VATICANO
Krzysztof Charamsa, antigo padre polaco, assumiu a sua homossexualidade em 2015, numa entrevista onde pediu ao Vaticano que reconhecesse. Agora, promete contar alguns escândalos da Igreja. De novo.
Krzysztof Charamsa, padre polaco de 45 anos, agora suspenso, antigo funcionário do Vaticano, assumiu a sua homossexualidade em 2015, numa entrevista polémica onde pediu ao Vaticano que reconhecesse a sua natureza. Agora, vive em Badalona, Catalunha, com o namorado, Eduard Planas, depois de se ver obrigado a fugir de Roma, conta o El Español.
No meio da mediatização do caso, Charamsa publicou um livro de reflexão, o La prima pietra (“A primeira Pedra”), onde faz uma reflexão provocadora sobre a sua vida. Tempo depois, começou a ser comentador em tertúlias políticas na estação TV3.
Antes de “sair do armário”, Charamsa era um alto funcionário do Vaticano e “deixou todos de boca aberta”, como diz o El Español, quando assumiu a sua homossexualidade perante o mundo. Foi, durante 18 anos, padre em várias congregações, escreveu vários livros e artigos, foi professor de teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana e da Universidade Pontifícia Regina e foi também um oficial da Congregação para a Doutrina da Fé.
A 3 de outubro de 2015 Charamsa decidiu enviar uma carta ao Papa, dizendo que tinha tomado a decisão de rejeitar publicamente a violência da Igreja contra os gays, lésbicas, bissexuais, transexuais. Agora, dedica a sua vida a defender a comunidade LGBT.
Depois do seu livro “A Primeira Pedra”, o teólogo prepara-se para, novamente, lançar um outro livro que é considerado uma “bomba-relógio” para a Igreja.
O El Español juntou algumas das suas reflexões mais “explosivas”:
Seminários homofóbicos
Ao longo dos séculos, milhares de pessoas com desejos e sentimentos homossexuais têm passado por seminários católicos, doutrinados por uma única ‘verdade’, baseada nos textos paulinos sobre a homossexualidade, que sussurram aos seus ouvidos: ‘odeia os homossexuais, eles estão condenados para todo o sempre e não vão estar connosco no paraíso’. Também eu vivi neste pesadelo: num ambiente fechado, onde só existem homens que, ironicamente, se vestem como mulheres.”
Gays: o mal
Eu sou gay. E sou gay desde que os meus pais me trouxeram à vida. Desejava ser sacerdote e, por isso, deveria ser homofóbico. Antes de mais, estava imbuído do juízo de condenar todos os homossexuais pervertidos: sabia que representavam o mal, um mal que poderia consumir-me. Foi assim que, convencido de que isto era apenas uma confusão de adolescente, me habituei a pensar que o desejo que sentia por homens era uma tendência natural de me querer comparar a eles.”
A masturbação e a igreja
Devíamos questionar os bispos, sacerdotes, diáconos e, até, catequistas, quantas vezes é que eles se masturbam, quantas vezes é que sentem essa tentação, ou quantas vezes pensam nas suas fantasias – mulher ou homem? Ou até uma orgia? – e, até que ponto, é que se tornaram seres assexuados.”
O clero: histérico e travesti
O clero católico é uma corporação que, vestida com roupas femininas, veta histericamente que um menino vista uma saia (como fazem os escoceses) e que tentem sair para a rua assim. São, portanto, travestis que perseguem outros travestis. Em toda a minha vida quotidiana notava uma feliz regularidade: muitos curas gays eram bons sacerdotes, às vezes, até melhores do que os outros, porque eram mais sensíveis e mais disponíveis.”