sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

"Se as eleições gerais fossem por estas alturas, a Frelimo e o seu seu candidato presidencial, corriam o sério risco de ficar pelas ‘covas’. "

Sátira à sexta-feira
Por Salvador Raimundo
Se as eleições gerais fossem por estas alturas, a Frelimo e o seu seu candidato presidencial, corriam o sério risco de ficar pelas ‘covas’. 
Isto a avaliar pelo acumular de escândalos envolvendo os militantes de nomeada, designadamente em questões de corrupção.
A detenção de Manuel Chang, pela Polícia Internacional (Interpol), na África do Sul, cumprindo mandado internacional emitido pelas autoridades norte-americanas, acaba sendo o entornar do caldo. 
Chang está envolvido numa vã tentativa de evitar a sua extradição para os Estados Unidos da América, pretendido na barra da justiça, do outro lado do Atlântico. 
Trata-se de um enorme revês na estratégia da Frelimo, partido do qual é militante e deputado da Assembleia da República. 
Em ano eleitoral, a notícia caiu como uma bomba, prevendo-se que a Frelimo perca pontos num processo eleitoral previsto para 15 de outubro, até pelos acontecimentos registados nas autarquias de outrubro passado e que continuam na mente de muitos moçambicanos, pela batota engendrada da qual o partido-maior acabou tirando dividendos. 
Mas não basta a fragilidade da Frelimo para perder o escurtíneo de outubro. É preciso que a oposição demonstre competência suficiente para se assumir como alternativa válida à Frelimo e ao seu candidato presidencial. 
Havendo défice nesse sentido. Ora, em boa verdade, nem a Renamo nem o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) não estão suficienmente preparados para ocupar o lugar dos frelimistas, designadamente na Ponta Vermelha, se calhar sim na Assembleia da República. É preciso que haja sentido de Estado para quem concorra ao cargo de presidente da República e na oposição moçambicana se regista um enorme défice nesse sentido.

Numa situação em que a imagem da Frelimo é questionável e a oposição sem alternativa para a Ponta Vermelha, teríamos de esperar que ‘alguém’ da sociedade civil apareça a ombrear com Filipe Nyusi – acredita-se que o homem concorra para a sua própria sucessão. 
Mas, lá está, Filipe Nyusi tem sido silenciosamente falado na sequência da detenção do ex-colega nos governos-Guebuza, infelizmente não pelas melhores razões. 
Afonso Dhlakama já não está connosco, pois esta seria, talvez, a rara oportunidade de ganhar vantagem, muito por culpa do seu populismo bem aceite pelo eleitoral centro-norte, e nos últimos tempos antes de sua morte, também pelo da frente sul. Há que encontrar alternativa, e essa não está entre a Renamo e o MDM. Nem o Daviz Simango é válido, diga-se. 
Perante este quadro, só restam duas saídas. 
O surgimento de uma figura frelimista que bata com a porta e decida concorrer como independente, um bocadinho à moda de Samito Júnior. 
A segunda hipótese, o aparecimento de uma figura a ser proposta pela sociedade civil e que tenha aceitação no seio do eleitorado, com forte poder de comunicação, essencial para que a sua mensagem passe e chegue, bem, aos ouvidos do eleitorado de todo o território nacional e além-fronteiras. 
EXPRESSO – 04.01.2019

Sem comentários: