sábado, 21 de janeiro de 2017

À espera do Messias

Elisio Macamo
21 de janeiro de 2016 ·

No auge da guerra de desestabilização nos anos oitenta a Frelimo anunciou que o Presidente Samora ia assumir as rédeas do combate. Já nessa altura achei o anúncio estranho porque como chefe de tudo – e ainda mais Marechal – ele era o principal responsável pelo esforço de defesa do país. Lembro-me que na altura se comentou a sua entrada em cena como o momento crucial que iria pôr termo a tudo. E dito e feito. A Casa Banana foi ocupada, os “bandidos armados” fugiram (desta vez literalmente) em debandada. Só que foi sol de pouca dura. Os ganhos iniciais foram perdidos, a guerra aumentou e ninguém mais falou da entrada em cena do grande chefe. Há uma febre estranha na nossa postura política, cujo principal sintoma é ficar à espera do Messias. Não é algo religioso. É algo político. Da mesma maneira que a narrativa básica da nossa política consiste na ideia do herói que nos vem tirar do sofrimento para nos conduzir à felicidade (independência num caso, democracia noutro), parece existir esta expectativa entre nós povo que esse Messias virá. Um dia.

Se essa expectativa existisse apenas assim até porque não seria assim tão grave. O problema é que ela tem reflexos no nosso comportamento político. Recentemente, quando o líder da Renamo anunciou que em Março iria tomar o poder algumas pessoas festejaram isso com frases como “acabou a paciência”. Já antes disso, quando foi emboscado ou quando colocou mais um ultimato, disse-se o mesmo tipo de coisas. Para não fugir à regra o ataque recente, e hediondo, contra o Secretário-Geral da Renamo, voltou a receber o mesmo tipo de reacção: a bomba rebentou, agora é que vão ser elas, etc. Estas reacções parecem-me manifestações do nosso messianismo político. A solução dos nossos problemas não está connosco, mas sim com um Messias qualquer por aí.

O problema é que o poder desse Messias é apenas artefacto da nossa imaginação, manifestação da nossa própria impotência por preguiça de assumir as obrigações cívicas que o sistema político democrático nos impõe. Já por várias vezes escrevi neste espaço que qualquer grupo armado organizado tem capacidade para desestabilizar um país como o nosso. Confundir isso com capacidade para conduzir uma guerra e derrotar o exército nacional é, contudo, ingênuo. E muita gente, principalmente intelectuais auto-intitulados independentes, ou alguns membros de redações de jornais como o Savana e o Canal de Moçambique, tem caído nesta cilada. Se nessa queda fossem só eles abaixo, a gente ainda podia descontar. O problema é que isso parece ser interiorizado pelos “Messias” que assumem atitudes intransigentes e adoptam um discurso violento que reduz todas as suas opções à confrontação armada.

Eu condeno o ataque ao Secretário-Geral da Renamo. Considero-o mais vil ainda se tiver tido motivações políticas, hipótese que infelizmente só um ingênuo pode descartar. Mas todos nós somos responsáveis pelo estado a que se chegou. A nossa responsabilidade não vem de não nos opormos com maior veemência à destruição do tecido que devia moralizar o nosso sistema político. Ela vem desta atitude messiânica que nos tem impedido de discutir este problema de forma menos polarizada. E aqui insisto: o primeiro passo para uma melhor discussão deste assunto devia ter sido um maior compromisso com a constituição. Não me farto de repetir: Defender a constituição não significa dar razão a este ou aquele. Defender a constituição significa identificar um espaço normativo a partir do qual podemos discutir os méritos das posições defendidas sem pormos em causa aquilo que torna as nossas reivindicações legítimas.

Independentemente de toda a história do conflito armado em Moçambique – pessoalmente, sempre achei que a importância do Acordo de Roma fosse exagerada em todas as discussões – desde 1992/94 que vivemos num sistema político com um poder que teoricamente é legitimado pela referência à constituição na medida em que esta protege a crítica e a diferença de opinião. Todo o ataque a este documento – e ao longo deste conflito a Renamo, coadjuvada por intelectuais ditos independentes sempre atacou este documento – torna a reivindicação ilegítima e, por via disso, inviabiliza a própria solução. Todos nós participamos activamente na destruição deste espaço normativo e, por isso, aparecermos hoje para reclamar que o país esteja a ser tomado de assalto por “gangs” parece-me ingênuo e insensato. Pela via que a própria Renamo escolheu tinha de contar com esta possibilidade. E nós fomos coniventes.

Podemos evocar a constituição para recriminar isto ou aquilo, mas enquanto o seu espírito não tiver penetrado a nossa mente e neutralizado o messianismo que existe dentro de nós para falarmos a partir dum espaço normativo comum teremos que nos preparar para o pior. E esse pior não é uma guerra civil (por muito que algumas pessoas torçam por isso), mas sim um conflito armado que vai acabar com a Renamo como uma força política e vai colocar o país nas mãos de “gangs” que acreditam estar a prestar um serviço à nação.

É por estas razões que leio sempre com renovada esperança textos que procuram ocupar este espaço que teimamos em destruir. Vicente Manjate, por exemplo, escreveu um texto com o título “Pacto social pacificamente violento” que me parece uma boa chamada de atenção. Ele escreve, e eu cito, “[C]omeçou por ser psicológica, ninguém se importou; virou verborreia que mais parecia um inocente jogo de palavras, com promessas e juras; e, muito rapidamente passou para violência armada efectiva, que hoje todos condenamos e parece algo extraordinário. Não há nada de novo aqui! Por um lado, temos uma sociedade que permite e convive com um partido político com homens armados, em flagrante ilegalidade, mas se surpreende com o flagelo da violência armada. É doentio! Condeno a violência e, condeno ainda mais quem só condena a violência mas, consente que homens armados andem à solta. Temos uma democracia conquistada na base de violência armada e suportada por mentes militarizadas. A violência é um dos pressupostos e elementos estruturantes da nossa democracia.” Eu concordo com este desabafo. Nós somos o problema!

Não faz muito tempo que o Télio Chamuço também escreveu linhas muito pertinentes a propósito da decisão da Renamo de procurar por outros mediadores. Nunca comentei esta decisão, mas aproveito para o fazer agora. Se ainda havia alguma coisa que me dava alento nas negociações falhadas era o facto de elas terem como mediadores compatriotas nossos. Quantos países no mundo conseguem uma façanha dessas? E já agora, quantos jornais proclamaram estes heróis nacionais suas “figuras do ano”? Então, o Télio Chamuço escreve, “Dhlakama [o texto refere-se a declarações feitas por este num jornal] profere uma saraivada de declarações que, a meu ver, não indiciam que pretende criar, desenvolver e solidificar uma atmosfera de estabilidade político-social. É inacreditável o que se lê ali (e digo isto de forma destemida, sem qualquer receio das habituais vulcânicas e violentas reacções dos seus seguidores, sequazes e apaniguados – cujo único argumento por eles desenvolvido consiste em apelidar de G-40 e lambe-botas da Frelimo à quem se opõe às intermináveis ameaças do líder da Renamo). É que isto tudo já farta: as ameaças maldosas, as chantagens belicistas, as pretensões megalómanas, a exacerbada ganância pelo poder (que pretende alcandorar a todo custo sem se importar com os meios), as sugestões maliciosas camufladas de "propostas", as promessas sanguinárias contra o povo de que ele faz refém, de tudo. Já me extenua à paciência viver sob esse clima de terror político. Pelos vistos, agora, o problema não é nem a Renamo nem a Frelimo, mas sim os mediadores... Por isso, numa medida "genial" e "salomónica", há que substitui-los. Agora envolve-se a igreja católica e o presidente sul-africano, mas não muda uma única sílaba nas reivindicações que realiza... Por que razão essas reivindicações deveriam ser aceites? Somente porque ele quer? Porque, caso contrário, vai assassinar inocentes (novamente)?”

A linguagem é forte demais, mas o apelo que o texto faz ao bom senso é mais do que evidente. E eu concordo com ele também. Dói até ver que para alguém falar, isto é emitir a sua opinião, tem que prefaciar a sua intervenção distanciando-se deste ou daquele grupo ou simplesmente dizendo que se está nas tintas. Só isto mostra até que ponto o problema somos nós.

Ao contrário do que a mitologia diz, o Messias nunca trouxe a felicidade para ninguém. Não há memória disso na história, começando pelas próprias religiões monoteístas que sempre inauguram fases totalitárias. Mesmo na política a experiência foi sempre a mesma. Os dois grandes exemplos foram o comunismo soviético e o Nazismo alemão. O messianismo é anti-político, quando o que nós precisamos é de mais política. A intransigência da Renamo funda-se neste messianismo que vê no acordo a solução final para todos os problemas e esquece que um acordo político determina apenas as condições dentro das quais cada uma das partes ganha o direito de alargar o seu círculo de influência.

Aceito que um partido político seja assim tão inepto. Mas nós também?


Comentários

Messias Mahumane Onde entra Messias Mahumane neste tema?
Gosto · Responder · 2 · 21 de janeiro de 2016 às 18:53

Eusébio A. P. Gwembe Festejou-se e ainda se festeja pela vinda do Messias, Elisio Macamo. Ilusão pensar que um indivíduo se sobreponha a um Estado. Atiçamos que sejam outros os agentes da mudança mesmo que para tal tenham que passar por cima da Lei-Mãe, enquanto esfregamos as mãos para ver em que vai dar. Triste :(
Gosto · Responder · 2 · 21 de janeiro de 2016 às 18:57

Lyndo A. Mondlane Ha estado ai, e dezenas de vezes mais poderoso q o dos anos 80, viver de sonhos, so pode conduzir a ilusao e decepcao e o pior é culpar aos outros e nao as nossas exageradas espectativas.... Viva o estado
Não gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 19:13 · Editado

Elisio Macamo o que me espanta é a persistência com que algumas pessoas perseguem estas ilusões.

Lyndo A. Mondlane Kkkkk. O Messias Mahumane é o messias que muitos esperam para tramsformar moz em canadá? Ou uma metafora.. O professor tem sua razao quando conclue q se ha uma guerra, a q seja, o derrotado sera a renamo, comparto a mesma opiniao e nao faz falta haver estudado em West Point para entender, oxala isso ajude a muitos a entender q se algo pode piorar.. Piorará.. E o pior é perder se tudo o q se conquistou ate agora...
Não gosto · Responder · 3 · 21 de janeiro de 2016 às 19:05 · Editado

Elisio Macamo na primeira versão do "post" por falta de habilidade técnica o messias do título transformou-se num "tag". mas corrigi e expliquei em inbox ao visado. quanto à estamos em sintonia de onda. há muita ilusão por aí.
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 19:15

Lyndo A. Mondlane Kkkkk mas nao teria estado mal, dependendo da confiaca q tenhas com o messias mahumane.. ai fica um texto explendido, mas como somos um povo (alguns letrados) de dogmas, continuaremos com as nossas conviccoes a espera de Canada em Mulotane.. Em fim..
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 19:22 · Editado

Elisio Macamo o Messias Mahumane é amigo de infância.

Mussá Roots A Renamo,não é e nunca foi qualquer grupinho armado organizado que se iguale a um outro que possa aparecer.
A Renamo esteve envolvida numa guerra real, duradoira, com sucesso e que culminou em negoceações,onde o governo da frelimo,sobretudo, fez cedencias impensaveis para aquilo que era a sua política inicial.
A Renamo e seu líder,são até hoje, os actores que tiram sono a Robusta frelimo.
Tentar minimizar, a Renamo, comparando-a com qualquer grupinho,que supostamente possa por em sentido o Estado Moçambicano, é perigoso para nós.

O G40, é uma realidade, pode não ser real o número de membros se nos guiarmos pelo nome de Baptismo daquele grupo.o número de integrantes e suplentes é maior que 40.
É verdade que nem todos que são críticos a oposição,são mecessariamente G40istas, alguns,de facto,fazem-no com razão e argumentos sólidos.

Concordo plenamente, com o professor, quanto ao ponto em que intitulou de "A espera do Messias"
Também acho,que no lugar de esperar um suposto Messias, deviamos, cada de nós, fazer a sua parte em colaboração com este "Messias".
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 19:18
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Elisio Macamo nada do que escreve nos primeros três parágrafos torna irrelevante a necessidade de a renamo ter consciência da sua inferioridade neste momento. a política é a sua única salvação. reduzir as suas opções à violência ou à glorificação do passado não a vai ajudar em nada. esta é a triste realidade. e simpatizantes como o Mussá Mohamad parece ser, deviam prestar muita atenção a isso. qualquer grupo pode tirar sono aos que estão no poder. o problema da renamo é que não tira sono só aos que estão no poder. tira sono aos seus próprios membros e a muitos moçambicanos.
Gosto · Responder · 3 · 21 de janeiro de 2016 às 19:25

Mussá Roots Nooooooo! Professor Elisio Macamo, está cometendo o mesmo erro, que menciona no teu post,com todo respeito.
Eu, não sou membro e nem simpatizante da Renamo, tal como, o ex do prof. Em relação ao G40.

Concordo,com o prof.no que tange, a necessidade da Renamo, fazer um "Upgrade", e tornar-se um partido político, de facto. Porém,para isso acontecer, não depende somente da Renamo, mas também,passa por uma mudança do regime, que deve ser mais tolerante políticamente...
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 19:34

Elisio Macamo que erro? pela forma celebratória como descreve a renamo deixou-me com a impressão de ser simpatizante. não acho isso grave. cada qual com a sua preferência. e nem seria por isso que iria descartar a sua opinião (que é o que as referências ao g-40 fazem). o "upgrade" depende inteiramente da renamo. esse "upgrade", a acontecer, pode conduzir a uma atitude mais tolerante por parte dos detentores do poder. se desde o início a renamo tivesse feito aquilo que sempre coloca na sua própria bandeira, nomeadamente que é pela democracia, teria feito estas reivindicações com respeito aos que não tendo simpatias nem por ela, nem pela frelimo gostaria de se identificar com quem defende a democracia. ela sempre falou para convertidos, nunca para os não crentes. em minha opinião a responsabilidade é da renamo. é claro que cada um de nós também tem responsabilidade, sobretudo como defensores do bom senso. a renamo devia dar mais ouvidos a pessoas como as que citei no texto de hoje do que ao savana ou ao canal de moçambique.
Gosto · Responder · 5 · 21 de janeiro de 2016 às 19:41

Lyndo A. Mondlane a RENAMO, podia por a sua parte, de recordar que nao se pergunta ao escravo se deseja a sua liberdade... ha muitos desencatados com a frelimo, so esperam um partido que queira realmente mudar as coisas e de momento esse partido nao surge....
Gosto · Responder · 2 · 21 de janeiro de 2016 às 19:55 · Editado

Elisio Macamo para chegar até aí tinha de ser verdadeiramente a favor do que diz defender: democracia. não é e, lamentavelmente, tal como a própria frelimo, nunca foi. e pior: dá ouvidos às pessoas erradas, pessoas que têm contas a ajustar com a frelimo e confundem isso com cidadania.
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 19:50

Lyndo A. Mondlane professor é impossivel se ser democrata e amavel fora de casa, enquanto dentro de casa se espanca a esposa e os filhos.. é um simil
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 19:55

Mussá Roots Concordo,em parte professor.
Não houve forma "celebratória" alguma, na minha discrição aos feitos militares da Renamo, basta analisar os factos passados e recentes, de forma desapaixonada, chega,-se a conclusão a que cheguei.
A Realidade é que a Renamo e a Frelimo se merecem, comportam-se de forma similarmente errada,na maior parte das vezes, porém sendo a frelimo o Governo, tem mais responsabilidades que a Renamo. Renamo esta, que tem sabído de forma inteligênte ou não, vestir os problemas do povo, dando esperança em si, sem precisar de vender manifesto ou projecto político algum.
A mesma lógica Messianica do professor Elisio Macamo, é usada no sentido contrário, isto é, a maioría da população acredita que os seus problemas, se no mínimo,deví ser exclusivamente resolvidos pelo governo(frelimo), então, na pior das hipoteses, são causados por este mesmo Governo...daí a aparição de um Messias,Afonso Dlhakama, aquele que supostamente, sente e compreende as dificuldades das massas e que também é vítima aos olhos de muítos.
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 20:00

Elisio Macamo bom, talvez esteja a ler mal, mas a forma como descreve a renamo não tem muito de factual. quando até chega a dizer que nem no futuro haverá algo como a renamo... mas isso é secundário. acho que teremos de discordar em relação à questão de responsabilidade. o governo é formado por um partido político. não tem nenhuma responsabilidade em relação a seja o que for. a sociedade, através de nós, através da oposição, etc. é que tem essa responsabilidade que transferimos ao governo. assumir essas responsabilidade pela oposição é uma opção estratégica. assumir uma atitude suicida só porque o governo não nos dá outra alternativa é infantil, não é próprio dum partido político.
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 20:08

Mussá Roots No futuro até pode haver um grupo similar ou superior a renamo. O que dizía, é que a Renamo não se compara aos grupos, nos termos em que o professor descreve, "qualquer Grupo", tipo aquele, G4o de engomadores por ex, entendi assim, talvez erradamente.

Tenho dúvidas quase a roçar a certeza, se a Renamo não se comporta-se de forma "suicida," ou semi-Belicísta, temo que ela, a Renamo, já estaría extinta. Mas aí, já são suposições meramente pessoais...
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 20:17

Elisio Macamo quando disse qualquer grupo queria dizer mesmo isso. qualquer grupo, mesmo no sentido dos engomadores. se estiverem armados e organizados podem desestabilizar este país. não custa nada. não há mérito militar nenhum no que a renamo faz. é isso que confunde algumas pessoas confortavelmente sentadas em redações de jornais. nada.
Gosto · Responder · 2 · 21 de janeiro de 2016 às 20:32

Mussá Roots Neste caso,é a combinação dos dois factores:
1-A Renamo é um grupo militarmente bem organizado e treinado, com um estratega (General Afonso Dlhakama) experiênte e astuto, politico-Militarmente. Com a vantagem de gozar de um forte apoio popular, diferente da Unita em Angola.

2- as FDS, sob comando do Governo da frelimo, são despreparadas,frágeis e sem apoio popular. Basta perceber que as populações que se refugiam no Malawi,por exemplo, temem as FDS, do que aos homens chamados residuais da perdiz.
Essa é a minha humílde e desapaixonada análise do cenário.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 21:13 · Editado

Dereck De Zeca Mulatinho Mussá Mohamad surpreende - me pelas certezas que tem em relação a capacidade bélica da Renamo.
1. Que pressupostos lhe conferem a certeza de que a Renamo armada "goza de um forte apoio popular"?

2. O único estratega experiente, com capacidade de treinar e organizar uma força militar é o "General Afonso Dlakama" que por sorte é a Renamo em pessoa?

3. Tal como a Renamo, não aventa a hipótese de existirem nas FDS oficiais e soldados estrategas, experientes, preparados e com capacidade bélica para desbaratar qualquer unidade militar da Renamo? Sem querer abrir feridas que deviam no mínimo nos envergonhar como pessoas, não era essa a crença que o líder, agora "único estratega militar que o país possui" tinha? Não foi essa a base que o conduzia a maldizer as FDS ao ponto de chama-las de formigas, miúdos até à data daquele violento ataque contra sua caravana?

3. Não consegue de forma "humilde e desapaixonada" colocar a hipótese que o compatriota que se refugia para o Malawi fá - lo na tentativa de preservar a sua vida e dos seus? Fá-lo por medo reviver o passado que não gostaria de experimentar?
Ademais qual é a relação que existe entre refugiar - se é não apoiar este ou aquele?
Se a única relação que faz for essa como é que explica que mocambicanos, segundo reza a história tenham se refugiado para diáspora digo, Tanzânia, Argélia e na Tanzânia e tenham coordenado ataques que precipitaram a queda do regime colonial no país?
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 6:46

Mussá Roots Dereck De Zeca Mulatinho.vamos a isso:

1-não sei porque te surpreendem as "certezas" da capacidade bélica da Renamo, se as próprias FDS, os Ministros de tutela e o comandante em chefe, estão preucupados a ponto de incentarem um processo de desarmamemto compulsivo, e depois "ponderado" da Renamo.e pelo que se vê,sem sucesso,porquanto as próprias FDS, é que estão sendo desarmadas.
Os resultados eleitorais,aínda que emprenhados de irregularidades, provam o apoio popular da Renamo,para não falar da aderência massiva ds população aos comicios do seu líder,antes,durante a campanha eleitoral e depois das eleições...aínda que,venhas a diminuí-los a categoria de curiosos, são mesmo apoiantes.

2-não sei de onde você tirou a palavra "único", porque do meu comentário, é que não foi de certeza...e se acha que Dlhakama não é estratega,experiênte e com capacidade de organizar uma força militar,...temo, que estejas distraído e isolado no seu pensamento.
Concordo porém, que o maior trunfo da Renamo é o próprio Dlhakama,confundindo-se com a própria. Se isso é bom ou mau,é tema para outros debates.

3-provavelmente existam nas FDS, oficiais e soldados estractegas,experientes. Capacidade bélica, existe com certeza. Porém, no terreno, as FDS,mostram-se despreparadas,desmotivadas e incapzes de destruír a Renamo.
As crenças do líder, são de exclusiva responsabilidade dele, eu não tenho conhecimento das suas motivações, só ele próprio poderá as justificar, procure-o para uma entrevísta, eu nem o conheço pessoalmente. Falo dos factos no terreno, e que nos são dados a conhecer através de vários veículos.

"Confirmas que as FDS é que atacaram a caravana de Dlhakama? Até hoje as informações oficiais indicam que foram
desconhecidos.

4-você, não assistiu as entrevístas dos refugiados? E de outros populares na zambézia? Não ouviu o que disseram? Não vivíam aquelas populações com os homens armados da Renamo,durante anos? Porque fogem agora? Porque procurar outras hipóteses, se os factos e testemunhos dos próprios são esclarecedores?
Concordo que fogem para preservar suas vidas,lógico e óbvio.
Quem está fazendo essa relação entre refugiar-se e apoiar, é você, que preferiu interpretar meu comentário desta forma, eu não me responsabilizo pelas suas interpretações.
As comparações que fazes entre os Nacionalístas de ontém e os refugiados de hoje, também é tua responsabilidade, arque com ela, não me vou dar o tempo de rebater o óbvio.
Gosto · Responder · 22 de janeiro de 2016 às 9:04 · Editado

Elisio Macamo não vi o comentário feito ontem sobre a combinação de factores. acho que esta discussão, pelo menos para o meu post, não é útil. remete-nos ao que cada um de nós crê serem as habilidades de seja quem for. savimbi também foi grande estratega militar; samora e mabote também; che guevarra, osama bin laden, etc. cada qual exagera as habilidades dos que admira como quiser. o meu ponto essencial, e que é relevante para esta discussão, é que não há nenhum mérito da renamo na desestabilização do país. qualquer grupo é capaz disso nas condições actuais do país. se não fosse esse o caso não teríamos o problema do crime como ele se faz sentir em maputo, por exemplo. há muito criminoso esperto, corajoso e destemido (como o líder da renamo), mas mais dia, menos dia é apanhado pela má polícia que temos, frequentemente usando os mesmos métodos.
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 16:44

Mussá Roots Então a situação do país é aínda mais grave, do que me parecía. Concordando com a explicação do professor Elisio Macamo, sou convidado a aceitar que somos ,de facto, piores que ,Guiné-Bissau.
Imagine um estado, que é desastabilizado, por um esperto,destemido e corajoso e pior ,criminoso qualquer praticamente desde a sua independência.
Mas o que é aínda mais grave, é perceber que os altos dirigentes deste estado, por várias vezes negocearam com um criminoso, oferecendo-lhe regalías, no lugar de acçionarem mecanísmos de prende-lo e levarem-no a Justiça.

Finalmente, percebo o que o professor diz. O Nosso Estado é fraco, aqueles que o dirigem são fracos, e a Renamo só conseguíu desenvolver a guerra de 16 anos por esse motivo.
Gosto · Responder · 22 de janeiro de 2016 às 17:16

Elisio Macamo desculpe-me, mas ou não percebe o que escrevo, ou então está a fazer uma discussão que não é relevante para este post. o que acha sobre os méritos militares da renamo é seu assunto. o único que digo é que, sim, o nosso estado é fraco, por isso vulnerável em relação a qualquer grupo armado apostado na sua desestabilização. só isso. nesse sentido, a força ou fraqueza da renamo é um não-assunto. acho que para uma boa discussão dos assuntos é importante que a gente mantenha o enfoque. gostaria de lhe pedir para fazer isso, por favor.
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 17:24

Mussá Roots Sim, professor Elisio Macamo, eu estou finalmente entendendo e concordando, perdoe me faze-lo, tarde.
Ademais, nunca estive na frente de combate, e nem fui afectado directamente pela guerra, pela idade e pela localização geográfica da minha residência.

O meu racioscinio, que agora, desisto dele, era guiado pelo facto de sempre ter acreditado estar em um estado forte, que se foi desestabilizado, da forma como, foi, então, só podía ser por uma força também forte, bem treinada, e comandada por um homem forte.

Estou aprendendo professor, afinal foi esse o motivo, que me fez, segui-lo.
Gosto · Responder · 23 de janeiro de 2016 às 15:01 · Editado

Elisio Macamo sabe, acho que pode precisar de rever alguns pressupostos por detrás da forma como analisa as coisas. mesmo pegando nesta ideia de que partiu do princípio segundo o qual estaria a lidar com um estado forte, a conclusão de que quem consegue desestabilizar esse estado ou levar o seu governo a negociar com ele deve ser muito forte e grande estratega militar não procede necessariamente. o ira, na irlanda do norte, a raf, na alemanha, e eta, na frança e na espanha, desestabilizaram com sucesso esses estados poderosos sem que com isso se colocasse a questão de serem grandes génios militares. havia condições que permitiam que as suas formas de actuação tivessem sucesso da mesma maneira que o famalicão pode ganhar ao porto sem ser necesariamente bom. negociar com um bandido pode ser, em certas circunstâncias, mais sensato do que continuar um conflito que é prejudicial sem que isso implique reconhecer a superioridade desse bandido. eu nunca acreditei na capacidade do nosso exército, nem durante a guerra de desestabilização, nem agora, mas isso não me obriga a concluir que dhlakama seja um génio militar só porque um exército pouco eficiente não o derrota. o mais trágico nisto tudo é que ele acredita nestas lendas que os seus admiradores vão desfiando por aí e se terminar como terminou savimbi (que também gozava do mesmo tipo de reputação) não estará aqui para a gente lhe perguntar "então?". enfim, cada qual com as suas crenças.
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 19:05

Mussá Roots Certo, professor...
Se calhar, é o termo "desestabilização" que me confunde, aliás, algumas pessoas, preferem negar esse termo, para a guerra dos 16 anos,...mas isso é outro assunto.
O importante é que já, percebí, o que o professor explica...valeu,a minha insistencia.
Gosto · Responder · 1 · 23 de janeiro de 2016 às 15:02 · Editado

Mussá Roots Este esclarecimento, com exemplos, ficou claro para mim, como aquele do "suarto" e "Nyerere", naquele outro post, em que debatiamos sobre corrupção...está clarissimo, para mim professor Elisio Macamo.

Samuel Francisco Ngovene Na verdade torna-se muito dificil analisar este crime fora dos meandros políticos. Contudo, acho preamturo acusar esta ou aquela formaçao partidária como o autor do crime. Do trecho "qualquer grupo armado organizado tem capacidade para desestabilizar um país como o nosso" eu acrescento: Para quem quer destruir, por uma fúria e desespero, torna-se tudo fácil porque "nao tem nada a perder". Nao querendo, com isso qualificar os acontecimentos em guerra mas em perigo eminente para os cidadaos indefesos.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 19:32

Elisio Macamo não sei se concordo consigo. a renamo tem muito a perder, não é verdade que não tem nada a perder. a sua incapacitação vai tornar o seu regresso à política (porque ela abandonou a política há muito tempo) mais penoso ainda. e não falo aqui de tudo quanto ela recebe do estado. essa premissa de que não tem nada a perder não me parece prudente.
Gosto · Responder · 2 · 21 de janeiro de 2016 às 19:35

Muhamad Yassine Todos intervenientes armados tem a perder.



Vicente Manjate Claramente Prof. Elisio Macamo, até as propostas de revisão da Constituição, seja para dividir ou, autonomizar regiões, devem ser feitas dentro do quadro normativo da própria Constituição. E, quanto ao aspecto da prevaricação armada, não bipolarizo a solução mas, responsabilizo exclusivamente ao Governo e aos órgãos de defesa da soberania, da legalidade e do Estado de Direito Democrático por mim eleitos, por permitir que homens armados andem por aí à solta. O meu Messias é o meu voto e, confesso que estou a ser refém dele pois, votei num manifesto eleitoral que me inspirou confiança de uma governação baseada no respeito pela Constituição e pelas leis — um voto libertador, como o Messias que, infelizmente, está a trair-me.
Gosto · Responder · 2 · 21 de janeiro de 2016 às 19:51

Elisio Macamo e eu entendo essa frustração também. nenhum intelectual neutro/independente jamais questionou esta prerrogativa. imagina como a discussão teria sido se aqueles que apoiam as reivindicações da renamo tivessem dito que as apoiam, mas são contra a posse de armas ou uso de violência contra o estado? imagina isso? teríamos tido uma outra discussão e uma outra postura por parte da própria renamo.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 19:56

Vicente Manjate Por um lado, Renamo, partido político, tem o direito de reivindicar o que e quando quiser, bem como insistir e persistir até conseguir, mas dentro do quadro normativo constitucional. Por outro, a Renamo, homens armados, não têm o direito de fazer exigências políticas com recurso à violência armada e, neste aspecto, o Governo não tem o direito de decidir por nós se aceitamos ou não um partido político armado. A sociedade civilizada (não mentalmente militarizada), deve exigir do Governo que desarme a Renamo armada para podermos negociar sem coação. É que, essas armas, por vezes, podem ser usadas dentro da própria Renamo quando internamente não se esteja a alcançar consensos e, isso sair do controlo do Governo. Não é correcto que o Governo perca o controlo da segurança dos cidadãos, sejam eles da Renamo ou de qualquer outro grupo.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 20:31

Elisio Macamo e li que o guarda-costas é deputado... não sei se é verdade.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 20:34

Vicente Manjate Não sei. Paz à alma do finado. Pensei que os armados ficassem por cá, os políticos por lá e, só se encontrassem quando estes viessem visitar a base. Essa interação pode ser um excelente campo de estudo.
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 20:37

Elisio Macamo sem dúvidas!

Carlos Mairoce A ideia messiânica na realidade existe em muitos moçambicanos. Do meu ponto de vista, é errado pensar que alguém virá de algum lugar para melhorar a vida de quem quer que seja. O problema do nosso país não é de tirar ou substituir um jogador do campo. Mas de repensar no modo como jogamos e o que consideramos de golo ou penalti. É um problema que tem a ver com a essência da nossa política e de interpretação. Eu penso que cada um de nós tem uma missão a desempenhar no progresso deste país. A prosperidade vem dos feitos de cada um e enquanto se esperar pelo messias só estaremos a adiar o nosso futuro e a viver de expectativas. Se hoje somos como somos é exatamente porque estamos a espera que alguém mude as coisas, que alguém faça as coisas nós, que alguém tome as decisões por nós e mais em diante. Esse modelo de vida não levará ninguém a maturidade. E mais todos os partidos políticos cometem um grande erro nas campanhas, pois para eles fazer campanha é prometer o paraíso para o povo. Um paraíso que nunca chega e povo peca por ter fraca capacidade analítica e falta do senso crítico.
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 19:55

Elisio Macamo concordo consigo até certo ponto. prometer é próprio dos políticos. nós é que devemos ter maior discernimento. é assim que as coisas mudam. começando por nós.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 19:59

Carlos Mairoce Exatamente, penso que discernimento é a palavra certa, e infelizmente a maioria se emociona e acha que tudo virá de um dia para o outro com um ou outro candidato. Gosto quando vejo pessoas a se filiarem aos partidos políticos, mas fico triste quando percebo que a maior parte destas ficam alucinadas depois de beberem da política partidária. E como consequência disso, as pessoas deixam de pensar e emitir opiniões de uma maneira lógica. Deixam de escutar para perceberem, mas sim escutam para se defenderem. Os partidos pensam por eles e estes por sua vez defendem aos dogmas partidários já emitidos. Desse modo, a palavra discernimento fica fora do baralho.
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 20:16

Elisio Macamo concordo.

Lenon Arnaldo Muitos sequazes do messias acreditam numa primavera sahariana. Pior de tudo, não se trata de uma luta de convicção ou ideológica, é uma luta tribal entre o sul e o resto do país ( claro, isso está na cabeça de alguns acólitos do messias). É uma luta por tacho por mais intelectualidade/independência que alguns tentam insinuarem.

Lembro me de um texto aqui no FB, de uma reputada figura pública, académica e independente como gostam de ser tratados , que tinha como título " finalmente o poder regressou às origens" ou " o vento sopra para o norte" em referencia a tomada /investidura do Nyussi como chefe de Estado e o facto deste ser natural do norte de Moçambique. A tal figura a que faço referencia, chegou a sugerir que o Nyussi na composição do seu governo nomeasse pessoas oriundas do Norte do país, pois, nos últimos 40 anos o estado moçambicano foi hipotecado aos do Sul e que tinha chegado altura os "Norte" verem se ressarcido pelos esforços e, tenacidade demostrada por estes no teatro das operações na luta contra o colonialismo português, enquanto os do Sul, estavam a tomar whisky ou a estuarem pelo mundo fora. Ora, um ano depois, esta mesma figura iluminada teve a ousadia de escrever uma carta com título " carta ao empregado do povo" onde reclama aquilo que ele considera a falta de poder do Nyussi no interior do partido Frelimo ( os mesmos que tanto barulho fizeram para que Nyussi acumulasse a presidência da república e do partido para poder governar a vontade) ; Um ano depois , descobrem que apesar do Nyussi ser chefe de estado e do partido afinal ele não detém o poder, este deve andar pelas bandas Mahotas/Albasine ou, está na composição da CP do qual defende que seja último reduto do Guebuzismo. Tanta gente louca, ou melhor , embriagada pelo poder e a qualquer preço - os tais messias.

De facto, Moçambique é maning nice. Arrisco dizer que , Moçambique seja único lugar no mundo onde o estado instituído é bandido e o bandido é estado, mesmo em sétima arte nunca desprezaram o papel do estado como o é em Moçambique.
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 20:15 · Editado

Elisio Macamo é por isso que digo que moçambique é um acidente geográfico e histórico. toda esta bagagem que isso trouxe define o campo político. saber lidar com isso vai distinguir o cidadão responsável do irresponsável. o discurso regionalista, étnico ou partidário não me incomoda muito se for feito no respeito pelas regras do jogo. é claro que ele é potencialmente destrutivo, mas política é isso também.

Julio Mutemba Bem dito Dr. tenho sempre procurado mas em vao dar entender as pessoas que num estado soberano e democrtico so existe um exercito e esse e governamental para defender a saberania. Eu sou contra a violencia, seja com quem for, por isso penso que todos nos teriamos mais espaco e legitimidade de discutirmos, expormos e reclamar nossos direitos democraticos num ambiente em que nao se usasse violencia para tornar o povo refem das ideias deste ou doutrem. E tambem para grandes mudancas que afectam a constituicao ou que afectam a nossa economia ou soberania por exemplo, por que nao usar se o referendo?
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 20:15

Elisio Macamo tudo é possível desde que esses mecanismos todos de resolução de diferendos sejam respeitados. o problema reside aí. não respeitamos essas coisas. portanto, com ou sem referendo, tanto faz.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 20:30

Julio Mutemba Claro Dr. mas para mim a verdadeira democracia so pode ser exercida num ambiente de paz. Num ambiente sem ameacas, sem violencia, sem partidos armados. E como o Dr. diz, com armas a renamo so sai a perder, cada vez que da um tiro a um civil ou que alguem morra em consequencia desta violencia, mais odio conquista e fica com menos simpantias! O caminho escolhido por este partido nao comunga com os ideias que se diz proteger e proclama, mesmo que no meio das reivindicacoes haja algo justa!
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 20:58

Elisio Macamo bom, a democracia é a solução para o problema do conflito. não acaba com o conflito, nem com as diferenças, mas permite que se procure por outras maneiras de resolução e coexistência.

Nurocardoso Mucavele palavras sabias....
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 20:43

Gito Katawala Uma das razoes que me fazem nao desistir do Facebook eh a possibilidade de perder ou sentir-me como se tivesse faltado a uma aula importante. Daquelas que te arrependes se o tema vier num teste. Leio com assiduidade o que Elisio escreve, seja para o Facebook ou quando vejo (via) algo no jornal Notícias. Algumas vezes fiquei com a sensacao de desacordo, noutras simplesmente tratei de nao dar patavina . Mas este texto mexeu comigo. Pela profundidade quase imperceptivel mas real. Ta-se mal na matria. Ja nem sei se vale a pena insistir em convocarmos uma sentada para falar de arrependimentos e reconciliacao. So nos resta esperar que a natureza tome conta das mentes casmurras e rezar para que nao deixem o seu legado de maldade aos que se seguem. Mas mesmo isso nao nos garante que mudaremos.

O que nos resta fazer?
Gosto · Responder · 2 · 21 de janeiro de 2016 às 20:50 · Editado

Elisio Macamo obrigado. o que nos resta fazer é reconquistar este espaço normativo que deixamos fugir. temos que ser capazes de discutir as nossas diferenças políticas e ideológicas sem pormos em causa aquilo que permite que sejamos diferentes. quando as pessoas começaram a procurar justificação para o recurso à violência por parte da renamo deixaram este espaço escapar. perderam o "moral high ground" para criticar o governo também.

Artemisa Odila Candé Sério? Parece me que estou lendo sobre Guiné-Bissau! Tudo igual...
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 20:59

Elisio Macamo tudo igual, Artemisa. tudo.
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 21:04

Mussá Roots Não concordo, igual? Não.
Estamos a caminhar,nesse sentido, mas Guiné-Bissau, é um estado totalmente falhado.
Um país, onde a figura de presidente é assassinado a catanadas, como um desprotegido qualquer,cá nas bandas de Mafalala?...não, o único presidente nosso, assassinado, foi com alguma classe,se me permitem o termo, com actores internacionais envolvídos.
As nossas FDS, aínda que despreparadas, não são tão indisciplinadas quanto as Guineenses.
Até o "Exército" de Dlhakama é mais disciplinado que o Guineense, entenda-se, o legal.

Não,não, eu me nego a igualar o meu país com Guiné-Bissau...
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 22:33 · Editado

Elisio Macamo este é um dos nossos problemas. analisamos as coisas pelos efeitos. assim é difícil entender as coisas. só quando o presidente aparecer aí morto à catanada é que vamos dizer "afinal"? não dá. análise é assunto sério e não se faz na base do que gostaríamos que fosse. é preciso procurar pela máquina que produz certas circunstâncias que torna, possíveis certos comportamentos. e continuar por aí. nós somos iguais à guiné e não esqueça que num aspecto eles já colheram mais experiência: a alternância política. nós ainda vamos passar por isso, depois conversamos...
Gosto · Responder · 3 · 21 de janeiro de 2016 às 23:11

Artemisa Odila Candé Mussá Mohamad, faço das palavras de Elisio Macamo as minhas. Nem vou perder o tempo em listar as nossas semelhanças apesar de tudo... Ainda continuo achando igual os comportamentos nos contextos das duas realidades nesta reflexão de Elisio, só substituindo os nomes Moçambique e Renamo...
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 23:26 · Editado

Mussá Roots Concordo com o pensamento do professor, quanto a semelhança, nos factores que circunstanciam certos comportamentos, e que conduzem a efeitos que eu mesmo mencionei. Por isso, deixei claro, que estamos caminhando no sentido a alcançar a Guiné-Bissau, aínda que tenhamos volta.
Agora, dos factores a efectivação há um espaço de manobra,que espero que aproveitemos.

Quanto a alternância política, prefiro a feita democratica e pacificamente, e não aquela experiência Guineense, feita a custa de sangue, violência e Golpes de Estado recorrentes.
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 0:28 · Editado

Artemisa Odila Candé Em parte, tens a razão. Esta democracia nem todos aprovamos, mas é a consequência dos comportamentos produzidos na vertente messiânica de sempre esperar o salvador!
Gosto · Responder · 22 de janeiro de 2016 às 0:26 · Editado

Mussá Roots Ademais, na Guiné-Bissau os Militares traficantes de droga, é que efectivamente tem o poder,sobrepondo-se ao poder político...
Em Moçambique, os políticos aínda tem o poder sobre o Estado,suas forças incluíndo as de Defesa e segurança...


Afonso Dete Professor, Infelizmente os políticos tem a capacidade de criar CRISES), Isso é sabido. Portanto, tenho uma pergunta: Porque é que nos dez anos (1994-2004) de mandato de Joaquim Chissano não houve essa Crise politica ou pelo menos "aparentava" não haver essa crise politica? Pode ser que ele JC não veio como Messias""Ressalvar que: eu era relativamente KID no tempo que cito mas, entendia alguma coisa.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 21:22

Elisio Macamo sabe, tenho ouvido esse argumento. para mim não faz sentido. os mandatos de chissano foram marcados por muita tensão com a renamo. o ponto mais alto foi atingido com a crise de montepuez. não sei porque as pessoas esquecem isto. já nessa altura o líder da renamo tinha o hábito de ridicularizar chissano. só ficou com saudades dele depois e isto não apenas porque guebuza tinha menos paciência, mas porque a forma inepta como ele geriu o seu partido acabou criando uma forte crise interna no próprio partido. uma coisa que me incomoda quando a gente discute este problema é que as pessoas nunca olham para os próprios erros da renamo. em minha opinião, a crise que temos agora teria acontecido também com chissano.
Gosto · Responder · 2 · 21 de janeiro de 2016 às 21:45

Afonso Dete A santa paciência que o JC tinha fez bem a Moçambique e ao povo moçambicano durante os seus mandatos, pois o "desenvolvimento humano" foi notório. e o facto de ser ele JC" ter mais paciência" o fez menos Messias.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 22:00

Elisio Macamo com todo o respeito por ele não acho que a sua paciência tenha feito algum bem neste caso. os factos contradizem essa romantização. o que devíamos perguntar é porque essa paciência não resolveu o problema.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 22:29

Afonso Dete sabe,Prof, eu tinha/tenho que ter o acesso ao acordo geral de paz para pelo menos, especular do porque da paciência não ter resolvido o problema.
De qualquer modo, com Messias ou sem Messias (melhor alternativa), queremos que essa crise acabe mesmo através de um dialogo serio e franco entre as partes.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 22:45

Elisio Macamo boa sorte nesse empreendimento. para esta discussão o mais importante para mim é contrariar essa ideia de que a falta de paciência está na origem da crise. não está. ademais, acho o argumento paternalista e pouco dignificante para o próprio líder da renamo. é quase como se estivéssimos a lidar com uma criança que reage apenas ao mau ou bom tratamento. ele é uma pessoa responsável e merece respeito.


Valdano Tchaka As utopias como um catalisador e que consubstanciam o sistema de crenças que supostamente conduzem a felicidade plena. O que norteia as acções ,atitudes e convicções do homem são as utopias mais que em última instância desembocam em filosofias vãs. Os beligerantes estão só a "comercializar ilusões".
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 21:38

Donaldo Chongo O que cria o messianismo que o texto tanto critica é a incapacidade do governo do dia em dar uma resposta satisfatória e efectiva aos anseios do povo. Minha opinião.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 21:49 · Editado

Elisio Macamo está no seu direito.
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 22:30

Eusébio A. P. Gwembe É incapacidade de todos nós, Chongo. O que a Renamo faz para que o Governo tenha capacidade de dar uma resposta satisfatória e efectiva aos anseios do povo, sem ter que violar a Constituição?
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 23:22

Elisio Macamo eu não sei o que dizer a alguém que parece estar a demonstrar justamente o problema que critico. está à espera. por isso prefiro remeter isso ao direito que cada um de nós tem de acreditar no que quiser.


Alcídes André de Amaral Sim. O messianismo politico nos acompanha desde a independencia ou mesmo um pouco antes dela. Mas o que preocupa mais `e este acompanhamento. Nao da. para parar? Nao conseguimos nos fazer com que ele pare de nos acompanhar? E o mais grave, para mim, `e que este messianismo nao caminha isolado, tem com ele a necessidade que tanto temos de espetaculo (politico, como os comicios do lider e similares), de comicios que na verdade nada mais reflecte do que este nosso messianismo. Andamos todos num pendulo entre um Estado que desejamos ter e que ao mesmo tempo o recusamos...E isso tudo parece encontrar fundamento na ausencia de uma bussula que nos orienta - a constituicao. So recorremos a. este instrumento quando o concebemos como um instrumento de consolidacao do messianismo que ha em nos. Nos, perola indianos, somos assim, perigosamente estranhos!
Gosto · Responder · 1 · 21 de janeiro de 2016 às 23:54 · Editado

Elisio Macamo estranhamente, as mesmas pessoas que acham que a constituição não é um documento escrito duma vez por todos (e isso é verdade) são as mesmas que depositam fé na sua suspensão para que se resolva um conflito. é difícil de entender essa lógica. quer dizer, a constituição não vale nada. mas não entendem este ponto.
Gosto · Responder · 21 de janeiro de 2016 às 23:38

Alcídes André de Amaral Sim. Talvez, para entendermos e tentarmos mudar, seria sabermos se `e esta descrenca na constiuicao que leva muitos de nos ao messianismo ou `e pelo facto de necessitarmos sempre de um Messias que nos leva a descrenca na constituicao. Se for o primeiro, entao nao sabemos da validade da Constituicao porem, se for o primeiro, entao apoiamos coisas que nao sabemos o que `e e o pior, nao a defendemos. Acho que tudo que estamos a passar gira tambem por ai... Queremos algo que nao sabemos bem o que `e (se um partido viola a constituicao, entao que todos nos a violemos) e que, ao mesmo tem, e por outro lado, recusamo-la. Somos um confusao total!


Hermes Sueia E tudo ficaria mais fácil se todos respeitássemos os preceitos constitucionais........todos sem excepção. Candeia que vai à frente ilumina duas vezes..........e seria mais bonito se não precisássemos de inquéritos ou estudos qualitativos ou quantitativos para medir a melhoria do nosso bem estar..........já é positivo que individualmente cada um de nós (passe a redundância) consiga no seu quotidiano ter orgulho em olhar-se ao espelho a cada nascer do sol e sentir que deu um contributo: em prol da construção e não da destruição da coisa pública; em prol do fortificar do sentido de Estado;em prol de uma convivência sã com o diferente; em prol do respeito pela cidadania plena......haja respeito pelos outros......haja respeito........haja respeito.............
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 1:04

Elisio Macamo percebo o que motiva o comentário e aprecio isso. mas não acho que esta atitude seja verdadeiramente útil. que todos devíamos respeitar os preceitos constitucionais é mais do que claro. mas isso não acontece. o que fazer? apelar para que isso aconteça? ou começar por nós mesmos, pela nossa postura? eu prefiro a última opção. quem critica aquele que viola a constituição usando meios que põem essa constituição em causa não defende os meus interesses. eu tenho que me distanciar claramente dele. e neste caso quem fez isso foi a renamo. devíamos ter sido mais coerentes na rejeição disto, uma coerência sem "mas" para podermos, com autoridade moral, criticar o que o governo faz mal. este para mim é o ponto essencial.
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 16:01

Hermes Sueia Caro Professor, eu não queria correr o risco de fazer juízo de valores.........concordo que todos nós somos chamados a ter uma cultura e sentido de estado, aliás penso que a grande maioria dos moçambicanos anónimos tem alinhado por esse diapasão. O que eu queria realçar é que se todos nós temos a nossa obrigatoriedade de valorizar o nosso estatuto de cidadãos, maior responsabilidade caberá sem dúvidas aos cidadãos por nós eleitos para satisfazer as nossas expectativas de modo a fazer valer o sentido do nosso sagrado voto e apostas (poder e oposição). O chocante é constatar que estamos perante uma gangesterização da manifestação/actividade politica aqui na nossa pérola do índico.....
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 16:37

Elisio Macamo entendo, mas é justamente nesse ponto onde não sei se concordo. eu quero tirar o governo disto e concentrar-me em todos nós que não somos governos (portanto, incluindo os partidos da oposição). qual é a nossa postura quando vemos aqueles que deviam respeitar a constituição desrespeitá-la? essa é a questão? aceitamos que a nossa preocupação seja apresentada por bandidos ou distanciamo-nos deles para podermos manter a integridade moral de criticar o governo? faltou da parte de muitos de nós um maior compromisso com a constituição. e esse compromisso poderia ter sido manifestado através da recusa de sermos representados nas nossas preocupações por quem atenta contra aquilo que torna a nossa crítica legítima, nomeadamente a constituição.
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 16:49

Hermes Sueia Aqui estou plenamente de acordo. Muitos de nós nos acobardamos, não temos coragem de esbracejar o suficiente para travar o que está mal, sobretudo na conduta, postura e actos dos que nos governam (desculpe a minha insistência no governo), bem como na conduta dos políticos cuja arma principal é a AKM 47, sem dúvidas os maiores responsáveis da nossa desgraça colectiva........mas convenhamos, Professor Macamo, que uma governação mais transparente, mais meritocrática e mais comprometida com uma gestão mais estratégica e eficiente dos recursos públicos, mitigaria a maior parte das nossas convulsões sociais e abriria espaço para uma outra forma de exercitar a cidadania. Este neopatrimonialismo na gestão estatal em nada nos ajuda.......
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 16:59

Hermes Sueia E o grande erro da nossa oposição é reclamar uma ilegalidade com recurso a uma ilegalidade maior..........
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 17:03

Elisio Macamo eu percebo a insistência no governo. considero-a até justa. o único que estou a dizer, porém, é que para a nossa crítica ser mais forte precisamos de a fazer a partir dum ponto moralmente impecável, por assim dizer. eu pessoalmente nunca me coibi de criticar aquilo que considero errado, mas para ser coerente comigo próprio distancio-me daqueles que me querem privar do que dá força à minha crítica. em tudo o resto estamos de acordo. quando aparece um indivíduo a usar armas contra o estado, a insultar os órgãos de soberania, a dizer publicamente que vai mandar prender, amarrar e bater funcionários do estado, etc. e você proclama esse indivíduo "figura do ano" só porque você tem contas a ajustar com quem está a governar você priva-se de toda a autoridade moral para criticar...
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 17:12

Hermes Sueia Sem dúvidas, professor Macamo. Concordo em absoluto. Todo o exercício reivindicativo deve ser feito com autoridade moral.


Valdano Tchaka O assunto não pode centra se inerentemente no formalismo jurídico- constitucional sob pena de ficarmos cativos de legalismo...e perdermos o foco da emancipação do individuo que e primordial...parto do pressuposto que temos que nos libertar do messianismo que nos sufoca,salvo melhor entendimento.
Gosto · Responder · 22 de janeiro de 2016 às 1:15

Aristides Cavele Elisio Macamo, concordo plenamente com a abordagem. O que me preocupa, sinceramente, e´ o papel que a imprensa joga neste processo. Me parece que, em alguns casos, falta acutilancia e responsabilidade. Gostava de ouvir algo de si sobre este aspecto.
Gosto · Responder · 22 de janeiro de 2016 às 8:37 · Editado

Elisio Macamo a imprensa tem sido muito irresponsável. para mim um dos maiores responsáveis do que hoje vivemos é o jornal savana com a sua proclamação do líder da renamo como figura do ano. esse foi o pior serviço que eles teriam prestado à causa da paz. e isto não tem a ver com a questão de saber se ele merece ou não. tem a ver com o facto de que ao fazer isso legitimou-se uma postura que nunca iria criar bases para a gente se re-encontrar num espaço normativo melhor.

Juma Aiuba Bem dito, prof. Elisio Macamo. Concordo, de facto, que o primeiro passo para uma melhor discussão deste assunto seja o maior compromisso com a Constituição. E digo mais: se o próprio governo, principalmente o PR, se compromete-se ainda mais com a Constituição já era meio caminho andado. E mais ainda: se o próprio governo, principalmente o PR, não esperassem pelo Messias já era muito bom. O problema é que o proprio governo ainda conta com o Messias. O governo viola sistematicamente a Constituição querendo agradar, com presentes, o falso Messias.
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 8:38

Alcídes André de Amaral Mas ai esta caro, Juma Aiuba, o governo de Mocambique nao veio de fora de Mocambique e se fez Governo de Mocambique! Nao.Governo somos nos, e nos somos o Governo... por isso acho que o comprometimento com a Constituicao, a unica salvacao que temos agora, deve ser da responsabilidade de cada um de nos, individualmente - assim seria impossivel ter um Governo ou um maior partido de oposicao que se furta desta ferramenta que algum motivo nos escapa. Cada sociedade tem o Governo que merece - ai esta! Somos a solucao e o problema dos nossos problemas embora haja gente, que nao sao poucos, que vivem fugindo desta posicao...
Gosto · Responder · 3 · 22 de janeiro de 2016 às 9:23 · Editado

Elisio Macamo eu percebo, Juma Aiuba. curiosamente, se for correcta a hipótese que muitos levantam, segundo a qual estas mortes teriam motivação política então é bem possível que estejam a ser levados a cabo justamente nesse espírito de fazer "respeitar a constituição". seria caricato. sabe, recentemente, quando estive em maputo conversei com diplomatas ocidentais séniores a quem eu manifestei o meu desagrado em relação aos comunicados emitidos pela união europeia. eles explicaram-me que o fizeram porque acham que há gente que deve estar a querer prejudicar o trabalho de nyusi. disseram-me também que não gostariam de modo nenhum de ver a renamo no governo, mas como o governo é a única entidade com a qual podem falar tinham mesmo que emitir esses comunicados. eu perguntei a eles se nunca lhes ocorreu que com esses comunicados estivessem a enfraquecer nyusi ainda mais. não souberam responder. e até certo ponto, o que vemos hoje pode ser o resultado desse tipo de imprudências. deram alento a gente que não tem nenhum compromisso com o bem público, enfraqueceram quem podia ser a solução e hoje admiram-se que as coisas estejam assim. a renamo hoje está a lidar com aqueles que discutem ao seu nível por culpa própria e encorajada por uma postura cívica de duvidosa qualidade.


Juma Aiuba Alcídes André, como sera viabilizada essa teoria? Ex: um grupo de cidadãos decide parar em Muxungue para disparar e pilhar bens publicos e privados, matando os outros concidadãos. E aí você pensando que a justiça será feita aparece o governo a dizer que aqueles cidadãos que pilharam e mataram foram perdoados. Um individuo decide ir a tv fazer declarações que atentam contra a segurança do Estado e vai preso e aí vem o governo para tirar o tipo da cadeia sem mais nem menos. Um cidadão decide ir para parte incerta em tempo de recensramento eleitoral, chega o fim do recenseamento eleitoral e o governo envia uma equipa especial a parte incerta para recensea-lo.

O que voce acha que pode acontecer? Se o proprio governo que devia fazer as coisas contitucionalmente não as faz, que será de mim. Se o governo tem medo de cumprir com a lei, imagina eu!?!
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 9:41

Alcídes André de Amaral Sim, tens toda razao. Mas eu penso que tudo isso `e o resultado da nossa propria maneira de pensar e agir... No caso concrecto que apresenta nao acredito que o governo teria feito o mesmo se nos pensassemos diferente... imaginemos que o Governo decida, por exemplo, prender o lider da RENAMO por optar por violar a constituicao da republica pelo facto de insistir no armamento e usa-lo a margem do Estado. Qual seria a reacao de muitos de nos? De certeza que corriamos para crucificar o Governo por tal. Eu penso que isto `e o resultado das nossas acoes que ao meu ver parecem estar desorientadas, sem uma bussula fazendo com que pareca que a unica coisa que nos resta seja simplesmente apoiar segundo a nossa simpatia politica: uns mantendo o fogo aceso na parte da RENAMO e outros na parte contraria... nesta situacao os principios constitucionais desaparecem e dao lugar, claramente, cruzamento de balas sobre as nossas cabecas e diante dos nossos olhos. Eu penso que se temos um Governo assim, um maior partido de oposicao assim ou, geralmente falando, um ambiente politico assim entao criou-se condicoes para que as coisas estejam assim. E estas condicoes nao podem ser criadas pelo Governo ou pela RENAMO mas, sim por cada um de nos. So que `e ai onde reside o problema. Por ignorancia, medo ou sei la mais o que muitos de nos nao tem a coragem de afirmar o seguinte: "Eu sou o responsavel de tudo isso". Com isso nao quer dizer que o Governo nao tenha responsabilidades, claro que tem afinal fomos nos que o elegemos. So que esta responsabilidade, para muitos de nos, nao vem da constituicao mas das nossas simpantias e supersticoes politicas!
Gosto · Responder · 2 · 22 de janeiro de 2016 às 10:35 · Editado

Elisio Macamo sim, o problema é este. uma vez escrevi um post aqui a falar duma república sem republicanos. referia-me a isto. usamos palavras que falam por nós, tipo democracia, mas não a praticamos de forma consequente no nosso falar público. estas incongruências são nossas, não são do governo. digo numa entrevista que algumas das reivindicações da renamo são legítimas e com isso quero dizer que não é pelo facto de ser a renamo a fazê-las que deixam de ser importantes. mesmo sem a renamo precisamos de torcer o nariz perante a confusão entre partido e estado, irregularidades eleitorais, etc. como reage a pérola do índico? encomenda artigos publicados no savana a pôr em causa as minhas credenciais acadêmicas. é um país doente este.
Gosto · Responder · 22 de janeiro de 2016 às 16:37

Alcídes André de Amaral Pois! Quanto a doenca do nosso pais resta saber se conhecemos a doenca que temos, a sua causa e certificarmos se de facto temos medicos! Na situacao que nos encontramos me parece nao conhecermos quem pode ser o medico e que sao os pacientes... O que esperar desta doenca? Simplesmente epidemia!

Mauro Pacule Magnifica observacao!
Gosto · Responder · 22 de janeiro de 2016 às 10:28

Juma Aiuba Alcídes, eu acho que é comum que os cidadãos se guiem segundo as suas crenças: partidárias ou religiosas. Mas até agora não consigo entender porquê o nosso governo se guia assim. Não quero acreditar que eu esteja a viver num país onde eu e o governo guiamo-nos a margem da lei.

Sinceramente, nunca vi. Ainda não entendi em nome de quê o governo age dessa maneira. Será por remorso? Será por autosensura? Por reconhecer que é ilegitimo? Por reconhecer que saiu de um processo fraudolento?

É que eu sei que este governo quando quer cumprir com a lei cumpre mesmo.
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 12:55

Elisio Macamo pode ser que o governo também não faça ideia de como resolver o assunto. este governo já deu provas disso. o anterior ainda tinha um plano. este não. faz parte do problema.
Gosto · Responder · 22 de janeiro de 2016 às 16:38

Alcídes André de Amaral O problema nao esta em ter crencas... nao sei se `e que isso `e possivel! O problema `e de, por alguma razao, nao termos a conciencia de que cada um tenha as suas crencas e simpatias, e muitas vezes ate conflituantes, e, o que `e pior, nao nos darmos conta que a unica salavaco que possamos ter para nao cair no pior `e extamente o que nos furtamos dela - a constituicao. Ai as coisas complicam-se porque abandonamos a unica ferramenta que possa nos gerir nestas nossas diferencas e simpatias politicos e, infelizmente por isso, religiosas que agora aparecem como perigosas e simplesmente ficamos assustados. A saude ou a debilidade de um estado que se diz e se quer moderno `e tanto mais forte quanto a orientacao dos seus membros em relacao a Constituicao estabelecida "de uma vez por todos". E quando digo membros de um estado refiro-me tanto aos cidadaos que fazem parte do Governo ou de um maior partido de oposicao quanto o cidadao campones de la das terras de Murrumbala.
Gosto · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2016 às 13:47 · Editado

Télio Chamuço O Messias encontra-se repartido e seus pedaços estão dentro de várias cabeças. Na cabeças das faces visíveis do Governo e da Renamo; nas cabeças de cada membro da colectividade; nas cabeças da sociedade civil. Cada um desses intervenientes deve contribuir com o seu pedaço messiânico. Todos têm deveres – uns de natureza intrinsecamente política e outros de natureza cívica. Bastaria que cada um cumprisse o seu papel (assumindo e cumprindo os deveres), que o Messias (completo - junção de todos os pedacinhos) surgiria triunfalmente. O problema é que há dentro de todos aqueles grupos (Renamo, Governo, sociedade civil e povo) quem não está interessado no surgimento do Messias. Há quem se está nas tintas para a salvação [NACIONAL]. O que lhes interessa, é a salvação dos seus interesses individuais/particulares, empresariais e partidários, em detrimento dos colectivos, públicos e nacionais.
Gosto · Responder · 2 · 24 de janeiro de 2016 às 18:19 · Editado

Elisio Macamo pois.


Djoko Chemane Fantástico!
Gosto · Responder · 26 de janeiro de 2016 às 20:35

1 comentário:

Pedro disse...

Nesta classificação do desempenho de Nyusi onde deixam a horrível criação de Esquadrões de morte feita pela frelimo que está a dizimar pessoas indesejadas mas que não são criminosas. esta é a pior coisa que a Frelimo fez e mostra até que profundidade a Frelimo está atrapalhada.Por causa da criação de esquadrões de morte a frelimo está sendo repudiada em todos os cantos da humanidade. a pesar de ter dizimado por esta via muitos opositores, a Frelimo não ganhou nada, pelo contrário perdeu muito por esta prática.É por esta razão que a Frelimo tem medo de ceder á Democracia,mas não têm alternativa, tem que ceder mesmo.Samora Machel dizia o puder não se oferece, Arranca-se.Testemunhando forma rudimentar de governacao. nõs anceiamos um estado em que o povo é soberano e vive organizado de modo a participar na tomada de desisoes e na escolha dos seus dirigentes a todos os níveis. Para isso todos os governadores das províncias devem ser eleitos,e distritos transformados em Autarquias.