O cenário ideal, na actual conjuntura política, séria uma maioria parlamentar de um partido diferente do que vencer as presidenciais. Especialmente para o partido Frelimo, se o seu candidato vencer como presidente, o parlamento deveria ser dominado por outro(s) partido(s). Se a Frelimo ganhar nas presidenciais e ganhar alguma maioria (relativa ou absoluta) na AR, o povo será o maior vencido destas eleições de 2014. Explico... de forma breve porquê: De momento, o desenvolvimento democrático está encalhado no País devido a hegemonia do partido libertador. Não há debate político sério nem discussão de ideias genuínas do desenvolvimento económico e social. A agenda dominante é a agenda do Partido Frelimo. O interesse dominante é o interesse segundo a visão dos camaradas. O presidente (vindo da Frelimo) sugere e o Parlamento (vindo da Frelimo) ratifica e vice-versa. As ideias divergentes não encontram um real espaço para serem espremidas e sintetizadas no seu melhor até a exaustão. Há um enorme desperdício do capital intelectual por meras conveniências político partidárias. Estamos numa situação em que o destino de cerca de 24 milhões de moçambicanos está sob gestão efectiva de representantes de apenas 1/6 dessa população. Os outros saberes perdem-se na lata do lixo da exclusão partidária. As outras habilidades são sub ou inaproveitadas porque não fazem parte do clube dos “legendários”. Uma presidência detida por um partido diferente do que detiver a maioria na Assembleia da República, é capaz de trazer um outro alento aos debates dos assuntos mais prementes da Nação.
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