A Rússia está longe de se envolver em quaisquer grandes conflitos. No entanto, o país está preparado para se defender de qualquer agressão e os parceiros devem entender que é melhor não se meterem com Moscou, referiu o presidente russo ao falar com os jovens no fórum Seliger.
Tudo indica que o Ocidente compreende isso, mas não totalmente. Mas por mais que Washington e as capitais europeias tentem desmentir seu envolvimento nos assuntos internos da Ucrânia, elas não conseguem escondê-lo, declarou Vladimir Putin:
“Os nossos parceiros ocidentais, se apoiando em elementos nacionalistas radicais, realizaram um golpe de Estado. Por muito que se diga, o apoio informativo e o apoio político representam o envolvimento total tanto dos países europeus, como dos Estados Unidos, nesse processo de mudança de poder – de uma mudança de poder violenta e anticonstitucional. Entretanto, a parte do país que com isso não concordou é reprimida pela força bruta militar – com utilização de aviões, de artilharia, de lançadores múltiplos de foguetes e de tanques. Se esses são os atuais valores europeus, eu fico extremamente desapontado.”
Moscou apelou por diversas vezes tanto Kiev, como Washington, para que estes iniciem negociações com os representantes do Sudeste. Contudo, as autoridades de Kiev apenas apresentam ultimatos exigindo que os milicianos deponham as armas. Mas a linguagem dos ultimatos na atual situação não é admissível, diz o presidente russo:
“É natural que as pessoas que pegaram em armas para se defender, suas vidas e sua dignidade, não irão aceitar essas condições. A que ponto chegámos hoje? Os povoados e cidades estão cercados pelo exército ucraniano que ataca bairros de habitação com o objetivo de destruir suas infraestruturas e reprimir a vontade dos que resistem. Por muito triste que seja, isso me recorda os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, quando os invasores nazistas alemães cercavam nossas cidades como Leningrado, por exemplo, e faziam fogo direto sobre localidades e seus habitantes.”
Nos últimos dias a situação mudou radicalmente. O exército da Novorossiya iniciou a ofensiva, unidades do exército ucraniano ficaram cercadas em várias bolsas. Kiev e o Ocidente voltaram a tocar a velha canção sobre “a invasão da Ucrânia por tropas russas”, porque não querem falar sobre as verdadeiras causas dessa derrota. De resto, a posição do Ocidente causa perplexidade, continuou Vladimir Putin:
“Eu posso entender as milícias da bacia do Don. Porque chamam eles essa operação de “militar-humanitária”? Qual é o objetivo das atuais operações? Desviar das grandes cidades a artilharia e os lançadores múltiplos de foguetes para que eles não possam matar pessoas. Mas o que ouvimos nós dos parceiros ocidentais? Que eles não devem fazer isso. Que eles devem se deixar destroçar e matar, nesse caso eles já serão bons? A posição dos nossos parceiros se resume a isto: devemos deixar as autoridades ucranianas disparar um pouco – pode ser que eles restabeleçam a ordem rapidamente.”
Já passou tempo suficiente desde o início do confronto entre Kiev e companhia e as regiões da bacia do Don. Os “tutores” ocidentais têm de sentar seus protegidos à mesa das negociações, diz o chefe de Estado russo:
“Se deve obrigar as autoridades ucranianas a iniciar negociações concretas. Não sobre os aspetos técnicos, o que também é extremamente importante. Mas sobre o essencial: perceber quais serão os futuros direitos do povo da bacia do Don, de Lugansk e de todo o Sudeste do país. Dentro das normas civilizadas modernas deverão ser formulados os direitos legítimos e garantidos os legítimos interesses dessas pessoas. É sobre isso que se deve falar, e só depois é que se deve decidir as questões de fronteiras e de segurança. É importante negociar o essencial. Mas eles não querem conversar e esse é o problema.”
Para evitar baixas desnecessárias, o presidente da Rússia apelou aos milicianos da bacia do Don para que seja aberto um corredor para os militares ucranianos cercados. Os dirigentes da Novorossiya concordaram. Já as decisões dos generais de Kiev voltaram a surpreender, explicou Vladimir Putin:
“Eu vi a reação das mães, esposas e a reação dos militares que ficaram cercados. Para eles isto também é uma tragédia. Foi por isso que dirigi às milícias da bacia do Don o pedido para abrirem corredores humanitários, para que as pessoas possam sair. Eles já lá se encontram há vários dias sem comida e sem água, suas munições acabaram. A última informação é a seguinte: o comando do exército ucraniano decidiu não deixar sair ninguém do cerco, está empreendendo tentativas de afastar as forças milicianas e combater até sair. Eu penso que isso é um erro colossal que irá provocar grande perda de vidas.”
Os acontecimentos da Ucrânia são uma tragédia. Não é apenas uma tragédia para todos os habitantes do país, independentemente de eles viverem no ocidente ou no leste do país. Esta também é uma tragédia dos russos. Pois os russos e os ucranianos são praticamente o mesmo povo, disse o presidente. É preciso fazer todos os possíveis para que o derramamento de sangue em terras ucranianas cesse rapidamente.
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