O
jornal malawiano refere que no período
em referência, a construtora lusa fez pagamentos separados em cheques em nome
do falecido estadista com valores nominais entre quatro mil a quarenta mil dólares
americanos.
O "The Nation" diz que teve acesso às cópias dos cheques 'corruptos', totalizando 54 mil dólares depositados nas contas de Mutharika. Alguns desses pagamentos, prossegue a reportagem do jornal, foram entregues directamente ao beneficiário, enquanto outros foram depositados nas suas contas nos bancos comerciais. A Mota-Engil reconhece os alegados "subornos" ao malogrado estadista malawiano, mas a companhia defende-se afirmando que se tratava de donativos, uma espécie de "dádiva" merecida ao grande Chefe.
O "The Nation" diz que teve acesso às cópias dos cheques 'corruptos', totalizando 54 mil dólares depositados nas contas de Mutharika. Alguns desses pagamentos, prossegue a reportagem do jornal, foram entregues directamente ao beneficiário, enquanto outros foram depositados nas suas contas nos bancos comerciais. A Mota-Engil reconhece os alegados "subornos" ao malogrado estadista malawiano, mas a companhia defende-se afirmando que se tratava de donativos, uma espécie de "dádiva" merecida ao grande Chefe.
Entre outras obras, a portuguesa Mota-Engil construiu a
luxuosa mansão de Bingu wa Mtutharika, em
Thyolo, sua terra natal, onde foi sepultado a vinte e três de Abril último,
depois da sua súbita morte, devido a uma paragem cardíaca. As investigações do
"The Nation", que são parte do esforço visando apurar as fontes de
riqueza de Bingu wa Mutharika, estimada em biliões de kwachas a moeda nacional
do Malawi ou em milhões de dólares revelam que entre outros pagamentos, a
Mota-Engil fez depósitos para a conta Nr° 0140001886701 no Standard Bank em
Lilongwe. As assinaturas também confirmam que os cheques foram emitidos por um
funcionário sénior ou por gente de confiança ligada aos serviços
administrativos da Mota-Engil. As fontes da companhia afirmam que os donativos
ao Presidente Bingu wa Mutharika não eram para suborná-lo ou influenciá-lo visando
facilitar as empreitadas da Mota-Engil no país, porque, alegadamente, a
construtora sempre apresentou boas propostas e acessíveis. A Mota-Engil, um
grupo aparentemente ligado ao Partido Socialista em Portugal, entrou no Malawi
em 1990 e um dos seus primeiros projectos foi a construção da estrada entre
Dwangwa e Nkata Bay, que iniciou no mesmo ano. O segundo projecto foi a estrada
Msulira-Nkhotakota que foi executada entre 2001 e 2004. Gradualmente, a
companhia foi superando tudo e a todos, e transformou-se no maior empreiteiro
da indústria de construção civil durante o regime de Bingu wa Mutharika. Desde
2001, a portuguesa Mota-Engil concorreu e ganhou várias empreitadas no Malawi,
alegadamente em detrimento dos empreiteiros locais que se queixam de estar a
ser preteridos devido à sua suposta incapacidade técnica e financeira.
Os
dados indicam que até Agosto deste ano, a Mota-Engil
facturou cerca de duzentos e dez milhões de dólares em empreitadas no Malawi, a
maior parte das quais adjudicadas durante a administração de Bingu wa
Mutharika.
Deste
montante, metade foi pago pelo governo e outra através de financiamentos externos destinados a vários projectos.
Fora dos projectos na área de estradas, a Mota-Engil ganhou outros concursos no
sector dos transportes, como por exemplo o Porto fluvial de Nsanje, construído
e inaugurado às pressas em Outubro de 2010, mas que até hoje é um autêntico
elefante branco.
Para se evitar um abandono total daquelas instalações, o local serve agora de lazer para os residentes do
distrito sulista de Nsanje, já que o propósito para o qual foi construído ainda
está muito longe de ser concretizado.
Dizem os detractores de Bingu wa Mutharika que aquela
infra-estrutura foi construída às pressas
para proporcionar algumas comissões ao então chefe de Estado, um homem que
segundo os seus críticos tinha uma grande apetência pelo dinheiro e adorava
ganhar "luvas" em todos os projectos no Malawi.
O Malawi construiu o Porto fluvial de Nsanje como
alternativa para tornar acessíveis as suas
importações e exportações através dos Rios Chire e Zambeze até ao Porto de
Chinde, em Moçambique, mas Maputo exige como condição prévia, a realização de
um estudo de impacto ambiental. Em Outubro de 2010, o Presidente do Conselho da
Admnistração da Mota-Engil, António Mota, visitou o Malawi para assinar o
contrato de concessão e exploração do serviço de transporte no Lago Niassa. Na
mesma altura, António Mota também assistiu à inauguração do porto de Nsanje,
avaliado em vinte milhões de dólares. Reagindo, aos pagamentos efectuados ao
falecido Presidente Bingu wa Mutharika pela Mota-Engil, a Comissão para a Paz e
Justiça da Igreja Católica fez notar que essas "dádivas" podem
beliscar a imagem e a postura do então chefe do Estado. Chris Chisoni, da
referida comissão, sugeriu uma investigação completa destas alegações,
incluindo uma intervenção do gabinete contra a corrupção e da polícia fiscal
para se determinar a legalidade e transparência dos negócios da Mota-Engil no
Malawi e se os pagamentos efectuados a Bingu wa Mutharika podem ser
considerados ou não práticas corruptas.
A Mota-Engil também
está envolvida em vários projectos em Moçambique, entre os quais, a ponte que
permitirá mais uma travessia no Rio Zambeze, entre a cidade de Tete e Moatize e
cujas obras estão orçadas em noventa e um milhões de Euros. Antes, o consórcio
Mota Engil/Soares da Costa esteve envolvido na construção da Ponte Armando
Emílio Guebuza.
ALTERNATIVA – 04.09.2012