Quem é o ministro da propaganda da Venezuela, que chamou a Juan Guaidó “um preservativo usado”
Jorge Rodríguez foi vice-Presidente da Venezuela no governo de Hugo Chávez, é psiquiatra, ministro da Comunicação e Informação de Maduro e não poupa acusações a Juan Guaidó.
O ministro da Comunicação e Informação de Nicolás Maduro chegou aos holofotes este domingo por dois motivos: por ter dito que acreditava que a oposição liderada por Juan Guaidó planeava assassinar as pessoas que passassem pela fronteira entre a Colômbia e a Venezuela e por afirmar que o autoproclamado Presidente interino venezuelano é “uma marioneta” e “um preservativo usado”. Foi durante uma conferência de imprensa no Palácio de Miraflores, sede da Presidência venezuelana, em Caracas.
Acreditamos sempre que é melhor conversar. Acreditamos sempre que é melhor chegar a acordo entre venezuelanos. Aquilo em que acreditas, Guaidó, é que vais governar sozinho. És o que és, uma marioneta. És o que és, um preservativo usado”, disse Jorge Rodríguez, ministro da Comunicação e Informação da Venezuela.
Para o líder político e médico psiquiatra de 52 anos, a tentativa de deixar entrar ajuda humanitária na Venezuela, no passado sábado, teria como objetivo o assassinato das pessoas que diariamente atravessam a fronteira pela Colômbia. “Não mintam mais, a operação de ontem [sábado] consistia em atropelar as pessoas com tanques blindados”, referiu o ministro venezuelano, questionando ainda: “Que tipo de ser humano tem a autoconfiança para ver a morte das pessoas como um investimento? Essa foi a natureza de ontem, a fraude da ‘ajuda humanitária’: foi apenas uma agressão contra a Venezuela”.
Rodríguez chegou a ser presidente da Câmara de Libertador de 2008 a 2017, é um seguidor dos ideais de Hugo Chávez, tendo feito parte do seu governo como vice-presidente da Venezuela. O político é também filho do líder e fundador da Liga Socialista, Jorge Antonio Rodríguez, que foi torturado e assassinado pela Direção Geral Sectorial dos Serviços de Inteligência e Prevenção (DISIP) a 25 de julho de 1976, altura em que Carlos Andrés Pérez estava no governo. A sua irmã, Delcy Rodríguez, também entrou no mundo da política e tornou-se na primeira mulher a ocupar o cargo de chanceler e ministra do Poder Popular para as Relações Exteriores da Venezuela.
Agora, Rodríguez faz parte do Governo de Nicolás Maduro e afirmou na conferência de imprensa que já sabia dos planos da oposição em relação à chegada da ajuda humanitária e que um dia antes Maduro ordenou o encerramento das pontes fronteiriças com a Colômbia. “Felizmente, o Presidente Nicolás Maduro decidiu fechar as pontes, talvez estejam vivos porque o Presidente Maduro fechou a ponte Simón Bolivar”, acrescentou.
A primeira operação foi apreender dois terroristas, roubar um tanque, atravessar a ponte Simón Bolívar e atropelar quem estivesse no caminho, assassinar e depois dizer que foi a Guarda Nacional, que foi o Governo de Nicolás Maduro (…) porque a intenção era assassinar todas as pessoas que diariamente cruzam a ponte numa operação já planeada”, acrescentou ainda o ministro venezuelano.
O ministro venezuelano reafirmou ainda a ilegalidade do governo do deputado da Assembleia Nacional que se proclamou presidente de facto do país. “O povo, a Polícia Nacional Boliveriana, a Guarda Nacional Bolivariana defenderam o direito à paz e o desmantelamento de operações de bandeiras falsas na Ponte Internacional Simón Bolívar, que tentou minar a tranquilidade dos cidadãos como parte dos planos protegidos pelo governo dos EUA contra a Venezuela. ”.
No sábado, muitos voluntários reuniram-se perto dos postos fronteiriços que separam a Venezuela da Colômbia, em Cúcuta. Tinham esperança de poder assistir à passagem de vários camiões com toneladas de comida e medicamentos, a ajuda humanitária vinda dos Estados Unidos prometida por Juan Guaidó. No entanto, os planos não correram como o esperado e o dia foi marcado por várias deserções de militares e polícias que se juntaram à oposição do regime, mas não em número suficiente para deixar as fronteiras desimpedidas. As autoridades venezuelanas não abriram os cordões militares junto às fronteiras e reagiram com gás lacrimogéneo. A isso somou-se, segundo a oposição, a ação dos coletivos, as milícias de civis pró-Nicolás Maduro, que terão disparado contra civis e feito vários feridos.
Uma conferência de imprensa que serviu para uma análise psiquiátrica a Guaidó
As declarações polémicas vindas do ministro da Comunicação e Informação não se ficam por aqui. No mês passado, Rodriguéz aproveitou o seu conhecimento na área da psiquiatria e marcou uma conferência de imprensa para analisar uma entrevista que Guaidó deu à CNN, alegando que o Presidente interino mentiu quando disse que não se reuniu com dirigentes chavistas. Para provar a sua teoria, Rodríguez mostrou imagens alegadamente captadas por uma câmara de videovigilância em que se consegue observar um homem com uma sweater e um boné que não permite observar o rosto, a caminhar para um hotel, seguido do deputado da oposição Roberto Marrero e os líderes chavistas Freddy Bernal e Diosdado Cabello.
Rodríguez, que estudou medicina na Universidade Central da Venezuela e se especializou em psiquatria, garante que o homem do vídeo é Guaidó. “Vou fazer um pequeno exercício de análise psiquiátrica e para isso preciso de consultar um excerto da entrevista feita pela senhora (Patricia) Janiot ao deputado Juan Guaidó”, disse, pedindo de seguida à audiência para “prestarem atenção aos movimentos dos olhos” de Guaidó, “ao movimento das sobrancelhas e ao piscar das pestanas”. “Vejam quando ele começa a levantar a sobrancelha e pára de piscar. É um sinal patognomônico de quando uma pessoa está a mentir”, terminou.