A investigação da queda é dirigida pelo Conselho de Segurança dos Países Baixos. Amsterdã assumiu essa missão com o acordo de todas as partes, considerando que a maioria dos passageiros do avião comercial sinistrado era holandesa. Contudo, os membros do Conselho de Segurança holandês ainda não visitaram o local da queda. Na opinião deles, isso não é seguro.
A região de Donetsk, onde o avião se despenhou, está na zona de combates entre os militares ucranianos e os adversários locais do regime de Kiev. Depois da queda do avião os milicianos declararam um cessar-fogo provisório. Kiev não apoiou essa iniciativa. Não obstante a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que exige uma interrupção dos combates nessa região, continuam os bombardeamentos de artilharia contra esse local.
Contudo, os peritos forenses internacionais conseguiram penetrar na área da queda, encontrar e retirar os corpos das vítimas. Isso foi filmado pelos jornalistas. Os milicianos e a população local ajudaram a carregar as bagagens e objetos pessoais dos falecidos. Já os investigadores internacionais não podem aceder ao local: para eles é demasiado perigoso.
Entretanto o Conselho de Segurança holandês afirma que uma inspeção presencial dos destroços do avião pelos peritos não é indispensável. Alegadamente, eles irão determinar a verdade através de outras fontes: pelos dados dos registros de voz a bordo, pela gravação dos parâmetros do voo, imagens de satélite, etc.
Teoricamente essas informações podem permitir tirar conclusões, mas elas não serão incontestáveis, refere o editor principal da revista Vzlyot (Decolagem) Andrei Fomin:
“Se tudo tiver sido documentalmente registrado, com elevado grau de precisão, com a descrição da localização relativa dos destroços, recolha de imagens, etc., isso seria possível, em princípio. Mas quando esse tipo de investigação é realizado na Rússia, os membros da comissão de inquérito se encontram pessoalmente no local da ocorrência, trabalham aí durante bastante tempo, descrevendo, fotografando, documentando tudo o que se encontra no local. Mesmo assim existem casos em que os fragmentos existentes no local e as caixas-pretas decifradas não permitem determinar o que aconteceu com um rigor total.”
A Holanda, porém, não tenciona partilhar sequer a informação que possui. Eles declararam que os dados das caixas-pretas, as trocas de comunicações com o controle aéreo e as conclusões da peritagem só parcialmente serão referidos no relatório oficial. Essa censura cria a ideia que os membros da comissão tencionam ocultar deliberadamente os dados que consideram incômodos, considera o analista político Serguei Mikheev:
“Na realidade, a investigação não confirma a versão apresentada logo nos primeiros minutos pelo lado ucraniano e pelos norte-americanos em conjunto: a versão que o Boeing tenha sido alegadamente abatido pelos milicianos ou mesmo pelas forças armadas russas. Ou seja, a campanha informativa que eles iniciaram era uma falsificação, mas agora ninguém quer falar disso. Essas coisas serão simplesmente abafadas de forma discreta e será declarado que não se pode afirmar nada em concreto. Ou seja, o mais provável é não existirem fatos que comprovem a versão deles. Ou pior ainda: existem fatos que comprovam uma versão diferente, desagradável para os ucranianos e para os estadunidenses. Eles não nos querem mostrar esses fatos.”
No dia 17 de julho nos céus da Ucrânia morreram 298 pessoas e tudo se encaminha para que os seus familiares não sejam informados sobre os verdadeiros responsáveis pela tragédia.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_08_22/Queda-de-Boeing-na-Ucr-nia-investigada-dist-ncia-9487/