terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Jornalistas detidos durante entrevista a Maduro vão ser expulsos da Venezuela


Nicolás Maduro não terá gostado de uma pergunta sobre fraude eleitoral feita pelos jornalistas da Univision, nem de ver um vídeo com crianças a comer do lixo. Os repórteres vão ser deportados.
O sindicato explica que Nicolás Maduro terá ficado chateado com as perguntas feitas pelo jornalista Jorge Ramos sobre acusações de fraude nas eleições venezuelanas
LUSA
As autoridades venezuelanas vão expulsar do país a equipa de jornalistas do canal de televisão norte-americano Univisión que esteve detida, na segunda-feira, no palácio presidencial de Miraflores, denunciou o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP).
“Confirma-se que a equipa da Univisión será deportada. As autoridades migratórias apresentaram-se no hotel para notificar que seriam conduzidos ao aeroporto”, explica o SNTP na sua conta do Twitter. O sindicato não avança qualquer informação sobre o que acontecerá com os que têm nacionalidade venezuelana.
Uma equipa de sete pessoas do canal de televisão norte-americano Univisión esteve detida segunda-feira, durante três horas, no palácio presidencial de Miraflores, denunciou o SNTP. Entre os detidos estava o jornalista Jorge Ramos e o correspondente em Caracas da Univisión, Francisco Urreiztieta.
Segundo o SNTP, a equipa foi detida, na segunda-feira, “dentro de Miraflores, depois de entrevistarem” o Presidente de facto, Nicolás Maduro. “Confiscaram-lhes todo o equipamento técnico que levaram ao palácio para a entrevista”, acrescentou.
A detenção foi confirmada pela Univisión, que esta terça-feira divulgou imagens de um vídeo gravado pela equipa, com pessoas a alimentarem-se do lixo, o que terá, alegadamente, incomodado o Presidente de facto venezuelano, Nicolás Maduro.
Segundo o SNTP, “à saída de Miraflores, Jorge Ramos e toda a equipa da Univisión, foram gravados e escoltados durante todo o trajeto” até ao hotel onde se encontram hospedados, por funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN, serviços secretos).
Pelas 23h00 horas locais de segunda-feira (03h00 horas desta terça-feira em Lisboa), segundo o SNTP, o SEBIN mantinha “tomadas as instalações do hotel, em Caracas, onde se encontra hospedada a equipa da Univisión”. “Os funcionários (do SEBIN) impediram a entrada ou saída de qualquer pessoa”, explica, o SNTP na conta da rede social do Twitter.
A causa da detenção, segundo o SNTP, deveu-se ao facto de Nicolás Maduro ter ficado “chateado com as perguntas feitas pelo jornalista Jorge Ramos”.
Não gostou quando foi questionado sobre acusações de fraude [nas eleições] e saiu da sala quando o repórter lhe mostrou um vídeo com crianças a comerem do lixo”, explica
Em declarações à Univisión, Jorge Ramos afirmou ter dito a Nicolas Maduro que milhões de venezuelanos o consideram um “ditador” e “ele obviamente não gostou”, tendo sido uma das razões para que a entrevista fosse interrompida.
O SNTP denuncia ainda que o ministro de Comunicação e Informação venezuelano, Jorge Rodríguez e a vice-presidente da Venezuela Delcy Rodríguez, entraram na sala, “ofenderam a equipa” e chamaram Jorge Ramos de “provocador convencional”. “Vais engolir as tuas palavras com uma Coca Cola”, terão dito.
Jorge Ramos explicou ainda à Univisión que durante “mais de duas horas” estiveram “metidos num quarto de segurança, com as luzes apagadas”.

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