Compreendo a emoção de muitos neste caso, como a do Roberto Tibana.
Não fui eu que inventei a lei que obriga que as diligências de legalização de prisões sejam realizadas à porta fechada. Isso vem do tempo colonial. Fui o primeiro a indignar-me ontem sobre esse fechamento mas, creio que, mesmo com esse impedimento legal, nossa justiça podia encontrar outras maneiras de tornar os procedimentos mais transparentes, violando, se necessário, um preceito antiquado em nome do acesso à informação.
Não fui eu que inventei a lei que obriga que as diligências de legalização de prisões sejam realizadas à porta fechada. Isso vem do tempo colonial. Fui o primeiro a indignar-me ontem sobre esse fechamento mas, creio que, mesmo com esse impedimento legal, nossa justiça podia encontrar outras maneiras de tornar os procedimentos mais transparentes, violando, se necessário, um preceito antiquado em nome do acesso à informação.
Mas e então? E então, como jornalista, depois da minha indignação inicial fui à busca da lei e de opinião abalizada, informando a razão do fechamento da sessão. Dói! Mas essa é a verdade. A lei diz que a diligência é à porta fechada, e prontos!!! Uma coisa é a minha vontade. Outra é a lei. Eu antes tinha escrito sobre a minha vontade (me indignando) e depois escrevi sobre o que diz a lei (informando). Comparar com a África do Sul, com os procedimentos do direito de matriz anglo-saxónica (comum law), só porque estamos a cobrir as sessões dentro do tribunal de Kempton Park (que não versam sobre as acusações criminais em si) não sei se ajuda.
Dói? Paciência!!!
Esta eu tive-a tanto, ontem. Com tudo fechado, esperei até ao fim no Tribunal para poder informar da decisão do juiz. Eu e colegas estivemos lá horas a fio sob chuva forte, até desde as 9 às 23 horas, para ainda ontem informarmos. Foi duro, mas essa era nossa missão.
No final da sessão, nem o Tribunal nem o representante do Ministério Publico falaram à imprensa. Se não fosse a amabilidade de um dos advogados que cochichou para nós, estaríamos hoje rumorejando. Então, não sei qual é a culpa dos jornalistas nisto. Mas eu já me vou habituando ao espírito "loose cannon" da imaginação do Dr Tibana, que de quando em vez gosta de disparar contra tudo e todos, como bem lhe convém.
Mas, Ok, eu creio que em certos casos, o Estado pode violar a lei para fazer justiça. Era preferível, até para a credibilização da Justiça, que tivesse sido criado um mecanismo de acesso pontual à informação. E foi correto que o juiz tivesse ignorado todas as imunidades legais dos antigos directores da securitária, para que fosse decretada uma medida de coação que fizesse jus à urgência de justiça.
Se o acesso à informação sobre este processo é complicado, nosso papel é investigar e buscar fontes, cruzando dados, para informar de forma verdadeira. Eu vou continuar a fazer isso. Não vou cruzar os braços esperando que as leis mudam. Ninguém é obrigado a ler o que escrevo.
Um grande abraço Roberto!
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