosa.
Apoio incondicionalmente a destituição de Zuma, mas censuro o oportunismo que esteve por detrás disso. E Mais, acho que Cyril Ramaphosa não é a pessoa indicada para substitui-lo. Entenderia agora, por força da legislação sul-africana-uma vez que era vice-presidente-, mas acho que nas eleições do próximo ano, o ANC devia ter um outro candidato.
Não nos vamos esquecer que este Cyril Ramaphosa que hoje é ovacionado, também tem rabos de palha. Ex-sindicalista, bilionário que se beneficiou da política do Black Economic Empowerment, Ramaphosa é dono de minas, incluindo a de Marikana onde houve um massacre sem precedentes de mineiros em 2012. Ramaphosa jamais pediu desculpas pelo sucedido. Foi duro com os mineiros e eles tiverem que se dobrar a contragosto. É este o líder hoje ovacionado.
Teve dificuldades de resolver os seus próprios problemas com os seus “empregados” e hoje promete resolver os de uma nação esfacelada como a África do Sul. Este é um país dividido, muito por culpa do Apartheid. Ainda hoje são visíveis os seus resquícios. A minoria branca é extremamente rica e os negros, que são a maioria, não têm nada. O desemprego avolumou-se. As oportunidades são escassas. A nação arco-íris se vai afogando a cada dia. E duvido que Ramaphosa seja o Messias….
Nini Satar
Império de Cyril Ramaphosa!
Sou ainda da opinião que o novel Presidente sul-africano, dado os seus vastos interesses e ligações empresariais, terá dificuldades em promover transparência. É verdade inequívoca que cada caso é um caso, mas assistimos quase um problema similar em Moçambique, com a ascensão de Armando Guebuza a chefe de Estado.
Quando Moçambique deu a viragem do socialismo para o capitalismo, Guebuza foi dos primeiros a se convencerem de que o caminho passava pela... acumulação de capital. Nascia, desse modo, a burguesia nacional com a delapidação do dos recursos da banca-recursos do povo moçambicano.
E Guebuza acabou sendo o “desastre” que muitos vaticinaram. Fora dos já conhecidos esquemas de clientelismo, foi na sua governação que o Estado moçambicano foi golpeado em dois biliões de dólares. E se olharmos atentamente para estas cifras, são quase irrisórias para serem atribuídas a Guebuza, um homem cujo seu império empresarial não conhecia limites.See More
É caso para dizer que onde há dinheiro não há santo!
Cyril Ramaphosa, actual Presidente sul-africano, fundou um império empresarial e parcerias em quase todos os sectores da actividade económica. Efectivamente, vai ter de tomar importantes decisões sobre áreas económicas onde ele tem interesses.
Ramaphosa é dono em 100 por cento da Mac Donalds SA, tem 42 por cento de acções na Mondi Shanduka Newsprint, 10 por cento MPACT, 7, 8 por cento Alexander Forbes, Bidvest 0,6 por cento, Coca-Cola Shanduka Beverages 70 por cento, Diepkloof Retail Development 52 por cento, Fever Tree Consulting 51 por cento, Investiment Solutions 7,8 por cento, Kangra Coal 30 por cento, Lace Diamonds 13 por cento, Liberty Holdings 1,5 por cento, Lonmin 9,1 por cento, MacSteel (South Africa) 7,5 por cento, Matrix Marketing 28,2 por cento, Standard Bank 1,2 por cento, TBWA/Hunt/Lascaris 25 por cento, MTN 0,45 por cento Pan African Resources 26 por cento, Scaw Metals SA 5 por cento, Seacom 12, 5 por cento, Shanduka Coal 50,1 por cento.
Como podem ver, estamos a falar de um bilionário que não raras vezes, como Presidente da República, terá de tomar decisões importantes sobre áreas económicas onde ele tem interesses. A pergunta é se saberá ser imparcial, transparente e equidistante mesmo sabendo que, nalgum momento, estará a prejudicar os seus próprios interesses empresariais?
A suas ligações empresariais (não nos esqueçamos que estamos a falar de um líder africano) potenciam clientelismo e nepotismo.
Disse no meu post passado que não sou futurologista, mas, de certa forma, as ligações empresariais de Ramaphosa poderão esvaziar o seu discurso anti-corrupção. E ninguém me vai garantir que ele não chegou a liderança do país usando o dinheiro. E se assim for, o mal já está lançado. Eventualmente o veremos a ser crucificado por se ter metido em esquemas que nem justificam o dinheiro que tem. A ganância pelo dinheiro não conhece limites e espero, sinceramente, estar equivocado.
Nini Satar
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