Antigo presidente concedeu primeiras entrevistas desde que foi preso há pouco mais de um ano. "Preso até ao fim da vida? Não te problema, durmo de consciência tranquila todo o dia, o Moro não dorme"
Lula da Silva, preso em Curitiba desde abril de 2018, disse na primeira entrevista após a detenção que "o povo brasileiro não merece ser governado por esse bando de malucos", referindo-se ao governo de Jair Bolsonaro.
"Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país estar governado por esse bando de maluco que governa o país. O país não merece isso e sobretudo o povo não merece isso", disse o presidente brasileiro de 2003 a 2010, em entrevista conjunta aos jornais Folha de S. Paulo e à edição brasileira do El País.
E comparou o tratamento que a imprensa lhe dá com o que reserva ao atual presidente da República. "Imagine se os milicianos do Bolsonaro fossem amigos da minha família?", questionou, referindo-se ao fato de o filho do presidente, Flávio Bolsonaro, ter empregado familiares de um miliciano foragido da polícia no seu gabinete quando era deputado estadual pelo Rio de Janeiro, entre outras sligações vindas a público.
Sobre a possibilidade de vir a morrer na prisão, diz não se importar. "Não tem problema, eu tenho certeza de que durmo todo dia com a minha consciência tranquila. E tenho certeza de que o [procurador Deltan] Dallagnol não dorme, que o [ministro da Justiça e ex-juiz Sergio] Moro não dorme.
"Eu tenho tanta obsessão de desmascarar o Moro, o Dallagnol e a sua turma. Eu ficarei preso 100 anos, mas não trocarei a minha liberdade pela minha dignidade. Eu quero provar a farsa montada".
O ex-presidente chorou aos jornalistas dos dois veículos quando falou da morte do neto Artur, de 7 anos, vítima de uma bactéria, há um mês: "Eu às vezes penso que seria tão mais fácil se eu tivesse morrido. Eu já vivi 73 anos, poderia morrer e deixar o meu neto viver".
Disse que vai acompanhando as brigas no governo de Bolsonaro, nomeadamente do presidnete com o vice-presidente, Hamilton Mourão. Mas afirmou que era "grato" ao general "pelo que ele fez" na morte do seu neto [defendeu que ele fosse ao velório]. "Ao contrário do filho do Bolsonaro [Eduardo]", que afirmara no Twitter que Lula queria se vitimar com a morte da criança.
Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do Tríplex de Guarujá por oito anos e 10 meses, uma pena reduzida esta semana pela terceira instância que lhe permitirá, à partida, tramsitar para regome de prisão domiciliar em setembro.
O antigo metalúrgico e sindicalista já foi condenado também no caso do Sítio de Atibaia (SP) - a 12 anos e 11 meses pela juíza Gabriela Hardt, na primeira instância em Curitiba, pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. O caso, porém, ainda passará pela instâncias sumperiores.
As entrevistas de ontem surgiram depois de uma batalha judicial: as conversas chegaram a ser censuradas pelo Supremo Tribunal Federal, decisão revista na semana passada pelo presidente da corte, Dias Toffoli. Lula ecebeu os dois veículos numa sala preparada pela Polícia Federal na sede do órgão em Curitiba, onde está preso.
Os jornalistas e repórteres de imagem presentes ficaram a uma distância de quatro metros sem autorização para se aproximar.
Os jornalistas e repórteres de imagem presentes ficaram a uma distância de quatro metros sem autorização para se aproximar.
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