Canal de Correspondência
por Henrique Nota
Contrariamente ao que escreveu Fernando Couto
Xavier
Chagas confessou ser o autor do crime em que foi vítima, em Portugal, o
então SG da Renamo, por instruções do SNASP chefiado por Mariano
Matsinhe. O diplomata de Moçambique em Lisboa, Rafael Custódio Marques,
foi expulso de Portugal. Paulo de Oliveira escreveu no livro dele que a
operação de assassinato do Dr. Evo Fernandes foi planeada pela D-13, a
Divisão das Operações Externas do SNASP, na altura quando o Ministério
da Segurança-SNASP era dirigido por Sérgio Vieira.
Maputo
(Canalmoz) - Ao Director do Canamoz – Maputo. Li com atenção e
interesse numa edição recente do Canalmoz a carta do Senhor Adelino das
Serras Pires sobre o caso do médico espanhol morto durante um ataque dos
guerrilheiros da Frelimo, descrito no livro intitulado, Moçambique 1974
– O fim do império e o nascimento da nação, da autoria do escritor
Fernando Amado Couto.
O
livro menciona um outro episódio que foi a morte do ex-secretário geral
da Renamo, o Dr. Evo Fernandes, que teve lugar em Portugal em 1988.
Surpreendido fiquei de ler que o autor do livro afirmasse que as causas
da morte do Dr. Evo Fernandes nunca foram esclarecidas. As causas do
assassinato do Dr. Evo Fernandes são bem conhecidas. Primeiro, o autor
material do assassinato, Xavier Chagas, foi condenado por um tribunal
português depois de ter confessado a sua culpabilidade. Segundo, o autor
do crime confessou também que tinha recebido instruções do SNASP, ou
Serviço Nacional da Segurança Popular, que era o Ministério da Segurança
de Moçambique, chefiado por [Mariano de] Araújo Matsinhe.
A
polícia da investigação criminal portuguesa, PJ, desejou aprofundar as
investigações com fundamento na confissão do Xavier Chagas e pediu ao
governo de Moçambique o levantamento da imunidade diplomática do
funcionário do SNASP que trabalhava na Embaixada de Moçambique em
Lisboa, Rafael Custódio Marques, para assim prestar declarações à PJ.
O
governo de Moçambique negou o pedido de levantamento da imunidade
diplomática de que o funcionário do SNASP ao serviço da Embaixada de
Moçambique, Rafael Custódio Marques, beneficiava para desenvolver as
suas actividades em Portugal.
Ao
recusar o pedido do governo de Portugal, o governo da República Popular
de Moçambique reconhecia o seu envolvimento na prática do crime, tal
como confessado pelo Xavier Chagas, durante os interrogatórios
efectuados pela PJ.
Por
causa da recusa, o governo português declarou o funcionário do SNASP,
com estatuto de diplomata, destacado na Embaixada da República Popular
de Moçambique em Lisboa, Rafael Custódio Marques, como a pessoa não
grata e por essa razão foi expulso de Portugal.
A
participação da Embaixada de Moçambique, em Lisboa, no assassinato do
ex-secretário geral da Renamo, Dr. Evo Fernandes, também foi confirmada
pelo agente do SNASP, Paulo de Oliveira. O Paulo de Oliveira escreveu no
livro dele que a operação de assassinato do Dr. Evo Fernandes foi
planeada pela D-13, a Divisão das Operações Externas do SNASP, na altura
quando o Ministério da Segurança-SNASP era dirigido por Sérgio Vieira.
Assim, está lucidamente claro que as causas da morte do Dr. Evo Fernandes foram bem esclarecidas.
Agradeço a publicação desta carta.
Obrigado,
Henrique Nota
Beira, Província de Sofala (x)