quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Eurogrupo suspende alívio da dívida da Grécia

FUTURO DA GRÉCIA


EM ATUALIZAÇÃO
Acordo estava fechado e aprovado...até que Tsipras decidiu pagar um bónus de natal entre 300 e 800 euros aos pensionistas mais desfavorecidos. Ministros não gostaram e mandaram suspender plano.
ALEXANDROS VLACHOS/EPA
Mais um volte-face na novela grega. O alívio na dívida grega aprovado na semana passada acabou de ser suspenso pelo Eurogrupo, depois de os ministros das Finanças terem sido surpreendidos pela decisão do Governo grego de pagar um bónus entre os 300 e os 800 euros aos pensionistas com menores rendimentos.
Estava tudo aprovado, não era preciso qualquer reunião adicional, nem outras formalidades. Os países da zona euro iriam colocar em prática um plano do Mecanismo Europeu de Estabilidade que, no limite, ajudaria a reduzir o peso da dívida pública grega em 20% do PIB até 2060. O Governo grego nem precisava de aplicar mais medidas, ou passar qualquer revisão em troca.
Até que o cenário mudou. O Governo grego surpreendeu os credores decidindo distribuir um bónus entre os 300 e os 800 euros aos pensionistas com menores rendimentos e suspender o aumento do imposto sobre as vendas nas ilhas gregas que têm sido mais afetadas pela vaga de refugiados.
Não só o Governo grego tomou estas medidas numa altura em que a conclusão da segunda revisão se tem arrastado e continua sem fim à vista, mas também o fez sem consultar as instituições que compõem a troika.
O resultado não se fez esperar. O Eurogrupo suspendeu aquilo que estava fechado e agora não há alívio para ninguém.
“As instituições concluíram que as ações do Governo grego não parecem estar em linha com os nossos acordos”, disse um porta-voz do presidente do Eurogrupo no Twitter. Por isso, “agora não há unanimidade para implementar as medidas de curto prazo”.
Que medidas são essas?
  • O perfil de pagamentos da dívida ao fundo de resgate europeu será suavizado. Ou seja, os períodos em que existam pagamentos concentrados serão alterados para que, ao longo dos 32 anos e meio de maturidade média dos empréstimos, os pagamentos estejam melhor distribuídos.
  • Os países do euro irão abdicar de um aumento de juros previsto relativamente a uma tranche do empréstimo do segundo resgate. Essa margem, de cerca de 200 milhões de euros, deixará de ser cobrada. Ou seja, são menos 200 milhões que os países do euro (distribuídos segundo a sua participação no fundo) irão receber.
  • As obrigações com taxa variável, que valem cerca de 42 mil milhões de euros, emprestados pelos fundos de resgate para recapitalizar os bancos, serão trocadas por obrigações com taxas fixas e de longo prazo (significa que os juros serão mais estáveis, mas também que, no curto prazo, a Grécia pode ter de pagar mais juros).
  • O fundo de resgate vai contratar swaps para estabilizar os custos do financiamento pedido para emprestar à Grécia, o que reduz também os custos para Atenas, já que estes são transmitidos para o Estado grego.
    O financiamento passará a ser feito com recurso a emissões de longo prazo, e não as trocas de obrigações e refinanciamentos atuais.

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