quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Espanha a caminho de eleições antecipadas após chumbo do Orçamento


Independentistas catalães juntaram-se à direita para rejeitar o Orçamento. Pedro Sánchez só deve anunciar data de eleições antecipadas na sexta-feira.
Pedro Sánchez perdeu a maioria no Congresso dos Deputados
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Pedro Sánchez perdeu a maioria no Congresso dos Deputados SERGIO PEREZ / REUTERS
O Parlamento espanhol chumbou a proposta de Orçamento do Estado, abrindo caminho à queda do Governo de Pedro Sánchez e à marcação de eleições gerais antecipadas. A imprensa espanhola diz que o chefe do Governo irá anunciar a data das novas eleições na sexta-feira.
O chumbo do Orçamento foi determinado pelos partidos independentistas catalães, Esquerda Republicana (ERC) e Partido Democrata da Catalunha (PDeCAT), que retiraram o apoio ao Governo socialista depois de terem rejeitado as propostas do executivo sobre o processo de independência da Catalunha. Votaram contra também o Partido Popular, Cidadãos, Coligação Canária, Foro Asturias, União do Povo Navarro e EH Bildu (País Basco).
Antes da votação das emendas, as bancadas socialista, do Unidos-Podemos e do Partido Nacional do País Basco, tentaram fazer um derradeiro apelo para que o Orçamento fosse viabilizado, diz o El País.
Os independentistas faziam depender a sua aprovação ao Orçamento da disponibilidade do Governo central em discutir um referendo sobre a independência da Catalunha, e mantiveram essa posição até ao fim. "Não queremos nem podemos aceitar incluir na ordem do dia a autodeterminação da Catalunha", afirmou a ministra das Finanças, María Jesús Montero, durante o debate parlamentar.
O desfecho da votação do Orçamento era aguardado e a única incógnita, neste momento, é sobre a data das novas eleições gerais. Nos últimos dias, a imprensa espanhola falava em duas possibilidades – 14 de Abril, 26 de Maio, coincidindo com eleições locais e europeias. Mas agora fala-se de uma outra data, 28 de Abril, como a mais provável.
Sánchez deverá anunciar a data das eleições antecipadas na sexta-feira depois de reunir com o Conselho de Ministros, de acordo com vários jornais espanhóis.
Factor determinante para o colapso do processo de negociação da aprovação do Orçamento para 2019 foi o facto de o Governo espanhol ter aceite a exigência dos partidos que representam a Generalitat no Parlamento nacional, a ERC e o PDeCAT, sobre a formação de uma mesa de negociações composta por estas forças – que funcionaria em paralelo ao canal de diálogo entre o Governo e a Generalitat –, e a presença de uma figura neutra para acompanhar as conversações.
Do lado dos independentistas falava-se, em relação a esta figura, de um “mediador” – exigência antiga do governo catalão, pois interpreta esta questão como se de um conflito internacional se tratasse – e da parte da Moncloa usava-se a expressão “relator”. 
Esta concessão de Madrid provocou uma tempestade política. Pablo Casado, líder do Partido Popular (PP, direita), acusou Sánchez de cometer “alta traição”. O Cidadãos, o outro partido de direita da oposição, manteve um discurso mais suave mas juntou-se aos populares na convocação de uma manifestação em Madrid, no domingo, a exigir a queda do Governo e a marcação de eleições.
Mesmo com a cedência de Sánchez aos independentistas, a ERC, que já tinha anunciado o voto contra o Orçamento se as suas exigências não fossem atendidas, e o PDeCAT, não garantiram o voto favorável.
A derrota do Governo socialista acontece numa altura em que também a direita endurece o discurso. No fim-de-semana, o PP e o Cidadãos convocaram uma grande manifestação em Madrid, à qual se juntou a extrema-direita, para exigir eleições antecipadas e o fim das concessões à Catalunha.
  1. Espectro
      Matosinhos 
    A Europa, pelo menos muitos países da Europa, desde o RU, Itália, Hungria, Espanha, e até já Holanda e quas4e a Alemanha e França, estão a trilhar um caminho suicidário, autofáfico, que a breve prazo pode conduzir a Europa à completa irrelevância internacional, ao desmoronamento da democracia e à miséria. Mas deixa de ser paradoxal haver por aqui muita gentinha da direita dita democrática que, tal como em Espanha, junta a sua voz à voz da extrema-direita fascista. Eles lá sabem que futuro querem para eles, filhos e netos! LOL
    1. Por favor salve-nos do demónio... Já agora, como tenciona fazer isso?
  2. É talvez o melhor líder do PSOE até hoje. Mas não foi eleito em eleições, daí a foto com cara de Santana/2005...
  3. Jose
      
    Pedro Sánchez nunca foi eleito. Todos os lugares públicos que ocupou chegou lá por desistência de outros. Governou sem ser eleito para nada. Vai agora ser eleito para a oposição e iniciar o habitual processo de divisões internas do PSOE. Pessoas de pouco préstimo!
    1. «Pedro Sánchez nunca foi eleito.»... Ai não foi? Bem, chegou a Presidente do Governo de Espanha pela investidura parlamentar decorrente da aprovação duma moção de censura "construtiva", do mesmo modo, constitucionalmente legitimíssimo, que, na RFA, Helmuth Köhl, o homem da Unificação Alemã, chegou a Chanceler Federal, substituindo Helmuth Schmidt, do SPD, quando o FDP (liberais) abandonou a coligação de governo que tinha com a CDU/CSU. E de modo idêntico ao que, por cá, acabámos por acordar do pesadelo passista... Não gosto do que Sanchez significa no plano dos "valores" e desejo que perca as eleições, isso são outros quinhentos. Mas está, ainda, no campo constitucional e a sua chefia o Governo é absolutamente legítima, Até cair, constitucionalmente, espero que rapidamente. E em força...
    2. Jose
        
      É verdade Caro César Guerreiro. Há Constituições verdadeiramente gelatinosas. Tanto dão para investir chefes de governo que nunca foram eleitas como Pedro Sánchez como destituir governos eleitos e prender seus membros eleitos como na Catalunha. Ou então como na Grécia governar com políticas rejeitadas por referendo e inversas das votadas em eleições. É a "democracia" como ópio do povo!
    3. Domnall Mór Ua Briain
        King of Munster
      Jose apanhe lá o voo para Caracas e vá ler o Correo del Orinoco ppor favor...
  4. Amélia
      Dentro do por aí 
    A Espanha com eleições a mais e a Venezuela com eleições a menos. Bem, talvez não seja bem assim. Quando o homem do bigode tipo vassoura perde umas eleições, convoca-se uma nova ou cria-se um parlamento a medida. Bater até acertar.
  5. ana cristina
      Lisboa et Orbi 
    isto de pôr vacas a voar e jogar com a retórica não é para todos e não funciona em todas as latitudes.
    1. Qualquer coisa
        Far away 
      neste caso longitudes já que somos da mesma latitude :D
  6. Os caranguejados uniram-se, pra andar para trás. Independentistas unidos a franquistas! Ahahahah!
    1. Um comentário digno de um portugués que se orgulha da independéncia alcançada na altura. Se nao gosta do passo caranguejado, faça troco com Catalunha e reclame Portugal de volta para Espanha
    2. «Independentistas unidos a franquistas!» A ideia não será essa, é claro, mas vi uma vez uma piada em "cartoon", em que um fulano dizia que gostava muito da II República Espanhola porque a seguir tinha vindo o Franco... Vendo bem, há por ali uma pipa de partidos da Frente Popular da II República: PSOE, ERC, PCE (IU), POUM e anarquistas (sob forma de "Podemos" e de CUPs), gente que aposta em ressuscitar a Guerra Civil para tentar ganhá-la oitenta anos depois de a ter perdido. E aprestam-se a exumar Franco do Vale dos Caídos, talvez para o ressuscitar também... Até se chegar ao ponto da vandalização das campas de Pablo Iglesias e de Dolores Ibarrurí, a "Pasionaria". É triste e bronco! Tal como qualificar os neoliberais do PP e do Cs como "franquistas" é até injurioso. Para os franquistas...
  7. Esta tatica dos independentistas foi muito mal jogada. Se tinham amigos no resto da Espanha, estes eram o PSOE. Agora com novas eleicoes a Direita anti independencia da Catalunha vai voltar a governar. Os independentistas bem podem ir dar uma voltinha. A nao ser que tenha provocado isto para criar mais conflito e incutir na catalunha um sentimento ainda mais anti Espanhol. Ja se espera tudo daqueles radicais loucos
    1. Leitor Registado
        Ando por aí 
      O PSOE amigo dos independentistas? Quando é que isso aconteceu?
    2. Quando decidiu abrir a porta ao dialogo
    3. Si Maqian
        Lisboa 
      Estou de acordo com a sua análise.
    4. Leitor Registado
        Ando por aí 
      dialogo para a independencia? Nunca houve...o que houve foi musica e mais nada!
    5. Leitor Registado
        Ando por aí 
      dialogo para a independencia? Nunca houve...o que houve foi musica e mais nada!
  8. OldVic
      Música do dia: "La gota fría" (Carlos Vives) Liberdade para a Venezuela! 
    A geringonça espanhola desconjuntou-se; já vai tarde. O povo espanhol terá nova oportunidade para eleger um governo com pés e cabeça. Esperemos que a aproveite.
    1. Não o sabia apoiante de extrema direita, embora já o desconfiasse.
    2. HugoFerreira
        Porto 
      Até parece que tinha sido o povo espanhol a eleger este governo...
    3. Domnall Mór Ua Briain
        King of Munster
      Calma... La Vanguardia: "Rivera no se cierra a pactar con el PSOE pero “tenemos que echar a Sánchez”".
    4. OldVic
        Música do dia: "La gota fría" (Carlos Vives) Liberdade para a Venezuela! 
      António, não sabia e continua a não saber. Deixo-lhe um desafio: encontre comentários meus a defenderem ideias de extrema-direita, se conseguir.
    5. OldVic
        Música do dia: "La gota fría" (Carlos Vives) Liberdade para a Venezuela! 
      Quanto a Rivera, está apenas a ser prudente e com bom-senso: já se sabe que Sánchez não interessa, mas ainda não se conhecem os resultados das futuras eleições.
    6. Ciudadanos, uma espécie de CDS espanhol.
    7. ana cristina
        Lisboa et Orbi 
      o melhor apoio da extrema-direita é o pedro sanchez e mais as jogadas à costa a ver se agarra o poder.
    8. O CDS agora é de extrema-direita? Não vi grandes capas na imprensa internacional, na altura do Passos e do Portas, a dizer que a extrema-direita tinha chegado ao poder em Portugal. Tenha juízo.
    9. «Ciudadanos, uma espécie de CDS espanhol.» Não, não, não é. A "espécie" de CDS é mesmo, com as adaptações decorrentes da condição de "partido de massas", o PP propriamente dito. O Ciudadanos, "Cs", corresponde mais ao PSD mas sem o bafio de 40 anos. É uma espécie de "Ala Liberal", mas em modo de atmosfera combativa, suscitada pelo estado de tensão gerado pelo separatismo da oligarquia catalã e pelo afiar das presas e das unhas republicanas do Podemos e da ala dele mais próxima no PSOE. A verdade é que o Cs, quer pela cosmética de aparente carácter mais social-democrático, mais "social", e até nalgumas propostas mais "amacacadas", como a da extinção das deputações provinciais ou o limite de mandatos do Presidente do Governo e dos Deputados, soa muito mais PSD do que CDS...
  9. Leitor Registado
      Ando por aí 
    agora quero ver a esquerda portuguesa e os habitual comentadores que afirmavam que a Catalunha tinha ganho a guerra pela independencia!!!! "Não queremos nem podemos aceitar incluir na ordem do dia a autodeterminação da Catalunha" afirmado com todas as letras pelo PSOE!!!!!!
  10. A sociedade ocasional ,que lhe permitiu ser um "okupa" da Moncloa,apresentou a factura.Ele queria passsear a sua vaidade,distribuindo despesa publica e atacando os ossos do Franco,mas os outros têm outra agenda.a independência e o desprezo pela Constituição,a que o Sanchez está obrigado.Tente ganhar o lugar pelos votos,já teve oito meses de propaganda
  11. Lá se vai pelo "cano" o tão famigerado aumento percentual do salário mínimo, num país rico...
    1. Domnall Mór Ua Briain
        King of Munster
      Foi ao fundo e com o barco. O aumento do salário mínimo já foi aprovado e publicado no Boletín Oficial del Estado. "«BOE» núm. 312, de 27 de diciembre de 2018". Há quem goste de fazer figuras tristes, dar tiros nos pés, etc...
    2. Leitor Registado
        Ando por aí 
      Américo, gostas de mostrar tua ignorância....o aumento do salário mínimo já estava aprovado e em vigor...o mesmo se passa com o aumento das pensoes e do funcionarios publicos.
    3. Si Maqian
        Lisboa 
      Leitor Registado, você, e muitos outros, confunde "desconhecimento" com "ignorância"
    4. O pior é nem se lembrar que o Rajoy, até cair, também aumentou o salário mínimo dois anos seguidos e sem ver o OE aprovado, respectivamente em 2017 e 2018.
  12. Grande Espanha! é pena que isto não aconteça em Portugal aqui os deputados estão agarrados ao poder.

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