Com assinatura dos Acordos de Lusaka: Independência era irreversível - afirmam combatentes da luta de libertação nacional, a-propósito do 7 de Setembro, ontem comemorado no país
Maputo, Quarta-Feira, 8 de Setembro de 2010
Notícias
Esses acordos ficaram conhecidos como
Acordos de Lusaka. Na Praça dos Heróis, em Maputo, alguns combatentes da
luta de libertação nacional, dentre os quais o antigo Chefe do Estado,
Joaquim Chissano, falaram a jornalistas sobre a efeméride, tendo
destacado que apesar dos tumultos ocorridos naquele dia na então cidade
de Lourenço Marques (Maputo), protagonizados por movimentos que eram
contrários, a independência de Moçambique era irreversível.
Joaquim Chissano
GUARDAMOS BOAS E MÁS RECORDAÇÕES
Maputo, Quarta-Feira, 8 de Setembro de 2010
Notícias
O EX-PRESIDENTE da República, Joaquim Chissano, disse que as más
recordações do 7 de Setembro de 1974 são aquelas relacionadas com os
tumultos registados na ex-cidade de Lourenço Marques e que levaram à
morte de mais de 400 pessoas. Esses tumultos, segundo afirmou, foram
provocados por aqueles que se opunham à proclamação da nossa
independência.
Quanto às recordações que apelidou de alegres, Joaquim Chissano destacou a assinatura do acordo através do qual o Governo português aceitou incondicionalmente transferir os poderes para o povo moçambicano, representado pela Frente de Libertação de Moçambique.
“Foi um dia de festa, nesse sentido. Podemos dizer adiada por algum tempo até que se normalizasse a situação em Maputo e noutras cidades de Moçambique. Mas o 7 de Setembro permitiu-nos desenvolver o país e consolidar a unidade do povo moçambicano. Permitiu-nos chegar onde nós estamos com os resultados positivos que todos conhecemos”, disse.
Apesar dos tumultos, Joaquim Chissano afirmou que os combatentes da luta de libertação nacional não tiveram dúvidas que a independência seria um facto. Disse que quando o Presidente Samora Machel na altura falou com Spínola (via telefónica), disse-lhe claramente que os motins tinham que terminar imediatamente porque senão a Frente de Libertação de Moçambique iria retomar o combate. Do lado português, afiançou, não havia nenhum interesse da parte dos soldados, capitães e dos coronéis de continuar o combate.
Solicitado, na circunstância, a se pronunciar sobre as manifestações populares havidas semana passada nas cidades de Maputo e Matola, Joaquim Chissano, que na altura não se encontrava no país, disse ter ouvido com muita mágoa que as pessoas estavam a “entornar o prato onde se estava a servir comida só porque ainda não chegava”.
Defendeu a necessidade de um maior diálogo com a população, no sentido de explicar o processo de desenvolvimento económico e social. “Temos tido muito diálogo. O nosso Governo tem muito diálogo com a população, mas é preciso ver onde é que falta pôr acento tónico nesse diálogo. Às vezes nós falamos com a população e pensamos que ela está a compreender o processo, mas quando se descobre que não está a compreender, realmente é preciso sentar e explicar ponto por ponto. Por exemplo, a situação do trigo, a população não sabe o que é que se produz de trigo em Moçambique, donde é que vem o trigo e não sabe que há uma crise mundial do trigo. Não sabe que o trigo não é uma questão de vontade do Governo”, disse, acrescentando que a Imprensa pode desempenhar um papel didáctico, explicando a população o que é que se passa com o trigo, com o petróleo e qual é a dinâmica das coisas para os preços subirem ou descerem.
Quanto às recordações que apelidou de alegres, Joaquim Chissano destacou a assinatura do acordo através do qual o Governo português aceitou incondicionalmente transferir os poderes para o povo moçambicano, representado pela Frente de Libertação de Moçambique.
“Foi um dia de festa, nesse sentido. Podemos dizer adiada por algum tempo até que se normalizasse a situação em Maputo e noutras cidades de Moçambique. Mas o 7 de Setembro permitiu-nos desenvolver o país e consolidar a unidade do povo moçambicano. Permitiu-nos chegar onde nós estamos com os resultados positivos que todos conhecemos”, disse.
Apesar dos tumultos, Joaquim Chissano afirmou que os combatentes da luta de libertação nacional não tiveram dúvidas que a independência seria um facto. Disse que quando o Presidente Samora Machel na altura falou com Spínola (via telefónica), disse-lhe claramente que os motins tinham que terminar imediatamente porque senão a Frente de Libertação de Moçambique iria retomar o combate. Do lado português, afiançou, não havia nenhum interesse da parte dos soldados, capitães e dos coronéis de continuar o combate.
Solicitado, na circunstância, a se pronunciar sobre as manifestações populares havidas semana passada nas cidades de Maputo e Matola, Joaquim Chissano, que na altura não se encontrava no país, disse ter ouvido com muita mágoa que as pessoas estavam a “entornar o prato onde se estava a servir comida só porque ainda não chegava”.
Defendeu a necessidade de um maior diálogo com a população, no sentido de explicar o processo de desenvolvimento económico e social. “Temos tido muito diálogo. O nosso Governo tem muito diálogo com a população, mas é preciso ver onde é que falta pôr acento tónico nesse diálogo. Às vezes nós falamos com a população e pensamos que ela está a compreender o processo, mas quando se descobre que não está a compreender, realmente é preciso sentar e explicar ponto por ponto. Por exemplo, a situação do trigo, a população não sabe o que é que se produz de trigo em Moçambique, donde é que vem o trigo e não sabe que há uma crise mundial do trigo. Não sabe que o trigo não é uma questão de vontade do Governo”, disse, acrescentando que a Imprensa pode desempenhar um papel didáctico, explicando a população o que é que se passa com o trigo, com o petróleo e qual é a dinâmica das coisas para os preços subirem ou descerem.
Raimundo Pachinuapa
ERA IMPENSÁVEL A SAÍDA DO COLONIALISMO
Maputo, Quarta-Feira, 8 de Setembro de 2010
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RAIMUNDO Pachinuapa, combatente da luta de libertação nacional desde a
primeira hora, prestou tributo àqueles que foram caindo ao longo do
combate contra o colonialismo português. Segundo afirmou, 36 anos
depois, a missão foi cumprida, pois era impensável a saída do
colonialismo português de Moçambique.
Também disse que a Frente de Libertação de Moçambique não tinha dúvidas de que a independência do país havia de ser alcançada, a despeito dos tumultos registados em Lourenço Marques no dia 7 de Setembro de 1974. “Quando houve tumultos em Lourenço Marques, dissemos com todo o vigor que nós ainda não havíamos chegado lá. Eu estava numa frente, cuja missão era preparar os soldados do avião que Kenneth Kaunda (pai da nação zambiana) nos deu. Metemo-nos e todos saíram. Não tínhamos dúvidas”, disse.
Numa breve análise ao percurso do país depois da independência, Raimundo Pachinuapa afirmou que o que viveu no tempo colonial não é o mesmo que se vive hoje. Muitas escolas, estradas e hospitais foram construídas, muitos moçambicanos foram e estão sendo formados, entre outras acções em curso para o bem-estar do povo moçambicano.
“Estamos a dar um passo gigantesco”, observou.
Sobre as manifestações populares da semana passada, aquele combatente da luta de libertação nacional disse tratar-se de um processo que não somente acontece em Moçambique, mas em todo o mundo. Para Raimundo Pachinuapa, as manifestações que acontecem em Moçambique também ocorrem noutros quadrantes, incluindo nos países mais desenvolvidos.
Falou dos 16 anos de guerra havida no país, defendendo que se ela não tivesse tido lugar, os moçambicanos teriam dado um passo gigantesco para frente.
Também disse que a Frente de Libertação de Moçambique não tinha dúvidas de que a independência do país havia de ser alcançada, a despeito dos tumultos registados em Lourenço Marques no dia 7 de Setembro de 1974. “Quando houve tumultos em Lourenço Marques, dissemos com todo o vigor que nós ainda não havíamos chegado lá. Eu estava numa frente, cuja missão era preparar os soldados do avião que Kenneth Kaunda (pai da nação zambiana) nos deu. Metemo-nos e todos saíram. Não tínhamos dúvidas”, disse.
Numa breve análise ao percurso do país depois da independência, Raimundo Pachinuapa afirmou que o que viveu no tempo colonial não é o mesmo que se vive hoje. Muitas escolas, estradas e hospitais foram construídas, muitos moçambicanos foram e estão sendo formados, entre outras acções em curso para o bem-estar do povo moçambicano.
“Estamos a dar um passo gigantesco”, observou.
Sobre as manifestações populares da semana passada, aquele combatente da luta de libertação nacional disse tratar-se de um processo que não somente acontece em Moçambique, mas em todo o mundo. Para Raimundo Pachinuapa, as manifestações que acontecem em Moçambique também ocorrem noutros quadrantes, incluindo nos países mais desenvolvidos.
Falou dos 16 anos de guerra havida no país, defendendo que se ela não tivesse tido lugar, os moçambicanos teriam dado um passo gigantesco para frente.
Marina Pachinuapa
SONHO FOI REALIZADO
Maputo, Quarta-Feira, 8 de Setembro de 2010
Notícias
MARINA Pachinuapa, combatente da luta de libertação nacional e membro
fundadora do Destacamento Feminino, afirmou que os moçambicanos sabiam
que um dia o sonho da liberdade havia de ser realizado.
“Eu fiquei muito feliz (no dia 7 de Setembro de 1974). Valeu a pena os moçambicanos lutarem, terem tido um mesmo pensamento e consentido sacrifícios. Estávamos determinados a vencer o colonialismo português. A unidade foi fundamental para a nossa vitória”, disse.
Falando sobre as dificuldades que os moçambicanos ainda enfrentam, Marina Pachinuapa defendeu que elas sempre existirão. Para contrapô-las, é preciso a conjugação de forças. “Dificuldades nós sempre havemos de ter. É preciso sentar, tal como sentámos para decidir pegar em armas para lutar. A unidade e pensamento comum são fundamentais”, afirmou.
“Eu fiquei muito feliz (no dia 7 de Setembro de 1974). Valeu a pena os moçambicanos lutarem, terem tido um mesmo pensamento e consentido sacrifícios. Estávamos determinados a vencer o colonialismo português. A unidade foi fundamental para a nossa vitória”, disse.
Falando sobre as dificuldades que os moçambicanos ainda enfrentam, Marina Pachinuapa defendeu que elas sempre existirão. Para contrapô-las, é preciso a conjugação de forças. “Dificuldades nós sempre havemos de ter. É preciso sentar, tal como sentámos para decidir pegar em armas para lutar. A unidade e pensamento comum são fundamentais”, afirmou.
Eduardo Nihia
O POVO CONSTRÓI O SEU DESTINO
Maputo, Quarta-Feira, 8 de Setembro de 2010
Notícias
EDUARDO Nihia, combatente e conselheiro do Chefe do Estado, disse
sentir-se honrado por ter participado na luta de libertação nacional.
Segundo afirmou, Moçambique é hoje um país respeitado a nível
internacional e está apostado no desenvolvimento.
“Hoje temos sinais claros de desenvolvimento. O país hoje não é o mesmo que aquele que nos levou à luta de libertação nacional. Temos estradas, escolas, hospitais, pontes e outras infra-estruturas. O povo constrói o seu destino”, disse.
Questionado se hoje, a unidade nacional existe como fundamento para vencer adversidades, Eduardo Nihia afirmou que ela é um facto inquestionável. Acrescentou que os moçambicanos ainda não atingiram o objectivo de acabar com a pobreza, batalha que, de acordo com as suas palavras, só pode ser vencida com a unidade nacional.
Disse que as diferenças sociais entre os moçambicanos não devem pôr em causa a unidade nacional. Sobre as manifestações havidas semana passada nas cidades de Maputo e Matola, defendeu que há necessidade de se levar a cabo a educação patriótica dos jovens.
“Os que fizeram desmandos não são da minha idade. São pessoas que não viveram o passado. São pessoas não esclarecidas, daí a necessidade de levarmos a cabo a educação patriótica dessas pessoas”, disse.
“Hoje temos sinais claros de desenvolvimento. O país hoje não é o mesmo que aquele que nos levou à luta de libertação nacional. Temos estradas, escolas, hospitais, pontes e outras infra-estruturas. O povo constrói o seu destino”, disse.
Questionado se hoje, a unidade nacional existe como fundamento para vencer adversidades, Eduardo Nihia afirmou que ela é um facto inquestionável. Acrescentou que os moçambicanos ainda não atingiram o objectivo de acabar com a pobreza, batalha que, de acordo com as suas palavras, só pode ser vencida com a unidade nacional.
Disse que as diferenças sociais entre os moçambicanos não devem pôr em causa a unidade nacional. Sobre as manifestações havidas semana passada nas cidades de Maputo e Matola, defendeu que há necessidade de se levar a cabo a educação patriótica dos jovens.
“Os que fizeram desmandos não são da minha idade. São pessoas que não viveram o passado. São pessoas não esclarecidas, daí a necessidade de levarmos a cabo a educação patriótica dessas pessoas”, disse.
Eduardo Koloma
AS COISAS NÃO ESTAVAM MUITO CLARAS DEPOIS DO 25 DE ABRIL
Maputo, Quarta-Feira, 8 de Setembro de 2010
Notícias
EDUARDO Koloma, combatente que na altura da assinatura dos Acordos de
Lusaka se encontrava a estudar na ex-RDA, enviado pela Frente de
Libertação de Moçambique, disse que as negociações para o cessar-fogo e,
por consequência, a independência de Moçambique não foram fáceis,
porque depois do 25 de Abril de 1974 (golpe de Estado em Portugal,
protagonizado por militares), não havia muita clareza sobre o que
haveria de acontecer nas colónias.
“Foi preciso intensificar a luta armada no terreno que era para se poder negociar em posição de força. Só com a intensificação da luta armada no terreno, expandindo-a para, por exemplo, Manica, obrigou os portugueses a tomarem em consideração as reivindicações que a Frelimo colocava em relação à independência de Moçambique”, disse.
Questionado se os combatentes não chegaram a pensar num colapso da independência com a ocorrência dos tumultos em Lourenço Marques, Eduardo Koloma afirmou:
- Nós não ficamos com o receio de que não havíamos de conseguir a independência, mas sabíamos muito que era um processo normal e que cedo ou tarde havíamos de triunfar, porque já nos sentíamos fortes no terreno com a intensificação da luta armada nas províncias como Manica, o que ditou a revolta dos militares portugueses contra o regime fascista.
Segundo aquele combatente, 36 anos após a assinatura dos Acordos de Lusaka, o país está “muito diferente em termos de desenvolvimento do que estava em 1975”.
“Já temos muitos serviços desenvolvidos. Por exemplo, à altura da independência, herdámos cerca de 90 porcento de analfabetismo. Hoje em dia, isso já está ultrapassadíssimo. Já temos mais pessoas alfabetizadas, temos mais escolas, mais hospitais, mais construções. Eu diria que depois de 36 anos, o balanço é positivo”, disse.
Sobre as manifestações, Eduardo Koloma afirmou que se trata de uma reacção a um mal que neste momento afecta a sociedade, não só a nível interno como em todo o mundo. Trata-se de um grito de sofrimento que decorre das dificuldades que o mundo atravessa neste momento, enfatizou.
“Foi preciso intensificar a luta armada no terreno que era para se poder negociar em posição de força. Só com a intensificação da luta armada no terreno, expandindo-a para, por exemplo, Manica, obrigou os portugueses a tomarem em consideração as reivindicações que a Frelimo colocava em relação à independência de Moçambique”, disse.
Questionado se os combatentes não chegaram a pensar num colapso da independência com a ocorrência dos tumultos em Lourenço Marques, Eduardo Koloma afirmou:
- Nós não ficamos com o receio de que não havíamos de conseguir a independência, mas sabíamos muito que era um processo normal e que cedo ou tarde havíamos de triunfar, porque já nos sentíamos fortes no terreno com a intensificação da luta armada nas províncias como Manica, o que ditou a revolta dos militares portugueses contra o regime fascista.
Segundo aquele combatente, 36 anos após a assinatura dos Acordos de Lusaka, o país está “muito diferente em termos de desenvolvimento do que estava em 1975”.
“Já temos muitos serviços desenvolvidos. Por exemplo, à altura da independência, herdámos cerca de 90 porcento de analfabetismo. Hoje em dia, isso já está ultrapassadíssimo. Já temos mais pessoas alfabetizadas, temos mais escolas, mais hospitais, mais construções. Eu diria que depois de 36 anos, o balanço é positivo”, disse.
Sobre as manifestações, Eduardo Koloma afirmou que se trata de uma reacção a um mal que neste momento afecta a sociedade, não só a nível interno como em todo o mundo. Trata-se de um grito de sofrimento que decorre das dificuldades que o mundo atravessa neste momento, enfatizou.
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