sábado, 27 de abril de 2019

Polícia investiga jornalista espanhol por tentativa de extorsão a Julian Assange


Fundador do WikiLeaks diz que um grupo ligado a uma agência de comunicação exigiu 3 milhões de euros para não divulgar vídeos captados na embaixada do Equador em Londres, onde viveu durante 7 anos.
Um ativista em Dhaka, Bangladesh, pede a libertação de Julian Assange, preso no Reino Unido a 11 de abril
MUNIR UZ ZAMAN/AFP/Getty Images
A queixa partiu dos advogados de Julian Assange, que apresentaram as suspeitas de tentativa de extorsão ao Tribunal Nacional espanhol. Na denúncia, acusam um jornalista, José Martín Santos, três cientistas de computação espanhóis, a Embaixada do Equador em Londres e funcionários da empresa de segurança equatoriana Promsecurity. O El País indica que os acusados espanhóis, ligados à agência de comunicação Agencia 6, terão pedido três milhões de euros a Julian Assange para não divulgarem vídeos, imagens e excertos de áudio registados durante a estada do fundador do WikiLeaks na embaixada equatoriana, enquanto recebia asilo político do Equador.
A polícia espanhola está a investigar o grupo por associação criminosa, extorsão em território espanhol, crime contra a privacidade, honra e contra o segredo das comunicações entre advogado e cliente. Alegadamente, a Promsecurity, com a colaboração da Embaixada do Equador em Londres, terá espiado ativamente Julian Assange desde 2017 — quando Lenin Moreno se tornou presidente do Equador. A informação obtida terá depois sido enviada para José Martín Santos, ex-diretor de notícias da televisão municipal de Altea, que já cumpriu três anos de prisão por fraude.
O jornalista terá revelado à WikiLeaks, no final de março, que possuía transcrições das conversas de Julian Assange com o advogado pessoal, Baltasar Garzón, e ainda registos de visitas, consultas médicas e encomendas postais. A 2 de abril, a editora-chefe do WikiLeaks, Kristin Hrafnsson, já teria reunido com Martín Santos para conhecer os termos do jornalista.
No próprio dia, Hrafnsson terá apresentado queixa à polícia espanhola, tendo vários vídeos de Julian Assange sido divulgados durante a semana que se seguiu, num canal do Youtube. Os autores do canal garantem ser jornalistas de investigação dedicados a expor Assange. Na acusação, os advogados do ciberartivista afirmam que o canal foi a forma de os criminosos fugirem ao problema, depois de perceberem que falhara a tentativa extorsão.
O fundador do Wikileaks, Julian Assange, foi detido pela polícia londrina, após quase sete anos asilado na embaixada do Equador em Londres. Permanecerá detido pelo menos até 2 de maio, enquanto aguarda uma decisão judicial sobre os pedidos de extradição interpostos pela Suécia e pelos Estados Unidos da América, onde é acusado, respetivamente, de violação e de conspiração para cometer fraude informática.

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