- 07 Janeiro 2013
- Opinião
Luanda – Numa suposta “brincadeira de mau gosto” alguns originários do Kuteka me têm beliscado, de leve, para revitalizar o potentado de Kuteca, cuja capital é Mbanze-yó-Teka, onde meu avó materno foi rei entre finais dos anos 60 e início dos anos 70 do sec. XX.
Fonte: Club-k.net
Dizem, estes conterrâneos, que eu seria o mais idóneo e mais habilitado para reclamar a coroa daquele potentado encravado entre montanhas, nas margens libolenses do rio Longa (Mbango-yo-Teka, Kabombo, Hombo, Mbanze, etc).
Acontece que não cheguei a conhecer meu avó, embora lhe tenha herdado o apelido. Nasci na semana em que ele morreu, tendo para o seu lugar sido indicado um sobrinho que também já é de cujos. Calculo que, “de sobrinho em sobrinho, a monarquia tenha mudado de linhagem e dinastia”.
Fonte: Club-k.net
Dizem, estes conterrâneos, que eu seria o mais idóneo e mais habilitado para reclamar a coroa daquele potentado encravado entre montanhas, nas margens libolenses do rio Longa (Mbango-yo-Teka, Kabombo, Hombo, Mbanze, etc).
Acontece que não cheguei a conhecer meu avó, embora lhe tenha herdado o apelido. Nasci na semana em que ele morreu, tendo para o seu lugar sido indicado um sobrinho que também já é de cujos. Calculo que, “de sobrinho em sobrinho, a monarquia tenha mudado de linhagem e dinastia”.
Distante dos hábitos e costumes mais intrínsecos do meu povo, estando aculturado, e mais: exercendo actividades para as quais me formei e me sinto bem, tenho respondido a esses meus “partidários” que agradeço a escolha mas devem procurar por um outro rei.
Pior do que isso é que a autoridade nas comunidades tradicionalistas como a que reporto é mantida através da crença no metafísico. É a crença no feitiço e no poder e veneração dos antepassados que mantém a ordem social. Conheço pessoas que temem mais o feitiço do que a autoridade pública. Um rei sem feitiço (ainda que fictício) é um rei sem autoridade. As leis ordinárias e a polícia quase não têm valor nas aldeias. O feitiço sim: ordena, comanda e condena.
E já agora, por que não reflectir um pouco sobre a proliferação de potentados, sobretudo na era moderna (angolana)?
Me parece que a atribuição de "subsídio de sobado" tem contribuído para a dispersão das populações, dando lugar a uma multiplicação de sobas e regedores, em vez de se agregarem em conglomerados maiores.
Sem o subsídio teríamos a mesma coisa? É que já assusta o número de sobas em cada comuna, município e província de Angola, dificultando a construção de infra-estruturas sociais nas comunidades carentes de agregados populacionais que o justifiquem.
Imagine o que é construir uma escola, um fontanário e um posto médico numa aldeola que apenas tem cinco famílias... Assim, vamos continuar a reclamar sem razão.
Pior do que isso é que a autoridade nas comunidades tradicionalistas como a que reporto é mantida através da crença no metafísico. É a crença no feitiço e no poder e veneração dos antepassados que mantém a ordem social. Conheço pessoas que temem mais o feitiço do que a autoridade pública. Um rei sem feitiço (ainda que fictício) é um rei sem autoridade. As leis ordinárias e a polícia quase não têm valor nas aldeias. O feitiço sim: ordena, comanda e condena.
E já agora, por que não reflectir um pouco sobre a proliferação de potentados, sobretudo na era moderna (angolana)?
Me parece que a atribuição de "subsídio de sobado" tem contribuído para a dispersão das populações, dando lugar a uma multiplicação de sobas e regedores, em vez de se agregarem em conglomerados maiores.
Sem o subsídio teríamos a mesma coisa? É que já assusta o número de sobas em cada comuna, município e província de Angola, dificultando a construção de infra-estruturas sociais nas comunidades carentes de agregados populacionais que o justifiquem.
Imagine o que é construir uma escola, um fontanário e um posto médico numa aldeola que apenas tem cinco famílias... Assim, vamos continuar a reclamar sem razão.
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