Assassinatos sucedem-se, população não pode mais, amotina-se e não quer mais ouvir de gás
Cerca de 15 meses passam desde o dia em que se ouviu o primeiro tiro de um grupo que, pelo modus operandi, tem ligações com o extremismo islâmico, mais particularmente com o Boko Haram, grupo que actua em vários países africanos, a exemplo da Nigéria e Somália.
Foi o início, em Moçambique, daquilo que do ponto de vista especulativo, já que não existe, até aqui, uma reivindicação conhecida do grupo, está relacionado com a revolta contra os projectos de exploração de gás natural na bacia do Rovuma.
“Já não vivemos sossegados. Os nossos irmãos, esposas, crianças, tios…estão a ser decapitados todos os dias por causa destes brancos que estão aqui a tirar gás” – disse um manifestante da multidão que decidiu concentrar-se na manhã de ontem, em três locais distintos.
No centro de Palma e nas aldeias Mute e Nkalanga. Palma é o distrito que vai acolher a instalação da fábrica de GNL, num investimento bilionário que junta as multinacionais Anadarko e ENI.
A associação dos ataques armados à exploração de hidrocarbonetos e a consequente revolta populacional era o que mais o governo e as multinacionais temiam, tendo em conta os efeitos bastante perversos em tudo que está projectado. A revolta da população foi precipitada pelo facto de numa mesma semana o distrito de Palma ter sido palco de novos e mais assustadores ataques dos grupos armados que continuam a colocar terror no seio das populações.
Com efeito e pela primeira vez, os grupos emboscaram, em plena via pública, viaturas de comerciantes locais e mataram maior parte dos ocupantes. A primeira vez aconteceu no início da semana, na via que liga o posto administrativo de Pundanhar à vila sede do distrito de Palma, tendo, na ocasião, sido decapitadas sete pessoas, incluindo o motorista da carrinha de caixa aberta.
Já neste domingo, um total de dez pessoas foram assassinadas e nove foram feridas quando mais uma carrinha carregada de diversos produtos alimentares e cimento de construção foi emboscada pelo grupo a 10 quilómetros do posto administrativo de Olumbi.
Cerca de 15 meses passam desde o dia em que se ouviu o primeiro tiro de um grupo que, pelo modus operandi, tem ligações com o extremismo islâmico, mais particularmente com o Boko Haram, grupo que actua em vários países africanos, a exemplo da Nigéria e Somália.
Foi o início, em Moçambique, daquilo que do ponto de vista especulativo, já que não existe, até aqui, uma reivindicação conhecida do grupo, está relacionado com a revolta contra os projectos de exploração de gás natural na bacia do Rovuma.
“Já não vivemos sossegados. Os nossos irmãos, esposas, crianças, tios…estão a ser decapitados todos os dias por causa destes brancos que estão aqui a tirar gás” – disse um manifestante da multidão que decidiu concentrar-se na manhã de ontem, em três locais distintos.
No centro de Palma e nas aldeias Mute e Nkalanga. Palma é o distrito que vai acolher a instalação da fábrica de GNL, num investimento bilionário que junta as multinacionais Anadarko e ENI.
A associação dos ataques armados à exploração de hidrocarbonetos e a consequente revolta populacional era o que mais o governo e as multinacionais temiam, tendo em conta os efeitos bastante perversos em tudo que está projectado. A revolta da população foi precipitada pelo facto de numa mesma semana o distrito de Palma ter sido palco de novos e mais assustadores ataques dos grupos armados que continuam a colocar terror no seio das populações.
Com efeito e pela primeira vez, os grupos emboscaram, em plena via pública, viaturas de comerciantes locais e mataram maior parte dos ocupantes. A primeira vez aconteceu no início da semana, na via que liga o posto administrativo de Pundanhar à vila sede do distrito de Palma, tendo, na ocasião, sido decapitadas sete pessoas, incluindo o motorista da carrinha de caixa aberta.
Já neste domingo, um total de dez pessoas foram assassinadas e nove foram feridas quando mais uma carrinha carregada de diversos produtos alimentares e cimento de construção foi emboscada pelo grupo a 10 quilómetros do posto administrativo de Olumbi.
Na ocasião, algumas pessoas conseguiram fugir, mas maior parte não pôde tendo sido violentamente atacada pelo bando. O ataque aconteceu por volta das 14 horas, segundo fontes locais. Maior parte dos transportados era natural de Olumbi. Aliás, o motorista era igualmente comerciante natural e também trabalhava no posto administrativo de Olumbi. Parte dos produtos de que a carrinha estava carregada foi roubada pelo bando que, à saída, decidiu incendiar a viatura.
O que se diz é que pelo facto de as sedes dos postos administrativos, assim como algumas aldeias terem alguns efectivos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, os grupos atacantes optaram por conceber outra estratégia para continuar a levar a cabo as suas incursões.
Assim, preferem esconder-se nas matas e recorrer à emboscadas contra viaturas que circulam pelas diferentes vias que estabelecem ligação entre o norte de Cabo Delgado.
Portanto, em apenas uma semana, 17 pessoas foram assassinadas no distrito de Palma, o que deixa a população completamente aterrorizada.
Perante aparente apatia e descontrolo da situação por parte das Forças de Defesa e Segurança, os populares decidiram então dizer um “basta”, recorrendo a aquilo que entendem ser a causa-mãe dos ataques em Cabo Delgado.
Para dispersar as populações locais, a Polícia da República de Moçambique, apoiada por alguns militares, tiveram de disparar várias vezes ao ar e usar gás lacrimogéneo.
A população das aldeias Mute, Nkalanga e do centro de Palma entendem que mais dúvidas não existem sobre a origem dos ataques. Tudo tem a ver com o gás. “Devem parar com o gás porque não dá mais. Todos os brancos devem sair porque eles é que trazem isso” – disseram repetidamente os manifestantes que mantinham as estradas que ligam o centro do distrito e as aldeias de Nkalanga e Mute bloqueadas.
Muitas lojas do centro de Palma não abriram ontem por medo de vandalização, tendo em conta que apesar de a intervenção policial ter conseguido dispersar os manifestantes, o medo de vandalização continua presente.
“Não vivemos de gás, vivemos da machamba e na nossa produção agrícola diária” – reiteraram, defendendo a paragem imediata dos projectos de gás que estão em curso na bacia do Rovuma.
Os ataques armados em Cabo Delgado já devem ter feito perto de 200 vítimas mortais, maioritariamente correspondente à população civil, que continua a buscar refúgio nas vilas sedes distritais.
MEDIA FAX – 15.01.2019
Posted at 16:22 in Biodiesel - Petróleo - Gás, Defesa, Justiça - Polícia - Tribunais, Política - Partidos | Permalink
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