Depois da recusa da banca em financiar o partido, a líder da Frente Nacional vai receber um empréstimo de seis milhões, através da empresa do pai, para financiar a corrida às Presidenciais francesas.
A líder francesa de extrema-direita, Marine Le Pen, vai contar com a ajuda financeira do pai para a sua corrida às Presidenciais em Maio deste ano. Apesar da relação conturbada entre os dois – sobretudo depois de a líder da Frente Nacional ter expulso Jean-Marie Le Pen do partido, em Agosto de 2015 – a candidata vai contar com um empréstimo de seis milhões de euros. O financiamento será feito em tranches através da Cotelec, empresa que Jean-Marie Le Pen criou em 1988 com o único propósito de financiar candidatos eleitorais.
Com este acordo, que terá sido concluído há alguns meses e que já foi confirmado aos media franceses, Marine Le Pen ultrapassa a resistência da banca em conceder-lhe crédito. Para chegar aos 12 milhões de euros necessários para pagar a campanha, a candidata presidencial deve contar ainda com fundos cedidos pela própria Frente Nacional.
O financiamento, contudo, não resolve outros problemas do partido: o dinheiro deverá esgotar-se nas Presidenciais de Maio, não chegando para as eleições Legislativas que se realizam no mês seguinte e que prevêem um custo de 17 milhões de euros. Recorde-se que, em 2014, o partido pedira um empréstimo de quatro milhões de euros a um banco com capitais russos que acabou por falir.
Há ainda um problema com a gestão de imagem que este acordo vai gerar, refere uma análise no site Politico. Isto porque, apesar do corte de relações Marine e Jean-Marie Le Pen, a ligação financeira entre o partido e a Cotelec nunca se quebrou. E um sinal disso foi o compromisso assumido publicamente por Jean-Marie, em Setembro do ano passado, de que estaria disponível para financiar a campanha da filha.
A empresa Cotelec, criada especificamente para financiar candidatos políticos, tem um modelo de negócio muito simples: consegue crédito junto de privados, que permanecem anónimos, a uma taxa de juro de 3% que depois empresta aos candidatos a uma taxa de 6%. A dificuldade de Le Pen em conseguir crédito junto da banca, tanto francesa como internacional, já levou dirigentes da Frente Nacional a reclamar do que consideram um tratamento injusto. E defendem que seja criada uma lei que obrigue os bancos a emprestar dinheiro a todos os partidos.