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| Escrito por Adérito Caldeira em 10 Maio 2018 |
Moçambique não parou para despedir-se do “pai da democracia”, o Governo não declarou feriado nem acedeu ao pedido de tolerância de ponto na cidade da Beira. Porém milhares de cidadãos juntaram-se no largo dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), na cidade da Beira, para se despedirem do homem que abdicou do conforto e do luxo e deu a sua vida pela democracia. “A forma e o lugar de onde partiste engrandece mais ainda o teu estatuto e valoriza cada vez mais a tua humanidade, humildade, altruísmo em prol da causa da maioria”, começou por dizer a sua família na mensagem lida por Argentina Sebastião Marceta Cumba.
Para a família do falecido líder do maior partido da oposição em Moçambique, “Homem como tu não morre, reinventa-se para o bem da maioria. A sua entrega ao seu povo ilustrado pelo facto de na maioria das vezes ter nos privado do teu convívio porque tu percebeste que a tua vida pertencia não a família mas sim ao povo, pelo qual aceitaste morrer sob testemunha dos cânticos dos pássaros”.
“O teu povo chora, tua família chora, os teus ensinamentos espalham-se pelas montanhas, savanas, planaltos, rios e mares, a tua obra tem dimensão mundial e jamais morrerá. Tu não morreste, estarás sempre presente nos nossos corações, descansa em paz homem da humanidade”, disse ainda Argentina Sebastião Marceta Cumba.
“Se a liberdade hoje ecoa em todos os cantos de Moçambique, isso se deve à sua incansável luta”
Nas palavras da presidente da Liga da Juventude e deputada na Assembleia da República, Ivone Soares, Afonso Dhlakama foi o general dos generais: “que era o escudo intransponível contra as injustiças dos poderosos, aquele que nos protegia dos abusos dos que usam a governação para perpetuar tiranias e privilégios próprios”.
“Perdemos o Pai da Democracia Moçambicana, mas ficam os seus ideais para guiar a nossa prática em defesa da liberdade de pensamento e expressão. As lágrimas que os jovens da RENAMO e toda a sociedade vertem são sinal da nossa dor” declarou Ivone Soares apelando para a celebração da vida de Afonso Dhlakama “com o compromisso de prosseguir o caminho de progresso que nos mostrou e cumprir os objectivos da obra que tinha em mãos: consolidar a democracia, promover a justiça social e garantir um futuro melhor para o nosso povo”.
A líder juvenil pediu para que os moçambicanos não se esqueçam que, “mesmo perseguido pelo sistema e regime vigentes, foi capaz de recusar o conforto e os luxos que lhe ofereciam para lutar pela liberdade. Se a liberdade hoje ecoa em todos os cantos de Moçambique, isso se deve à sua incansável luta” e reclamou para Dhlakama o mérito da Constituição de Moçambique ter sido alterada e consagrar “hoje direitos iguais a homens e mulheres”.
“Compatriotas, de hoje em diante, exorto-vos não se acovardem sejam Dhlakama!”
“Em 1994 realizaram-se as primeiras eleições democráticas e, apesar de não ter sido empossado formalmente como Presidente da República, Afonso Dhlakama foi eleito Presidente de Moçambique no coração dos mais desfavorecidos, dos mais injustiçados, de todos aqueles que o sistema colocou – e continua a colocar – na periferia da sociedade”, declarou a chefe da bancada do partido Renamo na Assembleia da República.
“Ele parte, mas ficamos nós, os seus continuadores! Mantendo vivo o seu sonho de um país livre e democrático, lugar onde Moçambicanos sejam verdadeiramente iguais em oportunidades e direitos. Dhlakama foi descansar depois de 42 anos ao serviço do povo moçambicano. Compatriotas, de hoje em diante, exorto-vos não se acovardem sejam Dhlakama!”, a jovem líder que fez os milhares de presentes rejubilarem, aplaudirem-na em pé e gritarem “Dhlakama, Dhlakama, Dhlakama”
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quinta-feira, 10 de maio de 2018
Família disse que a obra de Afonso Dhlakama “tem dimensão mundial e jamais morrerá”; Líder juvenil exortou “não se acovardem sejam Dhlakama!”
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