ÁFRICA
Tropas do Senegal entraram na Gâmbia para assegurar a saída de Yahya Jammeh, que se recusa a reconhecer a derrota nas últimas eleições presidenciais.
Tropas senegalesas entraram esta quinta-feira na Gâmbia para obrigarem Yahya Jammeh, líder do país há mais de 20 anos, a abandonar o poder. A informação foi avançada por Abdou Ndiaye, do Exército do Senegal, à Reuters.
A entrada das tropas senegalesas na vizinha Gâmbia acontece pouco tempo depois de o presidente eleito, Adama Barrow, ter tomado posse na embaixada gambiana no Senegal. Barrow venceu o Jammeh nas eleições presidenciais de dezembro passado, pondo fim a 23 anos de liderança. Apesar de ter reconhecido inicialmente a derrota e de ter concordado em fazer a passagem de poder em janeiro, Jammeh voltou atrás com a palavra, admitindo não reconhecer os resultados eleitorais.
Para justificar a mudança de posição, o líder da Gâmbia disse que investigações revelaram irregularidades na votação, o que que considerou inaceitável. “Desta forma, rejeito os resultados na sua totalidade”, disse, durante uma mensagem transmitida pela televisão nacional.
O mandato de Jammeh terminou oficialmente esta quinta-feira. Na quarta, as forças senegalesas avançaram para a fronteira e, de acordo com o Washington Post, há tropas de outros países da África Ocidental a postos.
Yahya Jammeh subiu ao poder em 1994, depois de um golpe de Estado que levou ao afastamento de Dawda Jawara, presidente da Gâmbia desde 1970. Muitas vezes acusado de favorecer um pequeno círculo de políticos, Jammeh pouco ou nada tem feito para acabar com a pobreza que afeta grande parte do seu país. A situação, grave, levou a uma grande onda de emigração para países do Norte de África e Europa.
Conhecido pelas suas afirmações polémicas, já anunciou várias vezes em público ser capaz de curar a SIDA com o uso de ervas medicinais. Apesar de ter banido a mutilação genital da Gâmbia, defendendo que não existe espaço para esta prática violenta na “sociedade moderna ou no Islão”, Jammeh jurou que iria cortar as gargantas de todos os homossexuais, anunciando também que iria introduzir leis — mais rigorosas que as iranianas — que proibissem a homossexualidade na Gâmbia.