domingo, 13 de janeiro de 2019

Espionagem no telemóvel de um amigo terá comprometido o jornalista saudita Khashoggi


O programa de origem israelita Pegasus terá, alegadamente, sido instalado no telemóvel de um ativista saudita e revelado as mensagens que os dois homens trocavam.
O programa de espionagem digital Pegasus foi criado pela empresa israelita NSO
JACK GUEZ/AFP/Getty Images
As conversas entre o jornalista saudita Jamal Khashoggi e um ativista saudita baseado no Canadá, Omar Abdulaziz, poderão ter sido vistas e ouvidas por quem os espiava e levado à morte do primeiro. Omar Abdulaziz, de 27 anos, já processou a empresa que alegadamente terá vendido o software que permitiu que o telemóvel fosse espiado, conforme noticiou o jornal The Washingthon Post.
Com este software, nem mesmo as mensagens partilhadas no WhatsApp estariam a salvo. Mas os dois amigos sauditas só se terão apercebido disso cerca de dois meses depois de as conversas que mantinham já serem do conhecimento de quem os vigiava. Cerca de dois meses depois disso, a 2 de outubro de 2018, Jamal Khashoggi desaparecia após entrar no consulado da Arábia Saudita na Turquia.
The Citizen Lab, um laboratório baseado na Universidade de Toronto (Canadá) que investiga a espionagem digital dirigida à sociedade civil, concluiu com “alta confiança” que o governo saudita terá o usado o spyware Pegasus (uma aplicação para espionagem digital) no telemóvel de Omar Abdulaziz. A empresa israelita NSO, que criou o Pegasus, recusa as acusações.
Quando questionada se algum dos elementos acusados de terem participado na morte do jornalista saudita no consulado do próprio país, a NSO disse que não vendia o programa a clientes individuais, como noticiou a CNN. Mas quando questionada se tinha vendido o Pegasus ao governo saudita a empresa respondeu que não faz comentários sobre clientes específicos.
A empresa defende-se dizendo que o programa é vendido com o objetivo de combater o crime e o terrorismo. Mais, todas as vendas são autorizadas pelo Ministério da Defesa israelita e destinam-se apenas a Estados e autoridades policiais. Depois deste caso, garante, todos os clientes foram investigados para verificar que tinham utilizado o programa de forma ilícita e, alegadamente, não detetaram nenhuma falha.
Programas como o Pegasus aproveitam-se de falhas no software das máquinas, como os smartphones, e instalam-se sendo capazes de ver e ouvir mensagens, fazer registos e vídeo. O utilizador nem se apercebe que está a instalar o programa (malware) que pode aparecer sob a forma de uma mensagem inofensiva.

Sem comentários: