Ariel Inroga with Ce Henriques and 18 others
Quarta, 10 Dezembro 2014 00:00 | E-mail | Acessos: 102
O LÍDER da Renamo, Afonso Dhlakama, acaba de dar mostras do quanto é capaz em matéria de baralhar os nossos políticos. Há dias, num comício popular por si orientado, nomeou os partidos PIMO, PDD e MDM, como sendo aqueles que viriam integrar o “Governo de Gestão” por si proposto, do qual, ele também não lhe conhece as funcionalidades nem objecto
. E, em reacção, o nosso simpático presidente do PIMO de pronto mostrou sua total disponibilidade para integrá-lo, e começou a “denunciar” as prováveis causas de sustentação do tal governo. 48 horas depois, o líder da Renamo veio a público dizer que “já não falo mais do Governo de Gestão, vamos tentar governar o país, se não conseguir vamos governar nas províncias que vencemos”, cito de memória o estrato das palavras de Dhlakama na Rádio Moçambique.
Escusado dizer que na ocasião, escrevi um artigo com o título “Dhlakama baralha políticos e sociedade” dando conta que, efectivamente, o que aquele político queria era pura e simplesmente apoio na ideia que defendia e nada mais. Não precisava do Sibindy e nem do Domingos para coisa nenhuma, aliás, se quisesse algo com estes partidos, teria os convidado a participarem coligados nas eleições gerais e multipartidárias, não o fez. O próprio Sibindy é de uma memória “curta”: Afonso Dhlakama negou recebe-lo em Satungira, depois de uma viagem estafante de Maputo àquela região onde estava no “auto-exílio”, alegadamente porque estava ligado ao partido no poder. Como é que um homem sério, um partido sério, se presta a isto…
Antes do “convite” de Afonso Dhlakama, não se conheciam as ideias do PIMO e do seu presidente relativamente ao processo eleitoral de que fez parte e, a população, pura e simplesmente o ignorou, ou, emprestando as palavras da Bancada Parlamentar da Frelimo “o povo liminarmente o rejeitou” como partido político porque nas presidenciais mostrou-se incapaz de reunir condições mínimas para a sua participação. Depois de “seduzido” pelas palavras de Afonso Dhlakama, eis que sai a falar mal de tudo e de todos alegadamente porque não existiam condições para a governação do candidato eleito Filipe Jacinto Nyusi e Frelimo. A questão que se coloca agora é, e agora Sibindy, em que ficamos?
A atitude dos nossos políticos se afigura algo estranho, estão todos caladinhos como se não soubessem de nada, não viram nada, não ouviram nada, quais “camaleões” a espera de ver a cor de conveniência e assimilar para fazer parte do pote. A nível internacional, são várias felicitações que o candidato vencedor recebeu, desde Portugal, França, Alemanha, União Europeia, Cuba, São Tomé e Príncipe, República Checa, Nova Zelândia, Suécia, Itália, Espanha, a África Austral e a União Africana entre outros, todos estes endereçam a Filipe Nyusi felicitações e ao partido Frelimo pela vitória nas eleições de 15 de Outubro. Internamente, não se ouve nada!
15 DE OUTUBRO, REALIZAMOS ELEICÕES GERAIS DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, PRESIDENCIAIS E ASSEMBLEIAS PROVINCIAIS, MOÇAMBIQUE NÃO É ESTADO FEDERAL!
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, sai de um equívoco para entrar em outro não menos preocupante. Diz ter abandonado “o Governo de Gestão”, no entanto diz que “vamos tentar governar todo o país ou as províncias onde ganhamos”; e diz mais: “se a Frelimo gingar, com certeza, nós iremos governar as províncias em que ganhamos, vamos bater”. A tudo isto, pessoas que se pretendem sérias olham com “normalidade democrática” em que estado um cidadão “bate” outro que não aceita sua pretensão? Eis a questão.
Nesta visão particular de Afonso Dhlakama, se é de facto o que pretende, não é nestas eleições que pode materializar, é preciso primeiro aprovar uma lei que estabelece que “os governadores provinciais são eleitos via círculo parlamentar ou por sufrágio directo” como acontece nas autarquias. Pensar em indicar governadores provinciais, não digo que seja impossível no quadro político nacional, mas, do ponto de vista jurídico não. Se o que pretende é alcançar por vias políticas, diria que Renamo e Dhlakama estão numa posição privilegiada porque, em conversações com o Governo que cessa em Fevereiro, na minha opinião, uma das formas de criar condições para manutenção desse diálogo é reconhecer o vencedor.
Ao agir assim, poupa o país de mais uma desgraça e relança-se como político de oposição que é. Penso que esta deveria ser a postura da Renamo e do seu líder, até porque, por razões óbvias, há muito pouco, por estas alturas para ceder, o Governo está sob gestão, é, não pode tomar decisões estruturantes, aguardem a tomada de posse do novo presidente eleito com 2.744.066 votos contra 1.747.093 do segundo mais votado e 311.358 do terceiro designadamente Filipe Jacinto Nyusi 57,14% Afonso Dhlakama 36,38% e Daviz Simango 6,48%. Estes são dados da Comissão Nacional de Eleições cuja constituição respeitou o novo figurino de representação, Frelimo, Renamo e MDM respectivamente.
Estes números, caro Afonso Dhlakama e membros relevantes da Renamo, revelam uma diferença abismal entre o primeiro e o segundo candidato, nenhuma instituição estaria insensível a tal diferença, E mais: esses números não se conseguem com fraude, conseguem-se com trabalho de campo e, haja justiça. A Frelimo e Filipe Jacinto Nyusi fizeram esse trabalho, gostemos ou não deles, respeitemos!
Adelino Buque
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