PRESIDENTE TRUMP
Há pouco mais de dois anos, Donald Trump classificou a Rússia de "ameaça" geopolítica dos Estados Unidos e defendeu a aplicação de sanções económicas contra Moscovo, como forma de retaliação.
O título do artigo da CNN é sugestivo: “Quando Trump olhava para a Rússia de forma diferente”. E de facto é um Trump muito diferente aquele que, em 2014, classificava Moscovo “como o maior problema” dos Estados Unidos e sugeria a aplicação de sanções aos russos para atingir a economia daquele país.
Em duas entrevistas concedidas à NBC News e à Fox News, agora recordadas pela equipa de investigação da CNN, Donald Trump defende a posição assumida por Mitt Romney, candidato presidencial derrotado em 2012, sobre a Rússia e repete as considerações feitas pelo republicano: Moscovo era uma ameaça geopolítica para os Estados Unidos.
“Bem, Mitt [Romney] estava certo quando disse que ‘a Rússia é o nosso maior problema'”, começou por dizer Trump, numa entrevista a 24 de março de 2014, na Fox News. “Toda a gente se riu dele, incluindo certos meios de comunicação. Mas ele estava completamente certo, basta olhar para a forma como a Rússia está a lidar com o Irão ou como controlam a situação na Síria. Nós fomos expulsos de todos os lugares. Não estou a dizer que devíamos estar lá. Devemos reconstruir as nossas escolas, pontes e auto-estradas. Mas sermos ridicularizados [como estamos a ser] é absolutamente impensável.”
Dias antes, a 3 de março, também em entrevista na Fox News, voltou a defender que Mitt Romney estava certo em relação à Rússia. “A Síria foi apoiada pela Rússia e agora está de volta a 100%”, notou Trump, acrescentando, depois, que os Estados Unidos deviam avançar com sanções económicas contra a Rússia. “Há muitas coisas que podíamos fazer para atingir economicamente a Rússia, [o país] não é forte economicamente”.
A 14 de março, o agora Presidente-eleito norte-americano reforçaria a posição assumida, desta em vez em entrevista à NBC. “Temos de mostrar alguma força. Putin [ludibriou] Obama por um muito tempo. E só espero que Obama, que não está a avaliar bem a situação, não faça algo muito tolo para tentar provar a sua masculinidade. Só espero que isso não aconteça”, afirmou então o republicano.
Contactada pela CNN, a equipa de Donald Trump não quis comentar estas declarações. Como lembra a cadeia de televisão norte-americana, estas afirmações do Presidente-eleito são recuperadas um dia depois de, em entrevista ao The Times e ao jornal Bild, o republicano ter descrito a NATO como uma aliança “obsoleta”, posição partilhada, naturalmente, por Moscovo, e que os Estados Unidos poderiam reduzir ou eliminar as sanções aplicadas à Rússia, assim Putin estivesse disposto para assinar um acordo de redução de armamento nuclear.