Desta obra, a publicar dentro de pouco tempo, com prefácio do Dr. Máximo Dias, transcrevo mais o seguinte texto:
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Em linhas gerais, todos os centros de reeducação se assemelhavam.
Eram campos de trabalhos forçados, organizados em moldes militares, com reedcandos divididos em pelotões de vinte e cinco homens cada um com dois reeducandos-chefes.
O castigo mais comum era o de «chamboco». Com toda a gente na formatura, o comandante divulgava as causas da punição e decidia o número de chicotadas. Depois mandava que o prisioneiro se despisse de toda a roupa e se estendesse na areia de barriga para baixo, com os braços amarrados em cruz. Em seguida, os algozes açoitavam-no com chambocos, varas flexíveis ou com bengalas, sulcando-lhe as costas. O desgraçado retorcia-se na poeira, pedia clemência, dizendo: «Ai mamanô, desculpa, camarada comandante. Juro, palavra de honra, nunca mais».
Apesar de toda essa rogação humilhante e contínua, o comandante não dava ordem para parar com as batidas.
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Em linhas gerais, todos os centros de reeducação se assemelhavam.
Eram campos de trabalhos forçados, organizados em moldes militares, com reedcandos divididos em pelotões de vinte e cinco homens cada um com dois reeducandos-chefes.
O castigo mais comum era o de «chamboco». Com toda a gente na formatura, o comandante divulgava as causas da punição e decidia o número de chicotadas. Depois mandava que o prisioneiro se despisse de toda a roupa e se estendesse na areia de barriga para baixo, com os braços amarrados em cruz. Em seguida, os algozes açoitavam-no com chambocos, varas flexíveis ou com bengalas, sulcando-lhe as costas. O desgraçado retorcia-se na poeira, pedia clemência, dizendo: «Ai mamanô, desculpa, camarada comandante. Juro, palavra de honra, nunca mais».
Apesar de toda essa rogação humilhante e contínua, o comandante não dava ordem para parar com as batidas.
Os outros reeducandos, na formatura, assistiam ao castigo batendo palmas cadenciadamente e cantando um hino apropriado como: «Estás a levar porrada como Uria Simango, como Lázaro Nkavandame, como Joana Simeão».
Na Zambézia foi aberto um campo de reeducação perto da Vila de Milange para acolher as Testemunhas de Jeová. Calcula-se que eram mais de dez mil.
A contenda consistia no não reconhecimento das Testemunhas de Jeová da autoridade da Frelimo sobre Moçambique, assim como a negação, em todo o mundo, da autoridade humana sobre a Terra.
Eles recusavam saudar e homenagear a bandeira da Frelimo.
Ao romper do dia, na parada, aquando do içar da bandeira, o comandante dava os vivas da ordem: — Viva a Frelimo!
— Viva! – respondiam todos com o punho erguido, excepto as Testemunhas de Jeová.
O comandante fazia avançar um crente da formatura e repetia:
— Viva a Frelimo!
A testemunha não ecoava!
O comandante insistia:
— Viva a Frelimo!
O crente continuava calado!
O comandante mandava os guardas amarrar o homem ou a mulher ao mastro da bandeira com toda a força, usando uma corda embebida em lama e sal. Depois ia toda a gente para os campos trabalhar e o desgraçado ficava ali o dia inteiro à torreira do sol sem beber até que aceitasse gritar os «vivas». Com o calor, a corda retesava, penetrava-lhe na carne, arrancando horríveis gritos de dor ao supliciado. Enquanto não gritasse vivas o reeducando não era solto. No dia seguinte, o comandante escolhia uma outra vítima, e o ritual recomeçava.
O comandante aplicava torturas às Testemunhas de Jeová com tais requintes de sadismo que o próprio comissário político se afastava, visivelmente incomodado.
Em Cabo Delgado, no campo de Ruárua, onde havia mais de oitocentos prisioneiros políticos, batia-se diariamente, e mensalmente muitos prisioneiros eram executados na presença de outros sem que tivessem cometido um novo crime. Muitos eram metidos em buracos na terra sem roupa só com a cabeça de fora. Ficavam neste estado durante uma semana sem nada para comer.
Em M'sawize, o campo que ficava nas montanhas do distrito de Sanga, existe o mato mais denso de Moçambique. Aqueles que escapavam eram devorados pelas feras ou denunciados pelos camponeses.
O campo de M’Telela foi certamente o mais tenebroso de quantos centros de reeducação existiram em Moçambique. De 1800 prisioneiros que lá entraram, saíram com vida menos de cem, segundo acusações recentes que a Frelimo não desmente.
O campo de M’Telela ocupava as antigas instalações do quartel português de Nova Viseu, em Majume, na província do Niassa. Em 1975 recebeu os prisioneiros políticos que em 24 de Maio de 1974 tinham sido apresentados como traidores em Nashingweya aos presidentes Julius Nyerere e Kenneth Kaunda por Samora Machel.
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