Em 1975 americanos desconheciam Savimbi. Kissinger quis saber se dirigente da Unita tinha "força para governar"
O antigo presidente da Zâmbia Kenneth Kaunda propôs aos Estados Unidos um plano para que Jonas Savimbi fosse nomeado primeiro presidente de Angola mesmo após eleições.
Kaunda considerava Savimbi como o único dos dirigentes nacionalistas angolanos em 1975 que “poderia salvar a situação” no país.
Este facto está incluindo entre milhares de documentos publicados pelo Departamento de Estado americano que indicam também que Kaunda transmitiu ao governo americano a mensagem que dirigentes africanos como Julius Nyerere e Samora Machel tinham uma imagem positiva de Savimbi.
Esses documentos indicam também que mesmo antes da queda do governo colonial português o então Zaire procurou o apoio dos Estados Unidos para a FNLA de Holden Roberto.
Ouça aqui:
Mas no final de 1974 os Estados Unidos estavam ainda relutantes em apoiar Roberto enquanto no inicio de 1975 destacadas entidades americanas mostravam desconhecer Jonas Savimbi.
O antigo presidente da Zâmbia Kenneth Kaunda propôs aos Estados Unidos um plano para que Jonas Savimbi fosse nomeado primeiro presidente de Angola mesmo após eleições.
Kaunda considerava Savimbi como o único dos dirigentes nacionalistas angolanos em 1975 que “poderia salvar a situação” no país.
Este facto está incluindo entre milhares de documentos publicados pelo Departamento de Estado americano que indicam também que Kaunda transmitiu ao governo americano a mensagem que dirigentes africanos como Julius Nyerere e Samora Machel tinham uma imagem positiva de Savimbi.
Esses documentos indicam também que mesmo antes da queda do governo colonial português o então Zaire procurou o apoio dos Estados Unidos para a FNLA de Holden Roberto.
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Mas no final de 1974 os Estados Unidos estavam ainda relutantes em apoiar Roberto enquanto no inicio de 1975 destacadas entidades americanas mostravam desconhecer Jonas Savimbi.
As pressões ou pedidos de apoio do Zaire para a FNLA aceleraram com a queda do regime colonial em Abril de 1974.
Em Agosto de 1974, portanto quando o processo de descolonização se começa a acelerar, Umba di Lutete então comissário de estado para os negócios estrangeiros avistou-se em Washington com o secretario de estado Henry Kissinger e a acta dessa reunião é clara: o Zaire está preocupado com o que se pode passar em Angola e quer apoio para a FNLA. O ministro zairense descreve Holden Roberto como um “genuíno patriota anti-comunista “ e o líder do MPLA Agostinho Neto como “um homem só de fala e não de acção”. Jogando com os receios de avanços comunistas na região, Umba di Lutete diz ainda que os países socialistas estão a pressionar Portugal a apoiar o MPLA de Neto.
O diplomata zairense afirma que os Estados Unidos devem apoiar Holden Roberto mas Kissinger nesse encontro não faz nenhum compromisso afirmando não ter ainda estudado o problema.
O que é notável nessa acta é a insistência do diplomata zairense na necessidade dos Estados Unidos aumentarem a sua ajuda a Holdren Roberto.
Quando Umba di Lutete insiste em que os Estados Unidos devem aumentar o nível de contactos com Holden Roberto, Kissinger responde diplomaticamente não excluir essa possibilidade que, acrescenta, "será estudada".
O ministro zairense insiste afirmando que os meios ao dispor do seu país são limitados e que deve haver um meio para os Estados Unidos ajudarem a fortalecer Holden Roberto como “um interlocutor junto dos portugueses”.
Kissinger responde novamente de modo diplomático que isso terá que ser "analisado".
Um mês depois contudo o Director dos serviços de espionagem CIA envia uma nota afirmando que a CIA vai aumentar substancialmente os pagamentos a Holden Roberto mas acrescenta: “tencionamos manter esses pagamentos baixos mas suficientemente altos para assegurar ao presidente Mobutu que temos simpatia pelas suas preocupações sobre o futuro regime de Angola independente”.
Em Janeiro de 1975 o chamado “Comité dos 40” - cuja função é supervisionar operações clandestinas - aprova ajuda monetária a Holden Roberto. A quantia nesse documento continua classificada pelo que não é revelada mas há obras publicadas que apontam para uma ajuda pontual de 300 mil dólares.
Talvez o interessante nestes documentos seja o facto de eles revelarem por parte de destacados dirigentes americanos um conhecimento mínimo senão mesmo inexistente da figura de Jonas Savimbi que mais tarde iria jogar um papel dominante na luta contra o governo do MPLA.
Um acta de uma reunião em Abril de 1975 entre o presidente Gerald Ford e o presidente Kenneth Kaunda da Zâmbia a que esteve presente Henry Kissinger é bem revelador dessa situação com Kaunda a afirmar que Savimbi tinha sido ignorado no passado mas que surgiu como “ alguém que pode salvar a situação”.
Nesse encontro Kissinger pergunta ao embaixador americano em Lusaka se conhece Savimbi e este descreve-o como um líder "impressionante e muito sólido”.
Kaunda concorda estar impressionado com a “sinceridade e honestidade dos objectivos” de Savimbi afirmando que o então presidente da Tanzânia Julius Nyerere tinha também ficado impressionado com Savimbi. Mesmo o próprio presidente da Frelimo e futuro presidente de Moçambique Samora Machel tinha essa opinião, disse Kaunda.
Nesse encontro Kissinger tenta obter respostas de Kaunda sobre Savimbi se tem “força para governar”.
Na reunião Kaunda propõe um plano em que mesmo após eleições em Angola Savimbi seria nomeado presidente como compromisso entre os movimentos de libertação.
Quando Kissinger interroga Kaunda sobre se os "outros dois grupos"
aceitariam isso, O então presidente zambiano responde vagamente
afirmando que " há a necessidade de algumas ideias sobre como se formar
um exército nacional".
Em Junho de 1975, numa reunião do comité dos 40 é discutida a possibilidade de se dar ajuda monetária à UNITA.
No encontro Kissinger resume a posição das partes interessadas na situação em Angola.
“Temos Kaunda a dizer-nos que Savimbi vai ganhar; a esquerda portuguesa apoia Neto; Mobutu quer Roberto; podemos ser espectadores e nada fazer,” disse Kissinger
É neste encontro que surgem os primeiros sinais de uma profunda divisão dentro da estruturas do governo americano que vão marcar toda a sua politica para com Angola até após a consolidação do poder do MPLA ajudado por milhares de tropas cubanas.
No encontro Kissinger resume a posição das partes interessadas na situação em Angola.
“Temos Kaunda a dizer-nos que Savimbi vai ganhar; a esquerda portuguesa apoia Neto; Mobutu quer Roberto; podemos ser espectadores e nada fazer,” disse Kissinger
É neste encontro que surgem os primeiros sinais de uma profunda divisão dentro da estruturas do governo americano que vão marcar toda a sua politica para com Angola até após a consolidação do poder do MPLA ajudado por milhares de tropas cubanas.
VOA – 20.09.2011