PRESIDENTE TRUMP
O porta-voz de Trump, Sean Spicer, já se tornou uma figura de grande notoriedade. Homem intenso, nervoso, tem um vício – engolir pastilhas elásticas. O médico diz que "não há problema".
Canela. Este é o sabor predileto de Sean Spicer para as pastilhas elásticas que devora ao longo do dia de trabalho. Devora mesmo — “engulo dois pacotes e meio antes da hora de almoço. Já falei com o médico — ele diz que não há problema“. É um homem intenso e nervoso, Spicer, o porta-voz da Casa Branca e gestor de campanha de Donald Trump que saltou para a ribalta com a conferência de imprensa em que atacou a imprensa pela polémica em redor dos números da tomada de posse. O Washington Post traçou-lhe o perfil em agosto.
Nada é mais importante para Sean Spicer do que o partido — o Partido Republicano tomado de assalto pelo agora Presidente Trump. Spicer foi diretor de comunicação do Comité Nacional Republicano entre 2011 e 2017. Seis anos, um recorde. Apesar de ser visto como um moderado e ter criticado o candidato Donald Trump pelas suas declarações a respeito dos mexicanos, Spicer assumiu o cargo de chefe de estratégia de campanha do magnata ainda em 2015, acumulando até agora com a comunicação do Comité Nacional Republicano.
As sensibilidades políticas podem não ser exatamente as mesmas, mas o The Washington Post retrata Spicer como alguém que se adaptou bem a Donald Trump porque Spicer só se interessa por uma coisa: ganhar. “A cada dia, o meu objetivo é colocar pontos no marcador. É só isso que me interessa, mais do que qualquer outra coisa“, afirma. Esta atitude granjeou-lhe um “tremendo respeito” por parte de novo presidente dos EUA, algo que o magnata não parece ter por muitas mais pessoas que fizeram carreira em Washington.
O “tremendo respeito” de Trump recebe em troca uma dedicação total, com uma intensidade que o The Washington Post chama de “overdrive“, isto é, com o ponteiro das rotações sempre no vermelho.
Agora é o porta-voz da Casa Branca, portanto será da sua boca que irão sair algumas das principais mensagens da Administração Trump (a somar, claro, aos tweets do Presidente). E é na boca de Spicer que a sua energia se concentra. E também o seu nervosismo. Spicer está constantemente a mastigar pastilhas elásticas. Orbit é a sua marca favorita — canela, o sabor ideal. E as pastilhas elásticas não são deitadas fora — Sean engole-as. Todas. A um ritmo alucinante.
“Dois pacotes e meio, antes do meio-dia“, diz Spicer. Cada pacote tem 14 pastilhas — contas de merceeiro: 35 pastilhas em poucas horas. Não tem medo que isso possa fazer mal à saúde? “Falei com o meu médico sobre isto, ele disse que não há problema“.
A boca de Sean Spicer não pára, seja a mastigar pastilhas, a falar em nome da Administração de Trump, ou a gritar ao telefone com jornalistas. A boca só ficou imobilizada uma vez, em 2006, quando levou com uma bola de baseball em cheio na mandíbula.
Sean Spicer, de ascendência irlandesa, tornou-se assim um dos membros mais mediáticos de uma equipa recheada de nomes controversos, em que se incluem Steve Bannon, com alegadas ligações ao movimento alt right, o conselheiro para a Segurança Nacional Michael Flynn e, claro, o genro, Jared Kushner.
Os seus críticos, conhecedores do vício de Spicer, dizem que ele precisa das pastilhas elásticas para eliminar o sabor desagradável que sentirá na boca, todos os dias, por ser um grande defensor do comércio livre a trabalhar com o Presidente mais protecionista da História recente.
Falta de consistência? Spicer não se importa com isso. Mais importante é a lealdade e, claro, a vitória. “Há médicos que tratam pessoas que fizeram coisas horríveis, há advogados que defendem pessoas terríveis. Não julgo que seja algo exclusivo da minha profissão”, justifica.