Reza o conhecimento colectivo que um indivíduo egoísta é aquele que acredita que, na sua perspectiva de ser, é mais importante do que os demais seres. Talvez este adjectivo não seja adequado para qualificar o Presidente da República, Armando Emílio Guebuza. Mas, nalgum momento, pode descrever o que temos vindo a assistir nos últimos dias. É que, inoportunamente ou não, o Chefe de Estado moçambicano, a escassos meses do fim do seu mandato, foi atacado por um bravo síndrome de inauguração. O PR desdobra-se em sucessivas iniciativas de descerrar o pano sobre a lápide de tudo quanto é estabelecimento no país.
Com o andar das coisas, Guebuza verá o seu nome gravado na história do país, quiçá do mundo, por ser o Chefe de Estado que mais empreendimentos inaugurou. É, no mínimo, caricato o que temos vindo a assistir nos últimos três meses. Por exemplo, ao invés de os estabelecimentos de ensino serem inaugurados pelo ministro da Educação, director provincial, distrital ou da cidade, sempre que há eventos dessa natureza, a figura de cartaz é o “camarada” Armando Guebuza.
Desde que Guebuza se tornou Presidente da República de Moçambique, as infraestruturas de grande, média e pequena envergadura são, maioritariamente, por si inauguradas, deixando de lado os outros membros do seu Governo. Há um esforço inútil de se querer associar todos os empreendimentos ao PR.
Situação similar verificou-se nos diversos ministérios, nos quais Armando Guebuza, com os seus “fúnebres” discursos favoráveis à sua própria imagem, não deu espaço aos encarregados das instituições. Esta atitude demonstra, de certa forma, um certo egocentrismo doentio.
É, sem dúvidas, preocupante essa febre de pretender inaugurar tudo antes de abandonar o poder. Na verdade, a impressão que fica é de que o PR é narcisista e “ama” ver o seu nome estampado nas lápides. Não nos vamos espantar se, em cada esquina, barraca, escondidinhos, associação de criadores de pato, barbearias e viaturas pessoais, encontrarmos escrito em letras garrafais: “Inaugurado por Sua Excelência Presidente da República, Armando Emílio Guebuza”.
Joaquim Chissano, o seu antecessor, por não ter sido possuído pelo egoísmo, não centrava as suas atenções nas cerimónias dessa natureza, tendo, no final do seu mandato, deixado algumas obras, que acabaram por ser inauguradas por Armando Guebuza. Não entendemos porque o “camarada” Guebuza não tem a mesma sensibilidade.
Indo na onda da pergunta em voga que se tem colocado diante de situações absurdas do género, só podemos questionar: Esse espírito de “corta-fitas” onde o PR foi buscar?
@VERDADE – 11.12.2014
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