quinta-feira, 24 de maio de 2018

os 42 crimes de que é acusado o ex-diretor do Museu da Presidência

Um candeeiro, documentos, um banquinho, um tapete: 

PEDRO NUNES /LUSA

Expresso teve acesso ao despacho de acusação do Ministério Público. Advogado de defesa já disse que a Presidência devia estar grata

Um candeeiro de pendurar de 600 euros, documentos originais do Palácio da Cidadela de Cascais (€200 euros), um banquinho de madeira (€40 euros) e um tapete de Arraiolos retangular, com figuras geométricas, com fundo amarelo e tons de azul e castanho nos desenhos, pertencente ao Palácio de Belém. Estes e outros bens tiveram como destino a casa em Lisboa de Diogo Gaspar, diretor do Museu da Presidência entre 2004 e 2016, e a dos seus pais, em Portalegre.
O Expresso teve acesso ao despacho de acusação do Ministério Público, que acusa Diogo Gaspar de utilizar “a sua posição, funções e atribuições para obter vantagens patrimoniais e não patrimoniais indevidas, em seu benefício e de terceiros".
Diogo Gaspar está acusado pelo Ministério Público de 42 crimes, entre eles 19 de peculato, quatro de falsificação de documentos e outros de branqueamento de capitais e tráfico de influências. Na acusação, o MP exige ao arguido 7,8 mil euros, uma quantia que terá sido recebida de forma indevida. Diogo Gaspar está proibido de exercer qualquer cargo público.
Em entrevista ao “Público”, o advogado de Gaspar, Raúl Soares da Veiga, defende que a Presidência devia estar grata. “Ele tinha imensas coisas suas e da sua família emprestadas ao longo do tempo à Presidência -- serviços de jantar, peças de prata, candelabros. (...) Pediam-lhe para fazer tudo e mais alguma coisa, e em pouco tempo, porque sabiam que ele era expedito e conseguia fazer bem tudo o que era preciso. Tinha uma dedicação extraordinária, aos presidentes e às primeiras-damas. Louvaram-no precisamente por essa razão. Agora se isso custou mais sete mil euros em 12 anos…”
Diogo Gaspar é suspeito também de alugar a coleção de presépios de Maria Cavaco Silva por 30 mil euros e ainda de ter vendido peças a autarquias, embaixadas e outros organismos oficiais.
O ex-diretor do Museu da Presidência, investigado desde 2015 em consequência de uma denúncia ao MP, foi detido pela PJ em 2016, na sequência da “Operação Cavaleiro”, uma referência aos vários títulos honoríficos concedidos ao historiador. Além do ex-diretor do Museu da Presidência, foram constituídos arguidos no processo três amigos de Diogo Gaspar, donos de empresas utilizadas num esquema de burla.

OS 42 CRIMES DE DIOGO GASPAR

Abuso de poder (9), participação económica em negócio (8), falsificação de documentos (4), peculato (14), branqueamento de capitais (1), peculato de uso (5) e tráfico de influências (1)

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