“Os Nobres patriotas (…) põem a pátria acima do interesse, da ambição, da gloríola; e se têm por vezes um fanatismo estreito, a sua mesma paixão diviniza-os. Tudo o que é seu o dão à pátria: sacrificam-lhe vida, trabalho, saúde, força, o melhor de si mesmo. Dão-lhe sobretudo o que as nações necessitam mais, e o que só as faz grandes: dão-lhe a verdade” – Eça de Queirós, in ‘Notas Contemporâneas’
É com este trecho do escritor Eça de Queiroz que começamos a nossa reflexão, porque achamos nós que é a pessoa mais indicada para nos subsidiar perante o assunto que trazemos hoje à liça.
A imprensa pública usurpada pelas ligações, de quem a dirige, ao Partido Frelimo, sempre quis fazer os comuns dos cidadãos acreditarem que eles são mais patriotas do que o resto dos moçambicanos; que as suas acções estão dotadas de um patriotismo tal, capaz de representar a vontade de todo um povo soberano. E, infelizmente, são muitos os incautos que foram arrebatados por esta ideia que na verdade tem propósitos demoníacos que só a fornalha da moribunda ditadura, disfarçada por uma Constituição democrática, pode confeccionar.
Desde que entrou para o debate público a questão da (não) distribuição da riqueza, surgiram nos discursos oficiais os teóricos do “mais patriotas” e dos “anti-patriotas”.
É com este trecho do escritor Eça de Queiroz que começamos a nossa reflexão, porque achamos nós que é a pessoa mais indicada para nos subsidiar perante o assunto que trazemos hoje à liça.
A imprensa pública usurpada pelas ligações, de quem a dirige, ao Partido Frelimo, sempre quis fazer os comuns dos cidadãos acreditarem que eles são mais patriotas do que o resto dos moçambicanos; que as suas acções estão dotadas de um patriotismo tal, capaz de representar a vontade de todo um povo soberano. E, infelizmente, são muitos os incautos que foram arrebatados por esta ideia que na verdade tem propósitos demoníacos que só a fornalha da moribunda ditadura, disfarçada por uma Constituição democrática, pode confeccionar.
Desde que entrou para o debate público a questão da (não) distribuição da riqueza, surgiram nos discursos oficiais os teóricos do “mais patriotas” e dos “anti-patriotas”.
E trataram eles próprios de fundamentar a sua teorização. Passaram deles próprios a ideia de que os “mais patriotas” são como eles e todos os demais são “anti-patriotas”.
Esqueceram-se de que para os que eles desprezam, ou sejam os que eles apelidam de “anti-patriotas”, os tais auto-proclamados “patriotas” não passam de espertalhões, e são de facto os que vivem da ilusão e mentira; os que por migalhas do banquete elitista contrabandeiam as suas próprias consciências, qual condição sine qua non para acreditar que o País está a desenvolver-se e que os moçambicanos estão todos felizes com a forma como as coisas (não) andam.
Esqueceram de que já todos concluíram que tais “mais patriotas” são aqueles que fingem que não sabem que as empresas do Chefe de Estado estão a sufocar o Estado e a existência sã do sector privado propriamente dito.
Para os que se convenceram que os “patriotas” são eles, os “anti-patriotas” são aqueles moçambicanos que não sabem ler o cenário actual, não sabem ler a realidade do país e por isso concluem que o povo está a ser empobrecido por um conjunto de pessoas que se acha dona do País.
Para esses auto-proclamados “patriotas” os que já têm capacidade de perceber que os recursos minerais estão a ser tirados do nosso subsolo sem que isso se traduza em melhoria das condições de vida para os moçambicanos, são “anti-patriotas”.
Para os auto-proclamados “patriotas” os “anti-patriotas” são os que denunciam que o Estado está a pagar máquinas de ginástica para a senhora Verónica Macamo, presidente da Assembleia da República enquanto o povo é transportado em carrinhas de caixa aberta como que se de gado se trate.
Foram essas ideias subvertidas que os vendilhões da pátria, iluminados pelos interesses umbilicais, decidiram construir.
Para esses, ser patriota deixou de ser o sentimento descrito por Eça de Queirós como de amor e devoção à pátria e aos seus símbolos.
Para certos senhores auto proclamados “patriotas” já não é através de atitudes de devoção para com a sua pátria, que se pode aferir um patriota, mas, sim, por actos de sabotagem contra a República e contra os seus compatriotas.
Esta semana trazemos para o estimado leitor as razões mais do que suficientes que explicam porquê é que estes senhores se consideram mais patriotas que qualquer outro moçambicano (pag. 2 e 4). Na verdade só a prostituição intelectual a que se prestam é que explica as suas incursões.
No primeiro caso um cidadão (se é que ainda se pode considerar) de quem se espera um comportamento honesto afirma claramente que com os seus escritos pretendia levar a população a acreditar que a greve dos médicos não foi precipitada pela arrogância do Governo e que o seu impacto seria nulo.
O acordo conseguido ontem entre a Associação dos Médicos de Moçambique e o
Governo veio a provar que os médicos tinham razão e que os papagaios do regime estavam equivocados quando desprezaram a luta de quem justamente apenas apelava por igualdade de tratamento e equiparação de trato no quadro da função pública.
Não cabe na cabeça de qualquer cidadão minimamente honesto, que um jornalista, pai de família, tenha coragem de escrever que a greve dos médicos, que durou nove dias e só ontem terminou, não teve impacto no atendimento aos doentes e que os hospitais continuaram a funcionar normalmente.
Só um mentiroso é capaz de dizer isso.
Só a crise de carácter é que pode explicar tão desviante comportamento, logo à priori impróprio para um jornalista. Este cidadão está a vender seus próprios irmãos, doentes como se não bastasse, a preço de amendoim, em nome das benesses pagas pelo Governo. Mente para ter privilégios.
Como era do interesse do Governo fazer crer que a greve teve impacto zero, para
continuar com a sua “boa” imagem os mercenários imediatamente se prestaram a trair o povo…
Só um vendilhão da pior espécie pode submeter-se a tal exercício!
No caso da distribuição da riqueza, os autores da propaganda governamental agem com a mesma intenção dolosa. Enveredam pela contra-informação. Trapaceiam para tentar levar a população a acreditar em mentiras. Dizem-se eles próprios “patriotas” e acusam de “anti-patriotismo” os outros quando eles próprios mentem ao afirmar que a discussão sobre questão da distribuição da riqueza, gerada pelos recursos minerais, é um “falso problema”.
Para esses tais “patriotas” só os falsos moçambicanos pensam que as abismais assimetrias na distribuição da riqueza do País é um falso problema.
Para os tais auto-proclamados “patriotas” todos os moçambicanos à escala nacional têm estado a se beneficiar da entrada das multinacionais em Moçambique, embora nada mais falso do que isso suceda de facto.
Para esses tais auto-proclamados “patriotas” as constatações de um estudo publicado pela Jubilee Debt Campaign UK, uma organização britânica, Tax Justice Network e Justiça Ambiental de Moçambique, a conclusão a que chegaram de que os mega-projectos estão a beneficiar os que estão directamente envolvidos na escritura dos contratos, ou seja a elite do poder, em prejuízo dos 22 milhões de moçambicanos, é um falso problema.
Multiplicam-se estudos com tal tese e invariavelmente bem fundamentados, mas para os tais auto-proclamados “patriotas” os mentirosos são os outros.
Pensamos que não é papel da imprensa pública desinformar o povo. Não é tarefa da imprensa do sector público prostituir-se com o regime.
O papel da imprensa pública é, de acordo com todos os manais de serviço público, informar a sociedade com isenção de modo a que os cidadãos tenham meios para dispor de uma opinião própria com a qual possam tomar decisões e fazer escolhas responsáveis quando se trata de avaliar a governação e os governantes.
Se os dirigentes dos órgão de comunicação públicos não sabem disto, que se afastem.
Os dirigentes dos órgãos de comunicação social do Estado não são para se submeterem ao poder político do dia e desinformarem o público.
Os órgãos de comunicação do Estado não existem para que quem os dirige blasfeme os cidadãos.
Os órgãos de comunicação social do Estado não podem servir contra outros moçambicanos para caírem em graça de quem os nomeou, Não podem ofender quem lhes paga, os cidadãos contribuintes que são constitucionalmente livres de terem opções politicas que não agradem a jornalistas do sector público e suas hierarquias.
Os órgãos de comunicação social do Estado não podem continuar a serem moleques de recados infernais para agradar a quem está circunstancialmente no poder.
O que trazemos nesta edição sobre o comportamento servil de dirigentes da AIM e da RM é prova evidente de que os órgãos de comunicação do Estado servem para propaganda de algumas pessoas e do regime, em vez de servirem para informar com a independência que exige o respeito pela diversidade de opiniões dos cidadãos que com os seus impostos contribuem para que eles existam.
Canal de Moçambique – 16.01.2013
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