- 20 janeiro 2017
Na sexta-feira, um
assessor militar desconhecido foi visto acompanhando o presidente
Barack Obama até a cerimônia de posse de Donald Trump no Capitólio.
Esse
militar carregava uma bolsa contendo uma maleta chamada "a bola
nuclear". Dentro dela há um aparelho digital que mede 12,7 cm por 7,3 cm
conhecido como "o biscoito".Ele contém os códigos de lançamento para um ataque nuclear americano. Durante a posse, o presidente eleito já tinha passado por um treinamento sobre como ativar o dispositivo. No momento em que Donald Trump fez o juramento e assumiu o cargo de presidente, o assessor militar e a bolsa passaram discretamente para o lado dele.
Trump tem a autoridade exclusiva de ordenar uma ação militar que poderia provocar a morte de milhões de pessoas em menos de uma hora. A questão que passa pela cabeça de muita gente atualmente é: dados os seu temperamento impulsivo e a sua dificuldade em aceitar críticas, quais serão as salvaguardas - se elas existirem - para impedir uma decisão impetuosa sua com consequências catastróficas?
Primeiro, é preciso dizer que Donald Trump recuou em relação a alguns comentários provocativos que havia feito sobre o uso de armas nucleares. Ele disse em um comunicado recente que seria "a última pessoa a usá-las", apesar de não ter descartado totalmente seu emprego.
Outras figuras de alto escalão estão envolvidas na cadeia de comando, como o secretário de Defesa, o general da reserva James Mattis. Mas Mark Fitzpatrick, especialista em não proliferação de armas nucleares do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos em Washington, diz que, no final, a autoridade individual para lançar um ataque é do presidente.
"Não há freios e contrapesos na autoridade do presidente para lançar um ataque nuclear", afirmou.
"Mas entre o momento em que ele autoriza um (ataque) e o estágio em que ele é realmente realizado, muitas pessoas são envolvidas".
A ideia de um presidente intempestivo tomando uma decisão monumental como essa, individualmente, não é realista.
Se ele desse a ordem, o secretário de Defesa seria obrigado a cumpri-la. Mas, em tese, ele poderia se recusar a obedecer se tivesse razões para duvidar da sanidade do presidente. Mas isso poderia ser considerado um motim e o mandatário poderia destituí-lo e encarregar o vice-secretário de Defesa a cumprir a ordem.
Segundo a Constituição dos Estados Unidos, o vice-presidente poderia, em teoria, declarar o presidente psicologicamente incapaz de tomar a decisão, mas para isso ele precisaria ter o apoio da maioria do gabinete de governo.
Então, como tudo ocorreria na prática?
Dentro da "bola nuclear", que nunca sai do lado do presidente, está um "livro negro" de opções de ataque. Ele pode selecionar uma delas depois de se identificar como comandante-em-chefe usando um cartão plástico especial.
Entre o folclore de Washington, está uma história de um presidente que esqueceu seu cartão de identificação em um paletó enviado à lavanderia.
Uma vez que o presidente selecionar sua opção de ataque em um "menu" pré-estabelecido, a ordem é passada pelo presidente do grupo de Chefes de Gabinete para a sala de guerra do Pentágono e depois - usando códigos de autenticação lacrados - para o Quartel General do Comando Estratégico dos Estados Unidos na base da Força Aérea de Offutt, em Nebrasca.
A ordem para disparar é transmitida para as equipes de lançamento por meio de códigos criptografados que são comparados com códigos trancados em cofres nos locais de lançamento.
Tanto os Estados Unidos como a Rússia possuem mísseis nucleares suficientes para destruir mutuamente suas cidades várias vezes seguidas. Acredita-se que os americanos tenham 100 ogivas nucleares apontadas apenas para Moscou. Os arsenais desses dois países representam 90% do total de ogivas nucleares existentes no mundo.
Segundo dados de setembro de 2016, estima-se que a Rússia tenha 1.796 ogivas nucleares estratégicas instaladas em múltiplas plataformas de lançamentos de mísseis intercontinentais, submarinos nucleares e aviões bombardeiros estratégicos.
Sob um programa criado pelo presidente Vladimir Putin, Moscou recentemente investiu bilhões de rublos no aprimoramento de seus mísseis nucleares. Isso inclui manter uma estrutura na qual um arsenal de mísseis balísticos ficam constantemente viajando por uma rede de túneis sob as florestas da Sibéria.
Também em setembro de 2016, os Estados Unidos tinham 1.367 ogivas nucleares distribuídas principalmente em silos de mísseis subterrâneos. Sua natureza estática os torna vulneráveis a uma primeira leva de ataque. Mas eles também estão distribuídos em submarinos nucleares, mais difíceis de detectar, e em bases aéreas (onde podem ser despachados rapidamente em aviões bombardeiros).
A Grã-Bretanha tem cerca de 120 ogivas nucleares estratégicas, das quais somente um terço está em submarinos. A Marinha Real sempre mantém uma parte dos submarinos nucleares do programa Trident espalhados por oceanos do mundo - mantendo o que se conhece por "dissuasão contínua no mar".
Mísseis intercontinentais viajam a uma velocidade superior a 27 mil km/h voando acima da atmosfera da Terra antes de mergulhar sobre seus alvos a 6,4 quilômetros por segundo.
O tempo de voo desses mísseis entre a Rússia e os Estados Unidos é de 25 a 30 minutos. No caso de submarinos nucleares - que podem se aproximar secretamente da região costeira do país inimigo, o tempo de vôo é menor: cerca de 12 minutos.
Isso não deixa muito tempo disponível ao presidente para decidir se trata-se de um alarme falso ou um Armagedom iminente. Uma vez que um míssil nuclear tenha sido lançado, não pode retornar - e se ficar em seu silo, provavelmente será destruído pela primeira onda de ataque inimigo.
Segundo uma autoridade de alto escalão da Casa Branca, a decisão depende muito das circunstâncias em meio às quais ocorreria a ameaça.
No caso de tratar-se de uma decisão política calculada minuciosamente de realizar um ataque preventivo contra um país X, então uma grande quantidade de pessoas seria envolvida. O vice-presidente, o conselheiro de Segurança Nacional e a maior parte do gabinete do governo provavelmente estariam na sequência do processo de decisão.
Mas se houver uma ameaça estratégica iminente aos Estados Unidos, se um lançamento de míssil de uma nação hostil fosse detectado e estivesse a minutos de atingir os Estados Unidos, a fonte afirmou: "O presidente tem liberdade extraordinária para tomar a decisão individual de lançar."
Leia a íntegra do discurso do recém-empossado presidente Trump
O presidente Trump proferiu este discurso de posse em 20 de janeiro de 2017.
PRESIDENTE: Sr. juiz-presidente Roberts,
presidente Carter, presidente Clinton, presidente Bush, presidente
Obama, concidadãos americanos e pessoas de todo o mundo: obrigado.
Nós, cidadãos dos Estados Unidos, estamos
agora reunidos em um grande esforço nacional para reconstruir nosso
país e restaurar sua promessa para todo nosso povo. Juntos,
determinaremos o curso dos Estados Unidos e do mundo por muitos e muitos
anos. Enfrentaremos desafios. Enfrentaremos dificuldades. Mas faremos o
trabalho.
A cada quatro anos, nós nos
reunimos nestes degraus para realizar uma transferência de poder de
forma ordeira e pacífica, e somos gratos ao presidente Obama e à
primeira-dama Michelle Obama por sua ajuda graciosa ao longo de toda
essa transição. Eles foram magníficos. Obrigado.
No entanto, a cerimônia de hoje tem um
significado muito especial – porque hoje não estamos meramente
transferindo o poder de um governo para o outro ou de um partido para o
outro, mas estamos transferindo o poder de Washington, DC, e o
retornando a vocês, o povo.
Por muito tempo, um pequeno grupo na
capital de nossa nação colheu os frutos do governo enquanto o povo
arcava com o custo. Washington floresceu, mas o povo não compartilhou de
sua riqueza. Políticos prosperaram, mas os empregos foram embora e as
fábricas fecharam. O establishment protegeu a si mesmo, mas não os
cidadãos de nosso país. As vitórias deles não foram as vitórias de
vocês. Os triunfos deles não foram os triunfos de vocês. E enquanto eles
celebravam na capital de nossa nação, havia pouco o que celebrar para
famílias em dificuldades ao redor de todo nosso país.
Tudo isso muda – começando aqui e agora,
pois este momento é o momento de vocês. Ele pertence a vocês. Pertence a
todos reunidos aqui hoje e a todos os que assistem de todos os Estados
Unidos.
Este é seu dia. Esta é sua celebração. E
este, os Estados Unidos da América, é seu país. O que realmente importa
não é qual partido controla nosso governo, mas se nosso governo é
controlado pelo povo. Vinte de janeiro de 2017 será lembrado como o dia
em que o povo se tornou novamente o governante desta nação. Os homens e
mulheres esquecidos de nosso país não serão mais esquecidos. Todos estão
ouvindo vocês agora. Vocês vieram aos milhões para se tornarem parte de
um movimento histórico, do tipo que o mundo nunca viu antes.
E no centro desse movimento está uma
convicção crucial: a de que uma nação existe para servir a seus
cidadãos. Os americanos querem ótimas escolas para seus filhos, bairros
seguros para suas famílias e bons empregos para si. Essas são exigências
justas e razoáveis de pessoas íntegras e um público íntegro. Mas para
muitos de nossos cidadãos, existe uma realidade diferente: mães e filhos
encurralados na pobreza de nossos centros urbanos; fábricas
enferrujadas espalhadas como mausoléus por todo nosso país; um sistema
educacional cheio de dinheiro, mas que priva nossos estudantes jovens e
belos do conhecimento; e crimes, gangues e drogas que roubaram
demasiadas vidas e roubaram tanto potencial não aproveitado do nosso
país. Essa carnificina americana acaba aqui e acaba agora.
Somos uma nação, e a dor de vocês é nossa
dor. Seus sonhos são nossos sonhos, e seu sucesso será nosso sucesso.
Compartilhamos um coração, um lar e um destino glorioso.
O juramento de posse que eu faço hoje é um juramento de lealdade a todos os americanos.
Por muitas décadas, enriquecemos a
indústria estrangeira em detrimento da indústria americana; subsidiamos
os exércitos de outros países, concomitantemente permitindo o triste
esgotamento de nossas forças militares. Defendemos as fronteiras de
outras nações enquanto nos recusávamos a defender as nossas e gastamos
trilhões e trilhões de dólares no exterior enquanto a infraestrutura dos
Estados Unidos entrava em desuso e decadência.
Tornamos outros países ricos, enquanto a riqueza, a força e a confiança de nosso país se dissipavam no horizonte.
Uma por uma, as fábricas fecharam as
portas e deixaram nosso território, sem nunca ter em mente os milhões e
milhões de trabalhadores americanos que foram abandonados. A riqueza de
nossa classe média foi tirada de seus lares e então redistribuída por
todo o mundo. Mas isso é o passado. Agora, estamos olhando somente para o
futuro.
Nós, reunidos aqui hoje, estamos emitindo
um novo decreto para ser ouvido em todas as cidades, em todas as
capitais estrangeiras e em todos os salões do poder. Deste dia em
diante, uma nova visão governará nosso país. Deste dia em diante, será
somente América em primeiro lugar – América em primeiro lugar. Todas as
decisões sobre comércio, impostos, imigração e relações exteriores serão
tomadas visando beneficiar os trabalhadores americanos e as famílias
americanas. Devemos proteger nossas fronteiras das devastações causadas
por outros países que produzem nossos produtos, roubando nossas empresas
e destruindo nossos empregos.
A proteção levará à grande prosperidade e
força. Lutarei por vocês com cada fôlego do meu corpo. E nunca, jamais
decepcionarei vocês. Os Estados Unidos começarão a vencer novamente, e
vencer como nunca antes.
Traremos de volta nossos empregos.
Traremos de volta nossas fronteiras. E traremos de volta nossa riqueza. E
traremos de volta nossos sonhos.
Construiremos novas estradas, pontes, aeroportos, túneis e ferrovias por toda nossa nação maravilhosa.
Faremos com que nosso povo não dependa
mais de assistência social e que volte a trabalhar, reconstruindo nosso
país com mãos americanas e contratando americanos.
Seguiremos duas regras simples. Comprar o que for americano e contratar quem for americano.
Buscaremos amizade e boa vontade com as
nações do mundo. Mas o faremos com o entendimento de que é o direito de
todas as nações colocar seus próprios interesses em primeiro lugar. Não
procuramos impor nosso modo de vida a ninguém, mas sim deixá-lo brilhar
como exemplo – vamos brilhar para que todos sigam nosso exemplo.
Reforçaremos antigas alianças e
formaremos novas. E uniremos o mundo civilizado contra o terrorismo
radical islâmico, que erradicaremos completamente da face da Terra.
No alicerce de nossa política haverá uma
lealdade total aos Estados Unidos da América. E através de nossa
lealdade ao nosso país, redescobriremos nossa lealdade para uns com os
outros. Quando você abre o seu coração ao patriotismo, não há espaço
para preconceito.
A Bíblia nos diz: “Quão bom e agradável é
quando o povo de Deus vive junto em unidade.” Devemos expor o que
pensamos francamente, debater nossas divergências com honestidade, mas
sempre buscando a solidariedade. Quando os Estados Unidos estão unidos,
nada pode deter os Estados Unidos.
Não deve haver medo. Estamos protegidos, e
sempre estaremos protegidos. Seremos protegidos pelos grandes homens e
mulheres de nossas Forças Armadas e agentes de aplicação da lei. E, mais
importante ainda, seremos protegidos por Deus.
Finalmente, devemos pensar grande e
sonhar ainda mais alto. Nos Estados Unidos, entendemos que uma nação
apenas vive enquanto estiver se esforçando. Não mais aceitaremos
políticos que apenas falam e não agem, constantemente se queixando, mas
sem nunca fazerem nada a respeito.
O tempo para conversas vazias acabou.
Agora se inicia a hora da ação. Não permitam que ninguém lhes diga que
não pode ser feito. Nenhum desafio consegue se igualar à coragem, e à
luta e ao espírito dos Estados Unidos. Não vamos fracassar. Nosso país
crescerá e prosperará de novo.
Estamos no início de um novo milênio,
prontos para desvendar os mistérios do espaço, a fim de libertar a Terra
das misérias das doenças, e explorar as energias, as indústrias e as
tecnologias de amanhã. Um novo orgulho nacional vai agitar nossas almas,
elevar nossas vistas e curar nossas divisões.
É hora de lembrar daquele ditado antigo
que nossos soldados nunca se esquecerão: que independente de sermos
negros, morenos ou brancos, todos sangramos o mesmo sangue vermelho dos
patriotas. Todos desfrutamos das mesmas liberdades gloriosas, e todos
saudamos a mesma grande bandeira americana. E se uma criança nasce na
periferia de Detroit ou nas planícies varridas pelo vento de Nebraska,
elas olham para o mesmo céu à noite. Elas enchem seu coração com os
mesmos sonhos e são infundidas com o sopro de vida pelo mesmo Criador
Todo-Poderoso.
Portanto, a todos os americanos em todas
as cidades próximas e distantes, pequenas e grandes, de montanha a
montanha, de oceano a oceano, ouçam estas palavras: vocês nunca serão
ignorados de novo. Sua voz, suas esperanças e seus sonhos definirão
nosso destino americano. E sua coragem, bondade e amor nos guiarão ao
longo do caminho para sempre.
Juntos, faremos os Estados Unidos fortes
de novo. Faremos os Estados Unidos ricos de novo. Faremos com que os
Estados Unidos tenham orgulho de novo. Tornaremos os Estados Unidos
seguros de novo. E sim, juntos, faremos os Estados Unidos grandes de
novo.
Obrigado. Que Deus os abençoe. E que Deus abençoe os Estados Unidos. Obrigado. Que Deus abençoe os Estados Unidos.
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