Quando Moçambique ficou independente em 1975 a minha geração beneficiou muito da solidariedade internacional na forma de voluntários de quase todo o mundo que vieram sobretudo dar aulas. Não há palavras que possam exprimir a minha gratidão. Vieram no momento certo quando o país precisava deles e a sua presença não enfraquecia a nossa economia. Entretanto, o "voluntariado" virou moda. Como expressão de solidariedade e altruísmo continua merecedor de admiração e apreço. Mas como ajuda ao desenvolvimento, infelizmente não. Já não é ajuda ao desenvolvimento. É nocivo. Não é que o país não precise de mais professores, por exemplo. Claro que precisa. Mas nem todos os professores que o país tem têm emprego. Nem todas as pessoas formadas que poderiam trabalhar como professoras têm emprego. Não estou a defender nenhum nacionalismo laboral. Estou a dizer que quando aqueles que nos ajudam enviam e pagam pessoas para virem fazer aquilo que o nosso sistema devia fazer, nomeadamente criar postos de trabalho para a mão de obra que se encontra no país, não estão necessariamente a ajudar. Estão a fazer mal à economia. Se eles são sérios em relação à ajuda ao desenvolvimento entre enviar jovens para ganharem experiência de vida e enviar dinheiro para que o Estado empregue mais professores (que até pode incluir contractar lá fora...) prefiro, sempre, a última opção. As nossas autoridades precisam de reflectir isto seriamente. Também porque nem quero imaginar a dança que seria enviar jovens moçambicanos para os Estados Unidos ou Europa para irem passar dois anos a colher experiências... Mas esse é outro assunto.
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