quarta-feira, 23 de maio de 2018

Radicais continuam a aterrorizar norte de Cabo Delgado



Na quarta-feira mataram duas pessoas em Ilala, Macomia 
- Ministro da Defesa Nacional anuncia perseguição sem tréguas ao grupo, ao mesmo tempo que pede denúncia permanente contra o grupo
Passam já sete meses desde que um grupo de jovens com inspiração ao radicalismo islâmico atacou diversas unidades das Forças de Defesa e Segurança (FDS) e outras instituições do poder representativo do Estado, numa acção descrita como de afronta e rejeição ao poder do Estado naquela região. 
Aliás, tempo depois, um vídeo (cuja autenticidade não foi confirmada pelas autoridades) foi difundido apresentado um conteúdo em que os radicais falavam da necessidade da instauração de um califado na região, negando, desta forma, o poder Estatal. Estudos e entrevistas posteriores também reforçaram a ideia subjacente e por detrás da acção do grupo, em torno da suposta pretensão de instaurar a sharia no norte de Cabo Delgado. 
Logo após o primeiro ataque, as Forças de Defesa e Segurança iniciaram uma perseguição sem tréguas aos apelidados “bandidos”, o que culminou com a detenção de mais de duas centenas de acusados. Outros supostos terroristas foram abatidos pelas Forças de Defesa e Segurança.
Entretanto, de lá para cá, apesar da forte acção das Forças de Defesa e Segurança, os atacantes continuam a plantar terror naquela região. 
O exemplo grave mais recente aconteceu na passada quarta-feira, na localidade de Ilala, posto administrativo de Quiterajo, distrito de Macomia. Na incursão, o grupo, composto por alguns jovens munidos de armas brancas e de fogo, exigiu que um pescador local os transportasse para uma ilha próxima. Recusando a exigência, o barqueiro foi degolado na hora pelo grupo. Um outro residente local foi também morto pelo bando nesse mesmo dia. Já no domingo, segundo relatos a que o mediaFAX teve acesso, um autocarro da transportadora de passageiros denominada Maning Nice foi atacado quando fazia a ligação entre Nampula e Mocímboa. 
E as indicações referem que o ataque foi protagonizado pelo mesmo grupo. Atanásio Ntumuke, ministro da Defesa Nacional, esteve, esta semana, no norte de Cabo Delgado e a partir do distrito de Macomia, pediu a população para colaborar com as forças moçambicanas no combate ao grupo e suas acções. O ministro recordou aos populares da localidade de Ilala que um grupo de 21 jovens locais desapareceu há sensivelmente três anos. E de acordo com Ntumuke, o grupo de jovens desaparecido faz parte dos terroristas que tem estado a atacar algumas regiões da província.

“Escolhemos (visitar) esta localidade porque foi um dos pontos de partida de cerca de 21 jovens e esses jovens ainda não regressaram. Não sabemos qual é a sorte deles” – recordou Ntumuke, para quem é esse grupo de jovens que tem estado a passar de um acampamento para o outro, fugindo à perseguição das Forças de Defesa e Segurança. Nos últimos dias, apontou o ministro, o grupo foi atacado no oitavo acampamemento que tinha conseguido montar, tendo sido nesta incursão de perseguição que muitas mulheres conseguiram fugir. “Cerca de 200 mulheres que davam de comer aos bandidos aproveitaram fugir. 
Hoje não está nenhuma mulher com este grupo. Alguns dirigentes desapareceram” – acautelou Ntumuke. Na ocasião, a população local pediu reforço de segurança por parte das autoridades de Defesa e Segurança no sentido de criar condições para colheita e retirada dos produtos dos campos de produção para as residências. 
MEDIAFAX – 23.05.2018

Sem comentários: