quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Frederico Varandas: a história de um editorial antecipado e uma entrada atrasada


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Frederico Varandas entrou no Bonfim dez minutos depois do apito inicial em sinal de protesto. Antes, o presidente do Sporting assinava um editorial muito crítico sobre o Benfica e Luís Filipe Vieira.
O presidente leonino falou sobre "um tipo de dirigismo que há muito devia ter sido erradicado do futebol português"
JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
Frederico Varandas já tinha avisado. Há algumas semanas, o presidente do Sporting tinha mostrado desagrado face aos jogos consecutivos em estádios adversários nos quais a entrada dos adeptos leoninos foi demorada e lenta, provocando um apoio tardio à equipa. Esta quarta-feira, no Bonfim, Varandas só entrou quando o jogo entre o Sporting e o V. Setúbal já levava dez minutos, numa forma de protesto silencioso face aos atrasos na entrada dos adeptos verde e brancos nos estádios das equipas adversárias. Mas se este protesto, por volta das 19h10 da tarde, foi silencioso e discreto, Frederico Varandas já tinha tinha feito um outro, muito audível, algumas horas antes.
Num editorial do Jornal Sporting, que só vai para as bancas esta quinta-feira e ao qual o Record terá tido acesso, o presidente dos leões critica de forma dura a direção do Benfica — principalmente Luís Filipe Vieira –, por aquilo a que chama “um tipo de dirigismo que há muito devia ter sido erradicado do futebol português”. “Carece de uma transformação, mas não de personificar em Paulo Gonçalves todos os males e toda a vergonha. Esse problema tem de ser encarado seriamente, ainda para mais tendo em conta o presidencialismo inequívoco que caracteriza a gestão deste nosso rival. Aliás, ainda na última semana, o seu presidente veio publicamente transmitir o que pretende de imediato para o “seu” futebol: condicionar, limitar, impedir e penalizar a liberdade de atuação de árbitros e de órgãos independentes como o Conselho de Arbitragem deve ser”,acrescentou Frederico Varandas, numa alusão às críticas que Luís Filipe Vieira fez à arbitragem da meia-final da Taça da Liga, que o Benfica perdeu para o FC Porto.
“Não entramos e não queremos entrar em questões internas de outros clubes, mas ninguém em Portugal ignora ou pode ignorar factos graves que ocorreram. E também ninguém desmentiu ou pôde desmentir tantas vergonhas que vieram a público, tantos comportamentos estranhos, tantas condutas promíscuas, tantos exemplos grotescos, que revelam um modus operandi que jamais pode ser aceite num País civilizado.Acreditamos que em todos os clubes, e obviamente que incluímos o Sport Lisboa e Benfica nesta crença, existem pessoas que querem um Futebol Profissional transparente, justo, decente e entendemos ser um dever de TODOS proteger o Desporto-Rei em Portugal”, atirou o presidente do Sporting, em críticas duras que ganham especial relevância face à proximidade do dérbi lisboeta, no próximo domingo.
Quanto a esse jogo, a contar para a 20.ª jornada da Primeira Liga, Varandas garante que “receberá institucionalmente o Benfica em Alvalade, cumprindo as regras, atribuindo os habituais lugares em zona específica da Tribuna”, mas “rejeita promover qualquer iniciativa particular que conte com a presença” de Luís Filipe Vieira.
Esta quarta-feira, dia em Frederico Varandas apostou em dois protestos de índole bastante diferente, o Sporting empatou em Setúbal e voltou a distanciar-se dos três da frente. Na flash interview, Marcel Keizer — que a cada jogo mostra cada vez mais que é um homem de poucas palavras — explicou que os leões não começaram “suficientemente bem”. “Permitimos alguns contra-ataques e desperdiçamos cinco ou seis oportunidades em que deveríamos ter marcado. A segunda parte foi bem diferente”, atirou o treinador holandês, que reconheceu que a equipa teve “alguns problemas” físicos face aos poucos dias de descanso depois da final da Taça da Liga “mas nada que justifique” perder pontos”. “Devíamos ter ganho”, sentenciou Keizer, que esta semana voltou a estar ausente de várias sessões de treino para viajar até a Holanda e resolver questões pessoais.

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