0DSXWR GH-DQHLURGH $12;;91o
3UHoR 0W0RoDPELTXH
SAVANA publica acusação na íntegra
JOKER - 181.000,00MT
PREVIS ES
1º PRÉMIO - 2.000.000,00MT
PRÓXIMA, 2ª EXTRACÇÃO DA LOTARIA 10/01/2019
TOTOBOLA - 671.000,00 MT
TOTOLOTO - 231.000,00 MT
1º PRÉMIO DA 52º EXTRACÇÃO , LOTARIA SUPER TALUDA DE NATAL - 4.000.000,00 MT FOI SORTEADO O Nº 07393
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Americanos desmontam megafraude da segurança costeira
Págs. 6 e 8
Savana 11-01-2019 2
TEMA DA SEMANA
O
antigo vice-presidente da
Assembleia da República,
legislatura saída das primeiras eleições multipartidárias em 1994, e director da extinta Unidade Técnica de Reforma
Legal, o jurista Abdul Carimo Issá,
concedeu uma longa entrevista ao
SAVANA na qual analisa os 40
anos da história da justiça em Moçambique. Porém, os recentes desenvolvimentos à volta das “dívidas
ocultas”, contratadas ao arrepio das
normas pela administração Guebuza, acabaram também por merecer
um pronunciamento de destaque
por parte do jurista.
Na entrevista, Abdul Carimo analisou a prisão do antigo ministro das
Finanças, Manuel Chang, na África
do Sul, à pedido da justiça americana
e o posicionamento da Procuradoria
Geral da República (PGR), sobre o
assunto. Fez notar que esperava que
a PGR viesse ao público informar
que na sua qualidade de advogado
de Estado ordenou a suspensão imediata da negociação da restruturação
do pagamento das dívidas, iniciou
com o processo de responsabilização
dos bancos envolvidos na fraude e,
por fim, informar quando é que irá
dar início a um pedido de inconstitucionalidade da legalização das
dívidas.
“Ademais, porquê só agora que a
sociedade é informada que, afinal,
existem 18 arguidos?”, questionou.
Abdul Carimo diz que a justiça moçambicana está descredibilizada. Por
isso, muitos acham que só se fará
justiça nesta mega fraude e corrupção se forem os tribunais americanos a julgar.
O seu percurso profissional confunde-se com a história da justiça moçambicana após a independência.
Como é que analisa o sector?
Em termos abstractos olho para o
sector da administração da justiça
como a pedra basilar e o sustentáculo do sistema democrático.
A justiça é um bem público que deve
estar ao serviço do desenvolvimento económico, social e do aprofundamento da democracia e que tem
como utentes não só as empresas,
as instituições e as corporações mas,
fundamentalmente, os cidadãos.
Não se pode falar dos 40 anos da
justiça sem ter em conta dois períodos da história do país. O primeiro
de 1975-1990 e o outro de 1990 a
esta parte. Como é que resume cada
um destes períodos?
Diria que tivemos a primeira República no período que vai de
1975/1990, mas em termos judiciários diríamos que esse período vai de
1977/78 a 1990 e pós 1990, e isso
porque, em termos de justiça popular esse movimento iniciou-se em
1977 com discussão da primeira Lei
de Organização Judiciária que veio
a ser aprovada em 1978 e foi, sem
dúvida, um marco não só revolucionário mas histórico e digno de reconhecimento e de estudo de vários
países ocidentais.
Contrariamente aos processos de
descolonização em geral, no caso de
Moçambique, operou-se uma
solução de descontinuidade,
uma ruptura e a efectiva
fundação de um novo
Estado que nada
tinha com o Estado colonial. O
escangalhamento
do Aparelho de
Estado colonial,
onde se insere a
ruptura do modelo de justiça colonial e instituição
da justiça popular é
corolário dessa decisão estratégica de
então.
Para isso, o governo determinou, em Dezembro de 1977, a interrupção da licenciatura
do grosso dos
bacharéis em Direito, acabados de
graduar, que foram enquadrados no
Ministério da Justiça e organizados
em brigadas de implementação da
Lei da Organização Judiciária.
Embora o inquestionável alcance
desta medida seja comparada com a
que foi tomada em Março de 1978,
não se tem revelado com igual justiça
os sacrifícios consentidos e a contribuição fundamental desta primeira
geração de juristas pós-independência. Os poucos que éramos tentámos,
tanto quanto nos foi possível.
No entanto, é preciso destacar dois
importantes acontecimentos ocorridos ainda antes da Constituição de
1990: a entrada em vigor do Tribunal Supremo e a nomeação dos Juízes Conselheiros, em Dezembro de
1988, e a elevação da Procuradoria
geral da República (PGR) em Órgão Central do Estado, passando a
gozar de autonomia em relação aos
demais órgãos do Estado, em Setembro de 1989.
Desde então foi-se assistindo a um
movimento cada vez maior de independência dos juízes e autonomia do
Ministério Público como não poderia deixar de ser.
... há sinais que indicam que nos primeiros 15 anos após a independência, a justiça foi usada, pelo poder
político, como um instrumento de
negação dos hábitos culturais e os
direitos fundamentais básicos.
Discordo em absoluto desse exagero.
A questão cultural, os hábitos, costumes e tradições do povo foram sempre guia de actuação dos Tribunais
Populares, em especial dos tribunais
de base (localidade, aldeia comunal,
bairro) desde que esses usos e costumes não contrariassem a Constituição da República.
Foi para trazer o sentimento popular
para a justiça formal que existiram
juízes eleitos com os mesmos poderes de decisão dos juízes profissionais em matéria de facto e matéria
de direito.
Quanto aos direitos fundamentais básicos, também depende da
perspectiva e conjuntura com que
se analisa o problema. Vivíamos o
contexto da defesa dos interesses
colectivos sobre os interesses individuais. A aliança ideológica operária
camponesa.
Vezes sem conta nas reuniões nacionais onde se discutia, em conjunto
e de forma global, os assuntos da
justiça (e não em compartimentos
estanques como se faz hoje), juízes,
procuradores, polícia de investigação
criminal, serviço prisional, se questionava a aplicação de certas normas por irem contra o sentimento
e incompreensão popular, apesar de
estar prescrito na lei. Eram os casos
da liberdade provisória mediante
caução ou mediante termo de identidade e residência. Éramos quase
que “forçados” a não as aplicarmos.
Tudo em favor do respeito e sentimento popular. Mas, constituía uma
afronta ao direito à liberdade e ao
respeito do princípio da presunção
de inocência.
Havia ou não influência política nas
vossas decisões?
A influência política sempre existiu
como existe hoje, mas com a diferença de muita coragem daqueles
companheiros da justiça de então
que tiveram a ousadia de confrontar
o poder político mediante ordens
ilegais e flagrante violação da lei e da
independência do juiz. Aconteceu
comigo e com outros colegas. Na
maioria dos casos tivemos que transferir o magistrado para outra província. No meu caso foi o governador
que foi transferido. A independência
de que os juízes gozam hoje foi arrancada a ferro e fogo nos primórdios da justiça moçambicana.
Não caiu de mão beijada.
A criação dos tribunais populares e revolucionários foi
vista por certas esferas como
meios de legitimação das
atrocidades do sistema político
vigente na altura. Comunga a
mesma ideia?
Posso falar com autoridade dos
tribunais populares. Sou fundador da justiça popular. Considero os tribunais populares
marca indelével de Moçambique
e discordo em absoluto
se inclui na sua
q u e s t ã o
q u e
eles eram também “meios de legitimação das atrocidades do sistema político vigente na altura”. Foi
através do exercício de participação
popular nos órgãos de justiça, de
prestação de contas da actividade
de justiça às assembleias do povo, da
ligação directa e supervisão dos tribunais hierarquicamente inferiores,
que a justiça se fez conhecer. Instituições como o Partido Frelimo começaram a ter consciência do papel
dos tribunais, da independência dos
juízes e de que os tribunais não eram
o substituto ou o sucedâneo dos
Grupos Dinamizadores (GDs), e
que a obediência do juiz era à Constituição e à Lei. Estes foram, para
mim, momentos de luta que valeram
a pena serem feitas.
Mas no tempo do Partido-Estado,
as orientações políticas e ideológicas
estavam acima da Lei.
Concordo sobretudo quando essas
orientações eram de que os tribunais deviam servir a revolução, o
povo. Que os Juízes não deviam ficar
confinados aos gabinetes. Que era
preciso educar, esclarecer. Que era
preciso julgar os processos com celeridade. Que a justiça não podia ser
denegada por insuficiência de recursos de quem dela necessitava. Que a
justiça devia estar próxima dos cidadãos. Todos os documentos do Partido eram estudados ao pormenor
em sessões de estudo, sobretudo as
deliberações do Bureau Político da
Frelimo e, em especial, as Directivas
Políticas Económicas e Sociais do
Partido Frelimo.
Havia ou não interferência ou obrigação de decidir à margem da Lei?
É claro que sim! Talvez de forma
mais ostensiva e visível comparativamente aos dias de hoje. O Partido
Frelimo dirigia o Estado e a Sociedade, mas generalizar que as orientações políticas e ideológicas do
Partido Estado estiveram acima da
lei, nas decisões dos tribunais, como
regra, é, no mínimo leviano.
Nós éramos muito poucos e conhecíamos a história de cada um de nós,
das lutas, dos constrangimentos, das
influências, porque discutíamos esses problemas em conjunto. Muitas
destas questões estão escritas em
relatórios. Eu tenho todos os meus
relatórios, até a carta que escrevi a
Samora. (Samora tinha desencadeado a ofensiva política e organizacional e o combate à especulação e
açambarcamento. Nessa ofensiva um
seu primo foi detido, julgado e condenado à prisão por açambarcamento de pão, no Chókwè. Samora, nas
suas idas habituais a Chilembene,
mandou telefonar ao juiz para autorizar que o seu primo o fosse visitar
a Chilembene.
O juiz do Chókwè contactou-me e
eu “instruí” o juiz a emitir um mandado de soltura e condução aos aposentos do Presidente. Dia seguinte,
o juiz telefona-me a dizer que o
Josefate Machel, irmão de Samora,
o havia informado que o Presidente dera instruções para o seu primo
não recolher à cadeia. Pedi ao juiz
para me informar por escrito. Com
base nessa informação escrita oficiei
a Presidência da República pedindo
confirmação da ordem presidencial,
para efeitos de registo no processo e
emissão dos competentes mandados
de soltura. Samora mandou responder que não dera qualquer ordem e
que o seu primo deveria recolher à
cadeia para cumprir a pena.
Depois da independência o poder
tradicional deixou de auxiliar a justiça na resolução de conflitos e foi
substituído pelos GDs. Tempos depois o modelo anterior foi retomado
com a criação dos Tribunais Comunitários. Como é que encarou essas
transformações?
O Tribunal Comunitário não substituiu a autoridade do régulo no pós
independência, mas sim os GDs. A
justiça popular, essa sim, é que substituiu os GDs no exercício da resolução de litígios de diversa natureza.
Não foi fácil esse processo de retirada de competências do GD para os
tribunais fazendo aqueles cingirem a
sua actividade para as questões político administrativas. O vazio verificado com o abandono do país de
gente ligada à administração da justiça até nos julgados de paz, a desconfiança nas instituições coloniais e
a afirmação do novo poder político
administrativo fizeram migrar naturalmente as pessoas para os GDs
para a queixa e resolução de todo
tipo de problemas. Os GDs tinham
ganho notoriedade e autoridade.
Como é que conviveu com os Tribunais Militares Revolucionários?
Não tenho a mínima autoridade e conhecimento para falar dos Tribunais Militares Revolucionários, até porque o
que sabíamos deles, para além
das suas competências e dos
Abdul Carimo analisa o percurso da justiça moçambicana
“O nosso judiciário está esgotado”
Por Raul Senda
“Na qualidade de advogado de Estado, a PGR devia ordenar a suspensão imediata da negociação da restruturação do pagamento das dívidas”, Abdul Carimo
Moçambique, operou-se uma
solução de descontinuidade,
uma ruptura e a efectiva
fundação de um novo
Estado que nada
tinha com o Estado colonial. O
escangalhamento
do Aparelho de
Estado colonial,
onde se insere a
ruptura do modelo de justiça colonial e instituição
da justiça popular é
corolário dessa decisão estratégica de
então.
Para isso, o governo determinou, em Dezembro de 1977, a interrupção da licenciatura
do grosso dos
b a -
independência do juiz. Aconteceu
comigo e com outros colegas. Na
maioria dos casos tivemos que transferir o magistrado para outra província. No meu caso foi o governador
que foi transferido. A independência
de que os juízes gozam hoje foi arrancada a ferro e fogo nos primórdios da justiça moçambicana.
Não caiu de mão beijada.
A criação dos tribunais populares e revolucionários foi
vista por certas esferas como
meios de legitimação das
atrocidades do sistema político
vigente na altura. Comunga a
mesma ideia?
Posso falar com autoridade dos
tribunais populares. Sou fundador da justiça popular. Considero os tribunais populares
marca indelével de Moçambique
e discordo em absoluto
se inclui na sua
q uest ã o
q u e
Savana 11-01-2019 3
TEMA DA SEMANA
juízes e procuradores que os integravam, alguns sem formação jurídica,
eram as sentenças que eram tornadas públicas. Como, onde e quando
eram realizados os julgamentos, eu,
que na altura era o Juiz Presidente
do Tribunal Popular Provincial de
Gaza, pouco ou nada sabia. Questionávamos, sim, se os direitos e
garantias já consagrados na Constituição da República, na altura, eram
respeitados.
As mordomias devem
ser para todas classes
SURÀVVLRQDLV
Como é que olha para o sistema de
administração da justiça nos dias de
hoje?
Olho para o sistema de administração da justiça com certa apreensão. É
facto que a justiça conquistou o seu
espaço e se afirmou como um dos
poderes do Estado. Juízes e procuradores têm hoje asseguradas as garantias, do ponto de vista legal, para o
exercício independente e autónomo,
respectivamente, das suas funções.
E por essa razão esperava mais do
sector. A justiça foi durante muito
tempo tratada como o filho pobre na
repartição do bolo orçamental. Não
é mais. Mas esse acréscimo de investimento em pessoas e bens não se
reflectiu, proporcionalmente, numa
melhoria na celeridade processual e
na eficiência do sector.
O estado da justiça é bom ou mau?
Um bom sistema de justiça deve
garantir segurança jurídica e esta só
é alcançada se ela for acessível, previsível, eficiente, célere, oportuna e
credível, sobretudo em países como
o nosso onde os compromissos de
diversa ordem e as leis têm muitas
vezes um baixo índice de efectivação
e o Estado de Direito mostra ainda
muitas fragilidades. Essa acessibilidade é desde logo prejudicada
por três tipos de razões: capacidade
formal dos cidadãos conhecerem as
leis; um regime de apoio judiciário
restritivo e um regime de custas verdadeiramente proibitivo para a larga
maioria dos cidadãos.
Os tribunais desempenham papel
central no respeito pelos direitos
liberdades e garantias e nas economias de mercado ao garantir que o
império do Direito vigore. É a previsibilidade do Direito e das decisões
judiciais que servem de estímulo
para que os indivíduos realizem actividades económicas, realizem investimentos com segurança na medida
em que garante a protecção dos frutos do seu investimento e actividade.
Não basta que o poder judicial decida os conflitos com base na lei. É
imprescindível que as decisões, uma
vez tomadas, em tempo oportuno,
sejam estáveis, imutáveis e tenham
um relativo grau de previsibilidade.
A justiça tem o momento próprio
para se fazer, de contrário não haverá justiça. Não há justiça quando o
cidadão não consegue resolver o seu
problema em tempo oportuno assim
como não há justiça quando uma
empresa não consegue, em tempo
útil, cobrar um crédito do qual depende o seu equilíbrio financeiro e
social.
Como é que avalia os profissionais
da justiça nos dias de hoje?
Há gente muito bem formada e com
muita qualidade. Há profissionais
íntegros e dedicados. Mas há muita
gente que se enganou na profissão.
Nunca deveriam fazer parte do sistema.
Nos últimos anos, as condições
materiais e financeiras dos profissionais de administração da justiça
melhoraram. Contudo, reporta-se
com frequência casos de má conduta destes profissionais. O que está a
falhar?
Eu disse um dia a alguém que a
questão de más condutas e práticas
corruptas no sector da justiça não se
deve a questões salariais. Para quem é
corrupto e usa as debilidades do sistema para práticas ilícitas, a melhoria salarial só faz aumentar o custo
da “propina”. Todos os profissionais
da justiça devem ser licenciados em
Direito. Mas nem todo o licenciado em Direito pode ser magistrado.
Infelizmente a corrupção atingiu os
últimos baluartes que imaginávamos
inexpugnáveis a esse mal. Os tribunais, nesse sentido, deixaram de ser
um sector do Estado à parte. Nele
também se reflecte a corrupção que
se instalou em quase todos os domínios do serviço público.
Por falar de privilégios, qual é o seu
comentário sobre o pedido de melhoramento das regalias dos juízes
conselheiros do CC.
Eu não sou apologista de que os dirigentes e os titulares de órgãos de
soberania não sejam condignamente
remunerados, quer pela função que
desempenham quer para se manterem distantes de potenciais conflitos
de interesse.
Gostaria que nessa lista de tratar
condignamente a função estivessem os médicos, os enfermeiros, os
professores e os polícias. Mas todos
sabemos que seria demagogia pedir
isso na situação do País. Mas há
sempre um meio termo para tudo e
ao tratar de questões dessa natureza impõe-se o bom senso. A questão dos benefícios e remuneração
de titulares de cargos públicos tem
de ser olhada e aferida de forma
global. E deve ser transparente, ou
seja, os salários e benefícios devem
ser de domínio público como aliás já
aconteceu na primeira República. E
os dirigentes não têm que se sentir
devassados na sua privacidade. Antes pelo contrário.
Se as famílias moçambicanas estivessem a viver momentos de tranquilidade na sua economia doméstica,
esse assunto passava despercebido.
Não passou porque as pessoas que
vivem momentos de aperto justamente o consideraram como uma
afronta. Eu gostaria de participar
num debate aberto sobre como tratar essas questões sem demagogia e
populismo, por um lado, mas com
muito bom senso, com realismo e
com sustentabilidade, por outro.
Gilberto Correia, antigo bastonário
da Ordem dos Advogados, disse,
uma vez que, a justiça é forte para os
fracos e fraco para os fortes. Como é
que olha para a justiça, quando está
perante casos de grande corrupção
envolvendo figuras destacados do
Estado ou do partido Frelimo?
Apreensivo tanto no que respeita à
pequena como à grande corrupção.
E não há nada mais desmotivador no
combate contra a corrupção como a
impunidade. E, em se tratando de figuras sobre as quais recai o especial
dever de integridade e probidade,
mais eleva o descrédito das instituições que tem a especial obrigação no
seu combate, o Ministério Público
e os Tribunais. Qualquer discurso
de apelo vindo dos titulares destas
instituições para o apoio popular na
denúncia e combate à corrupção é
um discurso vazio e ridículo quando
a sua acção prática está desfasada e
em direcção diametralmente oposta
ao seu discurso.
Justiça discriminatória
A Constituição defende que o acesso à justiça é um direito fundamental. Porém, a realidade mostra um
cenário diferente. O acesso à justiça
não é para pobres. Algum comentário?
Tenho sérias dúvidas em afirmar que
o actual regime de apoio judiciário e
das custas judiciais cumprem o desiderato constitucional que confere
a todos os moçambicanos o acesso
à justiça e aos tribunais em condições de igualdade? O nosso regime
de custas judiciais, para além de inacessível, é profundamente injusto, a
começar pela desigualdade de tratamento entre os operadores de justiça, magistrados judiciais e oficiais de
justiça, entre si, e o Ministério Público. Parte das custas judiciais são
destinadas ao complemento salarial
dos juízes e oficiais de justiça. Um
juiz do cível, laboral, secção comercial ou do tribunal de polícia consegue uma comparticipação emolumentar que o juiz do crime ou de
tribunais de pouco movimento não
consegue. Logo, juízes da mesma
categoria, porque um está no cível e
outro está no crime, têm remunerações diferentes. E outros operadores
do sistema como o Ministério Público não têm essa mesma comparticipação emolumentar, ou se a tem,
é diferenciada. E ambos prosseguem
o mesmo fim: a realização da justiça.
Savana 11-01-2019 4
TEMA DA SEMANA
Esta situação cria perversão no sistema.
Eu sou manifestamente contra o facto deste ónus (co-financiamento do
sistema) recair sobre os cidadãos e
não no Estado para quem deveriam
ser dirigidas as custas. Se há que melhorar o regime salarial dos magistrados que se faça via orçamento do
Estado e não por via de comparticipação emolumentar, que recai com
peso significativo no cidadão.
Está neste momento em revisão o
Código das Custas Judiciais. E daquilo que conheço, a proposta é simplesmente vergonhosa e inaceitável!
Se olharmos para o que se propõe,
e se compararmos com os países
da comunidade falante da língua
portuguesa (Portugal, Timor Leste,
Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau,
Moçambique, São Tomé e Príncipe
e Angola) Moçambique figura entre
os mais caros nos sub-indicadores
de custas de processos de execução.
Isso quer dizer que um empreendedor que deseje executar um contrato
nos tribunais moçambicanos terá de
desembolsar 18% do valor da causa
para o pagamento dessas custas, enquanto que em Cabo Verde gastaria
um pouco mais da metade desse valor (10%) e em Portugal pouco mais
de 1/3 (6,5%).
Moçambique é o terceiro país, dos
nove, com as custas mais elevadas! E
isso tudo sem contar que a proposta
contém uma redacção muito extensa
com 187 artigos quando a média de
artigos em Portugal e Brasil, incluindo as legislações estaduais, rondam
os 37 artigos. Eu olho para estas três
questões, em especial, para a questão
das custas judiciais, como ele está,
como denegação do acesso à justiça
dos cidadãos.
Sob sua liderança, a Unidade Técnica da Reforma Legal (UTREL)
produziu propostas diversas da legislação sobre a reforma do sistema judicial que hoje tornaria muito mais simples o acesso à justiça.
Como é que o Governo tratou as
vossas recomendações?
De facto chefiei a UTREL de 2002
a 2012 e com efeito produzimos
diversa legislação com recurso a capacidades nacionais. A CIREL (Comissão Internacional da Reforma
Legal) aprovou uma política e estratégica da Reforma Legal centrada em três vectores designadamente
organização do Estado, no geral,
reforma do judiciário e ambiente de
negócios.
Não existiu qualquer bloqueio do
governo às nossas recomendações.
Em alguns casos houve incapacidade da Assembleia da República de
apreciar algumas propostas legislativas designadamente, Lei sobre Estado de Emergência, a Lei da Acção
Popular, que finalmente já foram
tratadas. O bloqueio, e que na minha
opinião prejudicou o acesso à justiça,
por um lado, e a organização e desenvolvimento do sector de forma
mais coerente, sustentável e democrática, veio do próprio sector judicial: bloqueio à proposta do Código
das Custas Judiciais que propunha a
sua simplificação, clareza e redução
drástica dos valores, em 2007/2008.
O outro bloqueio, também vindo do
sector, e este para mim mais grave,
teve a ver com a Proposta de Lei
de Bases da Organização Judiciária,
preparada pelo Centro de Formação
Jurídica e Judiciária sob a direcção
da UTREL, que propunha uma implementação por fases. A lei definia,
com detalhe, as acções a serem desenvolvidas durante essas fases. Essa
proposta foi resultado de um longo
trabalho de investigação e de reflexão sobre o sector, com a participação de uma pluralidade de actores do
sistema de justiça e da comunidade
na elaboração do diagnóstico dos
problemas e propostas de solução.
O juiz João Carlos Trindade, então
director do Centro, dirigiu esse estudo e a elaboração da proposta. Em
minha opinião, a aprovação da Lei
de Bases da Organização Judiciária,
significaria um salto quantitativo
ímpar no desenvolvimento e credibilidade do sector.
O que deve ser feito para melhorar o
sistema de administração da justiça?
Creio que a justiça como ela existe,
hoje, em Moçambique, esgotou o seu
modelo. Não fomos capazes de aperfeiçoar, melhorar e consolidar o modelo que havíamos instituído no pós
independência. Foi mais fácil copiar
modelos caducos nos seus países, e
desfasados da realidade nacional e
regional e, manifestamente, não sustentáveis. Acredito, firmemente, que
enquanto a justiça não for objecto de
uma profunda e substancial reforma
na sua estrutura e nos procedimentos, a par de melhoria das condições
de trabalho, quaisquer que sejam os
recursos alocados ao serviço público
de justiça não serão suficientes para
cobrir a multiplicidade das questões
que afluem diariamente aos tribunais. A reforma do judiciário que
se requer, se bem que importante,
não pode confirmar-se a mera reforma legislativa. Ela deve ir fundo
nas causas da sua ineficiência, de
forma aberta e descomplexada, sem
hesitações ou receios, sem estereótipos ou modelos pré-concebidos. O
ponto de partida deve assentar em
documento de Visão da Justiça para
o sector e o consequente Plano Estratégico Integrado que permitiria o
exercício de uma acção integrada e
global, e nunca sectorial, como acontece, faseada no tempo e no espaço
e em consequente desenvolvimento
conjunto, equilibrado e harmonioso
de todos os intervenientes na administração da justiça, e não apenas
o desenvolvimento de uns (como
acontece) que, por falta de desenvolvimento de outros, só prejudica
o resultado final: a realização da justiça. Só assim parece possível olhar
no tempo o que é hoje a justiça e o
que queremos que ela seja daqui a
10, 20 anos. Sendo a justiça, como
resultado, produto duma relação poliândrica é impensável qualquer resultado que não atenda, num plano
de desenvolvimento integrado, os
tribunais, o ministério público, os
serviços penitenciários e a SERNIC.
A concepção e edificação deste importante sector do Estado e duma
sociedade democrática e de Direito
é uma questão nacional que não se
compadece com eventuais interesses
corporativos por mais compreensíveis que eles sejam. O Estado, tem
reflectido muito pouco sobre a natureza e a estrutura do nosso poder judicial e do nosso ministério público,
em especial. Mesmo dentro das instituições judiciárias o debate é limitado e organizado unicamente pelas
corporações, e não se vê suscitar uma
reflexão motivada pelo Parlamento,
pelo Executivo e pela academia.
...e como inverter este cenário?
Este assunto merece, a começar dentro do sector, mas a não se esgotar
nele, um debate aberto, sereno, frontal, descomplexado e despreconceituado e tendo como pressuposto a
coerência, o realismo, a exequibilidade e a sustentabilidade do sistema, evitarmos ser engolidos pelos
sonhos e protagonismos, humano e
compreensível, de cada um.
Outra questão não menos importante no âmbito da reforma da justiça tem a ver com a diversidade
que caracteriza as sociedades. Essa
complexidade que não é nova e que
se acentua cada vez mais, constitui
um novo paradigma que obriga necessariamente o Direito a adquirir
suficiente plasticidade para intervir com prontidão e previsibilidade
num mundo onde a diversidade tende a ser regra. Por esta razão, em vez
de se proporem soluções num único
sentido, o sistema de justiça deve
oferecer respostas plurais e propor
soluções diferentes para fazer face
à conjuntura da crise na justiça e à
litiogiosidade crescente da sociedade, dentro da diversidade promovida
pela complexidade da sociedade em
que vivemos. E essas soluções passam por dar respostas mais maleáveis por parte do sistema de justiça,
indo ao encontro de velhas e novas
realidades. Os tribunais comunitários e outras formas de composição
de conflitos são uma resposta.
A arbitragem, a mediação empresarial, a mediação laboral são também
uma resposta. E ainda outras variadas formas de justiça comunitária.
A forma indigna como tem sido
tratada a questão dos tribunais comunitários, que têm dignidade
constitucional, é absolutamente incompreensível. É a estas instâncias e
noutras de âmbito comunitário que
os pobres deste país recorrem para
resolver os seus problemas. São estas variadas instâncias que garantem
a paz e a estabilidade social. Todos
os debates sobre a reforma da justiça
em África giram à volta da definição
do papel a dar às diversas formas de
justiça das comunidades.
O reconhecimento do pluralismo e
a articulação entre as diferentes ordens jurídicas implica, obviamente, alterações no sistema judiciário.
Estas alterações deverão ocorrer na
articulação entre o sistema judicial, a
justiça comunitária e as autoridades
tradicionais… No entanto, antes de
mais, é necessário alterar o âmbito
da organização e estruturação dos
tribunais.
Quem mais lhe marcou neste processo de edificação do sector da justiça em Moçambique?
Por ocasião dos 40 anos da edificação da pirâmide judicial gostaria de
saudar os fundadores deste edifício,
ainda inacabado de relembrar com
saudade aqueles que já não se encontram entre nós. Mas gostaria, em especial de saudar, o principal obreiro
do que hoje se comemora: o advogado democrata, o ministro, o reitor
da UEM, o diplomata, o professor,
o Juiz, o Homem Rui Baltazar dos
Santos Alves pelos valores de simplicidade, humildade, integridade, verticalidade que sempre cultivou e que
foram fonte de inspiração para gente
da minha geração. Nos tempos que
correm, sector de Justiça, por ocasião
dos 40 anos, na omissão do Estado
em o fazer, deveria, publicamente,
reconhecer e homenagear este Quadro raro da nossa República.
Abdul Carimo diz que o país não foi capaz de o modelo que havia sido instituído no
pós independência
A
té que ponto a detenção de antigo ministro das
Finanças, no estrangeiro, a mando de outro
país, pode ser um atestado de incompetência à
justiça moçambicana?
Acho que não porque, para os EUA houve violação
do FCPA (Foreign Corrupt Practices Act), de USA
Patriot Act de 2001 e da Lei de sigilo bancário dos
EUA, do UK Bribery Act e da lei anti-corrupção
que, em determinadas situações estabelecem jurisdições entre um crime sempre que envolver o uso
de meios ou instrumentos de comércio estadual ou
estrangeiro. Para os EUA foram cometidos crimes
de fraude financeira, branqueamento de capitais e
fraude electrónica, suficiente para requer-se a prisão e
extradição, desde que provados os factos.
Há correntes que classificam o último comunicado
da PGR, sobre a detenção de Manuel Chang, como
extemporâneo. Comunga a mesma ideia?
A PGR na sua qualidade de advogado de Estado devia recomendar a suspensão imediata da negociação
da restruturação do pagamento das dívidas. Também
devia informar quando é que iniciaria com o processo
de responsabilização dos bancos envolvidos na fraude
e, por fim, informar quando é que irá dar início a um
pedido de inconstitucionalidade da legalização das
dívidas, não obstante estar em curso um outro pedido
da sociedade civil.
A PGR peca por não ter se deixado comunicar com
a sociedade sobre este assunto que é o prato do dia e
sobre a qual todos olhos estão virados.
Por exemplo: em dois momentos distintos a PGR
informou não ter provas suficientes para incriminar
as pessoas envolvidas. E a questão da prova com a
dimensão e raízes intercontinentais, sem cooperação
dos países, não se fez. Por outro lado, o cidadão ficou
sem saber se, com o envio do processo ao Tribunal
Administrativo por alegadas infracções financeiras,
será que deixaram de existir infractores criminais?
Ademais, por quê é só agora que a sociedade é informada que, afinal, existem 18 arguidos? Ter tido isso
em tempo oportuno, até citar as pessoas, não constituiria qualquer violação do segredo da justiça nem se
estremecia eventuais medidas de coação ou preventivas visando a recuperação de activos.
A PGR exige a que os arguidos sejam julgados em
Moçambique. Será que os moçambicanos estão preparados para aceitar as decisões da justiça moçambicana tendo em conta o seu papel apático neste
processo?
O sector da justiça está descredibilizado. Por isso,
muitos acham que só se fará justiça, só se conhecerão
os contornos desta mega fraude e corrupção se forem
os tribunais americanos a julgar.Comomoçambicano,
apesar de desacreditar o sector da justiça, não posso
deixar de defender o julgamento de moçambicano no
solo pátrio.
É possível responsabilizar o antigo ministro das Finanças sem se atingir o seu então superior hierárquico?
A penalização de qualquer cidadão deve ser na base
de provas e não em suposições por mais verosímeis
que sejam. Havendo prova para quem quer que seja a
responsabilização é inevitável.
A PGR peca por não ter se deixado
comunicar com a sociedade
Savana 11-01-2019
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TEMA DA SEMANA PUBLICIDADE
Savana 11-01-2019 6
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E
a telenovela da segurança
costeira ganhou um novo
mega capítulo. De acordo
com a acusação do Departamento de Justiça dos EUA, os
obreiros da fraude dos empréstimos escondidos, negociavam em
galinhas, um eufemismo para as
“luvas” e subornos que pagaram
aos governantes moçambicanos,
incluindo Manuel Chang, o antigo ministro das Finanças de Armando Guebuza, que até ao fecho
desta edição ainda lutava num
tribunal sul-africano contra a sua
extradição para os Estados Unidos
da América.
Porém, os subornos não foram pagos em frangos. Foram depositados avultadas somas em dinheiro
vivo destinado a subornos e “luvas”,
em várias contas dos Emiratos
Árabes Unidos (EAU) e Espanha,
de acordo com a acusação do Departamento de Justiça dos EUA,
apresentada num tribunal de Nova
Iorque.
Esta é a acusação que está por detrás da detenção de Manuel Chang
no Aeroporto Internacional OR
Tambo, a 29 de Dezembro, quando
estava em trânsito para Dubai.
Quatro dias depois, três antigos
banqueiros do Credit Suisse, nomeadamente Andrew Pearse (da
Nova Zelândia), Surjan Singh
(Reino Unido) e Deletina Subeva
(Bulgária) foram detidos em Londres e também enfrentam um pedido de extradição para os EUA.
Um quinto acusado, Jean Boustani
(Líbano), a peça chave de toda tramóia, foi preso na República Dominicana no dia 01 de Janeiro, com
um mandado de detenção internacional, e expulso do país para ser
transferido para os Estados Unidos, onde chegou no dia seguinte.
Encontra-se agora em detenção
preventiva numa cadeia de Nova
Iorque.
Os investigadores norte-americanos acusam os detidos de criar
projectos marítimos de fachada
para angariar dinheiro visando o
seu enriquecimento ilícito, com
pelo menos 200 milhões de dólares
pagos em subornos e luvas. Não é
de estranhar que esta semana, os
advogados de Boustani ofereceram
USD20 milhões como caução para
libertar o libanês da Privinvest.
Em 2017, um relatório de auditoria realizada pela firma nova-
-iorquina Kroll, encomendada pela
Procuradoria-Geral da República
de Moçambique e pago pela Suécia, concluiu que, pelo menos 500
milhões de dólares, dos dois biliões
de dólares dos referidos projectos,
não foram justificados e que os
equipamentos comprados foram
inflacionados em pelo menos 713
milhões de dólares. O Departamento de Justiça do governo federal americano, na sua acusação, corrobora que os preços dos serviços
e equipamentos fornecidos, foram
largamente inflaccionados
A origem do calote
A acusação de 47 páginas, descreGringos desmontam segurança costeira
No galinheiro da fraude
ve como o libanês Jean Boustani,
do estaleiro Privinvest, abordou o
Governo moçambicano em Novembro de 2011, propondo o desenvolvimento de um sistema de
protecção dos 2.470 quilómetros
de extensão da linha de costa de
Moçambique.
Proíndicus
De acordo com a acusação, na realidade, os co-réus, juntamente com
outros, criaram os projectos marítimos como fachada para mobilizar
dinheiro, visando o seu próprio enriquecimento, e intencionalmente
desviaram partes dos fundos resultantes dos empréstimos para pagar
pelo menos 200 milhões de dólares
em subornos e luvas a eles próprios,
a dirigentes do governo de Moçambique e a outros envolvidos.
Os conspiradores aplicaram apenas uma porção dos fundos para os
projectos marítimos. Como parte
do esquema, a Privinvest cobrou
preços inflacionados pela aquisição do equipamento e prestação de
serviços, cujos valores foram depois
usados, pelo menos em parte, para
pagar subornos e luvas. Depois de
algumas actividades sem qualquer
expressão, a Proindicus, a EMATUM e a MAM não conseguiram
amortizar os seus empréstimos e
estão inactivas e em falência técnica..
O primeiro dos projectos foi o
da Proindicus, que entrou em acção no dia 18 de Janeiro de 2013,
quando esta empresa alcançou um
acordo com a Privinvest, visando
o fornecimento de material e formação de técnicos para a protecção
costeira.
De acordo com a acusação, no dia
28 de Fevereiro do mesmo ano,
no cumprimento de um contrato
de empréstimo, “o banco de investimento número 1”, que pela
descrição se percebe tratar-se do
Credit Suisse, concordou em constituir um sindicato bancário para
a mobilização de um montante de
372 milhões de dólares, com uma
garantia do governo, assinada por
Manuel Chang.
Entre Junho e Agosto de 2013,
este montante viria a sofrer um
aumento na ordem de 132 milhões
de dólares, com um novo aumento de 118 milhões de dólares, em
Novembro, desta vez provenientes
do banco de investimento 2, que
é o VTB Capital, da Rússia. Com
estes suplementos, o montante do
empréstimo da Proíndicus atingiu
um total de 622 milhões de dólares.
“A Proindicus nunca realizou qualquer tipo de operações ou produzido qualquer tipo de receitas, e
entrou em incumprimento a 21 de
Março de 2017”, diz a acusação.
Mas tudo começou em 2011,
quando Jean Boustani, em discussões com um indivíduo cujo nome
foi bloqueado no despacho da
acusação, terá procurado persuadir funcionários governamentais
moçambicanos a aceitarem a instalação de um sistema de controlo
marítimo através de um contrato
com a Privinvest. Uma ONG moçambicana adiantou, esta quarta-
-feira, que o nome do indivíduo é
Teófilo Nhangumele, um lobista
que trabalhou anteriormente na
embaixada britânica de Maputo e
na BP.
“Quase imediatamente, Boustani
e (nome bloqueado) negociaram a
primeira ronda de subornos e luvas
que a Privinvest teria que pagar a
funcionários do governo moçambicano como condição para que o
projecto tivesse aprovação”, diz a
acusação.
Os investigadores parecem ter baseado o seu trabalho com base no
acesso que tiveram a emails trocados entre os acusados.
Na verdade, citam um email enviado Boustani, no dia 11 de Novembro de 2011, por um indivíduo
cujo nome está bloqueado mas que
se presume que seja o principal
elo de ligação da parte moçambicana, António Carlos do Rosário,
em que se diz: ”Para garantir que
o projecto seja aprovado pelo HoS
(Chefe de Estado (Armando Guebuza), na abreviatura em inglês),
um pagamento deve ser acordado
antes de lá chegarmos, para que
saibamos e concordemos, de forma
atempada, o que deve ser pago e
quando. Seja quais forem os adiantamentos a serem pagos antes do
projecto, poderão ser incorporados
e recuperados”. Em todo o documento, este é a única referência indirecta envolvendo Guebuza nos
pagamentos ilícitos.
No mesmo dia, Boustani respondia dizendo: “Uma questão muito
importante que deve ficar clara:
já tivemos várias experiências negativas em África. Especialmente
relacionadas com o pagamento de
‘taxas de sucesso’ antes da assinatura do contrato do projecto”.
O contacto moçambicano respondeu no dia 14 de Novembro:
“Fabuloso, concordo consigo em
princípio. Vamos concordar e olhar
para o projecto em dois momentos
distintos. O primeiro é massajar o
sistema e conseguir obter a vontade política para avançar... o segundo é a implementação/execução do
projecto. Concordo que quaisquer
pagamentos só podem ser feitos
depois da assinatura. Isto deve ser
tratado em separado da implementação do projecto...porque para a
implementação do projecto haverá
outros actores cujo interesse deve
ser tomado em conta, como por
exemplo, o Ministério da Defesa,
o Ministério do Interior, a Força
Aérea, etc.... em governos democráticos como o nosso, as pessoas
passam, e todos os envolvidos vão
querer ter a sua parte do negócio
enquanto ainda estiverem em funções, porque uma vez fora, será difícil. Portanto é importante que a
taxa de sucesso pela assinatura do
contrato seja acordada e paga de
uma única vez, depois da assinatura
do contrato”.
Ipso facto, num email de 28 de Dezembro, Boustani e o referido indivíduo concordaram no pagamento
de 50 milhões de dólares em luvas
e subornos para funcionários governamentais moçambicanos e 12
milhões de dólares para os conspiradores da Privinvest.
“Tudo bem irmão. Já consultei,
e por favor coloque 50 milhões
de frangos. Seja qual for a quantidade que tiver na sua capoeira
acrescentarei 50 milhões da minha
raça”, respondeu no mesmo dia o
moçambicano, demonstrando concordância em relação à proposta de
Boustani.
No dia 23 de Janeiro de 2013,
cinco dias depois da assinatura do
primeiro contrato de 366 milhões
de dólares, Boustani instruiu um
banco dos Emirados Árabes Unidos (EAU) a proceder a pagamentos ao seu contacto moçambicano
e ao conspirador moçambicano 1
no valor de 5,1 milhões de dólares para cada um, acrescidos de 3,4
milhões de dólares também para
cada um, numa data posterior e
não especificada.
Mas todas estas movimentações
só seriam possíveis se houvesse
uma colaboração de importantes
membros do governo moçambicano, facto que exigia que os mesmos
fossem também subornados.
Para conseguir os empréstimos,
Boustani procurou o apoio do
Credit Suisse, mas funcionários
do banco tornaram claro que tal só
seria possível se o empréstimo estivesse a taxas de juro comerciais ou
próximas desse nível, com a condição de que a dívida seja emitida
directamente pelo governo ou garantida por este.
A 13 de Setembro de 2012, Andrew Pearse (um neozelandês que
ajudou duas empresas ligadas aos
serviços secretos moçambicanos a contrair uma dívida e identificado como
indivíduo B no relatório Kroll) viajou para os EAU a fim de se encontrar, de entre outros, com Boustani, o contacto moçambicano e
um familiar directo de um alto dirigente do governo moçambicano.
Ao que o SAVANA apurou, “o familiar directo de um alto dirigente
moçambicano”, é Ndambi Guebuza, filho do na altura Presidente da
República, Armando Guebuza.
Parece ter sido neste encontro
onde foi seguida a orientação do
envolvimento de Manuel Chang,
este, que no dia 22 de Dezembro
de 2012, mandou uma carta para o
conspirador 2 da Privinvest, explicando que este financiamento enfrentava constrangimentos resultantes das limitações impostas pelo
FMI na obtenção, por Moçambique, de mais créditos comerciais.
Assim sendo, dizia a carta de
Chang, “encontramos uma solução
alternativa, em que será constituída uma SPV (uma empresa criada
para um fim específico)”.
No dia 28 de Fevereiro de 2013,
Chang assinou a carta de garantia
para o empréstimo da Proindicus,
e entre Outubro e Dezembro recebeu 5 milhões de dólares numa sua
conta bancária na Espanha.
Mas este não foi o único empréstimo para a Proindicus.
A 28 de Março de 2013, Andrew
Pearse informou os seus colegas
no Credit Suisse, nomeadamente
Surjan Singh e Detelina Subeva,
que a Proindicus precisava de mais
250 milhões de dólares, facto que
se concretizou com a assinatura de
mais uma garantia, em Junho do
mesmo ano.
Como recompensa pelo seu trabalho em facilitar a autorização
dos empréstimos para a Proíndicus, Pearse recebeu, entre 2013 e
2014 luvas um total de 45 milhões
de dólares, pagos pela Privinvest.
Deste valor partilhou 2,2 milhões
de dólares com Subeva.
EMATUM
No dia 2 de Agosto de 2013, o
Credit Suisse aceitou conceder
um empréstimo de 850 milhões
de dólares à EMATUM, também
com garantias do governo. Ao que
apurámos, o contrato foi assinado
por António Carlos do Rosário,
o antigo director da inteligência
económica do SISE, em nome da
EMATUM, e Surjan Singh, pelo
banco.
Mas deste valor o Credit Suisse só
adiantou 500 milhões de dólares,
tendo os restantes 350 milhões de
dólares sido concedidos pelo VTB
Capital.
De acordo com a investigação
americana, a EMATUM nunca esteve nos planos iniciais
quando foi concebido o proAo centro o empresário libanês Iskandar Safa, beneficiário chave dos negócios
das três empresas das dívidas ocultas, em diálogo com Manuel Chang, na altura
ministro das Finanças de Moçambique
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Savana 11-01-2019 8
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jecto de proteção costeira, mas
viria a ser criada como mais um
veículo para defraudar o Estado
moçambicano e enriquecer ainda
mais os seus mentores.
A acusação diz que, enquanto o
Credit Suisse aumentava o empréstimo para a Proíndicus, Pearse, Subeva, Boustani e do Rosário, juntamente com outros, acordaram num
esquema para obrigar Moçambique a contrair mais um empréstimo de 850 milhões de dólares, uma
porção significativa dos quais “seria encaminhada para a Privinvest
e depois aplicada, pelo menos em
parte, para outros subornos e luvas,
pagar lucros inflacionados e amortizar o empréstimo da Proíndicus,
de modo a evitar a descoberta do
esquema fraudulento”.
Em Julho, Pearse anunciou que
iria abandonar o Credit Suisse,
mas que continuaria funcionário,
em gozo de férias até Setembro.
Aproximadamente na mesma altura, o banco pôs fim ao contrato de trabalho de Subeva. Como
o SAVANA escreveu na altura,
Andrew Pearse, quadro sénior do
Crédit Suisse, que estruturou os
empréstimos concedidos por esta
instituição bancária à Ematum e à
Proindicus, deixou o banco suíço,
para trabalhar directamente para
o beneficiário chave dos negócios
que colocaram a credibilidade de
Moçambique na lama, o empresário libanês Iskandar Safa, uma
figura do círculo familiar do Presidente Guebuza.
Mas os dois continuaram a tratar
assuntos relacionados com o processo das dívidas de Moçambique,
e contrariando os procedimentos
internos do banco, com recurso
a contas pessoais de email para
“conspirar com funcionários superiores do governo moçambicano”. O jornal também reportou na
altura que quando o escândalo da
dívida despoletou, Andrew Pearse
deslocava-se com regularidade a
Maputo para tratar da reestruturação da dívida da Proindicus com o
“chapéu” da Polomar Capital Advisers, uma das empresas ligadas
a Safa. Já depois do escândalo das
“dívidas ocultas” ter rebentado em
Março de 2016, Pearse e os seus
advogados costumavam redigir
cartas e mensagens intimidatórias
aos jornalistas que investigavam o
escândalo.
“Por exemplo, no dia 4 de Julho de
2013, Pearse usou a sua conta pessoal de email para comunicar com
Subeva e Boustani algumas questões sobre uma proposta que Pearse havia elaborado para a criação
de uma frota de pesca de atum”,
diz a acusação, acrescentando que
no mesmo dia, Boustani respondeu
dizendo que um dos acusados, cujo
nome está rasurado mas que se
supõe que seja do António Carlos
Rosário, “iria avante com todas as
sugestões necessárias para a maximização do tamanho do financiamento”.
Para a materialização deste plano,
Boustani, Pearse, Singh e Subeva criaram concursos falsos para
a aquisição do respectivo equipamento, antecipando-se assim a
possíveis questões a serem levantadas pelo Credit Suisse, que desconfiaria da adjudicação directa,
sem concurso, de mais um contrato
a favor da Privinvest, empresa-mãe
da família Safa.
Com efeito, no dia 31 de Julho,
Boustani enviou um email a Subeva, dizendo: “Gente, abaixo segue
o meu argumento que penso que
nós (neste caso a EMATUM), deverá apresentar (ao Credit Suisse)
na próxima semana em Maputo...
os titulares (neste caso os vários
ministérios envolvidos, mas fundamentalmente o SISE) a pedido do Presidente, fomos a quatro
estaleiros solicitar propostas para
a construção de uma frota... Não
há necessidade legalmente de um
concurso público uma vez que as
regras não se aplicam a empresas
privadas, mas de qualquer modo
solicitaram propostas. Só a ADM
(uma empresa do grupo Privinvest) respondeu com uma proposta
completa, oferecendo uma solução
integrada com equipamento de
patrulha, um centro de comando e
barcos”.
Em resposta, Boustani disse: “Vamos dizer que contactamos estaleiros na África do Sul, Espanha e
Portugal, sem mencionar nomes”.
Para uma investigação forense a
ser efectuada a Maputo por representantes do Credit Suisse, Singh,
Pearse e Subeva disponibilizaram
aos funcionários moçambicanos
um guia sobre o tipo de perguntas
que seriam levantadas pelos funcionários do banco, assim como as
respectivas respostas.
Por esta operação, Singh recebeu
da Privinvest seis pagamentos totalizando cerca de 4,49 milhões de
dólares. Outros pagamentos foram
feitos por Boustani a dirigentes do
governo moçambicano.
Com efeito, no dia 8 de Abril de
2014, Boustani enviou um email
a um dos acusados, afirmando
que a Privinvest havia pago “125
milhões de dólares a todos, para
tudo”. Boustani sumarizou a distribuição dos pagamentos, incluindo
8,5 milhões de dólares para um
dos acusados não identificados
mas que pela descrição supõe-se
que seja Rosário, outros 8,5 milhões de dólares para o conspirador
1, 15 milhões de dólares para um
outro acusado não identificado, 7
milhões de dólares para Chang e 3
milhões de dólares para o conspirador 3, entre outros.
Para ocultar a natureza ilegal destes pagamentos foram usadas terceiras partes.
Por exemplo, a 17 de Outubro de
2013, Boustani enviou um email a
um dos acusados, afirmando: “Preciso urgentemente de facturas em
nome de: Logistics International
Abu Dhabi (uma subsidiaria da
Privinvest). Facturas de tudo, meu
irmão. Cada uma mencionando a
natureza da transação (aquisição
imobiliária... etc...). Mesmo para
o Pntero (referencia a Chang), um
pequeno papel que diz, “consultoria”.
MAM
A MAM é a terceira empresa
criada no âmbito de todo este esquema fraudulento, tendo obtido
um empréstimo de 535 milhões
de dólares, também supostamente
para a aquisição de bens e serviços
à Privinvest. A empresa destinava-
-se a prestar serviços à Proíndicus e
à EMATUM, com a construção de
um estaleiro e reabilitação de dois
outros estaleiros.
O projecto da MAM previa lucros
de 63 milhões de dólares no final
do primeiro de actividade. Porém,
em Maio 2016 não tinha nenhuma
receita e entrou em incumprimento em relação aos empréstimos que
contraiu junto do VTB.
Uma palmilha que foi mantida
na posse de um dos acusados, supostamente Rosário, mostra que a
Privinvest também pagou subornos para a obtenção do contrato da
MAM. Tais pagamentos incluem
aproximadamente 13 milhões de
dólares para alguém cujo nome
está rasurado, cerca de 5 milhões
de dólares para Chang, 918 mil
dólares para o conspirador 2, e outros 1,8 milhões de dólares para o
conspirador 3.
Ao que o SAVANA apurou, os
“conspiradores” são Isaltina Lucas Sales, actual vice ministra de
Economia e Finanças, Henrique
Gamito, que foi um dos directores
da EMATUM e Ndambi Guebuza, filho do antigo chefe de Estado
moçambicano, Armando Guebuza.
Os três terão visto os seus nomes
omitidos na acusação por terem
colaborado nas investigações.
De acordo com a acusação: o “conspirador 1”, acusado de envolvimento na aprovação pelo Governo do
projecto da Proindicus ganhou de
subornos 8.5 milhões de dólares,
o “co-conspirator 2”, identificado como familiar de um dirigente
moçambicano, recebeu 9.7 milhões
de dólares e o “co-conspirador 3”,
identificado como um quadro sénior do Ministério das Finanças,
ganhou dois milhões de dólares.
Q
uase uma semana após a detenção do
antigo ministro das Finanças Manuel
Chang, a Procuradoria-Geral da República de Moçambique (PGR) deu
a conhecer a sua primeira posição sobre o assunto.
A posição da PGR veio contida num comunicado de imprensa que distribuiu na segunda-
-feira, depois de um recuo na ideia inicial, amplamente divulgada, de que a instituição falaria
em conferência de imprensa.
A nota traz revelações que dada a importância do tema deviam ter sido divulgadas antes
da detenção de Manuel Chang e não depois
de conhecido o pedido de extradição do antigo
ministro das Finanças.
No comunicado, a PGR repete uma queixa que
já tinha feito a titular da entidade, Beatriz Buchili, na sua informação anual na Assembleia
da República.
De acordo com a nota, os EUA não responderam a uma carta rogatória que expediu em
Março de 2017 sobre o processo relativo às dívidas ocultas e que levaram à detenção do antigo ministro das Finanças.
“Relativamente aos EUA, a PGR emitiu no
dia 30 de Março de 2017 uma carta rogatória,
seguida de diversos aditamentos, o último dos
quais a 14 de Março de 2018, solicitando informações”, afirma a PGR.
A PGR adianta que apenas tomou conhecimento das acusações que a justiça norte-americana imputa a Chang a 31 de Dezembro,
através de uma cópia entregue pela embaixada
norte-americana em Maputo, e não em sede de
resposta à carta rogatória.
Além de Chang, adianta a nota, a justiça norte-
-americana pretende julgar mais dois moçambicanos, elevando para três o número de moçambicanos acusados no processo.
A PGR refere ainda que os factos de que os
três arguidos são acusados estão relacionados
com o caso da dívida contraída, entre 2013 e
2014, pelas empresas moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM, junto dos bancos Credit
Suisse e VTB Capital, com garantias do Estado
moçambicano.
A Procuradoria moçambicana também emitiu
pedidos de cooperação internacional aos Emiratos Árabes Unidos e Reino Unido da Grã
Bretanha, países onde ocorreram parte dos
factos descritos no processo sobre as dívidas
ocultas.
“No que concerne aos factos ocorridos na jurisdição moçambicana, a PGR prossegue com a
instrução preparatória”, lê-se na nota.
A nota refere que foram constituídos 18 arguidos em Moçambique.
A PGR não fornece os nomes das pessoas
constituídas arguidos, quando no passado já o
fez, como procedeu no “caso Embraer”, em que
anunciou pomposamente que os nomes dos arguidos desse processo. Mas o SAVANA sabe
parte significativa dos 18 arguidos estão na lista
das figuras que em Abril de 2017 a PGR solicitou a quebra de sigilo bancário no quadro da
auditoria forense das chamadas “dívidas ocultas” executada pela Kroll.
Vários círculos de opinião consideram que o
mutismo das autoridades norte-americanas em
relação ao pedido de cooperação judiciária pela
contraparte moçambicana poderá ter a ver com
a desconfiança dos EUA quanto à seriedade de
Maputo em ver esclarecido o caso.
A conhecida captura das instituições do Estado, incluindo Justiça, pela Frelimo pode ter
dissuadido as autoridades norte-americanas de
qualquer acção no caso.
“Não se pode pedir à Frelimo que se investigue
e se condene a si própria”, comentou um analista, fazendo nota a quase impossibilidade de
uma justiça controlada pelo partido no poder
julgar quadros desta formação política.
Moçambique tem exemplos bastantes de quadros que pagaram pela sua própria vida por terem tentado esclarecer escândalos financeiros
envolvendo a chamada nomenclatura.
Dívidas ocultas
PGR tenta apanhar os cacos
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Savana 11-01-2019 9
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“A empresa cresceu
e o meu orgulho em
cá trabalhar também”
Zefanias, colaborador da Higest.
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Vamos juntos escrever o futuro
O
caso da detenção de Manuel Chang, antigo ministro das Finanças na
administração Armando
Guebuza, ainda vai dar muito pano
para a manga. Manuel Chang é figura central na emissão de garantias soberanas para a contratação
de USD 2.2 mil milhões de dívidas
ilegais.
Até ao fecho da presente edição,
o antigo governante ainda lutava
contra a extradição para os Estados
Unidos da América, no Kempton
Park Magistrate Court, em Joanesburgo. Um pedido para sair em
liberdade e uma proposta de caução
estavam em cima da mesa da juíza
Sagra Subroyen, uma magistrada
de origem indiana, descrita como
de“grande integridade”
A pedido dos Estados Unidos, que
emitiram o mandado de detenção
internacional, Manuel Chang foi
detido em Joanesburgo desde 29
de Dezembro. Estava a caminho de
Dubai.
Nesta quarta-feira, Manuel Chang
perdeu a primeira batalha contra a
justiça sul-africana ao lhe ser recusado o pedido de liberdade formulado pela sua defesa, que alegava a
ilegalidade do mandado de prisão.
Willie Vermeulen, advogado de
Chang, alegou que no mandado
emitido pela justiça americana não
constava a solicitação para extradiManuel Chang: a ponta do iceberg
ção, sendo por isso que a detenção
é ilegal.
A esperança começava a desamparar Manuel Chang que, no primeiro dia da audição, chegou a pequena
sala do Kempton Park Magistrate
Court, em Johanesburg, através de
um túnel que dá acesso directo à
sala a partir da cadeia onde se encontra encarcerado, vestido de seu
vestuário normal e sem algemas e
escoltado por quatro agentes de segurança sul-africanos fortemente
armados.
Logo no primeiro dia, terça-feira,
8 de Janeiro, a sala estava lotada,
maioritariamente pela imprensa
moçambicana, agentes da Polícia
e dos serviços secretos de Moçambique e alguma imprensa internacional. Fora do Tribunal, moçambicanos residentes na África do
Sul empunham cartazes pedido a
extradição de Manuel Chang para
os Estados Unidos.
Questão prévia
Como questão prévia, no primeiro
dia, discutiu-se se a sessão podia ser
filmada e fotografada pela imprensa. A defesa de Chang primeiro
tentou negar a presença de câmaras,
mas sem fundamento legal. Acabou
aceitando que jornalistas filmassem
a sessão e assim foi.
Quando a juíza autorizou que a
sessão fosse filmada e fotografada
pelos jornalistas, Manuel Chang
deixou-se fotografar, olhando frontalmente para os muitos jornalistas
moçambicanos presente na sala.
Chang não dirigiu uma só palavra
ao Tribunal, levantava-se e sentava
sempre que fosse solicitado, porém
sem nunca se pronunciar. Toda a
sua defesa foi feita pelo mais velho dos quatro dos seus advogados,
Willie Vermeulen.
Depois do adiamento da audiência
de terça-feira, a procuradora Elivera Dreyer apresentou argumentos do estado sul-africano contra
o pedido de libertação de Manuel
Chang.
Defendeu que o mandado de prisão
emitido pelos EUA é legal e baseia-
-se no acordo de extradição entre
os dois países.
Explicou que com base no acordo
de extradição, os EUA têm, depois
de efectivada a prisão, mais tempo
para enviar mais documentos que
fundamentem a razão da extradição.
Após perdida a primeira batalha, o
advogado submeteu nesta quinta-
-feira o pedido para o pagamento
de caução. Entretanto, exigiu como
condição prévia mais informação
sobre a acusação que pesa contra
Chang, mencionando especificamente que queria saber os nomes
dos co-arguidos de Chang, que estão ocultados.
A procuradora disse que isso não
faz sentido, porque a ocultação
de outros nomes é para prevenir a
fuga. A juíza concordou que não
seria disponibilizada mais informação à Manuel Chang para além da
que já consta da acusação.
O caso seguiu nesta quarta-feira
com a discussão dos termos da caução a ser paga por Chang. A procuradora entende que dada a gravidade e o valor da causa de Manuel
Chang, que é de 2 mil milhões de
dólares, a proposta da caução a ser
apresentada ao Tribunal deve estar
no escalão mais elevado, denominado 5º nível.
A defesa contestou esta posição,
mas não houve desfecho nesta
quarta-feira.
Entendimento houve para transferir Manuel Chang da cela onde
passou a noite de terça-feira juntamente com outros 20 reclusos na
Modderbee, em Benoni, arredores
de Joanesburgo, para uma cela privada. O advogado de Chang protestou contra as condições da cela
da cadeia de Benoni, classificando-
-as de “insuportáveis”. Argumentou que Manuel Chang teve que
pagar ao chefe da cela para não ser
incomodado. Foi assim, que juíza
decidiu pela transferência para uma
cela privada.
(Redacção e CIP)
Manuel Chang a entrada do tribunal
Savana 11-01-2019 11 PUBLICIDADE
Poderão candidatar-se aos Testes de Diagnóstico
indivíduos que preencham os seguintes requisitos:
Î)ŸƋƚÚ±ĹƋåŸÚŅ)ĹŸĜĹŅåÏƚĹÚ´ųĜŅ:åų±ĬŧƚåƋåĹʱĵ
ÏŅĹÏĬƚĝÚŅ±ŎƖřÏĬ±ŸŸåÚŅc)ŅƚåŧƚĜƴ±ĬåĹƋåſ
Îų±Æ±ĬʱÚŅųåŸŧƚåƋåĹʱĵÏŅĵŞĬåƋ±ÚŅ±ŎƖřÏĬ±ŸŸå
ÚŅc)ŅƚåŧƚĜƴ±ĬåĹƋåŞ±ų±ÏŅĹƋĜĹƚ±ÓÅŅÚååŸƋƚÚŅŸØ
ŸåĵŞųåģƚĝDŽŅÚ±ĬåčĜŸĬ±ÓÅŅåĵƴĜčŅųţ
PERÍODO DE INSCRIÇÃO
e±ŞųåŸåĹƋ±ÓÅŅÚ±ŸÏ±ĹÚĜÚ±Ƌƚų±ŸÚåÏŅųųåűåÏųåƋ±ųĜ±
ÚŅF )a±ƋæŅÚĜ± 22 de Janeiro de 2019.
Os candidatos serão avaliados apenas nas
disciplinas nucleares dos cursos da sua preferência.
BŅų´ųĜŅ×í×ƐLjBŠ%ĜƚųĹŅšåŎƀ×ƐLjBŠ{ņŸěĬ±ÆŅų±Ĭšţ
Escola/Curso Vagas
Diurno cŅÏƋƚųĹŅ Peso Peso :ųƚŞŅ
Disciplinas Requisitos
Disciplina 1 Disciplina 2
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
aåÚĜÏĜű:år±Ĭ
aåÚĜÏĜű%ånƋ´ųĜ±
F±ųĵ´ÏĜ±å ontrŅĬåÚå}ƚ±ĬĜÚ±ÚåÚåaåÚĜϱĵåntos
210
50
50
ESCOLA SUPERIOR DE ECONOMIA E
GESTÃO DE NEGÓCIOS
:åsƋÅŅÚå)ĵŞų埱Ÿ
onƋ±ÆĜĬĜÚ±Úåå Auditoria
:åstão Financeir±åÚååčƚros
:åsƋÅŅÚåa±ųĩeting
:åstão de RecurŸŅŸBƚĵ±ĹŅŸåcåčŅÏĜ±ÓÅŅ
100
120
100
50
80
50% 50%
50% 50%
50% 50%
50% 50%
50% 50%
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
ESCOLA SUPERIOR DE ENGENHARIAS E
TECNOLOGIA
)ngenharia InfŅųĵ´ƋĜϱ
)ĹčåĹʱųĜ±:åŅĬņčĜϱåÚåaĜűŸ
100 aaƋåĵ´ƋĜϱ 50%
100
50%
50% 50%
Física
aaƋåĵ´ƋĜϱ Física
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS
JURÍDICAS E ARTES
Arquitectur±åųƱĹĜŸĵŅ
Direito
45
150
B
B
B
A
A
A
A
A
C
C
C
A
50% 50%
50% 50%
Desenho aaƋåĵ´ƋĜϱ
Português História
80
80
80
50
60
-
-
-
-
-
-
50
50% 50%
50% 50%
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ĜŅĬŅčĜ± }ƚĝĵĜϱ
ĜŅĬŅčĜ± }ƚĝĵĜϱ
ĜŅĬŅčĜ± }ƚĝĵĜϱ
cŅ ¶ĵÆĜto das conÚĜÓŝes gerais de ingresso no )nsino uperiŅųØ previstos na ĬåĜ n° Ɩƀ/ƖLjLjĿØ de eƋåĵÆro
ŠLei do )nsino ƚŞåųĜŅųØ artigo ƖƐØ n° 5 ±Ĭínea ašš o F )a torna ŞƜÆĬĜco que irão decorrer no dia 23 de Janeiro de 2019,
Testes de Diagnóstico e Entrevistas Vocacionais para admissão aos cursos que a seguir se indicam:
Para mais informações contacte:
åÏųeƋ±ųĜ±ÚŅF )aØĹŅ ±ĵŞƚŸUniverŸĜƋ´ųĜŅ
Rƚ±ŎƐĿĉěZona da Fe FaØƐƖƖěa±ŞutŅţ
åĬ×íƖƐŎƐƖƖLjLjŅƚíĉĿƖƐLjLjLjLj
)ěĵ±ĜĬןåÏųeƋ±ųĜ±ÄĜŸÏƋåĵţ±ÏţĵDŽ
www.isctem.ac.mz
EDITAL
2019
Testes de Diagnóstico e
Entrevistas Vocacionais
ee%aF k%k ec%F%ek) 8)Fe
k )ec%ke)}F%e%)%):.c)kţ
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Futuro Promissor
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12 Savana 11-01-2019 PUBLICIDADE
A
os 58 anos de idade, dos
quais 42 dedicados à Renamo, Hermínio Morais diz
que é chegado o momento
de acabar com a narrativa fomentada pela Frelimo, segundo a qual a
Renamo é um partido dominado por
pessoas do Centro e Norte do país.
Dos três candidatos conhecidos até
ao momento, mormente: Ossufo
Momade, Manuel Bissopo e Elias
Dhlakama, Morais nega que seja o
mais fraco e refere que a sua simplicidade e humildade irá pesar na hora
em que os delegados, com direito ao
voto, vão escolher quem deverá liderar a Renamo nos próximos tempos.
O VI Congresso da Renamo arranca
próxima semana (15 a 17 de Janeiro)
na Serra de Gorongosa e conta com
quatro candidatos à presidência do
maior partido da oposição.
Hermínio Morais contou que entrou
na corrida à sucessão de Dhlakama a
convite de um grupo de membros do
seu partido.
Disse que o argumento foi de que,
em todos os congressos há candidaturas de todas as regiões do país, mas
que desta vez só há concorrentes de
Centro e Norte. Portanto, a região
Sul também devia estar representada, visto que, caso contrário, a fábula
da Frelimo de que a Renamo é um
partido de “chingondos” iria vincar.
“A ausência de um candidato do Sul
nesta eleição podia transparecer que
o Sul está à margem deste marco tão
importante na história do partido.
Afinal de contas é o primeiro congresso que se realiza na ausência do
nosso líder carismático”, explicou.
Recordou que mesmo durante o
conflito armado, parte dos grandes
estrategas militares da Renamo eram
pessoas oriundas do Sul do país.
“As últimas eleições autárquicas
mostraram que a Renamo está a se
tornar mais consistente no Sul. Apesar da fraude e outras artimanhas
protagonizadas pela Frelimo, a Renamo conseguiu mostrar que está em
crescendo”, frisou.
“Por exemplo, na cidade de Maputo,
o partido saiu de oito para 22 membros na assembleia municipal. Na
Matola até vencemos, em Gaza onde
era o bastião da Frelimo, a Renamo
está a ganhar expressão e cada pleito
vai aumentando o número de votos”,
argumentou.
Sublinha que é uma pessoa simples e
humilde. Aliás, foi a sua simplicidade
que lhe permitiu atingir altas patentes na hierarquia militar, bem como
noutros cargos políticos que ocupou
nos últimos anos.
Recordou que na carreira militar alcançou a patente de Major General
e no capítulo político foi chefe da
bancada da Renamo na Assembleia
Municipal de Maputo nos mandatos de 2003/8 e 2008/13. Depois foi
destacado para o Conselho Nacional
de Defesa e Segurança e, desde 2005,
que desempenha as funções de ministro da Defesa e Segurança no governo sombra formado por Afonso
SOCIEDADE
Hermínio Morais entra na corrida pela sucessão de Afonso Dhlakama
“Quero desmistificar a narrativa de que
a Renamo é de chingondos”
Por Raul Senda
Dhlakama logo depois das eleições
gerais de 2004. É também administrador não executivo da empresa PETROMOC.
Hermínio Morais diz que é licenciado em Ciências Jurídicas no então
Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU), mas nunca destacou o seu canudo em público e sempre se comportou como uma pessoa
simples e mais encostado às massas.
Recordou que tem ouvido parte dos
seus adversários a procurar transparecer que o título académico é o requisito base para ascender à liderança
da Renamo, o que é totalmente irreal.
Explicou que para ascender à direcção da Renamo não basta ser
académico. É preciso ser comunicativo, modesto, bondoso, experiente
e conhecedor da realidade do dia a
dia quer das bases do partido assim
como do povo no seu todo.
Sublinha que a entrada tardia na
corrida eleitoral, quando comparado
com outros candidatos, não altera o
rumo das coisas, visto que quem vai
eleger são os delegados do Congresso que ainda não foram escolhidos [a
entrevista decorreu neste terça-feira,
dia 8 de Janeiro de 2019].
Hermínio Morais diz que em caso de
ser eleito presidente da Renamo irá
manter a residência oficial na Serra
de Gorongosa, enquanto decorrer o
processo de pacificação de Moçambique.
“Só sairia de Gorongosa depois do
processo de paz terminar com a reintegração dos homens da Renamo a
todos níveis acordados com o nosso
falecido líder, assim como da desmobilização e reintegração social de todas forças residuais da Renamo. Portanto, mesmo que termine, se não for
nos termos acordados entre os dois
líderes, o Estado Maior da Renamo
não será extinto”, frisou
Refere que se até hoje a Renamo
mantém militares é por causa das
ameaças da Frelimo que usa forças
de defesa e segurança de Estado
para perseguir, prender e matar seus
membros.
Salientou que caso seja eleito líder
da Renamo e, consequentemente,
candidato à presidência da República nas eleições de Outubro, irá
promover a reconciliação, igualdade
de oportunidades e de um governo
inclusivo que se guiará na base da
meritocracia.
Carreira militar
Hermínio Morais fez notar que ingressou na Renamo mobilizado pela
sensibilização da Voz de África Livre, que o despertou da gravidade das
atrocidades cometidas pelo regime
da Frelimo.
Chegado à Rodésia, encontrou um
grupo de 200 homens a serem treinados. Nessa altura, Afonso Dhlakama desempenhava as funções de
segundo comandante, visto que já
possuía experiência militar.
Diz que foi Afonso Dhlakama que o
entrevistou antes da sua integração.
Em 1978 entrou no território nacional para operações militares. Para
além do treino normal, recebeu também treinos específicos para grupos
de elite.
“Como elemento da força especial fui
obrigado a actuar em todo território.
O grupo era chamado em situações
especiais. A nossa missão era de cortar as fontes de abastecimento da
logística do inimigo (Governo/Frelimo). Fomos preparados para obstruir
qualquer meio que pudesse garantir
o abastecimento do nosso adversário. Portanto, como tropas de elite,
tínhamos a tarefa de cortar estradas,
destruir pontes, postes de alta tensão,
linhas férreas e outras infraestruturas
que garantissem o abastecimento do
adversário quer em termos de armamento, bem como de mantimentos”.
Acrescenta que o primeiro contacto
com Dhlakama foi em 1977. Em
1980, pouco depois de Dhlakama
assumir a presidência do movimento
passou a trabalhar directamente com
ele.
Entre Junho e Agosto de 1992 foi
destacado para chefiar a delegação
da Renamo responsável por questões
militares em Roma, durante as negociações de paz.
Com assinatura do Acordo Geral
de Paz (AGP) foi lhe incumbida a
tarefa de acompanhar o processo de
acantonamento, desmobilização e
formação do exercito único. Também participou no processo de identificação das áreas minadas.
“Depois disso fui convidado pelo
presidente Dhlakama para integrar
as chefias das forças armadas, mas
estava cansado. Pedi para passar à
vida civil e servir o partido por outras
vias”, elucidou.
Disse que fez parte da primeira equipa de quadros seniores da Renamo
destacados para Maputo a fim de
organizar questões logísticas para a
recepção de Afonso Dhlakama. Nesse grupo incluía-se Raul Domingos,
Ossufo Momade e José de Castro.
Recordou que o momento mais difícil que viveu durante o conflito armado foi em 1987, quando a região
Centro, sobretudo, a província de
Sofala, foi assolada por uma seca sem
precedentes.
“Nessa altura estava em Gorongosa e
não havia comida para a população.
Muita gente morreu devido à falta de
água e comida. Chegámos ao ponto
de enterrar 30 pessoas por dia. Aquilo foi dramático. A situação estava
tão caótica que até a guerra parou
na região central de Sofala. Houve
um cessar fogo tácito. Para mim foi
deprimente ver a nossa base logística
que é a população a ser dizimada pela
fome”, disse.
Notou que a assinatura dos acordos
de Roma, que culminou com o fim
do conflito armado, foi o momento
mais marcante, “porque já estava com
saudades de voltar a casa”, rematou.
“A ausência dum candidato do Sul
nesta eleição podia transparecer que o
Sul está à margem deste Congresso”,
Hermínio Morais
Savana 11-01-2019
EVENTOS
13
0DSXWR GH-DQHLURGH $12;;91o 1305
EVENTOS
P
elo menos 850 jovens finalistas irão participar, entre
14 de Janeiro e 15 de Fevereiro próximos, no Programa Férias Desenvolvendo o
Distrito (PFDD), promovido pela
Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique (AEFUM).
O PFDD decorre sob o lema “Estudante Universitário pelo Desenvolvimento do Distrito” e tem como
objectivo levar estudantes finalistas
e graduados aos diferentes distritos
do país por um período de 30 dias.
Os finalistas irão prestar trabalhos
voluntários nos diversos sectores
de actividades, de acordo com a sua
área de formação e a solicitação dos
governos distritais.
Falando na ocasião, o ministro da
Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional, Jorge
Nhambiu, destacou a importância
do trabalho da AEFUM e disse que
o governo reconhece a iniciativa no
combate à pobreza, sobretudo, através do uso do conhecimento científico e tecnológico adquiridos no
processo de formação em diferentes Instituições de Ensino Superior
(IES).
“O Programa Quinquenal do Governo 2015-2019 define como
objectivo central “melhorar as
condições de vida do Povo Moçam850 jovens participam na 14ª Edição do PFDD
bicano, aumentando o emprego, a
competitividade, criando riqueza e
gerando um desenvolvimento equilibrado e inclusivo, num ambiente
de paz, segurança, harmonia, solidariedade, justiça e coesão entre os
Moçambicanos”, referiu.
Por sua vez, o Coordenador Geral da AEFUM, Osvaldo Mauaie,
afirmou que para a presente edição,
a instituição recebeu 1580 candidaturas de graduados e finalistas, dos
quais foram selecionados apenas
850 para os distritos.
Para Mauaie, a concorrência e a
continuidade do PFDD ao longo
destes anos ganha maturidade e
robustez.
“É uma iniciativa que, anualmente,
reforça a capacidade técnica dos
distritos, onde sempre há estagiários, deixando legado por onde
passam. O PFDD estimula o empreendedorismo juvenil, uma vez
que os estagiários são expostos à
realidade do distrito e dependendo
da criatividade de cada um conseguem mapear as diversas potencialidades e oportunidades de negócio
oferecidos em cada local”, realçou.
Refira-se que a AEFUM é uma
organização sem fins lucrativos que
congrega cerca de cinco mil membros, dentre os quais, finalistas e
graduados de todas as instituições
de ensino superior públicas e privadas em Moçambique e na diáspora.
A
União Europeia
(UE) em Moçambique e o Programa das
Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD),
em Cabo Verde, assinaram,
em finais de 2018, um Acordo de Delegação para a implementação da segunda fase
do Programa para a Consolidação da Governação Económica e Sistemas de Gestão de Finanças Públicas nos
PALOP e Timor Leste (Pro
PALOP-TL ISC).
UE e PNUD firmam acordo
O programa visa reforçar as competências técnicas e funcionais
de controlo externo, fiscalização
legislativa e de escrutínio público
às finanças públicas nos PALOP e
em Timor-Leste.
A UE contribui assim com 7,750
mil euros, de um orçamento total
de 7.843,700 euros, para um período de implementação de três
anos.
A fase 2 do Pro PALOP-TL ISC
vai capitalizar os sucessos do projecto predecessor (2014-2017),
ampliando a lógica de intervenção
com o objectivo de consolidar
uma facilidade de cooperação
sul-sul e triangular para a consolidação dos sistemas de gestão das finanças públicas nos
PALOP e Timor-Leste.
O projecto vai continuar a
promover a consolidação dos
sistemas de gestão das finanças públicas nos PALOP e
Timor-Leste, através do reforço da transparência orçamental e mecanismos de controlo e monitoria da despesas
pública.
A
rrancou, nesta quinta-
-feira, em todo o país,
com o término previsto
para o próximo dia 10
de Abril, a Prova Anual de Vida
(PAV) dos pensionistas por velhice, invalidez e sobrevivência
do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).
Para a realização da PAV, os titulares das pensões deverão ser porArranca prova de vida
dos pensionistas
tadores do bilhete de identidade
e do cartão de pensionista, sendo
que, no processo, estarão abrangidos, a nível nacional, mais de 70
mil pensionistas.
Porém, para os pensionistas que,
em razão de seu estado de saúde estiverem incapacitados de
se deslocar aos locais indicados,
o INSS irá prestar atendimento
domiciliário.
Savana 11-01-2019 EVENTOS
14
PUBLICIDADE
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Savana 11-01-2019
EVENTOS
15
PUBLICIDADE
Savana 11-01-2019 EVENTOS
16
A Escola Comunitária Luís Cabral- ECLC, informa aos alunos,
pais, encarregados de educação
e ao público em geral, que ainda
tem vagas para matricular novos
ingressos da 6ª, 7ª, 8ª, 9ª, 10ª, 11ª
e 12ª classe por apenas 600,00
meticais. Informa – se ainda que
os alunos das 7ª, 10ª e 12ª classes, fazem exames na própria Escola Comunitária Luís Cabral.
Podendo obter mais informações
na secretaria daquela escola, sita
na sede do bairro Luís Cabral,
entrando a partir da Junta ou
Maquinague ou contactar através dos telemóveis: 847700298 ou
826864465 ou ainda 871232355.
Matrículas para 2019
O
Governo Moçambicano,
através dos Ministérios
da Indústria e Comércio
e o da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos,
iniciou, no passado, há dias, a
implementação de uma “reforma
profunda” no processo de fazer
Governo introduz reformas nos negócios
N
o âmbito do projecto de
Adaptação às Mudanças
Climáticas, a Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e a Agricultura (FAO) está a apoiar a formação de seis técnicos moçambicanos em análise espacial com
aplicação para agrometeorologia.
Trata-se de um treinamento de
mês e meio, com o objectivo de
aumentar a capacidade de análise
de informações climáticas em benefício da agricultura e meio ambiente, no contexto das mudanças
climáticas.
A formação iniciou semana passada na cidade de Luanda, capital
de Angola e é realizada pelo Centro de Educação em Ciências da
Terra e Sustentabilidade (CESSAF) e o Instituto Nacional de
Meteorologia e Geofísica (INAMET) daquele país, com a colaboração da FAO, nos dois países.
Após a formação, os técnicos teMoçambicanos
capacitados em Análise
Espacial em Angola
rão a capacidade de explorar, gerenciar e analisar dados geográficos e criar mapas instrutivos para
aumentar a capacidade de análise
de informações climáticas em benefício do sector agrícola face às
mudanças climáticas.
Para o Coordenador do Projecto, Pedro Simpson, “esta formação irá melhorar a capacidade
dos técnicos moçambicanos para
aperfeiçoar as previsões agrometeorológicas e criar ferramentas
de apoio às decisões dos camponeses que receberão perspectivas
climáticas sazonais e previsões
agrometeorológicas interpretadas
e adaptadas ao contexto local.”
Simpson acrescentou ainda que
“as informações climáticas serão
integradas à escala local por meio
da abordagem de extensão ‘Escola na Machamba do Camponês’
e outros canais de comunicação,
como rádios comunitárias e no
idioma local.”
negócios no país.
A reforma introduzida consistiu
em transferir para o Balcão de
Atendimento Único (BAU) da
cidade de Maputo os actos constitutivos inerentes à reserva de
nome e o registo de empresa. Outrora, esses actos eram realizados
na Conservatória de Registos de
Entidades Legais (CREL).
Com esta reforma, o Governo
pretende tornar mais célere e facilitado o processo de registo de
uma entidade legal e o consequente licenciamento para o início imediato de actividade.
Savana 11-01-2019 17
SOCIEDADE SOCIEDADE
C
ontrariamente ao professor Lourenço do Rosário
que, na última edição do
SAVANA, defendeu a
reforma do “sistema” de governação e não perseguição de pessoas,
no que diz respeito às dívidas
ocultas, o académico Adriano
Nuvunga é de opinião que o sistema deve ser limpo através de
detenções e espera que Manuel
Chang tenha acompanhantes.
Nuvunga, que também é director da ADS, um centro de ideia
e acção sobre juventude, liderança e desenvolvimento, entende
que a Frelimo e o Presidente da
República, Filipe Nyusi tiveram
uma soberba oportunidade de reformar o sistema em 2015, após
a tomada de posse, pelo que não
é correcto que, uma vez falhada
a oportunidade, seja feita agora,
com impulso externo. Moçambique teria adoptado, de acordo
com Nuvunga, o modelo sul-africano, que submeteu Jacob Zuma,
ex-Presidente da República e do
ANC, ao julgamento interno pelos crimes cometidos antes que
a justiça internacional tomasse
conta dele.
Quando a 15 de Janeiro de 2015,
Filipe Nyusi tomou posse, como
quarto Presidente da República
de Moçambique independente,
tinha no seu caderno de encargos,
segundo Adriano Nuvunga, a reforma do sistema e não a perseguição de pessoas, tomando como
base a situação em que o país se
encontrava.
O impulso de fazer reformas era
interno e movida pela boa intenção desenvolvimentista de Nyusi,
facto que não se verificou, pois, o
novel executivo embarcou numa
agenda de negar a existência das
dívidas ocultas e “chamboquear”
publicamente e dar nomes de
toda a índole aos moçambicanos
que denunciavam o problema.
“Não é correta a asserção de que
aquilo que deveria ter sido feito
por impulso próprio da Frelimo
em 2015, não tendo sido feito,
tem que regressar agora em 2019
com impulso externo”, assinalou.
De seguida, sublinhou que a Frelimo deve procurar uma terceira
via, para se salvar, uma vez que a
primeira foi de reformar o sistema sem perseguições, que foi perdida. A segunda é onde se encontra, actualmente, numa situação
de colapso de regime.
Para o professor de Ciência Política, a Frelimo, como regime, está
a travar uma luta pela sua própria
salvação e equipara-se a uma pessoa que está em coma hospitalar,
onde os médicos têm que fazer
um trabalho diferente.
“Este regime vai implodir. A FreAdriano Nuvunga contraria Lourenço do Rosário
“Limpar o sistema por via de prisão”
Por Argunaldo Nhampossa
limo já enfrentou várias crises no
passado, mas como está, em que
há elementos a serem presos de
fora, pessoas de dentro perseguidas fora, nunca esteve nessa situação”, observou.
Na percepção de Nuvunga, a crise
que o país vive deve-se à forma de
governação da Frelimo, que sempre foi excludente, “marginalizadora”, agressiva com os críticos
internos e externos bem como
ataques à “reserva moral do partido”, que não tem escapado.
O ponto mais alto, continua o
académico, deu-se na administração Guebuza e continua com
Nyusi.
Recuou à Constituição monopartidária de 1977, para dizer que visava excluir outros grupos de participar no processo de construção
do país pós- independência.
Com as privatizações e liberalizações, pretendia-se excluir a
participação da Renamo e outros
grupos que não faziam parte do
burocratismo do Estado. O processo de paz em 1992, apesar de
alguma inclusão, teve o seu lado
excludente, pois a Frelimo instalou o seu sistema governativo
sem partilha do poder, Chissano
não aceitou criar um governo de
transição com a participação da
Renamo e outras forças.
A governação de Armando Guebuza, prossegue, foi maquiavélica,
reflectindo toda a lógica frelimista de governar sem incluir.
Considera que o chefe de Estado
precisa de descer deste “cavalo”
de governação e convocar uma
espécie de um Governo de Unidade Nacional, que deixe de lado
o princípio segundo o qual o Estado é construído e liderado pela
Frelimo.
Sugere que a Frelimo entre em
retiro, para definir uma terceira
via, que passa por abandonar o
seu “ADN” de governação excludente, dado que, pela primeira
vez, está na iminência de colapso.
“Ou as pessoas são presas e limpamos o sistema e reconstruímos
o Estado, ou vamos a uma terceira via, que passa por um governo
de convecção nacional, em que a
Frelimo abandona esses incentivos excludentes e abre espaço
para a participação de outras forças para a reconstrução do Estado
e sociedade, “disse.
Repensar o Estado
Entende o cientista político que,
é justamente por saber que sempre haverá aqueles que se vão
considerar excluídos, que defende
ser necessário repensar o Estado
e a sociedade, para um posterior
processo de reconstrução, porque
de momento “não há se quer um
projecto de género e muito menos uma visão de que sociedade
queremos para os próximos 20
anos”.
Referiu que a única visão existente é da sobrevivência do regime,
mantendo o seus status quo de
corrupção e de delapidação, pelo
que discorda da tese avançada
pelo professor Lourenço do Rosário.
Aponta que, de momento, a única
via que resta é a Frelimo manter
a rigidez e deixar pessoas procuradas pela justiça serem criminalmente responsabilizadas pelos
seus actos, como forma de limpar
o sistema.
A detenção de Chang e de mais
pessoas devem servir de incentivos para a Frelimo compreender
que é preciso uma terceira via.
O académico apela à Frelimo a
não se opor a esta medida, desencorajando o partido de criar
barreiras para impedir a detenção
dos visados, porque se trata de
pessoas que colocaram o país no
caos.
Caso Zuma é exemplo a
seguir
Segundo Nuvunga, para Moçambique sobreviver no concerto das
nações tem que entregar os restantes indivíduos arrolados no
processo das dívidas ocultas, defendendo que as detenções sejam
feitas com prudência e ponderação para evitar um caos maior.
Desencoraja a Frelimo de seguir
a via do Zimbábwe, subjugando o povo ao sofrimento, só por
simples capricho de não entregar
certas pessoas à justiça americana.
“O Estado deve entregá-los, dar
o necessário apoio e deixar que
sejam julgados, condenados e
cumprirem as respectivas penas.
O país tem que se concentrar em
problemas da juventude, para o
desenvolvimento, e não no indivíduo A, B e C, que roubaram
milhões ao povo inibindo o desenvolvimento do país”, disse.
Citou a vizinha África do Sul,
como um dos exemplos a seguir,
pois numa altura em que o seu
presidente Jacob Zuma estava
mergulhado numa crise sem precedentes, que colocava em causa a
sobrevivência política do partido,
o ANC conseguiu reinventar-se a
tempo de melhorar a sua imagem
para as eleições de Abril próximo.
Entende que, apesar de ainda
não se ter uma sentença na RSA
e seja de que magnitude for, o
julgamento, por si só, já é um
bom sinal. Fez notar que o caso
da África do Sul responde ao
posicionamento de Lourenço do
Rosário, pois a intervenção foi a
tempo e horas e não se esperou
que os problemas de Zuma viessem de fora do país.
“Não se esperou o paciente entrar
em colapso, foi impulso interno,
a Frelimo já não está mais nessa
posição, com excepção do Presidente Chissano, todos estão com
medo de chegar as fronteiras do
país”.
No caso moçambicano, a Procuradoria-Geral da República tinha
o relatório da kroll, apenas disse
que constitui 18 arguidos, o que
significa que ainda não há acusações.
Face a esta inércia os EUA passaram a mensagem e estão a agir,
considera Adriano Nuvunga.
Nyusi perdeu-se no meio
Sobre os quatro anos de governação de Nyusi, que se celebram na
próxima terça-feira, Nuvunga diz
ter um misto de alegria e tristeza.
Alegria, porque, no início, Nyusi
assegurou com firmeza o bastão
do poder, trouxe um alívio à sociedade face à asfixia que se vivia
com Guebuza.
Acima de tudo, porque diferentemente de Chissano e Guebuza,
que saíram jovens de Moçambique para Tanzânia e voltaram
chefes, nunca souberam trabalhar,
gerir salário para pagar despesas
de casa, desenrascar, Nyusi começou as funções sabendo o que é
ser cidadão que, inclusive, parou
no tribunal para responder a assuntos relacionados com o Ferroviário de Nampula, quando era
presidente desta colectividade.
Foi graças a esta experiência que
soube se aproximar de Afonso Dhlakama, compreendê-lo e
acarinhá-lo para o alcance da paz,
que ainda não é efectiva. Mas, defende, igualmente que a Frelimo
não está disposta a abrir o processo de paz que possa perigar o seu
poder, quer paz mas também quer
manter o seu poder, sendo que o
seu poder nunca foi sem conflitos.
Destacou que Nyusi apostou em
alguns tecnocratas para sectores-
-chaves de modo a empreenderem reformas, não permitiu que
saísse o dinheiro do Orçamento
do Estado para financiar as actividades da EMATUM, daí que
os barcos estão ancorados.
Apesar desta situação, o cientista
político diz que o PR geriu mal a
questão das dívidas, sobretudo, a
relação com os doadores, que depois cortaram o apoio directo ao
orçamento.
Critica a forma como executivo
lida com a juventude e nega-lhe
oportunidades.
No entanto, depois de uma abertura no arranque do mandato,
Filipe Nyusi foi-se perdendo ao
longo do tempo, levando o Governo para um fechamento do espaço das liberdades, em particular
a volta dos críticos.
Gilles Cistac, Jeremias Pondeca,
entre outros, foram mortos neste governo, houve esquadrões de
morte que tiraram vidas e ameaçaram tantos outros. Vincou que
a aparente acalmia que se vive na
sociedade civil não é produto da
concordância com o status quo,
mas medo imposto por aquilo
que se tornou a estrada circular de
Maputo, que se passou a ser um
sítio para bater e disparar contra
pessoas indefesas.
Lamentou que em quatro anos, o
PR nunca deu uma entrevista aos
órgãos nacionais, muitos menos
conferência de imprensa, salvo no
balanço das visitas presidências
em que as perguntas são condicionadas.
Na Assembleia da República só
vai passear no tapete vermelho,
enquanto é chamado querido por
senhoras.
Considera que do discurso inaugural do PR à realidade há uma
grande distância, com o agravante de ter prometido governar com
base em ciência, mas de ciência
não há nada neste governo e deve
ser o menos competente e que
menos capacidade intelectual
concentra desde a independência
O Estado deve entregar os que colocaram o país em caos para que sejam julgados
18 Savana 11-01-2019 OPINIÃO
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Cartoon EDITORIAL
O
meu romance A Paixão segundo João de Deus, foi considerado no jornal Público
um dos dez melhores livros
de ficção editados em 2018, em Portugal. Detesto gabar-me mas justifica-
-se com o que vou escrever adiante. Já
de outras vezes isso havia acontecido,
mas então eu era enquadrado na lista
dos melhores livros de ficção portugueses. Agora o reconhecimento tem
mais valor porque estou numa lista
internacional, a par de António Lobo
Antunes, Javier Marias, John Banville,
Salman Rushdie, Hélia Correia, ou
Michael Ondaatje, que comigo ocupa
um honroso nono lugar ex-quo.
Isto exige voltar a rever o romance
inédito que tenho pronto, para, na
próxima, chegar ao oitavo lugar numa
lista internacional, ou seja, acresce a
responsabilidade sobre o que irei lançar em seguida, mas é evidentemente
um reconhecimento de outro plano
do que me caberia se a lista fosse só de
livros portugueses.
Que correspondência acho eu, para
isto?
Neste momento saem vários moçambicanos no Brasil, sobretudo na editora Kapulana, embora não só, mas
os escritores moçambicanos negros
deviam romper com os acantonamentos culturais, por muito que tal pareça
simplificar a internacionalização, e
tentar a edição sim, noutras editoras
que não funcionam só para um nicho
de mercado.
Uma forma de invisibilidade garantida é esta: editarmos só em chancelas
dedicadas à literatura africana. Vão
servir os departamentos das Literaturas Africanas nas universidades
lusófonas mas ser vítimas do olhar
discriminatório sobre a literatura de
“géneros”. Esta discriminação piora
no Brasil, o país mais racista que conheço.
Um bom livro saído numa editora “esDos livros sem raça
pecializada em africanos”, no Brasil,
só milagrosamente será candidato a
uma lista dos melhores livros do ano,
só se houver uma lista para os melhores livros africanos do ano, o que seria
evidentemente vexatório.
Este será o próximo salto a dar. E o
que exige um salto de tal natureza?
Mais trabalho, disciplina, rigor e mais
diálogo com quem não nos é familiar.
Na literatura os amigos são os nossos maiores inimigos, confortam-nos
onde deviam criticar-nos. O João
Paulo Borges Coelho escreve todos os
dias, haja sol ou chuva, tenha acordado com cólicas ou bem-disposto, das
6h da manha às 9h. Eu tento o mesmo, das 7h às 11h, no resto do dia só
leio, dou aulas ou estou com amigos.
Nem sequer é muito mas exige sacrifício, isolamento e estarmos equidistantes do ruído mundano.
Uma coisa não ajuda: acordarmos todos os dias de ressaca e julgarmos que
a boémia é compatível com um certo
volume de trabalho. E sem volume
de trabalho não há triagem nem seleção, ou até mesmo progressão. Nem
ajuda termos amigos dos copos (e eu
sou um bom copo) que só conversam
sobre “brancos e pretos”, e que nada
questionam nem para dentro nem
para fora - indiferentes a tudo o que
não seja a suficiência acompanhada. Quando se escreve procuremos a
companhia de quem se interesse pelas
formas e as estruturas literárias e discuta os fundamentos das coisas, numa
curiosidade e exploração contínuas. E
duma coisa temos de estar certos: temos de ler infinitamente, não só o que
nos formou, mas o que nos interpela
hoje e vindo de todos os lugares.
Não conheço nenhum escritor de valia que tenha menos de dois mil livros
lidos. A vida de um escritor é obsessivamente uma maratona entre livros.
São o seu modo de respirar. Hoje há
uma cruzada anti-intelectual no mundo, embarcar nisso só nos desfavorece,
porque aí não passaremos da literatura de “género”, nunca conseguiremos
leitores fora da quadratura do círculo.
Dantes custava uma fortuna fazer
uma biblioteca, era um esforço de
décadas. Hoje, só em livros digitais,
que fui buscar à net, tenho seis mil. Só
não lê quem não quer, ou quem não
tem computador. Mas é outra ilusão
pensamos que se possa ser escritor
sem computador, ou que se seja poeta
sem escrever poemas. Tudo isto dá um
imenso trabalho, sublinhemos.
Apesar do racismo no Brasil ser uma
realidade agreste, quando se tem qualidade, num país em que o Machado
de Assis, o Ubaldo Ribeiro ou o Marcelo Ariel são de ascendência africana,
a coisa vinga por si mesmo. Veja-se o
sucesso da Elisa Lucinda. O que me
impede de enviar um livro para a
Rocco ou a Companhia das Letras no
Brasil, ou a Caminho e a Dom Quixote em Portugal, se o que fiz tiver a
qualidade suficiente? Nada. Quem lê
os livros não se preocupa com a cor
da pele do candidato – interessa-lhe
é se o que está a ler tem a qualidade
requerida. Foi o que aconteceu com o
Rogério Manjate, quando lhe arranjei
um contacto na Ática, do Brasil.
Agora, o nível de qualidade exigida aí
é o mesmo que em casa? Talvez não.
Será mais selectiva. Mas um escritor
não deve assustar-se com os desafios e
deve redobrar a disciplina se o desafio
for grande em vez de ficar a bordar sobre a auto-vitimação ou de embarcar
em teorias de conspiração.
Não conheço escritor desempoeirado
e realizado que não seja generoso e
que não tente ajudar os colegas de ofício se tiver oportunidade, não importa
a raça ou origem. Eu, por exemplo, dirigirei, a partir deste ano, uma coleção
e livros de ficção em Portugal e já lancei o convite a alguns moçambicanos.
Estou-me nas tintas para a raça, deixo
esse problema aos represos de espírito.
A
actuação da Procuradoria Geral da República (PGR) em relação
à problemática das dívidas ocultas já era vista com muita suspeita,
mas o seu comunicado da última segunda-feira, dez dias após a
detenção do antigo Ministro das Finanças Manuel Chang, veio
demolir qualquer resíduo de credibilidade que poderia ainda restar no seio
daquela instituição.
Durante todo este tempo a PGR foi arrastando o processo, e a sua última
intervenção parecia mais destinada a recuperar o tempo perdido. Mas saiu-
-se mal, particularmente, mas não só, pelo longo silêncio a que se remeteu
antes de reagir.
E nisso não esteve só. O partido Frelimo continua ainda num silêncio sepulcral perante as circunstâncias em que se encontra um membro do seu
comité central, e a Assembleia da República parece ter ficado tão desorientada que não conseguiu ainda encontrar uma palavra de conforto para um
dos seus membros.
Por qualquer padrão, dez dias é muito tempo para a PGR reagir sobre um
assunto que já está nas suas mãos desde pelo menos 2015.
O comunicado destaca-se pela forma como a PGR pretende transformar-
-se em vítima da sua própria inação, acusando jurisdições de outros países
de não terem colaborado para a disponibilização de informação relevante
para ela avançar com o processo.
A lamentação da PGR procura dar a entender que ela, sem essas informações, está incapacitada de prosseguir com o processo. Nessa assumpção, a
PGR ignora o facto de que grande parte de toda a informação sobre este
processo está contida no relatório de uma auditoria realizada sob a sua
própria égide.
As informações sobre os movimentos bancários a que o comunicado da
PGR se refere estão sob custódia dos bancos, e como tal protegidas pela
obrigatoriedade do sigilo bancário. Este só pode ser levantado em cumprimento de ordens judiciais dos respectivos países. É às autoridades judiciais
destes países onde a PGR deve remeter os seus pedidos, e não através de
processos meramente burocráticos entre governos.
É também muito estranho que apesar de não possuir tais informações, a
PGR anuncie, agora pela primeira vez, ter constituído 18 arguidos. Nunca
antes esta informação tinha sido partilhada com o público, e pouco se sabe
se os indivíduos em causa terão sido notificados para permitir que constituam a sua própria defesa. Não se sabe que medidas de coação terão sido
impostas sobre os referidos arguidos. E como é óbvio, porque a responsabilidade criminal é intransmissível, há o dever de nomeação de cada um
destes indivíduos, incluindo os crimes de que são indiciados.
Para além disso, alguém não precisa de especialidade em matéria judicial
para perceber que num caso como o das dívidas ocultas, com todos os
contornos sinuosos que o caracterizam, uma das medidas de coação seria a
prisão preventiva, como método de precaução para impedir que os implicados tentem contaminar as provas que sustentam a acusação.
É bastante revelador da ausência de interesse em prosseguir com este caso,
o facto de que pela sua própria admissão, o último “aditamento” feito pela
PGR ao seu pedido de informações em relação ao Emirados Árabes Unidos, por exemplo, tenha sido precisamente há um ano, ou seja a 10 de
Janeiro de 2018, e que desde então não se tem conhecimento de quaisquer
outras iniciativas que tenham sido tomadas.
Há ainda um pormenor não menos importante que importa referir. Consta
do relatório de auditoria que existem esclarecimentos que foram sonegados
aos auditores pelas entidades envolvidas. Que se saiba, a PGR, sob os auspícios de quem foi feita esta auditoria, não tomou as medidas necessárias
para contrariar este acto de desobediência e de obstrução à administração
da justiça.
Para além de tudo isso, na verdade estamos perante dois processos. Um,
que é interno, que a PGR deve continuar a liderar com a necessária diligência, e que visa permitir a responsabilização individual dos que defraudaram o Estado moçambicano. O segundo ocorre na jurisdição americana,
e visa apenas punir os implicados pelos seus actos de violação das leis daquele país.
Pela sua lentidão, propositada ou não, a PGR pode se sentir suplantada
pelos últimos acontecimentos. Mas ela tem que assumir a sua responsabilidade por isso, e não tentar se transformar em vítima de uma suposta
conspiração política contra Moçambique, como alguns sectores tentam
fazer acreditar. O que estamos a presenciar é um processo judicial, que
pela natureza das pessoas envolvidas e pelos factos que encerra pode ter
sérias repercussões politicas, mas para impedir que isto acontecesse alguém
deveria ter tomado as necessárias medidas cautelares.
É, na verdade, um facto que belisca a auto-estima de todos os moçambicanos, independentemente das suas opções político-ideológicas.
PGR corre atrás do prejuízo
que ela própria provocou
Savana 11-01-2019 19 OPINIÃO
614
Email: diariodeumsociologo@gmail.com
Portal: https://oficinadesociologia.blogspot.com
Q
uer o percebamos quer não,
2018 pode ter sido um ano
de viragem histórica. A globalização mal gerida levou a
movimentos nacionalistas de “recuperação de controlo” e a uma onda
crescente de protecionismo que está a
minar a ordem internacional liderada
pelos americanos durante 70 anos. O
cenário está pronto para a China desenvolver as suas próprias instituições
internacionais paralelas, augurando
um mundo dividido entre dois sistemas concorrentes de governança
global.
Aconteça o que acontecer nos próximos anos, já está claro que a década
de 2008-2018 marcou uma mudança
memorável no equilíbrio do poder
económico. Quando presidi à Cimeira do Grupo dos Vinte (G20), em
Londres, no auge da crise financeira
global, a América do Norte e a Europa tinham cerca de 15% da população
mundial, mas representavam 57% do
total da actividade económica, 61%
do investimento, cerca de 50% da indústria e 61% dos gastos globais dos
consumidores.
Mas o centro de gravidade económica do mundo mudou desde então.
Enquanto em 2008 cerca de 40%
da produção, indústria, comércio e
investimento estavam localizados
fora do Ocidente, hoje são mais de
60%. Alguns analistas preveem que
a Ásia responderá por 50% da produção económica global até 2050. É
verdade que o rendimento per capita
da China ainda pode ser inferior a
metade do dos Estados Unidos em
2050, mas o tamanho da economia
chinesa levantará no entanto novas
questões sobre governança global e
geopolítica.
Sob nova direção
Durante várias décadas após a sua
formação nos anos de 1970, o Grupo dos Sete (G7) - Canadá, França,
Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos - basicamente
presidiu a toda a economia mundial.
Mas, em 2008, eu e outros começámos a discernir um render da guarda.
Nos bastidores, os líderes norte-americanos e europeus debatiam se tinha
chegado a hora de criar um novo fórum de cooperação económica que
incluísse as economias emergentes.
Esses debates foram muitas vezes
acesos. De um lado estavam aqueles
que queriam manter o grupo pequeno (uma das primeiras propostas dos
EUA previa um G7 + 5); do outro
lado, estavam aqueles que queriam
que o grupo fosse o mais inclusivo
possível. Até hoje, os resultados dessas primeiras negociações não são
totalmente claros. Quando o G20 se
reuniu em Londres em Abril de 2009
incluiu, na verdade, 23 países - com a
Etiópia a representar a África, a Tailândia a representar o Sudeste Asiático e os Países Baixos e a Espanha
juntaram-se à lista europeia original
-, assim como a União Europeia. No
entanto, mesmo esse G24 não refletia
totalmente o quão rápido o mundo
estava a mudar. Hoje, a Nigéria, a
Tailândia, o Irão e as economias dos
Emirados Árabes Unidos são maiores do que a menor economia do G20
(África do Sul), mas nenhum desses
países é membro do grupo.
Da mesma forma, as coisas também
estão a mudar em relação ao Fundo
A globalização está numa encruzilhada
Por Gordon Brown*
Monetário Internacional. Quando os
Artigos de Acordo originais do FMI
estavam a ser negociados em 1944,
houve alguma discordância sobre se
o novo órgão deveria estar sediado
na Europa ou nos EUA. Por fim, foi
decidido que deveria ter a sede na capital do país com a maior parcela dos
direitos de voto (que acompanha a
participação de um país na economia
global). Isso significa que, dentro de
uma ou duas décadas, a China poderá
exigir que o FMI tenha a sua sede em
Pequim.
Provavelmente o FMI não se mudará
de Washington DC (mais depressa
os EUA deixariam o FMI do que
o FMI deixaria a América). Mas a
questão permanece: o mundo está a
vivenciar um reequilíbrio histórico
que não é apenas económico, mas
também geopolítico. A menos que o
Ocidente consiga encontrar uma maneira de defender o multilateralismo
num mundo cada vez mais multipolar, a China continuará a desenvolver
instituições financeiras e de governança alternativas, como fez com a
fundação do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB,
sigla em inglês) e a Organização de
Cooperação de Xangai.
Uma soberania oca
O actual conflito comercial entre os
Estados Unidos e a China é sintomático de uma transição maior no
poder financeiro global. À superfície,
o confronto da administração Trump
com a China é sobre o comércio, com
disputas sobre manipulação de moeda pelo meio para compor o cenário.
Mas, a partir dos discursos de Trump,
percebe-se que a verdadeira batalha é
sobre algo maior: o futuro do domínio tecnológico e do poder económico global.
Embora Trump tenha, pelo menos,
detetado a crescente ameaça à supremacia americana, ele ignorou a
estratégia mais óbvia para responder
a isso: ou seja, uma frente unida com
aliados e parceiros dos EUA em todo
o mundo. Em vez disso, Trump afirmou uma prerrogativa para agir unilateralmente, como se os EUA ainda
governassem um mundo unipolar.
Como resultado, já arrasta atrás de si
um rasto de ruína geopolítica.
Entre outras coisas, Trump retirou-se
do acordo nuclear com o Irão e do
acordo climático de Paris, e anunciou
que os EUA estão de saída do Tratado de Forças Nucleares de Alcance
Intermédio com a Rússia que dura há
31 anos. Além disso, o seu governo
bloqueou a nomeação de juízes para
o órgão de solução de controvérsias
da Organização Mundial do Comércio; reduziu o G7 e G20 à quase
irrelevância; e abandonou a Parceria
Transpacífico, abrindo a porta para a
China afirmar o seu domínio económico na região Ásia-Pacífico.
Há aqui uma profunda ironia. Quando a América realmente presidia a
um mundo unipolar, geralmente preferia actuar por meio de instituições
multilaterais. Mas agora que o mundo está a tornar-se mais multipolar, a
administração Trump está a avançar
sozinha. A questão é se esse esforço
para recuperar uma forma pura de
soberania do século XIX poderá funcionar.
No que diz respeito ao comércio, as
políticas “América Primeiro” da administração Trump podem inicialmente
parecer reduzir as importações. Mas
elas também estão a afetar insumos
importados para as exportações dos
EUA, que não serão poupados aos
efeitos prejudiciais de maiores barreiras comerciais. Para piorar as coisas,
a actual onda de protecionismo pode
estar a criar novas pressões fiscais, já
que os trabalhadores da indústria dos
EUA e os agricultores em dificuldades exigem compensação por meio de
subsídios ou alívio fiscal.
A formação de nuvens de tempestade
Para uma ilustração ainda mais contundente dos perigos representados
pelo protecionismo e pelas políticas
fiscais expansionistas dos EUA, pensemos no que aconteceria no caso de
uma nova crise económica global.
Em 2008, governos de todo o mundo
conseguiram reduzir as taxas de juro,
introduzir políticas monetárias não
convencionais e implementar estímulos fiscais. Além disso, esses esforços
foram coordenados globalmente para
maximizar o seu efeito. Os bancos
centrais trabalharam juntos e, com a
cimeira dos líderes do G20 em 2009,
houve uma cooperação inigualável
entre chefes de Estado e ministérios
das Finanças.
Agora, olhemos em frente para os
anos 2020, quando haverá muito menos espaço monetário e fiscal para
manobras. As taxas de juro serão
quase certamente demasiado baixas
para que os decisores de políticas
monetárias forneçam um estímulo
eficaz; e os densos balanços patrimoniais herdados da última crise terão
deixado os bancos centrais cautelosos em relação a mais flexibilização
quantitativa.
A política orçamental será igualmente restritiva. Já em 2018, o rácio
médio da dívida pública em relação
ao PIB da UE é superior a 80%; o
défice federal dos EUA deve ultrapassar 5% do PIB; e a China está a
lidar com a crescente dívida pública
e privada. Nestas condições, proporcionar estímulo fiscal será ainda mais
difícil do que nos anos que se seguiram à última crise, e a coordenação
transfronteiriça será ainda mais necessária. Infelizmente, as tendências
actuais sugerem que os governos estarão mais propensos a culparem-se
uns aos outros do que a cooperar para
acertar as coisas.
Estamos, portanto, diante de um paradoxo. O descontentamento com a
globalização trouxe uma nova onda
de protecionismo e unilateralismo,
mas só se conseguirá abordar as fontes desse descontentamento através
da cooperação. Nenhum país sozinho
pode resolver problemas como o aumento da desigualdade, a estagnação
salarial, a instabilidade financeira, a
evasão fiscal, as mudanças climáticas
e as crises de refugiados e migração.
Um recuo para a política das grandes potências do século XIX poderá,
de forma decisiva, fazer retroceder a
prosperidade que alcançámos no século XXI.
Longe de representar uma visão estratégica clara do futuro, a “América
Primeiro” é mais como um espasmo
de autoflagelação de uma potência
outrora hegemónica ainda apegada
ao passado. Retornar ao nacionalismo
expresso no Tratado de Versalhes é
ignorar a diferença indispensável que
pode fazer a ação intergovernamental
fortalecida.
Pode haver esperança
À medida que a América se afasta do
multilateralismo, a China está a remodelar sozinha a geopolítica global
através do AIIB, do Novo Banco de
Desenvolvimento, da Nova Rota da
Seda e de outros meios. Mas, embora
as políticas actuais da China tenham
implicações de longo prazo para a região da Ásia-Pacífico e para o mundo, a maioria de nós ainda precisa de
refletir cuidadosamente sobre essas
consequências.
Ainda assim, os confrontos entre
grandes potências não precisam de
ser a nova ordem do dia. O fracassado lançamento, em Outubro, de
um foguete que transportava um
astronauta norte-americano e um
cosmonauta russo para a Estação Espacial Internacional (EEI) foi uma
metáfora apropriada para o estado
das relações geopolíticas de hoje. No
entanto, também serviu como um
lembrete de uma história mais profunda da cooperação multilateral e do
que ela alcançou. Ao todo, 18 países
participaram em viagens à EEI, que
atualmente abriga uma equipa de
astronautas americanos, russos e alemães que trabalham em conjunto.
Embora a corrida espacial tenha começado como uma competição de
soma zero no auge da Guerra Fria,
ela tornou-se uma área de colaboração internacional sustentada. Hoje,
os programas espaciais russo e norte-
-americano são tão mutuamente dependentes que os astronautas americanos não podem voar para a EEI
sem lançadores de foguetes russos, e
os cosmonautas russos não podem
sobreviver a bordo da estação sem a
tecnologia americana.
Claro que essa parceria de longa data
poderá acabar. Uma lei dos EUA de
2011 já proíbe a China de aceder à
EEI ou de trabalhar com a Administração Nacional de Aeronáutica
e Espaço dos EUA (NASA). No
entanto, se potências hostis como os
EUA e a Rússia conseguem encontrar maneiras de cooperar no espaço,
certamente algo semelhante pode ser
alcançado aqui na Terra.
Devemos ter esperança. A Guerra
Fria durou quatro agonizantes décadas, em boa parte porque a União
Soviética se recusou a reconhecer o
valor dos mercados e da propriedade privada e evitou o contacto com
o Ocidente. O mesmo não pode ser
dito da China. Mais de 600 000 estudantes chineses estudam no exterior
todos os anos, e 450 000 deles fazem-
-no nos EUA e na Europa, onde
constroem redes sociais e profissionais duradouras.
Enquanto nos preparamos para conflitos globais nos próximos anos, precisamos de trabalhar para um futuro
moldado pela colaboração. Independentemente de a questão ser estabilidade financeira, mudança climática
ou paraísos fiscais, há uma argumentação forte em defesa de os interesses
nacionais serem mais bem servidos
por meio da cooperação internacional. No entanto, com as cadeias de
fornecimento a serem reorganizadas,
acordos comerciais bilaterais e regionais a serem negociados e os governos regionais - como o da Califórnia
- à procura dos seus próprios acordos
a nível global, teremos de expandir o
alcance dessa cooperação.
A globalização está numa encruzilhada. De uma forma ou de outra,
organizações internacionais e estruturas multilaterais precisarão de
acomodar os novos “polos” de poder
geopolítico que estão a surgir. As decisões que estamos a contemplar hoje
terão implicações significativas e de
longo alcance para o futuro do nosso planeta. A única questão é se elas
serão tomadas de forma unilateral ou
colaborativamente. Devemos invocar
a vontade dos nossos antecessores do
pós-guerra, para que também nós
possamos estar “presentes na criação”
de uma ordem que seja adequada
para o nosso momento na história.
*Gordon Brown, ex-primeiro-ministro
e ministro das Finanças do Reino Unido, é enviado especial das Nações Unidas
para a Educação Global e presidente da
Comissão Internacional do Financiamento da Oportunidade para uma
Educação Global. É presidente do Conselho Consultivo da Fundação Catalyst.
Texto retirado do dn.pt.
P
or todo o lado surgem expressões aparentemente inócuas,
palavras cujo conteúdo importa, porém, expurgar simbolicamente, não interessando saber exactamente o que são, quem
são e por que são. A pobreza absoluta, por exemplo, é um mal
que podemos eliminar se “todos” assumirem o combate contra ela. A
crença interessada é a de que a pobreza absoluta nada tem a ver com
o sistema social que a segrega em permanência, mas com a falta de
fé e de emprenho pessoal.
É como se, esvaziado por completo o sentido social das coisas e das
pessoas que fazem coisas em relações a propósito de coisas que uns
têm e outros não, transformássemos certas expressões em eléctrodos politicamente úteis, em pacemakers que se espera reequilibrem
o ritmo cardíaco da nossa vida com pequenos choques eléctricos
simbólicos, convenientes, verbais, encantadores, silenciosos e anestesiantes.
Pacemakers sociais
20 Savana 11-01-2019 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
O
documento vazado pela justiça americana sobre as dívidas
ocultas diz que a EMATUM foi
criada para se poder ter um empréstimo adicional para pagar parte das
dívidas da Proindicus. Não riam! Isso é
verdade. Aconteceu, pelo menos segundo
a acusação da justiça americana! Alguém
pensou que isso ia dar certo: fazer empréstimo multimilionário de um projecto sem
viabilidade para pagar dívidas de outro
empréstimo sobredimensionado. O tal estudo de viabilidade [da EMATUM] que
dizem existir, nunca foi tornado público,
mesmo nos momentos mais acesos do debate. Seria interessante ver que argumento
está lá.
Como justificação das dívidas que criaram
as três nefastas empresas, vimos discursos
que os agrupo em dois tipos. O primeiro,
sobre soberania. O segundo, mais tecnicista/supostamente científico, sobre o próprio debate público.
O primeiro (da soberania), funcionou
como uma forma de intimidação e de
tentativa de criação de uma narrativa patriótica e até de heroísmo. Até tivemos
direito a um texto “aos companheiros de
trincheira”, cujo autor dava o peito às balas pela defesa da tal causa nacional. Qual
abnegado herói disposto a morrer pela sua
pátria amada. A par disso, também houve
uma sistemática sabotagem e ameaças aos
que debatiam este assunto publicamente,
com direito a textos a circularem nas redes
sociais a rotular as pessoas de “agentes de
interesses estrangeiros”.
As galinhas do medo
Por José Jaime Macuane
Também jovens zelosos de uma certa organização partidária não mediram esforços em intervir de forma arruaceira em
debates da sociedade civil sobre o assunto,
nos quais em certas ocasiões apenas apareciam para discutir pessoas e nem ficavam
para as respostas ou o debate.
O segundo, o tecnicista/“científico” – sobre
como participar de forma “sensata”, “científica”, “informada”, “cidadã” e intervir no
momento certo (regra que claramente não
se aplica aos mentores dessas ideias, “que
sempre sabem” qual é o momento certo de
intervir) no debate público. Este discurso,
mais manipulativo, funcionou como uma
tentativa de incutir a autocensura, na busca de validação científica ou técnica dos
que se consideram autoridades científicas
ou técnicas, ou na busca de enquadramento social e referências cognitivas ao pensamento das pessoas. A cidadania, o direito
de participar e ser ouvido, independentemente das suas capacidades intelectuais ou
técnicas, tornaram-se apenas numa ténue
referência (se é que existia) em tais mentes
iluminadas e supostamente iluminantes.
Essa reflexão não parece ser relevante para
essa “pedagogia da cidadania”.
À medida que se confirma e se revela detalhes dos contornos deste caso, fica claro
que ambos os discursos não foram para
além de uma tentativa de criar medo no
debate público e/ou não conseguem passar apenas de justificação da escandalosa roubalheira de que fomos vítimas. De
forma mais sistémica, da justificação (deliberada ou ingénua) daquilo que à esta
altura podemos seguramente chamar de
uma cleptocracia que capturou as instituições do País. Portanto, além da fraude
descarada que é descrita no documento da
justiça americana, este grupo usou as instituições do Estado, incluindo o aparelho
repressivo, os impostos dos contribuintes,
para marcar a sua posição. A frase do Mia
Couto, sobre os homens que aos nossos
olhos se transmutaram em várias personagens e que no fundo não passavam de
ladrões, é a epítome desta ideia.
Não há muito de positivo que possa vir
de um grupo governante (e seus satélites
e fieis seguidores) que cultiva o medo, seja
a partir da repressão ao debate público e
a exigência de responsabilização, seja pelo
pseudo debate intelectual, que mais do
que educar, tenta formatar maneiras de
pensar e intervir na arena pública. O último, uma espécie de banditismo epistemológico (que difere expressão usada por
Boaventura Sousa e Santos “de fascismo
epistemológico”, porque neste há alguma
dose de honestidade intelectual, embora
maligna), que não é nada mais do que a
expressão intelectual da tentativa de defender interesses de grupo.
Uma das coisas que esta cultura de medo
criou é a complacência com que a sociedade viu as suas instituições serem subvertidas e usadas em prol de um grupo,
inclusive para a violentar psicológica e fisicamente, incluindo através da imposição
de um injusto fardo económico e social.
Agora ainda volta o debate da soberania,
ignorando-se o facto de que não só a justiça nacional se manteve inoperante (porque manietada), mas também os crimes
de que os personagens aqui referidos são
acusados foram cometidos em jurisdição
estrangeira. Sobre os crimes cometidos em
jurisdição nacional, ainda há muito espaço para a redenção das nossas instituições,
mas a nossa nefasta formatação política
nos aconselha a “aguardar serenamente”.
Se há alguma lição que se pode tirar disto
é que acalentar esta cultura de medo não
nos vai levar a lado nenhum. Certamente
existe uma componente de violência nestes grupos que não deve ser negligenciada e ela foi sendo usada ao longo deste
processo (outro assunto que deveria ser
investigado pelas instituições, se funcionassem como deve ser). Mas pessoas e
grupos que recorrem a esses expedientes
não têm nenhum projecto benigno para a
sociedade. Aliás, só faz sentido cultivarem
uma cultura de medo, que limita o debate
e a responsabilização pública, quando o
objectivo é preservar privilégios indevidos
e interesses que divergem dos interesses
mais amplos, porque nestes casos o debate aberto e sem barreiras é a forma mais
legítima.
Se continuarmos a acalentar este medo,
não seremos nada mais que parte da capoeira dos milhões de galinhas a que um
dos co-conspiradores (como é chamado
no texto) se refere, ao gulosamente exigir o
quinhão desta roubalheira para alimentar
a gula dos seus comparsas. Com este tipo
de patriotas e defensores da soberania, não
há muito a esperar do nosso futuro do país.
T
ransformamo-nos no pobre que
se viciou em pedir peixe ao vizinho e nunca se preocupou
em sacudir a sua preguiça para
aprender a pescar. É tanta pobreza que
nos acomodamos na ideia que nós próprios criamos de que não aprendemos
a pescar porque quem nos dá peixe não
está interessado em tirar-nos dessa armadilha. Daqui resultou, ao longo do
tempo, o reforço do endividamento do
país em paralelo com o aproveitamento da condição de pobreza em que se
encontra grande parte dos moçambicanos. A impunidade, essa sim, foi sempre a marca registada dos “moçambicanos de gema”, aqueles que estão acima
da Lei.
O forte instinto de sobrevivência tem
feito com que indivíduos, famílias ou
mesmo as ditas organizações democráticas de massas (ODMs) tenham
como preocupação primeira, segunda e
terceira o estômago vazio. Custa perceber o País. Do estômago para o País vai
uma distância. Se for anunciada a subida da tarifa de transportes colectivos
e semi-colectivos, pelo menos em Ma-
“Dois bis” sem vergonha
puto, as pessoas conseguem ter coragem
de murmurar e até tomar alguma atitude.
Conseguem pôr pneus a arder as ruas expelindo fumo de protesto negro. Os manifestantes têm sido maioritariamente jovens
que “nunca viram” os “mais velhos” em acções de manifestação activa. Se o problema
for o aumento do preço do combustível e
porque isso afecta directamente uma minoria da população, aqueles que têm veículo próprio, assiste-se, destes, a um murmúrio efémero que termina em conformismo
absoluto ao redor do umbigo. Obviamente
que a curto prazo vai afectar directamente
a maioria que depende do transporte colectivo e semi-colectivo. Continuemos: se
um grupo de moçambicanos engendra um
rombo financeiro de 2 mil milhões de dólares, dois bis, com esquemas pouco claros
e transforma tudo isso em dívida soberana,
hipotecando o futuro do país, enchendo
o estômago até perder a respiração, o que
lhes acontece? Internamente, o habitual. A
maioria do cidadão comum não reage na
mesma proporção que o problema exige,
devido, por um lado, ao embrutecimento
criado pela pobreza que pesa sobre as nossas decisões e, por outro, devido ao traumatismo psicológico criado pela cultura
de obediência (cega e inquestionável). Entretanto, o umbigo mantem-se ao alcance
de cada um, diferentemente do País. E os
blindados?
O Governo, supostamente, parece ter percebido o drible no dia seguinte. Blindar
a segurança da cidade revelou excelente
compreensão da magnitude do problema
criado pelo rombo financeiro. O cidadão,
esse que alegadamente devia ter quebrado
a loiça por causa dos “dois bis”, parece ter
despertado depois de ter visto os “blindados” que o esperavam. No dia seguinte,
quarta, não vimos os tais “blindados” nem
sinais externos de uma manifestação ao
vivo contra as dívidas odiosas, pedindo a
cabeça dos responsáveis do lado moçambicano. Afinal, a manifestação, há muito em
curso, só agora está a atingir o seu primeiro
pico alto e não é “ao vivo”: nas redes sociais
a mesma é forte e lá não há espaço para
acomodar blindados e nem balas perdidas,
chambocadas e jactos de água. Com a crise
não há tempo para pensar num bom vírus
para atrapalhar as redes sociais. Aliás, isso
levaria a manifestação, ao vivo, para as ruas.
Nas redes sociais circulam documentos,
em tempo útil, dando conta da situação
no tribunal sul-africano. De chacota em
chacota e de gargalhada em gargalhada
faz-se a marcha contra os 12 envolvidos, esperando-se os 18 da “madame”.
Quem são os rasurados? Os nomes vão
aparecendo. De facto, as preocupações
com as necessidades básicas estomacais
são muito mais importantes que levar
uma chambocada na rua, numa altura de
crise, incluindo no sector da saúde. Esperávamos uma marcha das ODMs que
não sofrem com as sevícias das “forças”;
“marcha pacífica” da OMM, da OJM, da
OTM, etc. Estão todos liminarmente
“wassuassados” e sem rede? Ah, estão no
movimento de repúdio nas redes sociais.
Todos perceberam que afinal a ajuda
externa não é só financeira. Nesta não
falamos em vergonha. A ajuda externa é também no sentido de repor/fazer
justiça. Nesta ficamos envergonhados
porque, internamente, por razões conhecidas, as nossas “instituições de justiça”
não interpretaram e/ou implementaram
corajosamente o sentido de separação de
poderes. São duas vergonhas. Uma delas
maior que a outra.
Savana 11-01-2019 21 PUBLICIDADE
22 Savana 11-01-2019 DESPORTO
O
Presidente da Federação
Moçambicana de Natação
(FMN), Fernando Miguel,
defende que os próximos
anos da modalidade “serão de glória” e que o seu sucessor é “abençoado”, pelo facto desta estar de “boa
saúde”.
Em entrevista ao SAVANA, Miguel garantiu deixar aquela agremiação “bem encaminhada”, pelo
facto de a modalidade ter voltado
a ser “nacional” e com os atletas em
condições de participar nos Jogos
Olímpicos de 2020 com as marcas
mínimas exigidas.
Fazendo balanço do seu mandato, o
dirigente garante ter cumprido com
algumas promessas, apesar da crise
financeira; revela não deixar fundos
nas contas da instituição, pois, “sempre trabalhamos na base dos contratos-programas” e que luta para não
deixar saldos negativos.
Acompanhe os excertos mais importantes desta conversa.
Está a escassos dias de deixar a
FMN. Que balanço faz do seu
mandato?
-O balanço é positivo porque encontramos uma realidade que se
relacionava com a legalização da
federação. Foi um processo que se
arrastou por muito tempo e que nos
impediu navegar nos moldes que
desejávamos, pois, dependíamos de
estatutos para firmarmos acordos.
A nossa candidatura focava-se na
massificação, participação em competições internacionais e nível de
competição e competitividade dos
nossos atletas, incluindo a formação,
a reactivação do polo aquático, reabilitação das infra-estruturas.
Conseguiram concretizar os pontos
que corporizavam a vossa candidatura?
-Conseguimos realizar todos campeonatos nacionais: de inverno e
verão. É um ponto positivo porque
são provas que permitem um intercâmbio social e desportivo entre os
atletas e catapulta-os para patamares nacionais e internacionais. Registamos ainda uma grande abertura
para atletas e equipas moçambicanas competirem no estrangeiro, o
que permitiu a elevação do nível de
competitividade dos nossos atletas,
algo que não acontecia nos últimos
anos. Conseguimos participar numa
final dos Jogos da Commonwealth,
o que é uma honra para nós. Também fomos aos mundiais de piscina
curta com mínimos. Isso deveu-
-se ao trabalho que fizemos, desde
a capacitação até a participação em
eventos internacionais.
Mas, continuamos a depender dos
mesmos atletas. Porquê e quando
iremos alterar o cenário?
-Há progressos porque os atletas do
topo já não são os mesmos do passado porque uns deixaram de competir
e outros foram ultrapassados. Mas,
há atletas que, na altura, estavam
nos infantis e que hoje participam
nos campeonatos internacionais.
Autoelogia-se sobre a organização
das provas, mas têm sido criticadas
pelos técnicos devido a junção de
1DKRUDGRDGHXV )HUQDQGR0LJXHODÀUPDTXHRSUy[LPRSUHVLGHQWHGD)01WHP´PXLWRSDUDDFHUWDUHSRXFRSDUDHUUDUµ
´'HL[DPRVDQDWDomREHPHQFDPLQKDGDµ
Por Abílio Maolela
todos os escalões e da fraca qualidade dos juízes e cronometristas...
-Há muitos factores a ter em conta. Muitas vezes, as pessoas criticam
por não conhecer a Política e a Lei
do Desporto. Quando fazemos os
campeonatos nacionais, organizamos de todos os escalões e nessa
perspectiva também organizamos
campeonatos que participam atletas
de alta competição e de massificação, devido aos custos. Separar campeonato de massificação do da alta
competição acarreta custo, não só
a FMN, mas também aos próprios
clubes. Portanto, é uma forma que
traz mudanças, mas que está enquadrado nos padrões internacionais,
excepto naqueles países, onde as federações tem capacidade financeira.
“Sentimo-nos realizados com
estes resultados”
Mas, em que estágio está a massificação?
-Penso que foi o nosso maior progresso porque, quando entramos
tínhamos no activo duas associações
e poucos clubes. Mas, foi possível
trazer, pela primeira vez, Inhambane para a natação; Tete e Manica às
competições nacionais; e resgatamos Nampula. Também conseguimos aumentar o número de clubes,
em Maputo, Sofala, Manica e Tete.
Mas, não fomos felizes em ter momentos bons da nossa economia. O
nosso mandato foi caracterizado por
situações difíceis da nossa economia
e conseguir parcerias nesse contexto é muito difícil, pelo que, tivemos
dificuldades em avançar noutras
disciplinas como Polo Aquático.
Também queríamos resgatar a disciplina dos masters (veteranos) para a
competição. Portanto, sentimo-nos
realizados com estes resultados, tendo em conta a realidade que encontramos.
Falou da legalização da Federação,
significa que a FMN não tinha estatutos? Como funcionava?
-A Federação sempre teve estatutos,
o que acontece é que não tinha estatutos aprovados e publicados no Boletim da República (BR), tal como
obriga a Lei do Desporto, aprovada
em 2012. Portanto, foi um processo
muito longo e só, em 2017, conseguimos ter personalidade jurídica
para podermos firmar parceiras.
E em relação às Associações, quantas estão filiadas à FMN?
-Temos seis associações (Nampula,
Tete, Manica, Sofala, Inhambane e
Maputo Cidade). São estas que, ao
longo do nosso mandato, participaram em competições organizadas
pela Federação. Mas, mesmo assim,
a legalização da FMN só foi possível
com o recurso à Lei do Associativismo, pois, apesar de termos seis associações, apenas duas estão legalizadas. E para legalizar uma federação
é preciso ter seis associações com
estatutos publicados no BR.
Qual é o ponto de situação das piscinas?
-Neste capítulo também registamos grandes progressos, apesar de
termos tido acidentes na Piscina
Olímpica do Zimpeto. Em Maputo,
conseguimos recuperar a piscina da
Escola Secundária Estrela Vermelha
(será inaugurada, recentemente) e
estamos a restruturar da Josina Machel; recuperamos a piscina de Manica; estávamos a recuperar a piscina
do Goto, na Beira, mas foi vandalizada; e estamos a lutar para termos
piscina, em Moatize (Tete).
Em que situação estamos, em termos de técnicos, juízes e cronometristas?
-Esse foi outro desafio que enfrentamos e houve um trabalho aturado
para a capacitação de juízes e cronometristas, assim como monitores.
Tivemos alguns treinadores que tiveram algumas capacitações, no estrangeiro (Portugal, Espanha, África do Sul e outros) para melhorarem
as suas técnicas de treinamento, mas
em número reduzido.
Mas, está a ser difícil termos marcas
registadas, no país, a serem reconhecidas, internacionalmente...
-A dificuldade prende-se com o período em que a piscina do Zimpeto
esteve paralisada porque um dos requisitos é termos uma piscina com
cronometragem automática e até
então só está disponível, em Maputo. Há uma perspectiva de se adquirir uma cronometragem móvel. Mas,
também é necessário que, dentro da
nossa planificação, possamos anunciar à Federação Internacional a intenção de organizarmos um evento
com marcas reconhecidas, internacionalmente.
“Deixamos a FMN bem encaminhada”
Em que situação irá deixar a FMN?
-Deixamos a FMN bem encaminhada, num ambiente propício para
que os próximos dirigentes possam
abraçar a modalidade e com dignidade prosseguirem com esse desafio.
Na próxima Assembleia-Geral vamos fazer aprovar os Regulamentos
Geral da Federação, da Arbitragem,
do Uso dos Recintos Desportivos e
Disciplinar. São ferramentas importantes que vão nortear a gestão e o
dia-a-dia da modalidade. Também
deixamos a Federação, numa altura
em que a modalidade voltou a ser
nacional e numa altura em que podemos dizer com certeza que atletas
moçambicanos irão participar com
mínimos nos Jogos Olímpicos de
Tóquio.
E em termos financeiros, em que situação deixa a Federação?
-A FMN trabalha na base dos contratos-programas com o Estado e
parceiros e patrocínios e os mesmos
estão direccionados à um programa concreto. Por isso, a Federação
depende dos eventos que organiza
nesse momento, pelo que, não é espectável termos uma saúde financeira robusta.
Ou seja, não deixa nenhum centavo
nas contas...
-Acredito que terá algum dinheiro porque deixaremos actividades
em curso (campeonatos regionais e
nacionais de inverno) que já foram
orçamentados.
Mas, qual é o orçamento anual da
FMN e que engenharia fazia para
assegurar a realização das actividades anuais?
-É muito difícil financiar as actividades de uma Federação, mas fomos aprendendo com a experiência
de cada ano. A natação é praticada
em estilos e disciplinas diferentes, o
que acarreta custos e tem sido ainda mais difícil, quando se trata de
viagens para o estrangeiro porque
a exposição das marcas dos nossos
parceiros não tem muito impacto,
tendo em conta os seus mercados.
Por isso, sempre participamos com
abaixo de 60% do que perspectivamos. A nossa expectativa orçamental sempre apontou para cerca de 15
milhões de meticais, mas só conseguimos entre seis e oito milhões de
meticais. Aliás, muitas vezes realizamos eventos à crédito e liquidamos
as dívidas de acordo com o desembolso dos parceiros. Estamos a lutar
para fechamos o mandato sem saldos negativos e pelo tempo que falta
pensamos que é possível.
É candidato às próximas eleições?
-Não!
Porquê?
-Primeiro, por questões éticas, porque para conseguirmos registar e
legalizar a Federação, não tendo
associações, foi na base do associativismo, onde um grupo de indivíduos
regista e legaliza a federação e este
por força desse exercício se torna sócio da própria federação com direitos iguais aos outros sócios.
Isto quer dizer que Fernando Miguel é sócio da FMN...
-Sim. Sou sócio-fundador. Por isso,
é preciso passar esse sentido de responsabilidade (dos que registaram)
para as Associações e esse exercício
será feito, primeiro, na Assembleia-
-Extraordinária e depois na ordinária.
É o único sócio nesta condição?
-A Lei preconiza um mínimo de 10
indivíduos e todos fazem parte da
minha lista.
O modelo adoptado para a legalização da FMN não abre espaço para
novas guerras?
-Bom, essa é a lei que ajudou a legalizar a maior parte das federações
e é um mecanismo previsto na Lei
do Desporto. Mas, está tudo acautelado. O exercício dos membros-
-fundadores cessa com a realização
das eleições.
Mas, qual é a outra razão que lhe
leva a não se candidatar?
-A outra é o sentido de dever cumprido. Vínhamos resgatar a modalidade para patamares aceitáveis.
Cumprimos e achamos que é o momento de passarmos aos outros darem continuidade e acreditamos na
qualidade dos que irão nos suceder.
Vamos aproveitar a oportunidade
que os Estatutos nos dão para reagirmos como salvaguarda e reserva
moral da Federação para que não
caia.
Como deixa a modalidade?
-A natação está de boa saúde, pois,
sentimos que há muita pressão para
ser praticada. Em todo o país, temos
registado uma dinâmica muito boa
fora do movimento oficial, por isso,
o desafio é trazer esses praticantes
ao circuito legal. Sentimos que os
próximos anos serão de glória e são
abençoados os dirigentes que irão
nos seguir. Com boa vontade e dedicação, pensamos que há muito para
acertar e pouco para errar.
“A natação está de boa saúde (...). Sentimos que os próximos anos serão
de glória e são abençoados os dirigentes que irão nos seguir”
Por lapso, escrevemos, na edição passada, que o Standard Bank
apoiou, financeiramente, a Federação Moçambicana de Atletismo
na organização da 17ª edição da Corrida Internacional São Silvestre,
Maputo-2017. Na verdade, quem apoiou a supracitada competição
foi o Barclays Bank Moçambique. Pelos transtornos causados, as
nossas sinceras desculpas.
(UUDWD
Savana 11-01-2019 23 PUBLICIDADE DESPORTO
24 Savana 11-01-2019 PUBLICIDADE
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1305 11 DE JANEIRO DE 2019
2 Savana 11-01-2019 SUPLEMENTO Savana 11-01-2019 3
Savana 11-01-2019 27 OPINIÃO Abílio Maolela (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) O
s primeiros dias do último ano da segunda década do século XXI parecem
não ter começado bem para a elite política e judiciária do já apelidado
“País do Pandza”, com a detenção do ministro das Finanças, no Governo
de Armando Guebuza, Manuel Chang, implicado no famoso e emblemático caso das dívidas ocultas, contraídas à margem da legislação nacional.
Depois de quase dois anos de cumplicidade nacional, os “gringos” chamaram para
si a responsabilidade de responsabilizarem os “prevaricadores”, tendo accionado os
seus mecanismos para “encarcerar” todos que deixaram o país na sargeta.
Perante esta situação, várias têm sido as concertações com vista ao impedimento
da extradição, para os Estados Unidos da América, do “homem-bomba” capaz de
“fervilhar” a nação e animar as já renhidas eleições gerais de 15 de Outubro próximo. É o caso do recente comunicado de imprensa da Procuradoria Geral da República, que refere estar a encetar diligências junto das autoridades sul-africanas e
norte-americanas para que os “infractores” sejam responsabilizados em solo pátrio.
O Governo, a Assembleia da República e o partido Frelimo ainda não se pronunciaram, fazendo, provavelmente, a devida concertação para enfrentar a crítica
nacional e “manipular” o pacato cidadão.
Entretanto, as concertações mostram-se tardias, tendo em conta o estágio em que
o caso chegou. Alguns afirmam que os homens da toga tiveram tempo e espaço
suficiente para debelar as chamas à moda moçambicana, mas optaram por arrastar
o caso, tendo já atingido dimensões internacionais cujas consequências são incalculáveis.
Com a confirmação definitiva de que, para além de as dívidas terem sido contraídas ilegalmente, o dinheiro foi parar nos bolsos de indivíduos identificados, o
debate sobre o pedido de declaração de inconstitucionalidade das mesmas, pelo
Conselho Constitucional, volta a ganhar força, colocando em “sarilhos” a escolinha
do barulho e os juízes do CC.
Não sabemos se a Assembleia da República irá debater o assunto na próxima sessão, o facto é que o mesmo não passará das habituais farpas entres os deputados.
Na nossa imagem de abertura, encontramos os Chefes das Bancadas Parlamentares da Frelimo e do Movimento Democrático de Moçambique, Margarida Talapa
e Lutero Simango, respectivamente, de mãos dadas (algo incomum) e sorridentes,
mas não percebemos o motivo desse sorriso.
Outras individualidades que também sorriem são o Ministro dos Combatentes,
Eusébio Lambo, e o Bastonário da Ordem dos Advogados, Flávio Menete, que
aparecem nesta outra imagem a “clicarem-se” como bons amigos fazem.
Enquanto isso, Graça Machel aparece a manter uma conversa facial com Eneas
Comiche, Presidente Eleito no Conselho Autárquico de Maputo, que na mesma
situação vai gesticulando. Estará EC80 a tentar convencer “mamã” Graça a fazer
“lobbys” junto dos “cunhados” para devolver Manuel Chang ao nosso convívio? O
futuro breve nos dirá!
Os outros que também vão sorrindo são o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros
e Cooperação, Oldemiro Balói e a vice-ministra da Agricultura e Segurança Alimentar, Luísa Meque, sob olhar sereno da vice-ministra da Juventude e Desporto,
Ana Flávia de Azinheira.
A mesma serenidade é demonstrada pelo Bispo da Igreja Anglicana, Carlos Matsinhe e o Presidente da Igreja Universal do Reino de Deus, José Guerra, nesta
última imagem.
Concertações tardias!
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF +BOFJSP EF t "/0 997 t /o
1305 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA
D
ois juristas entrevistados
pela agência de informação financeira Bloomberg são peremptórios
na defesa do argumento de que
Moçambique não é obrigado a
pagar as dívidas da Proindicus e
MAM, porque foram contraídas
numa operação manchada por
actos de corrupção, atendendo à
acusação formulada pela Justiça
norte-americana.
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Juristas peremptórios:
Moçambique não deve
pagar nada
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Savana 11-01-2019 1
DIVULGAÇÃO
Nota contextual:
O Centro de Integridade Pública (CIP) tomou a iniciativa de traduzir o documento de acusação expedito pelas autoridades judiciárias norte-americanas contra Manuel Chang e outros implicados no processo de contratação das
dívidas da Ematum, Proindicus e MAM, que posteriormente foram vendidas a investidores norte-americanos.
Esta é uma contribuição do CIP para que mais cidadãos moçambicanos tenham acesso à informação sobre o processo que poderá resultar na extradição do Deputado e antigo Ministro das Finanças, Manuel Chang, para os Estados
Unidos da América, de modo a que possam compreender os contornos das chamadas “Dívidas Ocultas” e a forma
como as mesmas foram arquitectadas.
TRIBUNAL DISTRITAL DOS ESTADOS UNIDOS
DISTRITO DE NEW YORK
....................................................................................
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
– contra –
JEAN BOUSTANI,
também conhecido como “Jean Boustany”
[Nome Ocultado]
MANUEL CHANG
[Nome Ocultado]
ANDREW PEARSE
SURJAN SINGH
DETELINA SUBEVA
Arguidos
......................................................................
As acusações do Grande Júri
2 Savana 11-01-2019 DIVULGAÇÃO
INTRODUÇÃO
I. Os arguidos, Entidades e Pessoas Relevantes
1. A República de Moçambique como nação da região subsaariana de África
2. Proindicus SA (“Proindicus”), Empresa Moçambicana de Atum, S.A. (“EMATUM”) e Mozambique Asset Management (“MAM”) eram empresas detidas, e
supervisionadas pelo Governo de Moçambique que desempenhavam funções
pelas quais o Governo de Moçambique tratava como suas e eram, portanto, “instrumentos” de um Governo estrangeiro na acepção da Lei contra a Prática de
Corrupção Estrangeira (“FCPA”), Título 15, Código dos Estados Unidos, Seção
78dd-1 (f) (1) (A). As empresas foram criadas para operacionalizar três projectos
marítimos em Moçambique para e em nome de Moçambique. A Proindicus deveria realizar a vigilância costeira, a EMATUM deveria dedicar-se à pesca do atum,
e a MAM deveria construir e fazer manutenção de barcos em estaleiros.
3. O arguido Chang era cidadão de Moçambique e Ministro das Finanças de Moçambique. Chang era, portanto, um funcionário “estrangeiro”, dentro do signiÀFDGRGD)&3$ 7tWXOR 6HomR I $ GR&yGLJRGRV(VWDGRV8QLGRV
4. [Nome Ocultado]
5. [Nome Ocultado]
6. Co-conspirador moçambicano 1, um indivíduo cuja identidade é conhecida
pelo Grande Júri, esteve envolvido na obtenção da aprovação do projecto Proindicus pelo Governo moçambicano.
7. Co-conspirador moçambicano 2, um indivíduo cuja identidade é conhecida
pelo Grande Júri, era um parente de um funcionário sénior do Governo de Moçambique.
8. Co-conspirador moçambicano 3, um indivíduo cuja identidade é conhecida
pelo Grande Júri, era um funcionário de alto escalão no Ministério das Finanças
de Moçambique e um director da EMATUM. O Co-conspirador moçambicano 3
HUD DVVLP XP´IXQFLRQiULRHVWUDQJHLURµGHQWURGRVLJQLÀFDGRGD)&3$ 7tWXOR
15, Código dos Estados Unidos, Secção 78dd-1 (f) (1).
9. O Grupo Privinvest era uma holding baseada em Abu Dhabi, Emirados Árabes
Unidos (“EAU”), que consistia em numerosas subsidiárias (colectivamente designado, “Privinvest”), que incluía a Privinvest Shipbuilding, SAL, Abu Dhabi MAR
(“ADM”), Logistics International. E Palomar Capital Advisors e Palomar Holdings Ltd, (colectivamente, designado por “Palomar”). No seu website, a Privinvest
auto descreve-se como “um dos maiores grupos globais de construção naval para
navios de guerra, submarinos de célula de combustível, super-iates, construções
RͿVKRUHHVHUYLoRVDVVRFLDGRVµ
10. O arguido JEAN BOUSTANI, também conhecido como “Jean Boustany”
(“BOUSTANI”), cidadão do Líbano e foi o principal vendedor e negociador da
Privinvest.
11. [Nome Ocultado]
12. Privinvest Co-conspirador 1, um indivíduo cuja identidade é conhecida pelo
Grande Júri, foi contratado pela Privinvest para desenvolver negócios com países
africanos através de conexões com funcionários dos Governo africanos.
13. Privinvest Co-conspirador 2, um indivíduo cuja identidade é conhecida pelo
Grande Júri, foi o principal executivo da Privinvest.
14. Banco de Investimento 1, cuja identidade é do conhecimento do Grande Júri,
era uma empresa global de investimento bancário, títulos e investimento, com
sede e administração na Europa. O Banco conduziu as suas actividades princiSDOPHQWHSRUPHLRGHYiULDVVXEVLGLiULDVHDÀOLDGDV FROHFWLYDPHQWH GHVLJQDGR
“Banco de Investimento 1”). O Banco de Investimento 1 tinha uma classe registada conforme a secção 12 da Lei de Valores Imobiliários e Câmbios de 1934 (Título 15, Código dos Estados Unidos, Seção 78) (a “Lei Cambial”) e era obrigada a
apresentar relatórios junto à Comissão de Títulos e Câmbios dos Estados Unidos
(“SEC”) nos termos da Seccção 15 (d) da Lei Cambial (Título 15, Código dos Estados Unidos, Secção 78o (d)). Como tal, o Banco de Investimento 1 era um “emissor”, conforme o termo usado na FCPA, Título 15, Código dos Estados Unidos,
Secção 78dd-1 (a) e 78m (b)
15. O arguido ANDREW PEARSE, cidadão da Nova Zelândia e era, até aproximadamente 13 de Setembro de 2013, director-gerente do Banco de Investimento 1
e chefe do Grupo de Financiamento Global do Banco de Investimento. Enquanto
funcionário do Banco de Investimento 1, PEARSE era um “empregado” e “agenWHµGHXP´HPLVVRUµGHQWURGRVLJQLÀFDGRGD)&3$ 7tWXOR &yGLJRGRV(VWDdos Unidos, Secção 78dd-1 (a). Em Abril de 2013, PEARSE também começou a
trabalhar em benefício da Privinvest.
16. O arguido SURJAN SINGH, cidadão do Reino Unido e era, até aproximadamente 16 de Fevereiro de 2017, director-gerente do Banco de Investimento 1. SINGH era “empregado” e “agente” de um “emissor”, na acepção do FCPA, Título
15, Código dos Estados Unidos, Seção 78dd-1 (a).
17. A ré DETELINA SUBEVA, cidadã da Bulgária e era, até aproximadamente 21
de agosto de 2013, vice-presidente do Grupo Global do Banco de Investimento 1.
Enquanto funcionária do Banco de Investimento 1. SUBEVA era “empregada” e
´DJHQWHµGHXP´HPLVVRUµGHQWURGRVLJQLÀFDGRGD)&3$ 7tWXOR &yGLJRGRV
Estados Unidos, Secção 78dd-1 (a). Em Abril de 2013, a SUBEVA começou a trabalhar em benefício da Privinvest.
18. O Banco de Investimento 2, cuja identidade é conhecida pelo Grande Júri, era
um banco de investimento internacional, propriedade de um Governo estrangeiro e tinha escritórios em New York, Londres e outros lugares.
19. O Fundo Monetário Internacional (FMI), uma instituição intergovernamental
TXH DWp0DUoRGH SUHVWDYDDVVLVWrQFLDÀQDQFHLUDHDVVHVVRULDD0RoDPELque. Para receber tal assistência, Moçambique concordou, entre outras coisas, em
limitar o seu empréstimo junto dos credores privados.
,, 7HUPRVHGHÀQLo}HV
20. A “garantia” é, entre outras coisas, qualquer nota, acção, obrigação, debênture,
evidência de endividamento, contrato de investimento ou participação em qualquer acordo de participação nos lucros.
21. Um “sindicalizado de crédito” é um empréstimo organizado por um ou mais
bancos em nome de um grupo de credores, consultados como um sindicato, que
trabalham juntos para fornecer fundos para um único mutuário.
8PD ´QRWDGHSDUWLFLSDomRHPFUpGLWRµRX ´/31µpXP WtWXORGH UHQGDÀ[D
que fornece ao detentor juros “pro rata” proporcionais nos pagamentos dos juros
e capital feitos pelo mutuário.
23. Um “Eurobond” é um título internacional vendido em uma moeda diferente
da moeda do mutuário.
III O esquema fraudulento
A. Visão Geral
(QWUH DSUR[LPDGDPHQWH H DWUDYpVGHXPD VpULHGHWUDQVDFo}HVÀnanceiras, a Proindicus, a EMATUM e a MAM contraíram dívida de 2 mil milhões
através de empréstimos garantidos pelo Governo moçambicano. Os empréstimos
foram organizados pelo Banco de Investimento 1 e pelo Banco de Investimento 2 e
vendidos a investidores em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos. Ao longo das transacções, os co-conspiradores, entre outras coisas, conspiraram para deIUDXGDULQYHVWLGRUHVHSRWHQFLDLVLQYHVWLGRUHVQRVÀQDQFLDPHQWRVGD3URLQGLFXV
EMATUM e MAM através de numerosas deturpações e omissões relativas, entre
outras coisas: (i) ao uso do dinheiro do empréstimo, (ii) pagamentos de suborno e
luvas a funcionários do Governo moçambicano e a banqueiros, (iii) o montante e
datas da maturação da dívida da Moçambique, e (iv) a capacidade de Moçambique
e a intenção de reembolsar os investidores.
&DGDXPDGDVHPSUHVDVÀUPRXFRQWUDWRVFRPD3ULYLQYHVWSDUDRIRUQHFLPHQWR
de equipamentos e serviços para a operacionalização dos projectos marítimos. O
dinheiro do empréstimo deveria ser usado exclusivamente para os projectos marítimos, mas quase todo o dinheiro emprestado foi pago directamente à Privinvest,
o único fornecedor dos projectos. Na realidade, os arguidos JEAN BOUSTANI,
[Nome Ocultado], Manuel Chang, [Nome Ocultado], ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA, juntamente com outros, criaram os projectos marítimos como fachada para arrecadar dinheiro que seria intencionalmente
desviado para o seu próprio enriquecimento e pagar pelo menos 200 milhões em
subornos e luvas a funcionários do Governo moçambicano e outros.
26. Os co-conspiradores aplicaram apenas uma parte do dinheiro do empréstimo
para os proje-tos marítimos, e, em benefício do esquema, a Privinvest cobrava preoRVLQÁDFLRQDGRVSHORVHTXLSDPHQWRVHVHUYLoRV IRUQHFLGRV GLQKHLURTXHSRVWHriormente era encaminhado para pagar subornos e luvas. Depois de realizar pouca
ou nenhuma actividade comercial, a Proindicus, a EMATUM e a MAM entraram
em incumprimento nos seus empréstimos.
B. Controlo Interno Relevante da Contabilidade do Banco de Investimento 1
$)&3$ 7tWXOR VHFomR E % P E E H Ϳ D H[LJHTXH
os emissores mantenham um sistema de controlo contável e tornou ilegal o contorno consciente e intencional de tal controlo.
28. O Banco de Investimentos 1 tinha controlo contável interno (“Controlo Interno”) que abordavam, entre outros aspectos, a prevenção do suborno a e pelos
funcionários do Banco de investimento 1, a prevenção de lavagem de dinheiro
HRXWURVFULPHVÀQDQFHLURV FRQÁLWRVGHLQWHUHVVHV HPSUHJRH[WHUQR HRXVRGH
LQWHUPHGLiULRVHPWUDQVDFo}HVÀQDQFHLUDV 2'HSDUWDPHQWRGH´&RPSOLDQFHµGR
Banco de Investimentos 1 exerceu a responsabilidade primária de supervisionar e
fazer cumprir o controlo interno do Banco de Investimentos.
29. Dentro do Banco de Investimentos 1, o grupo de banqueiros de investimento
GHVLJQDGRVSDUDXPDWUDQVDFomRHVSHFtÀFDHUDFKDPDGR´HTXLSDGHQHJRFLDomRµ
2VDUJXLGRV$1'5(:3($56( 685-$16,1*+H'(7(/,1$68%(9$À]HUDP
parte da equipa que negociou o projecto Proindicus, e SINGH foi membro da equipa de negociou o projecto EMATUM. Eles receberam capacitação regular sobre o
controlo interno do Banco de Investimento 1 e também estavam cientes desse controlo interno por meio do seu envolvimento em inúmeras transacções.
C. O Projecto Proindicus
30. A 18 de Junho de 2013, a Privinvest celebrou um contrato de 366 milhões de
dólares com a Proindicus, para fornecer materiais e formação para proteger as
águas territoriais de Moçambique. A 28 de Fevereiro de 2013, de acordo com um
contrato de empréstimo por escrito, o Banco de Investimento 1 concordou em fazer
um empréstimo sindicalizado de 372 milhões de dólares à Proindicus, com garantia da República de Moçambique (conhecido como “o empréstimo Proindicus”).
O arguido SURJAN SINGH assinou o acordo de empréstimo em nome do Banco
de Investimento 1, [Nome Ocultado] co-assinou em nome da Proindicus, e o arguido MANUEL CHANG assinou a garantia do Governo para o empréstimo em
nome de Moçambique. Entre aproximadamente Junho e Agosto de 2013, o Banco
de Investimento 1 aumentou o Empréstimo Proindicus em aproximadamente 132
milhões de dólares. A 15 de Novembro de 2013, o Banco de Investimentos 2 aumentou ainda mais o Empréstimo Proindicus em 118 milhões de dólares, elevando
o total do empréstimo para 622 milhões de dólares. A Proindicus nunca realizou
RSHUDo}HVVLJQLÀFDWLYDVRXJHURXUHFHLWDVLJQLÀFDWLYDHSRULVVRPHVPRHQWURXHP
incumprimento no pagamento de empréstimo em 21 de Março de 2017.
31. Em 2011, o arguido JEAN BOUSTANI, numa conversa com [Nome Ocultado]
organizada pelo Co-conspirador da Privinvest 1, tentou convencer funcionários
do Governo moçambicano a estabelecerem um sistema de monitoria costeira através de um contrato com a Privinvest. Quase imediatamente, BOUSTANI e [Nome
Ocultado] negociaram a primeira ronda de pagamentos de subornos e luvas que
a Privinvest teria que efectuar em benefício dos funcionários do Governo de Moçambique para que o projecto fosse aprovado. Por exemplo, dando seguimento ao
esquema, BOUSTANI, [Nome Ocultado] e outros co-conspiradores tiveram as
seguintes discussões:
Savana 11-01-2019 3
DIVULGAÇÃO
(a) A 11 de Novembro de 2011, [Nome Ocultado] escreveu para BOUSTANI por
e-mail, declarando: “Para garantir que o projecto tenha luz verde do CdE [Chefe
de Estado], um pagamento tem de ser acordado antes de chegarmos lá, para que
conheçamos e concordemos, com antecedência, sobre o que deve ser pago e quando deve ser pago. Quaisquer adiantamentos a serem pagos antes dos projectos,
eles podem ser incorporados no projecto e posteriormente recuperados”.
(b) Mais tarde, no mesmo dia 11 de novembro de 2011, BOUSTANI escreveu para
>1RPH2FXOWDGR@ SRUH PDLO DÀUPDQGR ´8PDTXHVWmRPXLWRLPSRUWDQWHTXH
precisa de estar clara: tivemos várias experiências negativas em África. Especialmente relacionadas com os pagamentos das ‘taxas de sucesso’. Portanto, temos uma política rígida no Grupo que consiste em não desembolsar nenhuma
‘taxa de sucesso’ antes da assinatura do Contrato do Projecto”.
(c) A 14 de Novembro de 2011, [Nome Ocultado] respondeu por e-mail a BOUSTANI, declarando: “Fabuloso, em princípio eu concordo contigo. Vamos concordar e olhar para o projecto em dois momentos distintos. Um momento é
massajar o sistema e obter a vontade política de avançar com o projecto. O
segundo momento é a implementação/execução do projecto. Eu concordo contigo que qualquer dinheiro só pode ser pago após a assinatura do projecto.
Isto tem de ser tratado separadamente da implementação do projecto… Porque
para a implementação do projecto haverá outros actores cujos interesses terão
de ser cuidados, por exemplo, Ministério da Defesa, Ministério do Interior, Força Aérea, etc… Em governos democráticos como o nosso, as pessoas vêm e vão,
e todos os envolvidos vão querer ter a sua parte do negócio enquanto ocupam
a posição no Governo, porque, uma vez fora do Governo, será difícil. Por isso,
é importante que a taxa de sucesso da assinatura do contrato seja acordada e
paga de uma só vez, após a assinatura do contrato”.
32. Pouco tempo depois, durante uma troca de e-mails, a 28 de Dezembro de 2011,
os arguidos JEAN BOUSTANI e [Nome Ocultado] concordaram em pagar 50 milhões de dólares luvas a funcionários do Governo de Moçambique e 12 milhões de
dólares em propinas aos co-conspiradores da Privinvest. Por exemplo:
(a) A 28 de Dezembro de 2011, em resposta a um e-mail de BOUSTANI pedindo
VXERUQR HOXYDV HP VHQWLGR ÀJXUDGR >1RPH 2FXOWDGR@ HVFUHYHX ´%RPLUPmR
Eu consultei e por favor coloque 50 milhões de frangos. Quaisquer que sejam os
números que você tenha nas suas aves, acrescentarei 50 milhões da minha raça”.
(b)No mesmo dia, BOUSTANI encaminhou este e-mail para o pessoal da Privinvest, informando: “50M para eles e 12M para [Co-conspirador da Privinvest 1]
(5%) = total de 62M a mais”.
33. Após mais de um ano de negociação, a 18 de Janeiro de 2013 ou por volta dessa
data, a Privinvest e a Proindicus assinaram um contrato de 366 milhões de dólares
norte-americanos para a Privinvest fornecer um sistema de monitoria costeira para
Moçambique. Cinco dias depois, a 23 de Janeiro de 2013, o arguido JEAN BOUSTANI instruiu um banco nos Emirados Árabes Unidos para fazer pagamentos a
[Nome Ocultado] e ao Co-conspirador moçambicano 1. Eis a parte relevante das
instruções dadas ao banco: “Logo que a Privinvest Shipbuilding receber o valor de
317 milhões de dólares é… para pagar imediatamente:
a. [Nome Ocultado] a quantia de 5.100.000 de dólares e b. [Co-conspirador moçambicano 1] a quantia de 5.100.000 de dólares”. As instruções também ordenavam
que o banco pagasse a [Nome Ocultado] e ao Co-conspirador moçambicano 1 uma
quantia adicional de aproximadamente 3,4 milhões de dólares norte-americanos
cada, em datas posteriores.
(2) Suborno para obter a garantia do Governo de Moçambique para o Financiamento da Proindicus
34. Ao mesmo tempo que os arguidos JEAN BOUSTANI e [Nome Ocultado] negociavam pagamentos de suborno para fazer com que os funcionários do Governo
moçambicano aprovassem o projecto Proindicus, BOUSTANI recrutou o Banco de
,QYHVWLPHQWR SDUDRUJDQL]DURÀQDQFLDPHQWRGRSURMHFWR 'XUDQWHDVQHJRFLDções, os banqueiros do Banco de Investimento 1 deixaram claro que o Banco de
Investimento 1 só iria arranjar um empréstimo que estivesse próximo das taxas de
juro do mercado, com uma dívida que fosse directamente emitida pelo Governo de
Moçambique ou garantida pelo Governo.
35. Para prosseguir com as negociações do projecto Proindicus, a 13 de Setembro
de 2012, o arguido ANDREW PEARSE viajou para os EAU para se encontrar com
os arguidos JEAN BOUSTANI e [Nome Ocultado] e um familiar próximo de um
alto funcionário do Governo moçambicano, entre outros.
36. Para ajudar a obter o acordo de Moçambique para os termos do Banco de Investimento 1, incluindo esse empréstimo a taxas do mercado ou próximo disso
e garantias do Governo moçambicano, os arguidos JEAN BOUSTANI e [Nome
Ocultado] recrutaram o arguido MANUEL CHANG, ministro das Finanças de
Moçambique. A 22 de Dezembro de 2012, CHANG escreveu uma carta ao Co-
-conspirador 2 da Privinvest, que foi encaminhada para um funcionário do Banco
de Investimento 1 (“Funcionário 1 do Banco de Investimento 1”), uma pessoa cuja
LGHQWLGDGH p FRQKHFLGD GR *UDQGH -~UL H[SOLFDQGR TXH ´R ÀQDQFLDPHQWR GHVWH
projecto ainda tem o constrangimento da limitação imposta pelo FMI ao Governo
de Moçambique de aceitar crédito comercial para projectos comerciais. Portanto,
temos uma solução alternativa através da qual um VPE [Veículo de Propósito Especial)… será formado”.
37. A 26 de Dezembro de 2012, o arguido JEAN BOUSTANI enviou um e-mail
para [Nome Ocultado] em preparação de uma reunião em Moçambique entre os
funcionários do Banco de Investimento 1, Privinvest e Proindicus para negociar
os termos da transacção. No e-mail, BOUSTANI salientou: “Mas a única questão
imperativa para o banco de investimentos é a assinatura [do arguido MANUEL
CHANG] da garantia do empréstimo”.
38. A 28 de Fevereiro de 2013, o arguido MANUEL CHANG assinou a garantia
para o Empréstimo Proindicus. Entre Outubro de 2013 e Dezembro de 2013, os
arguidos JEAN BOUSTANI e [Nome Ocultado] e outros pagaram pelo menos 5
milhões de dólares em suborno a CHANG de uma conta bancária nos Emirados
Árabes Unidos, através dos Estados Unidos, para uma conta bancária nos Emirados Árabes Unidos, via Estados Unidos, para uma conta bancária na Espanha.
(3) Conspiração para contornar o Controlo Interno do Banco de Investimento 1
e ganhar o Negócio para o Banco de Investimento 1 em conexão com o Projecto
Proindicus, incluindo subornos a funcionários do Governo de Moçambique
(QTXDQWRDVQHJRFLDo}HVVREUHRVÀQDQFLDPHQWRV3URLQGLFXVSURVVHJXLDPHP
2012 e início de 2013, os arguidos ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA, juntamente com outros, conspiraram para contornar os controlos
internos do Banco de Investimento para se enriquecer a si mesmos e ganhar o negócio Proindicus para o Banco de Investimento 1, inclusive através de pagamento
de subornos a funcionários do Governo moçambicano. Na época, PEARSE, SINGH e SUBEVA eram agentes que actuavam no âmbito do seu emprego em nome
GR%DQFRGH,QYHVWLPHQWR FRPDLQWHQomR SHORPHQRVHPSDUWH GHEHQHÀFLDUR
Banco de Investimento 1.
40. Os controlos internos do Banco de Investimento 1 exigiam que os funcionários,
incluindo o Departamento de “Compliance” e a equipa, avaliassem o potencial
GHFRUUXSomRUHODFLRQDGRFRPRSURMHWR3URLQGLFXVHRSHUÀOGRVIXQFLRQiULRVGR
Governo moçambicano que estariam envolvidos na sua execução. O processo de
UHYLVmRIHLWRSHOR%DQFRGH,QYHVWLPHQWR LGHQWLÀFRXDOJXQVVLQDLVGHDOHUWDUHlativamente à proposta da transacção Proindicus, numa fase inicial. A 9 de Março
de 2012, em resposta a uma pergunta do Funcionário 1 do Banco de Investimento
1, se houve um processo de concurso que resultou na selecção da Privinvest, o
arguido JEAN BOUSTANI respondeu por e-mail, copiando o arguido SURJAN
SINGH, que a selecção da Privinvest não resultou de um concurso e que o negócio
surgiu graças a “conexões ao mais alto nível” entre a Privinvest e o Governo moçambicano.
3RUYROWDGH0DUoRGH HPDQWHFLSDomRjREWHQomRGHÀQDQFLDPHQWRSDUD
o projecto Proindicus, os funcionários do Banco de Investimentos 1 começaram a
realizar due diligence, ou pesquisa, sobre as partes envolvidas no projecto. Assim,
aproximadamente a 12 de Março de 2012, os funcionários do Banco de InvestiPHQWR LGHQWLÀFDUDP DOHJDo}HV GH FRUUXSomR DVVRFLDGDV DR &R FRQVSLUDGRU GD
Privinvest 2. Naquele dia, o funcionário 1 do Banco de Investimento 1 reportou ao
seu superior e ao arguido SURJAN SINGH que o Banco de Investimento já havia
antes designado o Co-conspirador da Privinvest 2 como “um cliente indesejável”.
Além disso, a 13 de Março de 2012, o Banco de Investimento 1 começou a colher
aproximadamente 10 artigos de notícias contendo informações potencialmente
depreciativas sobre o Co-conspirador da Privinvest 2 e trocou e-mails com SIGH
sobre as informações e os artigos.
42. Apesar da existência desses alertas encontrados durante a diligência antes da
transacção da Proindicus conforme exigido pelos procedimentos internos do Banco de Investimento 1, os arguidos ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA esconderam as informações sobre a probabilidade de corrupção
relacionada com a transacção da Proindicus, do Departamento de “Compliance”
do Banco de Investimento 1. Por exemplo, em Novembro de 2012, sob a direcção
do chefe do Departamento de “Complience” do Banco de Investimento 1, os membros da equipa do negócio Proindicus consultaram um executivo sénior do Banco
de Investimento 1, responsável pelas regiões da Europa, Médio Oriente e África
(EMOA) (o “Executivo EMOA”), um indivíduo cuja identidade é conhecida pelo
Grande Júri. Consultaram o tal executivo sobre se existiam quaisquer questões legais ou de reputação que a transacção da Proindicus pudesse levantar para o banco. A 19 de Novembro de 2012, PEARSE resumiu essas discussões num e-mail que
enviou ao Funcionário 1 do Banco de Investimento 1, escrevendo que o Executivo
EMOA “disse não à combinação de Moz [ambique] e seu amigo [Co-conspirador
GD3ULYLQYHVW @ HQWmRSUHFLVDPRVGHFRORFi ORIRUDGDIRWRJUDÀDµ 6LPLODUPHQWH
o Banco de Investimento 1 manteve um relatório nos seus arquivos de diligência
descrevendo o Co-conspirador da Privinvest 2 como um “ mestre de luvas “. Apesar de tais informações, PEARSE SINGH e o funcionário 1 do Banco de Investimento 1 não transmitiram as preocupações do Executivo EMOA ao Departamento
de “Compliance” do Banco de Investimento 1, o que fez com que o Departamento
de “Compliance” não prosseguisse a sua investigação.
43. Além disso, os arguidos ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA
SUBEVA conspiraram para esconder do Departamento de “Compliance” do Banco
de Investimento 1 que a Privinvest e a Proindicus iam nomear para o Conselho de
Administração da Proindicus em Moçambique um indivíduo que anteriormente
HVWHYH HQYROYLGR HP IUDXGH (VSHFLÀFDPHQWH HPERUD R SHVVRDO GR ´&RPSOLDQce” do Banco de Investimento 1 fosse responsável pela contratação de uma empresa externa para realizar o “due diligence” relativo aos executivos e directores
da Proindicus, em Fevereiro de 2013, os arguidos ANDREW PERRSE, DETELINA
SUBEVA e SURJAN SINGH seleccionaram secretamente uma empresa de “due
diligence” (“Empresa de Due Diligence 1”), cuja identidade é do conhecimento do
Grande Júri, para pesquisar a transacção antes de seleccionar os indivíduos idenWLÀFDGRVFRPRGLUHFWRUHVGR3URLQGLFXVSDUDJDUDQWLUDDSURYDomRSHORSHVVRDOGR
“Compliance” do Banco de Investimento 1.
44. Em Fevereiro de 2013, a “Empresa de Due Diligence 1” reportou aos arguidos
ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA que um dos directores que havia sido proposto para a Proindicus tinha estado anteriormente envolvido em fraude, enquanto gestor de uma empresa estatal moçambicana. PEARSE,
SINGH e SUBEVA não ransmitiram essa informações ao Departamento de “Compliance” do Banco de Investimento 1.
Em vez disso, PEARSE, SINGH e SUBEVA arranjaram um grupo substituto de
directores, que incluíam [Nome Ocultado] da Privinvest e Proindicus e solicitaram à Emprea de Due Diligence 1 uma investigação ao passado do tal grupo. A
4 Savana 11-01-2019 DIVULGAÇÃO
Empresa de Due Diligence 1 reportou poucas preocupações relacionadas com o
segundo grupo de directores.
45. A 26 de Fevereiro de 2013, tendo pré-autorizado o segundo grupo de directores
da Proindicus e sem revelar que dois grupos separados de directores haviam sido
pesquisados, a ré DETELINA SUBEVA encaminhou os nomes do segundo grupo
de directores que haviam sido propostos para o Departamento de “Compliance”
do Banco de Investimento 1 para a devida diligência pela empresa que o Departamento de “Compliance” havia seleccionado (“Empresa de Due Diligence 2”), cuja
identidade é conhecida pelo Grande Júri. Depois de analisar o relatório da Empresa
de Due Diligence 2, o Departamento de “Compliance” aprovou o novo grupo de
directores.
&RQVSLUDomRSDUD5HPRYHURX0RGLÀFDU&RQGLo}HVGR(PSUpVWLPR3URLQGLFXV
que haviam sido aprovadas pelo Controlo Interno do Banco de Investimentos 1.
46. Como parte do seu sistema de controlo interno, o Banco de Investimento 1 impôs condições que Moçambique teria de reunir para receber um empréstimo. Algumas dessas condições, no entanto, transportavam o risco de revelar a existência
do projecto Proindicus ao público moçambicanoc para além de expor o círculo de
membros do Governo de Moçambique que faziam parte do esquema fraudulento.
Para esconder o esquema fraudulento, evitar o escrutínio e ajudar a obter o negócio
para o Banco de Investimento 1, os arguidos ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH
e DETELINA SUBEVA, juntamente com outros, removeram algumas das condições
que eram exigidas pelo Banco de Investimento 1 para o Empréstimo da Proindicus.
47. Por exemplo, o Banco de Investimento 1 primeiramente exigiu à Proindicus para
que fornecesse um parecer da Procuradoria-Geral de Moçambique sobre a validade
da garantia do Governo. A 18 de Fevereiro de 2013, o arguido JEAN BOUSTANI,
em nome da Privinvest e de Moçambique, opôs-se vigorosamente, explicando à ré
DETELINA SUBEVA, num e-mail: “O parecer da Procuradoria-Geral não é obrigatório… Eu acredito que isso não será aceite pela Proindicus, tanto que os donos quiseram contornar concursos públicos e procedimentos burocráticos normais desde
o dia 1, criando assim uma entidade privada!! Então eles nunca aceitarão informar
à Procuradoria-Geral!! A garantia do [Ministro das Finanças] é legalmente coberta por um decreto presidencial. A 28 de Fevereiro de 2013, os arguidos ANDREW
PEARSE, SURJAN SINGH e SUBEVA, juntamente com outros, acabaram por remover as condições impostas pelo Banco de Investimento 1.
48. De igual modo, a 25 de Fevereiro de 2013, os arguidos ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA, juntamente com outros, removeram a condição
do Banco de Investimento 1 de que Moçambique devia informar ao FMI sobre o
empréstimo da Proindicus. PEARSE, SINGH e SUBEVA substituíram essa condição pelo requisito menos rigoroso segundo o qual Moçambique tinha de informar
aos investidores “de que estava em conformidade com as obrigações do FMI e do
Banco Mundial”. Na verdade, o FMI não foi informado do Empréstimo Proindicus
na época da transacção. De facto, o FMI só tomou conhecimento da transacção por
volta de 2016, quando a sua exposição contribuiu para a decisão do FMI de deixar
GHIRUQHFHUDMXGDHÀQDQFLDPHQWRD0RoDPELTXH FDXVDQGRXPDJUDYHFULVHÀQDQceira em Moçambique.
(5) Empréstimo Proindicus e Recrutamento de Investidores nos Estados Unidos
49. Depois de o Departamento de “Compliance” do Banco de Investimento 1 ter
aprovado a transacção a 20 de Março de 2013, o Banco de Investimento 1 concordou
em fazer um empréstimo sindicalizado de 372 milhões de dólares à Proindicus, com
garantia da República de Moçambique, conforme um contrato de empréstimo por
escrito. O arguido SURJAN SINGH assinou o contrato de empréstimo em nome do
Banco de Investimento 1, [Nome Ocultado] co-assinou em nome da Proindicus, e o
arguido MANUEL CHANG assinou a garantia do Governo em nome de Moçambique.
50. O contrato do Empréstimo Proindicus previa que todos os pagamentos do mutuário ou dos credores seriam pagos à conta bancária titulada pelo Banco de InvestiPHQWR GRPLFLOLDGDQXPDLQVWLWXLomRÀQDQFHLUDVHGLDGDHP1HZ1RPH2FXOWDdo], ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA, juntamente com outros, tinham estabelecido os detalhes do Projecto EMATUM como
XPSUHWH[WRSDUDMXVWLÀFDURPRQWDQWHPi[LPRSRVVtYHOGRHPSUpVWLPR HP
vez de satisfazer as necessidades legítimas de pesca do projecto EMATUM.
Por exemplo, a 21 de julho de 2013, BOUSTANI enviou um e-mail a [Nome
Ocultado] com cópia para PEARSE e SUBEVA: “Nós precisamos das suas
habilidades de Marshall para terminar a 19 de Agosto… Iremos aos 800 milhões de dólares para mantermos um colchão para o pagamento de juros da
Proindicus no próximo ano”. Mais tarde, em conversa por e-mail, BOUSTANI
acrescentou: “Podemos diminuir as traineiras para 25 e adicionar dois OPV’s
de 45 metros [barcos de estilo militar] com sistemas especiais para ‘proteger’
as traineiras. É melhor, Andrew?”. PEARSE respondeu em 21 Julho de 2013,
a BOUSTANI e SUBEVA, escrevendo: “Dois grandes pesqueiros fazem muito
sentido, assenta ao Plano Director das Pescas!”
63. Para evitar a descoberta do esquema fraudulento que estava em curso, os
réus JEAN BOSTAIN, [Nome Ocultado], ANDREW PEARSE e DETELINA
SUBEVA também pretendiam utilizar parte do Empréstimo da EMATUM
para pagar a dívida do projecto anterior Proindicus. A 21 de Julho de 2013,
SUBEVA escreveu um e-mail para BOUSTANI, PEARSE e [Nome Ocultado]
declarando: “Nós também devemos manter um colchão para os 17 milhões
de dólares da Proindicus para que não precisemos de voltar ao MdF [Ministério das Finanças], e eles estão do nosso lado”.
(2) Conspiração para contornar o Controlo Interno do Banco de Investimento
1 e ganhar negócios para o Banco de Investimento 1 em conexão com o Projecto EMATUM, incluindo o pagamento de subornos a funcionários do Governo
moçambicano.
64. Os arguidos ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA,
juntamente com outros, conspiraram para contornar o Controlo Interno do
Banco de Investimento 1, para se enriquecer a si mesmos, ganhar negócios
para o Banco de Investimento do Banco 1, em conexão com o projecto EMATUM. Com efeito, embora ainda fossem empregados do Banco de Investimento 1, PEARSE e SUBEVA procuraram acabar com o seu envolvimento
QDGHÀQLomRGRSURMHFWR(0$780DWUDYpVGHH PDLOVSHVVRDLVHUHPRYHQGR
todas as referências a eles mesmos dos documentos que eles haviam preparado. Por exemplo:
(a) A 27 de Julho de 2013, em resposta a um pedido do arguido SURJAN
SINGH para obter informações sobre a proposta de pesca de atum, o arguido
JEAN BOUSTANI, copiando a arguida DETELINA SUBEVA na sua conta de
H PDLO SHVVRDO DÀUPRX ´9DPRV HQYLDU DPERV HP EUHYH 3RU IDYRU PDQR
não te limites a encaminhar, mas escreve um novo e-mail e anexa os documentos, [Banco de Investimento 1] é muito sensível para ver os nossos nomes
envolvidos”.
(b) Em 27 de Julho de 2013, a arguida DETELINA SUBEVA, usando a sua
conta de e-mail pessoal, enviou um e-mail sobre a proposta de pesca de atum
DRVDUJXLGRV -($1%2867$1,H$1'5(:3($56 DÀUPDQGR ´2L -HDQ²
enviando-te um pacote de informação completa para enviares para Surjan
[SINGH] num e-mail limpo (sem os meus detalhes de e-mail)”. Minutos depois, SUBEVA enviou um documento que intitulou “Materiais para viabilidaGHµH´0RGHORGHÀQDQFLDPHQWRµSDUD%2867$1,H3($56(
(c) Em resposta, a 27 de Julho de 2013, o arguido ANDREW PEARSE usou
a sua conta de e-mail pessoal para instruir a ré DETELINA SUBEVA na sua
conta de e-mail pessoal: “Se entrares nas propriedades de cada documento,
mostra-te como autora. Provavelmente queiras apagar [os metadados] e reenviar” os documentos. Mais tarde, no mesmo dia, usando as mesmas contas de
H PDLOVSHVVRDLV 68%(9$HQYLRXXPH PDLOD3($56(DÀUPDQGR ´7HQKRD
certeza de que Surj [SINGH] pode limpar o pior e apagar o autor”.
65. E mais, os arguidos JEAN BOUSTANI, ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA criaram propostas concorrentes falsas de empreiteiros para o projecto EMATUM em antecipação a um inquérito do Banco de
Investimentos 1 sobre a razão da adjudicação do projecto à Privinvest. Por
exemplo, a 31 de Julho de 2013, PEARSE enviou um e-mail a BOUSTANI e
SUBEVA declarando: “Pessoal, abaixo está o argumento que eu acho que nós
6 Savana 11-01-2019 DIVULGAÇÃO
76. Os arguidos JEAN BOUSTANI e [Nome Ocultado] continuaram a coordenar o pagamento de subornos a funcionários do Governo moçambicano. A 8 de
abril de 2014, BOUSTANI enviou um e-mail para [Nome Ocultado] fornecendo
um registo contabilístico dos subornos pagos através dos projectos Proindicus e
EMATUM, declarando que a Privinvest já havia pago “125 [milhões de dólares]
por tudo e todos…”. BOUSTANI resumiu a distribuição dos subornos, incluinGR PLOK}HVGHGyODUHVSDJRVD>1RPH2FXOWDGR@ PLOK}HVGHGyODUHVSDJRVDRFRFRQVSLUDGRUPRoDPELFDQR PLOK}HVSDJRVD>1RPH2FXOWDGR@
milhões de dólares pagos ao arguido MANUEL CHANG e 3 milhões de dólares
para o Co-conspirador moçambicano 3, de entre outros.
77. Num esforço para esconder a natureza ilegal destes pagamentos, os arguidos
JEAN BOUSTANI e [Nome Ocultado] recorreram a terceiras entidades e fabricaram facturas para distribuir dinheiro aos funcionários do Governo moçambicano. Por exemplo, a 17 de Outubro de 2013, BOUSTANI escreveu um e-mail para
[Nome Ocultado] declarando: “Eu preciso com urgência de facturas em nome
de: Logistics International Abu Dhabi [uma empresa relacionada com a Privinvest]. Facturas de tudo, meu irmão. Cada uma indicando (compra imobiliária…
etc....). Mesmo para Pantero [o arguido MANUEL CHANG], um pequeno papel
que diga ‘honorários de consultoria’”.
78. Assim, entre 20 de Outubro de 2013 e 4 de Dezembro de 2013, o arguido
JEAN BOUSTANI fez com que a Privinvest efectuasse pagamentos de suborno de aproximadamente 5 milhões de dólares, da conta bancária da Privinvest,
através do Distrito Leste de New York, para uma conta bancária em nome de
uma empresa controlada pelo arguido MANUEL CHANG.
E. MAM
(1) Acordo de Empréstimo da MAM
79. A 1 de Maio de 2014, a MAM e a Privinvest assinaram um contrato de aproximadamente 500 milhões de dólares para que a Privinvest, entre outras coisas,
construísse um estaleiro naval, fornecesse embarcações adicionais e modernizasse duas instalações existentes para a manutenção de embarcações da Proindicus e da EMATUM.
80. No dia 20 de maio de 2014, o Banco de Investimentos 2, a empresa da Privinvest, a Palomar, agindo através dos arguidos ANDREW PEARSE e DETELINA
SUBEVA, juntamente com outros, organizaram um empréstimo sindicalizado
de mais de 540 milhões de dólares para a MAM, garantido pela República da
Moçambique (o “empréstimo MAM”). O Banco de Investimento 2 solicitou a
investidores, usando, entre outros meios, o contrato de empréstimo da MAM e
XPPHPRUDQGRGHLQIRUPDo}HVFRQÀGHQFLDLVTXHUHVXPLDRVVHXVWHUPRV 7DO
como com os empréstimos Proindicus e EMATUM, o contrato de empréstimo
H[LJLDTXHRHPSUpVWLPRGD0$0IRVVHXWLOL]DGRSDUDÀQVGRSURMHFWRHSURLELD
pagamentos corruptos e ilegais. [Nome Ocultado] assinou o contrato de empréstimo em nome da MAM, e o arguido MANUAL CHANG assinou a garantia do
Governo em nome de Moçambique.
81. O contrato de empréstimo da MAM também previa que todos os pagamentos exigidos pelo acordo fossem feitos por meio de uma conta bancária na cidade
GH1HZ1RPH2FXOWDGR@UHÁHFWLDTXH
a Privinvest pagou subornos e luvas para obter o contrato da MAM. Tais pagamentos incluíram aproximadamente 13 milhões de dólares pagos a [Nome
Ocultado], aproximadamente 5 milhões de dólares pagos ao arguido MANUEL
CHANG, aproximadamente 918.000 ao Co-conspirador moçambicano 2 e aproximadamente 18 milhões de dólares ao Co-conspirador moçambicano 3.
Data Montante Descrição
23 de Outubro de 2013 $ 800.000 “Pagamento de acordo de
consultoria”
27 de Novembro de 2013 $ 800.000 “Pagamento de acordo de
consultoria”
23 de Dezembro de 2013 $ 800.000 “Pagamento de acordo de
consultoria”
27 de Janeiro de 2014 $ 800.000 “Pagamento de acordo de
consultoria”
28 de Janeiro de 2014 $ 799.690 “Pagamento de acordo de
consultoria”
27 de Fevereiro de 2014 $ 5000.000 “Pagamento de acordo de
consultoria”
84. Apesar de ter projectado aproximadamente 63 milhões de dólares em receitas
RSHUDFLRQDLVDWpDRÀQDOGRVHXSULPHLURDQRGHRSHUDo}HV D0$0SUDWLFDPHQWH
nunca gerou receitas e não pagou o cupão de empréstimo a 23 de Maio de 2016.
F. A conversão da EMATUM
85. Por volta de 2015, a Proindicus, a EMATUM, a MAM e Moçambique enfrentaram problemas para cobrir o serviço de cerca de 2 mil milhões de dólares em dívidas acumulados em 2013 e 2014, com os empréstimos da Proindicus, EMATUM
e MAM.
Na mesma altura, funcionários do Governo moçambicano, incluindo [Nome Ocultado], receberam pedidos de informação do FMI relativos à utilização dos dinheiros dos empréstimos.
86. Para esconder do público e do FMI a quase falência do projecto das empresas
resultante do facto de o valor dos empréstimo ter sido desviado num esquema
fraudulento, e evitar o inquérito do FMI, vários dos coconspiradores, incluindo os
arguidos JEAN BOUSTANI, ANDREW PEARSE e DETELINA SUBEVA, propuseram a troca das notas de participação de empréstimos da EMATUM por Eurobonds emitidos directamente pelo Governo moçambicano.
87. Prosseguindo com o esquema fraudulento, entre Março de 2015 e Maio de 2015,
os funcionários do Banco de Investimento 1, juntamente com os arguidos JEAN
BOUSTANI, ANDREW PEARSE e DETELINA SUBEVA, organizaram reuniões
com funcionários do Governo moçambicano para os convencer a reestruturar os
empréstimos existentes convertendo-os em Eurobonds. O Governo moçambicano
aceitou a recomendação e contratou o Banco de Investimento 1 e o Banco de Investimento 2 para a realização da conversão. E a Palomar que, nessa altura, já havia
contratado PEARSE e SUBEVA, prestou assessoria para a operação da conversão
da dívida em Bonds.
88. A 9 de Março de 2016, o Banco de Investimento 1 e o Banco de Investimento
2 anunciaram a conversão. Para convencer os investidores a trocar as suas notas
de participação em empréstimos por Eurobonds, os arguidos ANDREW PEARSE
e DETELINA SUBEVA, juntamente com os banqueiros do Banco de Investimento
Bank 1 e do Banco de Investimento 2, prepararam documentos que foram enviados
aos investidores, inclusive nos Estados Unidos. Os documentos da conversão da
dívida da EMATUM em Eurobonds não ocultaram a existência dos Empréstimos
Proindicus e MAM e as respectivas datas de vencimento desses empréstimos. Os
documentos, portanto, continham informações falsas e enganosas sobre os Eurobonds e a credibilidade de Moçambique.
89. A 6 de Abril de 2016, com base nas informações falsas e enganosas dos co-conspiradores, os investidores da EMATUM concordaram com a conversão, resultando
na troca das NPE EMATUM por Eurobonds no mesmo dia.
G. O incumprimento das prestações da Proindicus, EMATM e MAM
90. Após a conversão da EMATUM em 2016, entre Maio de 2016 e Março de 2017,
a Proindicus, EMATUM e MAM, cada uma delas entrou em incumprimento nos
seus empréstimos e, juntas, passaram a perder mais de 700 milhões de dólares por
falha desses pagamentos.
H. Resumo do pagamento de subornos ou luvas
91. No prosseguimento do esquema fraudulento, vários funcionários do Governo
moçambicano receberam pagamentos de suborno e luvas feitos pela Privinvest em
FRQH[mRFRPRVSURMHFWRVPRoDPELFDQRV (VSHFLÀFDPHQWH
(a) O arguido MANUEL CHANG recebeu pelo menos 5 milhões de dólares em
suborno, pagos pela Privinvest
b) [Nome Ocultado]
(c) [Nome Ocultado]
(d) O Co-conspirador moçambicano 1 recebeu pelo menos 8,5 milhões de dólares
em suborno, pagos pela Privinvest.
(e) O Co-conspirador moçambicano 2 recebeu pelo menos 9,7 milhões de dólares
em suborno, pagos pela Privinvest.
(f) O Co-conspirador moçambicano 3 recebeu pelo menos 2 milhões de dólares em
suborno, pagos pela Privinvest.
92. O arguido JEAN BOUSTANI recebeu da Privinvest aproximadamente 15 milhões de dólares do dinheiro do esquema fraudulento. Entre Maio de 2013 e Julho
de 2014, a Privinvest pagou a BOUSTANI esses fundos numa série de transferências, muitas das quais foram pagas por meio de uma conta bancária correspondente em New York e passaram pelo Distrito Leste de New York.
93. No mesmo esquema, os arguidos ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA receberam subornos em conexão com os projectos moçambicaQRV (VSHFLÀFDPHQWH
(a) O arguido ANDREW PEARSE recebeu mais de 45 milhões de dólares em
subornos pagos pela Privinvest em conexão com os projectos marítimos moçambicanos. Muitos desses subornos foram pagos através de uma conta bancária correspondente em New York e passou pelo Distrito Leste de New York.
(b) O arguido SURJAN SINGH recebeu luvas totalizando aproximadamente 4,5
milhões de dólares pagos pela Privinvest. Pelo menos um dos pagamentos foi feito
através de uma conta bancária correspondente na cidade de New York e passou
pelo Distrito de New York.
(c) A arguida DETELINA SUBEVA recebeu luvas de pelo menos 2,2 milhões de
dólares pagos pelo arguido ANDREW PEARSE
INDICAÇÃO UM
(Conspiração para cometer fraude de electrónica)
94. As alegações contidas nos parágrafos 1 a 93 são reforçadas e incorporadas como
se fossem plenamente estabelecidas neste parágrafo.
95. Entre o ano de 2011 e a data da dedução desta acusação, ambas as datas sendo aproximadas e inclusivas, no Distrito de New York e em outros lugares, os
arguidos JEANS BOUSTANI, [Nome Ocultado], MANUEL CHANG, [Nome
Ocultado], ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA, juntamente com outros, conspiraram consciente e intencionalmente para conce-
Savana 11-01-2019 7
DIVULGAÇÃO
ber um esquema para defraudar um ou mais investidores e potenciais investidores na Proindicus, EMATUM e MAM, e obter dinheiro e propriedades com
pretensões, representações e promessas materialmente falsas e fraudulentas. Tal
foi feito por vias de comunicação interestadual e comércio externo por escrito,
sinais, imagens e sons, contrariando o estabelecido no Título 18, Código dos
Estados Unidos, Secção 1343.
(Título 18, Código dos Estados Unidos, secções 1349 e 3551 e seguintes)
INDICAÇÃO DOIS
(Conspiração para cometer fraude de valores mobiliários)
$VDOHJDo}HVFRQWLGDVQRVSDUiJUDIRV D VmRUHDÀUPDGDVHLQFRUSRUDGDV
como se estivessem plenamente estabelecidas neste parágrafo.
97. Entre 2013 e a data da dedução desta acusação, sendo ambas as datas aproximadas e inclusivas, no Distrito de New York e em outros lugares, os arguidos
JEAN BOUSTANI, [Nome Ocultado], MANUEL CHANG, [Nome Ocultado],
ANDREW PEARSE SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA, juntamente com
outros, conscientes e voluntariamente conspiraram para usar e empregar um ou
mais meios manipuladores e artifícios enganosos, contrariando a norma 10b-5
das Normas e Regulamentos da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, Título 17, Código de Regulamento Federais, Seção 24.10b-5, por:
(i) empregar um ou mais dispositivos para esquemas e artifícios para cometer
IUDXGH
(ii) fazer uma ou mais declarações falsas de factos relevantes e omitir factos
UHOHYDQWHVQHFHVViULRVSDUDID]HUGHFODUDo}HV
e (iii) envolver-se em um ou mais actos, práticas de negócios que funcionariam
como fraude e engano relativamente aos investidores e potenciais investidores
da EMATUM, em conexão com a compra e venda de investimentos na EMATUM, directa e indirectamente, por meio de meios e instrumentos do comércio
interestadual e dos correios, contrariando o título 15, Código dos Estados UniGRV 6HFo}HV M E H Ϳ
98. No seguimento da conspiração e para materializar os seus intentos, no Distrito de New York e em outros lugares, os arguidos JEAN BOUSTANI, [Nome
Ocultado], MANUEL CHANG, [Nome Ocultado], ANDREW PEARSE, SUR-
-$16,1*+H'(7(/,1$68%(9$ MXQWDPHQWHFRPRXWURV FRPHWHUDPHÀ]Hram com que fossem cometidos, entre outros, os seguintes:
Actos Comprovados
(a) A 26 de Junho de 2013, a Privinvest enviou aproximadamente 1 milhão de
dólares do empréstimo da Proindicus para uma conta bancária que PEARSE
detinha no Banco dos EAU 2, pagamento que passou por uma conta bancária
correspondente nos Estados Unidos e no Distrito de New York.
(b) Em 21 de Julho de 2013, SUBEVA escreveu um e-mail para BOUSTANI,
PEARSE e [Nome Ocultado] declarando: “Também devemos manter um colchão para amortecer a Proindicus de 17 milhões de dólares para que não precisemos voltar ao MdF, e eles estão do lado”.
(c) A 25 de Julho de 2013, a Privinvest enviou aproximadamente 1 milhão de
dólares do dinheiro da Proindicus para uma conta bancária que PEARSE detinha no Banco dos EAU 2, pagamento que foi efectuado através de uma conta
bancária nos Estados Unidos e no Distrito de New York.
(d) A 1 de Setembro de 2013, a Privinvest enviou aproximadamente 1 milhão
de dólares do dinheiro da Proindicus para uma conta bancária que PEARSE
detinha no Banco dos EAU 2, pagamento que passou por uma conta bancária
nos Estados Unidos, no Distrito de New York.
(e) A 11 de Outubro de 2013, o Banco de Investimento 2 enviou 350 milhões
de dólares, dinheiro da EMATUM, menos as taxas de mais de 37 milhões de
dólares norte-americanos, para a conta do Banco de Investimento 1 no Banco
da Cidade de New York 1, pagamento que passou pelo Distrito de New York.
(f) Em 11 de Outubro de 2013, o Banco de Investimento 1 enviou aproximadamente 312 milhões de dólares, dinheiro da EMATUM, do Banco da Cidade
de New York 1 para a Privinvest, pagamento que passou pelo Distrito de New
York.
(g) A 23 de Outubro de 2013, uma entidade da Privinvest com uma conta bancária nos EAU enviou aproximadamente 800 000 dólares para a conta bancária
de SINGH no Banco dos EAU 2, pagamento que passou por uma conta bancária
correspondente nos Estados Unidos e pelo Distrito de New York.
(h) A 24 de Novembro de 2013, [Nome Ocultado] enviou a BOUSTANI uma
factura de 400.000 dólares para “Compra de Projecto Imobiliário em Moçambique”, valor que seria pago à conta bancária de uma terceira entidade domiciliada nos EAU.
(i) Em 26 de Novembro de 2013, a Privinvest transferiu 400.000 dólares do seu
banco sediado nos EAU por um banco na cidade de New York para a conta banFiULDHVSHFLÀFDGDQDIDFWXUDPHQFLRQDGDQRVXESDUiJUDIR K FXMRSDJDPHQWR
foi aprovado por via do Distrito de New York.
(j) A 31 de Março de 2014, [Nome Ocultado] enviou a BOUSTANI uma factura
de 1 milhão de dólares de uma terceira entidade sediada nos EAU para “TRABALHOS DE CONSTRUÇÃO NA ZONA ECONÓMICA EXCLUSIVA DE MOÇAMBICANOS (ZEE)”.
(k) A 2 de Abril de 2014, a Privinvest transferiu 1 milhão de dólares do seu banco
sediado nos EAU através de um banco na cidade de New York e do Distrito de
1HZ1RPH2FXOWDGR@
encaminhou a solicitação a PEARSE, que respondeu: “Estou a tentar ter a posse
do tio [SINGH]. Por favor, não faças chamada, até que eu tenha falado com ele
HFRQÀUPDGRGRTXHVHWUDWDµ
(n) No mesmo dia 15 de Maio de 2014, depois de falar com SINGH, PEARSE
escreveu um e-mail a [Nome Ocultado] e a Boustani, declarando: “Tio está a
resolver isso. Há alguma exigência estúpida do regulador do Reino Unido…
Em qualquer caso, disse-lhe para dizer [a um funcionário do Banco de Investimento 1 que fez o pedido inicial], que será demitido se não se comportar bem
no futuro!”
(Título 18, Código dos Estados Unidos, secções 371 e 3551 e seguintes)
INDICAÇÃO QUATRO
(Conspiração para cometer lavagem de dinheiro)
$VDOHJDo}HVFRQWLGDVQRVSDUiJUDIRV D VmRUHDÀUPDGDVHLQFRUSRUDGDV
como se estivessem plenamente estabelecidas neste parágrafo.
103. De 2013 até à data da apresentação desta acusação, sendo ambas as datas
aproximadas e inclusivas, dentro do Distrito de New York e em outros lugares,
os arguidos JEAN BOUSTANI, [Nome Ocultado], MANUEL CHANG, [Nome
Ocultado], ANDREW PEARSE, SURJAN SINGH e DETELINA SUBEVA, juntamente com outros, consciente e intencionalmente conspiraram para transportar,
transmitir e transferir instrumentos monetários e fundos para um ou mais lugares fora dos Estados Unidos a partir e para um ou mais lugares dentro e fora
dos Estados Unidos,
(a) com a intenção de promover a execução de mais uma actividade ilegal espeFLÀFDGD DVDEHU
(i) a violação da FCPA, Título 15, do Código dos Estados Unidos, Secções 78dd-
H Ϳ
(ii) delitos contra uma nação estrangeira envolvendo o suborno de funcionário
público ou apropriação indevida, roubo e apropriação indevida de fundos públicos por e em benefício de um funcionário público, em violação da lei moçambicana, como estabelecido no Título 18, do Código dos Estados Unidos, Secção
1956 (c) (7) (B) (iv), (iii) fraude electrónica, em violação do Título 18, da secção
GR&yGLJRGRV(VWDGRV8QLGRV H LY IUDXGHQDYHQGDGHYDORUHVPRELliários, em violação do título 15 do Código dos Estados Unidos, secções 78j (b)
H Ϳ &ROHFWLYDPHQWH GHVLJQDGDV FRPR ´$FWLYLGDGHVLOHJDLV HVSHFLÀFDGDVµ
contrariando o Título 18, do Código dos Estados Unidos, secção 1956 (a) (2) (A)
H E VDEHQGRTXHRVLQVWUXPHQWRVÀQDQFHLURVHRVIXQGRVHQYROYLGRVQRWUDQVporte, transmissão e transferência representavam o produto de uma actividade
ilícita, e sabendo que tal transporte, transmissão foram projectados no todo e
em parte para esconder e disfarçar a natureza, localização, fonte, propriedade e
FRQWURORGRSURGXWRGHXPDRXPDLVDFWLYLGDGHVLOHJDLVHVSHFLÀFDGDV DVDEHU
DVDFWLYLGDGHVLOHJDLVHVSHFLÀFDGDVTXHFRQWUDULDPR7tWXOR &yGLJRGRV(VWDdos Unidos, secção 1556 (a) (2) (B) (i)
(Título 18, do Código dos Estados Unidos, secções 1956 (h) e 3551 e seguintes)
$OHJDomRGHFRQÀVFRSRULQGLFDomR8P
2V(VWDGRV8QLGRVQRWLÀFDPRVDUJXLGRVDFXVDGRVQDLQGLFDomR8P TXH
DSyVDFRQGHQDomRSRUWDOGHOLWR R*RYHUQRDFFLRQDUiRFRQÀVFR GHDFRUGRFRP
o Título 18 do Código dos Estados Unidos, secção 982 (a) (2), que determina a
FRQÀVFDomRGHTXDOTXHUSURSULHGDGH FRQVWLWXtGD RXGHULYDGDGRV UHVXOWDGRV
obtidos, directa ou indirectamente, do delito sobre o qual a pessoa tenha sido
condenada.
6H TXDOTXHU XPD GDV SURSULHGDGHV FRQÀVFiYHLV WDO FRPR GHVFULWR DFLPD H
como resultado de qualquer acto ou omissão dos arguidos:
D QmRSXGHUVHUORFDOL]DGDQRH[HUFtFLRGDGHYLGDGLOLJrQFLD
E IRUWUDQVIHULGD RXYHQGLGD RXGHSRVLWDGDDIDYRUGHWHUFHLURV
F IRUFRORFDGDIRUDGDMXULVGLomRGRWULEXQDO
d) for substancialmente diminuído o seu valor, ou
e) tiver sido misturada com outras propriedades que não podem ser divididas
facilmente,
cabe aos Estados Unidos, de acordo com o Título 21, do Código dos Estados Unidos, secção 853 (p), conjugado com o Título 18, do Código dos Estados, secção 982
E FRQÀVFDUTXDOTXHURXWUDSURSULHGDGHGRVDUJXLGRVGHYDORUHTXLSDUiYHODR
TXHGHYLDVHUFRQÀVFDGRQDDOHJDomRGHFRQÀVFR
7tWXOR &yGLJRGRV(VWDGRV8QLGRV VHFomR D H E 7tWXOR
Código dos Estados Unidos, secção 853 (p)
$OHJDomRGHFRQÀVFRFULPLQDOSRULQGLFDomR'RLVH7UrV
2V(VWDGRV8QLGRVQRWLÀFDPRVDFXVDGRVQDLQGLFDomR'RLVH7UrV TXH DSyV
DFRQGHQDomRSRUWDLVGHOLWRV RV(VWDGRV8QLGRVDFFLRQDUmRRFRQÀVFR GHDFRUGR
com o Título 18 do Código dos Estados Unidos, secção 981 (a) (1) (c), e Título 28
GR&yGLJRGRV(VWDGRV8QLGRV VHFomR F TXHGHWHUPLQD DFRQÀVFDomRGH
qualquer propriedade constituída ou derivada dos resultados obtidos, directa ou
indirectamente, do delito sobre o qual a pessoa tenha sido condenada.
6H TXDOTXHU XPD GDV SURSULHGDGHV FRQÀVFiYHLV WDO FRPR GHVFULWR DFLPD H
como resultado de qualquer acto ou omissão dos arguidos:
D QmRSXGHUVHUORFDOL]DGDQRH[HUFtFLRGDGHYLGDGLOLJrQFLD
E IRUWUDQVIHULGD RXYHQGLGD RXGHSRVLWDGDDIDYRUGHWHUFHLURV
F IRUFRORFDGDIRUDGDMXULVGLomRGRWULEXQDO
d) for substancialmente diminuído o seu valor, ou
e) tiver sido misturada com outras propriedades que não podem ser divididas
facilmente,
cabe aos Estados Unidos, de acordo com o Título 21, do Código dos Estados Unidos, secção 853 (p), conjugado com o Título 18, do Código dos Estados, secção 982
E FRQÀVFDUTXDOTXHURXWUDSURSULHGDGHGRVDUJXLGRVGHYDORUHTXLSDUiYHODR
TXHGHYLDVHUFRQÀVFDGRQDDOHJDomRGHFRQÀVFR
7tWXOR &yGLJRGRV(VWDGRV8QLGRV VHFomR D F 7tWXOR &yGLJRGRV
Estados Unidos, secção 853 (p), Título 28, Código dos Estados Unidos, secção 2461
(c))
$OHJDomRFULPLQDOGHFRQÀVFRSRULQGLFDomR4XDWUR
2V(VWDGRV8QLGRV SRUPHLRGHVWD QRWLÀFDPRVDUJXLGRVDFXVDGRVQDLQGLFDção Quatro que, mediante a condenação por tais crimes, os Estados Unidos procuUDUmRFRQÀVFDU GHDFRUGRFRPR7tWXOR GR&yGLJRGRV(VWDGRV8QLGRV VHFomR
982 (a) (1), que estabelece que qualquer propriedade, real ou pessoal, que constitua
ou seja derivada do produto obtido, directa ou indirectamente dos delitos sobre os
quais a pessoa for condenada.
6H TXDOTXHU GRV EHQV FRQÀVFiYHLV DFLPD GHVFULWRV H SRU TXDOTXHU DFWR RX
omissão dos arguidos:
D QmRSRGHUVHUORFDOL]DGRQRH[HUFtFLRGDGHYLGDGLOLJrQFLD
E IRUWUDQVIHULGRRXYHQGLGR RXGHSRVLWDGRHPIDYRUGHWHUFHLURV
F IRUFRORFDGRIRUDGDMXULVGLomRGRWULEXQDO
G IRUVXEVWDQFLDOPHQWHGLPLQXtGRRVHXYDORU RX
e) tiver sido misturado com outras propriedades que não podem ser divididas
IDFLOPHQWH
cabe aos Estados Unidos, de acordo com o Título 21, do Código dos Estados Unidos, secção 853 (p), conjugado com o Título 18, do Código dos Estados, secção 982
E FRQÀVFDUTXDOTXHURXWUDSURSULHGDGHGRVDUJXLGRVGHYDORUHTXLSDUiYHODR
TXHGHYLDVHUFRQÀVFDGRQDDOHJDomRGHFRQÀVFR
A intenção é que os Estados Unidos, de acordo com o Título 21, Código dos EstaGRV8QLGRV VHFomR S EXVTXHPDFRQÀVFDomRGHTXDOTXHURXWUDSURSULHGDGH
dos arguidos até ao valor da propriedade perdida, descrita nestas alegações de
FRQÀVFR
(Título 18, Código dos Estados Unidos, secção 982 (a) (1) and 982 (b): Título 21,
Código dos Estados Unidos, secção 853 (p))
RICHARDP, DONOGHUE
PROCURADORIA DOS ESTADOS UNIDOS
DISTRITO DE NEW YORK
[NOME OCULTADO]
DEBORAH, CONNOR
CHEFE DA SECÇÃO CRIMINAL DE LAVAGEM DE
DINHEIRO E RECUPERAÇÃO DE ACTIVOS
DEPARTAMENTO DE JUSTIÇA DOS ESTADOS UNIDOS
DANIEL S. KHAN
CHEFE DA UNIDADE FCPA
SECÇÃO DE FRAUDE
DIVISÃO CRIMINAL
DEPARTAMENTO DE JUSTIÇA DOS ESTADOS UNIDOS
Savana 11-01-2019 9
DIVULGAÇÃO PUBLICIDADE
Introdução
O documento acusatório contra o antigo Ministro das Finanças, Manuel
&KDQJ HTXDWURRXWUDVÀJXUDVMiYLVDGDVSHODMXVWLoDDPHULFDQD QRPHDGDPHQWHWUrVH[ EDQFiULRVGR&UHGLW6XLVVHHXPJHVWRUVpQLRUGRJUXSR3ULYLQYHVW GH$EX'KDEL PRVWUDGHWDOKHVVyUGLGRVGHXPDFRQVSLUDomRPRQWDGD
SDUDGHIUDXGDUR(VWDGR
2GRFXPHQWRH[SOLFD HPYiULRVPRPHQWRV L FRPR IRL IHLWD D´YHQGDµGD
LGHLDGHXPSURMHFWRGHJUDQGHLQYHVWLPHQWRQDSURWHFomRFRVWHLUDGH0RoDPELTXH PRVWUDQGRHOHPHQWRVVREUHDFRPSUDGD´YRQWDGHSROtWLFDµSDUDVH
JDQKDUDDSURYDomRGRSURMHFWR LL DDUWLPDQKDFRUUXSWDSDUDDVVHJXUDUDV
JDUDQWLDVLOHJDLVGRJRYHUQRSDUDRSURMHFWR3URLQGLFXV LLL DFRQVSLUDomR
SDUDVHFRQWRUQDURVSURFHGLPHQWRVGHFRQWURORLQWHUQRGR&UHGLW6XLVVHH
LY DFRQVSLUDomRSDUDVHPRGLÀFDUDVFRQGLo}HVGRVHPSUpVWLPRVGD3URLQGLFXV
$V(QWLGDGHV3ULQFLSDLVPRoDPELFDQDVUHIHULGDVQRGRFXPHQWRVmRD3URLQGLFXV D(0$780HD0$0 7RGDVDVWUrVIRUDPIRUPDGDVSDUDOHYDUHPD
FDERSURMHFWRVPDUtWLPRVHVSHFLÀFDPHQWH D3URLQGLFXVSDUDID]HUYLJLOkQFLD
FRVWHLUD D(0$780SDUDSHVFDGHDWXPHD0$0SDUDFRQVWUXLUHVWDOHLURV
QDYDLVHID]HUPDQXWHQomRGHHPEDUFDo}HV
3DUDDOpPGHManuel Chang TXHUHFHEHX PLOK}HVGH86' QD
RSHUDomR3URLQGLFXV R&,3WHPLQIRUPDomRTXHRVRXWURVGRLVDFXVDGRVGH
QDFLRQDOLGDGHPRoDPELFDQDVmR$QWyQLR&DUORVGH5RViULRH7HRÀOR1KDQgumeleTXHIRLRLQGLYLGXRTXHDSUHVHQWRXRSURMHFWRDR*RYHUQRQR
DQRGH 2GRFXPHQWRFLWD WUrVFR FRQVSLUDGRUHVPRoDPELFDQRV 'HSRLV
GHXPDDWXUDGDLQYHVWLJDomR R&,3HVWiHPFRQGLo}HVGHVXVSHLWDUGDVVXDV
LGHQWLGDGHV DWHQGHQGRDVIXQo}HVS~EOLFDVTXHGHVHPSHQKDP GHVHPSHQKDYDPHTXHVmRGHVFULWDVQROLEHORDFXVDWyULR QRVVHJXLQWHVWHUPRV
8PIXQFLRQiULRGR(VWDGRTXHSURFXURXDDSURYDomRGR*RYHUQRSDUDRSURMHFWR3URLQGLFXV R&,3DLQGDQmRFRQVHJXLXDSXUDUDSRVVtYHOLGHQWLGDGH
GRFRQVSLUDGRU
8PSDUHQWHGHXPDOWRIXQFLRQiULRHP0RoDPELTXH TXHUHFHEHX PLOK}HVGH86' $LQGDQmRFRQVHJXLPRVDSXUDUDVXDSRVVtYHOLGHQWLGDGH
8PDOWRIXQFLRQiULRGR0LQLVWpULRGDV)LQDQoDVGH0RoDPELTXH TXH
MiIRLGLUHFWRUGD(0$780
6XVSHLWDPRVTXHVHMD+HQULTXH*DPLWRRX,VDOWLQD/XFDV6DOHV 2VGRLVWLYHUDPIXQo}HVGHUHOHYRWDQWRQD(0$780FRPRQR0LQLVWpULRGR3ODQRH)LQDQoDV $DFXVDomRDPHULFDQDGL]TXHHVWHFR FRQVSLUDGRUUHFHEHX PLOK}HV
GH86'
$VHQWLGDGHVHVWUDQJHLUDVYLVDGDVQRGRFXPHQWRDFXVDWyULRVmRR3ULYLQYHVW
*URXS XPDKROGLQJGH$EX'KDEL (PLUDGRVÉUDEHV8QLGRV ($8 FRPSRVWD SRU YiULDV VXEVLGLiULDV FROHFWLYDPHQWH ´3ULYLQYHVWµ LQFOXLQGR 3ULYLQYHVW6KLSEXLOGLQJ6$/ $EX'KDEL0$5 ´$'0µ /RJLVWLFV,QWHUQDWLRQDO
H3DORPDU&DSLWDO$GYLVRUVH3DORPDU+ROGLQJV/WG FROHFWLYDPHQWH ´3DORPDUµ +iWDPEpPWUrVSHVVRDVLPSOLFDGDV OLJDGDVj3ULYLQYHVW QRPHDGDPHQWH -HDQ%RXVWDQL RSULQFLSDOQHJRFLDGRUGD3ULYLQYHVW 2FR FRQVSLUDGRU
GD3ULYLQYHVWIRLFRQWUDWDGRSHOD3ULYLQYHVWSDUDGHVHQYROYHUQHJyFLRVHP
SDtVHVDIULFDQRV DWUDYpVGHFRQH[}HVFRPIXQFLRQiULRVJRYHUQDPHQWDLVHRFR
FRQVSLUDGRU GD3ULYLQYHVW TXHVXVSHLWDPRVTXHVHMD,VNDQGDU6DID
+iWDPEpPR%DQFRGH,QYHVWLPHQWR R&UHGLW6XLVVH &6 HR%DQFRGH,QYHVWLPHQWR RUXVVR97%&DSLWDO 97% 2VWUrVDQWLJRVIXQFLRQiULRVEDQFiULRVGR
&UHGLW6XLVVHDFXVDGRVVmR $QGUHZ3HDUVH GHQDFLRQDOLGDGHQHR]HODQGHVD H[-
GLUHFWRUH[HFXWLYRGREDQFR&UHGLW6XLVVHHFKHIHGR*OREDO)LQDQFLQJ*URXS
GD&6 6XUMDQ6LQJK QDFLRQDOLGDGHEULWkQLFD RDQWLJRGLUHFWRUGR*OREDO)LQDQFLQJ*URXSGD&6H'HOHWLQD6XEHYD QDFLRQDOLGDGHE~OJDUD YLFH SUHVLGHQWH
GR*OREDO)LQDQFLQJ*URXS
3DUDREHQHItFLRGRJUDQGHS~EOLFRPRoDPELFDQR R&,3UHFXSHUD FRPEDVH
QDDFXVDomR DOJXQVGRVHOHPHQWRVPDUFDQWHVGHXPDFRQVSLUDomRTXHRULJLQRX XPD FULVH VHP SUHFHGHQWHV QD HFRQRPLDPRoDPELFDQD H QDYLGD GRV
PRoDPELFDQRV
Síntese
(QWUH H D3URLQGLFXV D(0$780HR0$0REWLYHUDP HPFRQMXQWR
SRXFRPDLVGH ELOK}HVGH86'HPHPSUpVWLPRV 2GLQKHLURHUDGHLQYHVWLGRUHVHVWUDQJHLURV LQFOXLQGRLQYHVWLGRUHVDPHULFDQRV HIRLFRQWUDWDGRSHOR
EDQFR&UHGLW6XLVVHHSHOREDQFRUXVVR97% 2VHPSUpVWLPRVIRUDPJDUDQWLGRVSHOR*RYHUQR0RoDPELFDQR HPERUDDVJDUDQWLDVQmRWHQKDPVLGRGLYXOJDGDVSXEOLFDPHQWH QHPDSURYDGDVSHOD$VVHPEOHLDGD5HS~EOLFD TXDQGRR
´JROSHµIRLGHVFREHUWR $DOHJDomRFHQWUDOpDGHTXHDVWUrVHPSUHVDVGHIUDXGDUDPRVLQYHVWLGRUHVSRUTXHIDOWDUDPDYHUGDGHVREUHRGHVWLQRUHDOGRVIXQGRV
TXHDFDEDUDPVHQGRXVDGRVSDUDSDJDUVXERUQRVDIXQFLRQiULRVGRJRYHUQR
ORFDOHGREDQFR&UHGLW6XLVVH &DGDXPDGDVWUrVHPSUHVDVHVWDWDLVFRQWUDWRX
D3ULYLQYHVWSDUDUHDOL]DUSURMHFWRVPDUtWLPRV
2VWUrVEDQFiULRVGR&UHGLW6XLVVHID]LDPSDUWHGD´HTXLSDGHQHJRFLDomRµ
'HDO7HDP GRSURMHFWR3URLQGLFXV 6XUMDQ6LQJKID]LDWDPEpPSDUWHGD´HTXLSDGHQHJyFLRVµGRSURMHFWR(0$780 'HDFRUGRFRPRGRFXPHQWRLQGLFLiULR RVDFXVDGRVFULDUDPRVSURMHFWRVPDUtWLPRVFRPRXPDUGLOSDUDHQULTXHFLPHQWRLOtFLWR 'HVYLDUDPSDUWHGRVUHFXUVRVGDGtYLGDSDUDSDJDUSHORPHQRV
PLOK}HVGH86'HPVXERUQRVHSURSLQDVDVLPHVPRVHDIXQFLRQiULRVGR
*RYHUQR0RoDPELFDQR $3ULYLQYHVWFREUDYDSUHoRVLQÁDFFLRQDGRVSHORVHTXLSDPHQWRVH VHUYLoRV TXH IRUQHFLDH RV YDORUHV IRUDPXVDGRV SHORPHQRVHP
SDUWH SDUD SDJDU VXERUQRV H SURSLQDV ( D 3URLQGLFXV D (PDWXP H D0$0
QXQFDOHYDQWDUDPYRR
2LQYHVWLPHQWRQD3URLQGLFXV-DQHLURGH D3URLQGLFXVFHOHEURXXPFRQWUDWRFRPD3ULYLQYHVWSDUD´IRUQHFHUPDWHULDLVHWUHLQDPHQWRSDUDSURWHJHUDV
iJXDVWHUULWRULDLVGH0RoDPELTXHµ 9DORUGRFRQWUDWR PLOK}HVGH86'
Fevereiro de 2013:2EDQFR&UHGLW6XLVVHFRQFRUGRXHPDUUDQMDUXPHPSUpVWLPRVLQGLFDGRSDUDD3URLQGLFXV PDVGHYLDWHUDJDUDQWLDGR*RYHUQRGH
0RoDPELTXH 9DORUGRHPSUpVWLPR PLOK}HVGH86'
6LQJKDVVLQRXRFRQWUDWRGHHPSUpVWLPRHPQRPHGR&UHGLW6XLVVH $QWyQLR5RViULRWHUiDVVLQDGRHPQRPHGD3URLQGLFXVH0DQXHO&KDQJDVVLQRXDJDUDQWLD
GRJRYHUQR
Junho - Agosto de 2013:R&UHGLW6XLVVHDXPHQWRXRHPSUpVWLPRGD3URLQGLFXVHP PLOK}HVGH86'
1RYHPEUR R97%FRQFHGHXRXWURHPSUpVWLPR
j3URLQGLFXVQDRUGHPGRV PLOK}HVGH86' 2HPSUpVWLPRWRWDODWLQJLX
RV PLOK}HVGH86' 0DV GHDFRUGRFRPDDFXVDomR ´D3URLQGLFXVQXQFD
UHDOL]RXRSHUDo}HVVLJQLÀFDWLYDV QmRJHURXUHFHLWDVHQmRFXPSULXFRPRSULPHLURUHHPEROVRGHMXURVHFDSLWDODSUD]DGRSDUD GH0DUoRGH µ
ANTICORRUPÇÃO
Anticorrupção - Transparência - Integridade Edição No
1/2019 - Janeiro- Distribuição Gratuita
Centro de Integridade Pública
MINISTÉRIO PÚBLICO
LEI ANTI-CORRUPÇÃO
LEI DE PROBIDADE PÚBLICA
CÓDIGO PENAL
Aspectos-chave do “golpe” da dívida ilegal, de acordo
com a acusação federal americana contra Manuel Chang
e outros alegadamente implicados
10 Savana 11-01-2019 DIVULGAÇÃO
$PRQWDJHPGRHVTXHPDGRVXERUQRLQLFLDO
$SDUWLUGH %RXVWDQLHXPGRVDFXVDGRVQmRLGHQWLÀFDGRV TXHVH
VXVSHLWDVHU$QWyQLR&DUORV5RViULR WHQWDUDPFRQYHQFHUIXQFLRQiULRVGR*RYHUQRPRoDPELFDQRDHVWDEHOHFHUXPVLVWHPDGHPRQLWRUDPHQWRFRVWHLURSRU
PHLRGHXPFRQWUDWRFRPD3ULYLQYHVW ,PHGLDWDPHQWH %RXVWDQLH$QWyQLR
5RViULRH7HRÀOR1KDQJXPHOHQHJRFLDUDPDSULPHLUDWUDQFKHGHSDJDPHQWR
GHVXERUQRHSURSLQDVTXHD3ULYLQYHVWWHULDTXHID]HUHPEHQHItFLRGRVIXQFLRQiULRVGR*RYHUQRPRoDPELFDQR QmRLGHQWLÀFDGRVQRVDXWRV SDUDTXH
RSURMHFWRIRVVHDSURYDGR
(LVDWURFDGHHPDLOVHQWUHDVSULQFLSDLVÀJXUDV
(PDLOGH GH1RYHPEURGH VXVSHLWDQGR VHTXHVHMD5RViULR HQYLDGRSDUD%RXVWDQL
´3DUDJDUDQWLUTXHRSURMHFWRVHMDDSURYDGRSHOR&KHIHGH(VWDGR XPSDJDPHQWRWHPTXHVHUDFRUGDGRDQWHVGHFKHJDUPRVDRREMHFWLYRÀQDO
4XDLVTXHUSDJDPHQWRVDGLDQWDGRVDQWHVGRSURMHFWR SRGHUmRVHUUHFXSHUDGRVµ
(PDLOGH GH1RYHPEURGH GH%RXVWDQLHPUHVSRVWDDRDQWHULRU
´XPD TXHVWmRPXLWRLPSRUWDQWH TXH SUHFLVD VHU FODUD WLYHPRV YiULDV H[SHULrQFLDVQHJDWLYDVQDÉIULFD (VSHFLDOPHQWHUHODFLRQDGDVFRPSDJDPHQWRVGH
WD[DV GH VXFHVVR 3RUWDQWR WHPRV XPD SROtWLFD UtJLGD QRJUXSR GH QmR
desembolsar nenhuma ‘taxa de sucesso’ antes da assinatura do contrato do
SURMHFWRµ
( PDLO GH1RYHPEURGH VXSRVWDPHQWHGH
5RViULR HPUHVSRVWDD%RXVWDQL
´)DEXORVR HXFRQFRUGRFRQVLJRHPSULQFtSLR 0DVYDPRVROKDUSDUDRSURMHFWRHPGRLVPRPHQWRVGLVWLQWRV 2SULPHLURPRPHQWRpRGHPDVVDJHDU
RVLVWHPDHREWHUDYRQWDGHSROtWLFDGHDYDQoDUFRPRSURMHFWR 2VHJXQGR
PRPHQWRpDLPSOHPHQWDomR H[HFXomRGRSURMHFWR &RQFRUGRFRQVLJRTXH
TXDOTXHUGLQKHLURVySRGHVHUSDJRDSyVDDVVLQDWXUDGRSURMHFWR ,VVRGHYH
VHU WUDWDGR VHSDUDGDPHQWH GDLPSOHPHQWDomR GR SURMHFWR SRUTXH SDUD D
LPSOHPHQWDomRGRSURMHFWR KDYHUiRXWURVMRJDGRUHVFXMRLQWHUHVVHWHUiTXHVHU
FXLGDGR FRPRSRUH[HPSORR0LQLVWpULRGD'HIHVD R0LQLVWpULRGR,QWHULRU D
)RUoD$pUHD HWF HPJRYHUQRVGHPRFUiWLFRVFRPRRQRVVR DVSHVVRDV
YrPHYmR HWRGRVRVHQYROYLGRVYmRTXHUHUWHUDVXDSDUWHGRQHJyFLRQR
PRPHQWRHPTXHHVWmRQRSRGHU 8PDYH]IRUDGRSRGHU MiVHUiGLItFLO 3RULVVR
pLPSRUWDQWHTXHD¶WD[DGHVXFHVVR·GHDVVLQDWXUDGRFRQWUDWRVHMDDFRUGDGD
HSDJDGHXPDVyYH] DSyVDDVVLQDWXUDGRFRQWUDWR µ
(PDLO GH'H]HPEURGH VXSRVWDPHQWHGR
5RViULRSDUD%RXVWDQL
´%RPLUPmR (X FRQVXOWHL H SRU IDYRU FRORTXH PLOK}HVGH IUDQJRV
4XDLVTXHUTXHVHMDPRVQ~PHURVTXHYRFrWHQKDQDVXDFDSRHLUD DFUHVFHQWD
PLOK}HVGDPLQKDUDoDµ
[Interpretação do Departamento de Justiça: 50 milhões de USD seriam pagos
em propinas a funcionários do Governo moçambicano e outros 12 milhões de
USD seriam pagos aos co-conspiradores da Privinvest.]
(PDLO GH'H]HPEURGH %RXVWDQLSDUDRSHVVRDOGD3ULYLQYHVW
´ 0SDUDHOHVH 0SDUD>3ULYLQYHVWFR FRQVSLUDWRU @ !WRWDOGH 0
QRWRSR µ
(QWUHWDQWR OHYRXPDLV GH XP DQR SDUD TXH R FRQWUDWR HQWUH D 3URLQGLFXV
HD3ULYLQYHVWIRVVHQHJRFLDGRHDVVLQDGR &LQFRGLDVDSyVDDVVLQDWXUDGR
FRQWUDWR %RXVWDQLLQVWUXLXXPEDQFRQRV(PLUDGRVÉUDEHV8QLGRVTXH
DVVLPTXHD3ULYLQYHVWUHFHEHVVHXPSDJDPHQWRPtQLPRGH PLOK}HVGH
86'GRLVSDJDPHQWRVGHYHULDPVHUIHLWRV PLOK}HVGH86'SDUDXP
GRVDFXVDGRVH PLOK}HVSDUDRFR FRQVSLUDGRU GH0RoDPELTXH 2EDQFR
WDPEpP IRLLQVWUXtGRDSDJDUDFDGDXPGHOHVRXWURV PLOK}HVGH86'
QXPDGDWDSRVWHULRU
1HJRFLDo}HVSDUDDFRQWUDWDomRGDGtYLGDHDSDULção de Manuel Chang
$VQHJRFLDo}HVSDUD DFRQWUDWDomRGDGtYLGDFRPHoDUDP D WHUOXJDUHP
6HWHPEURGH %RXVWDQLDERUGRXREDQFR&UHGLW6XLVVHSDUDSURYLGHQFLDU
RHPSUpVWLPR 1HVVHPHVPRPrVGH6HWHPEURGH $QGUHZ3HDUVHYRRX
SDUD RV (PLUDGRV ÉUDEHV 8QLGRV SDUD VH HQFRQWUDU FRP %RXVWDQL $QWyQLR
5RViULRHXPIDPLOLDUSUy[LPRGHXPDOWRIXQFLRQiULRGR*RYHUQRPRoDPELFDQRHQWUHRXWURV >1RWD RHPSUpVWLPRIRLGHVHQFDGHDGRSHORIRUQHFHGRUH
QmRSHORFOLHQWH 3RURXWURODGR WLQKDGHÀFDUFODURQHVVHHQFRQWURTXHR
FUpGLWRWLQKDGHWHUJDUDQWLDGR*RYHUQRGH0RoDPELTXH
1RHQFRQWUR %RXVWDQLHXPFR DFXVDGRQmRLGHQWLÀFDGRPHQFLRQDUDPR
QRPHGH0DQXHO&KDQJ GDQGRDHQWHQGHUTXHMiWLQKDPDERUGDGRRHQWmR
0LQLVWURGDV)LQDQoDVSDUDWUDWDUGHDVVLQDUDJDUDQWLD 'LDVGHSRLV &KDQJ
HVFUHYHXXPDFDUWDDXPH[HFXWLYRGD3ULYLQYHVWGL]HQGRTXHR)0,LPSXVHUDFHUWDVOLPLWDo}HVD0RoDPELTXH QRPHDGDPHQWHDGHTXHRVSURMHFWRV
FRPHUFLDLVVySRGHULDPVHUÀQDQFLDGRVSRUFUpGLWRFRPHUFLDO 3DUDFRQWRUQDUHVVDOLPLWDomR &KDQJVXJHULXTXHVHFULDVVHXP639 6SHFLDO3XUSRVH
9HKLFOH XPDVRFLHGDGHGHSURSyVLWRHVSHFtÀFR FXMDDFWLYLGDGHpEDVWDQWH
UHVWULWD SRGHQGRHPDOJXQVFDVRVWHUXPSUD]RGHH[LVWrQFLDGHWHUPLQDGR
QRUPDOPHQWHXWLOL]DGDSDUDLVRODURULVFRÀQDQFHLURGDDFWLYLGDGHGHVHQYROYLGD
(P)HYHUHLURGH &KDQJYLULDDDVVLQDUDJDUDQWLDGRJRYHUQRSDUDR
HPSUpVWLPR WHQGRUHFHELGRSRULVVRSHORPHQRV PLOK}HVGH86'HPVXERUQRVIHLWRVDSDUWLUGHXPDFRQWDEDQFiULDQRV(PLUDGRVÉUDEHV8QLGRVSDUD
XPDFRQWDEDQFiULDQD(VSDQKD 2SDJDPHQWRIRLHQFDPLQKDGRSRUEDQFRV
DPHULFDQRV FRPRWRGRVRVSDJDPHQWRVHP86'
2VEDQFiULRVGR&UHGLW6XLVVH
2GHSDUWDPHQWRGH´FRPSOLDQFHµGR&UHGLW6XLVVHLGHQWLÀFRXVLQDLVVXVSHLWRVGHFRUUXSomRQRLQtFLRGRDFRUGRFRPD3URLQGLFXV 8PGRVDOHUWDVIRL
TXHQmRWLQKDKDYLGRXPFRQFXUVRS~EOLFRQDHVFROKDGRIRUQHFHGRU
(PUHVSRVWDDXPDSHUJXQWDGRVEDQFiULRVGR&UHGLW6XLVVHVREUHVHWLQKD
KDYLGRXPFRQFXUVR %RXVWDQLGLVVHTXHRFRQWUDWR´QmRUHVXOWRXGHXPD
RIHUWDFRPSHWLWLYDPDVIRLXPHVTXHPD´HQWUHD3ULYLQYHVWHR*RYHUQRPRoDPELFDQRµ 2EDQFRQmRIH]QDGDSDUDLPSHGLUTXHRSURFHVVRDYDQoDVVH
DOLiV VHXVIXQFLRQiULRVUHOHYDQWHVMiHVWDYDPDHQWUDUQRHVTXHPD
7DPEpPIRUDPLGHQWLÀFDGDVVXVSHLWDVGHFRUUXSomRHQYROYHQGRRFR FRQVSLUDGRU GD3ULYLQYHVW RH[HFXWLYR TXHQyVLGHQWLÀFDPRVFRPR,VNDQGDU
6DID 8PIXQFLRQiULRGR&UHGLW6XLVVHGLVVHD6XUMDQ6LQJKTXHRFRQVSLUDGRU GD3ULYLQYHVWMiKDYLDVLGRLGHQWLÀFDGRFRPR´XPFOLHQWHLQGHVHMiYHOµ
SHOREDQFR 2IXQFLRQiULRVXVWHQWRXHVVDDOHJDomRFRPFHUFDGH
DUWLJRVGHQRWtFLDVVXJHULQGROLQNVSDUDFRUUXSomRHQYROYHQGRDSHVVRD
2VWUrVEDQTXHLURVVmRDFXVDGRVGHHVFRQGHULQIRUPDo}HVFUXFLDLVTXHGHYLDPVHUSDUWLOKDGDVFRPR´FRPSOLDQFHµ 3RUH[HPSOR DHTXLSDGHQHJRFLDomRFRQVXOWRXXPH[HFXWLYRVpQLRUGR&UHGLW6XLVVHVREUHVHRQHJyFLRGD
3URLQGLFXVWLQKDSHUQDVSDUDDQGDU 2H[HFXWLYRGLVVH´QmRµjFRPELQDomRGH
0RoDPELTXHHVHXDPLJR>RFR FRQVSLUDGRUGR3ULYLQYHVW ,VNDQGDU6DID@
0DV3HDUVH TXHMiHVWDYDPHWLGRQRHVTXHPD GLVVHDXPFROHJD ´HQWmR
SUHFLVDPRVGHHVWUXWXUi ORIRUDGRTXDGURµ 1DYHUGDGH RSUySULRUHODWyULRGH´GXHGLOLJHQFHµGD&UHGLW6XLVVHUHODWLYDPHQWHDHVWHQHJyFLRWLQKD
GHVFULWR6DIDFRPRXPPHVWUHHPID]HUVXERUQRV 0DVDLQGDQmRpFODURVHR
GHSDUWDPHQWRGHFRQIRUPLGDGH IH]YLVWDJURVVDDHVVDVHYLGrQFLDV SRLVRV
UHODWyULRVGH´GXHGLOOLJHQFHµGR&UHGLW6XLVVHGHYHPVHU IHLWRVHPDQWLGRV
SHODHTXLSDGR´FRPSOLDQFHµ
1XPRXWURH[HPSOR DHTXLSDGHQHJyFLRVGR&UHGLW6XLVVHFRQWUDWRXXPD
ÀUPDH[WHUQDSDUDFRQGX]LUXPD´GXHGLOOLJHQFHµDXPDOLVWDSURSRVWDGH
QRPHVSDUDR&RQVHOKRGH$GPLQLVWUDomRGD3URLQGLFXV 4XDQGRRVDXGLWRUHVH[WHUQRVVRXEHUDPTXHXPGRVQRPHVQmRHUDUHFRPHQGiYHO HOHV
IRUDP VXEVWLWXtGRV 8PD QRYD HTXLSD GH DXGLWRULD DFDERX DSURYDQGR R
QRPHQmRUHFRPHQGiYHO TXHIRLGHSRLVVDQFLRQDGRSRUXPGHSDUWDPHQWR
UHOHYDQWHGR&UHGLW6XLVVH
´3DUDHVFRQGHURHVTXHPDIUDXGXOHQWRHHYLWDURHVFUXWtQLRµ RVWUrVEDQTXHLURVWDPEpPUHPRYHUDPDOJXPDVGDVFRQGLo}HVDVVRFLDGDVDRHPSUpVWLPR
8PDGDVVXSUHVV}HVFUXFLDLVHUDTXHR3URFXUDGRU *HUDOGD5HS~EOLFD
SUHFLVDYDFRQÀUPDUTXHDJDUDQWLDGRJRYHUQRHUDYiOLGD
)RL%RXVWDQLTXHPDFKRXHVVDLGHLDSHULJRVD 1XPHPDLOGH GH)HYHUHLURGH GLULJLGRD6XEHYD HOHGLVVHRVHJXLQWH ´$FUHGLWRTXHLVVR
HQYROYHUR3*5 QmRVHUiDFHLWHSHOD3URLQGLFXV SRLVHODTXHUFRQWRUQDU
SURFHGLPHQWRV EXURFUiWLFRV S~EOLFRV H QRUPDLV GHVGH R SULPHLUR GLD H
SRULVVRFULDUDPXPDHQWLGDGHSULYDGD (OHVQXQFDDFHLWDUmRLQIRUPDUDR
3URFXUDGRU *HUDOµ $H[LJrQFLDIRLUHPRYLGDSHORVEDQTXHLURVHRHPSUpVWLPRIRLDVVLQDGR 2VEDQTXHLURVWDPEpPUHPRYHUDPDFRQGLomRGHTXH
R)0,SUHFLVDYDVHULQIRUPDGRVREUHRHPSUpVWLPR 2)0, TXHSUHVWDYD
DMXGDÀQDQFHLUDDRJRYHUQR VyGHVFREULXRHPSUpVWLPRHP 2&UHGLW
6XLVVHUHWHYH PLOK}HVGH86'HPWD[DVSHORSULPHLURYDORUGRHPSUpVWLPR >1RWD 1mRpH[SOLFLWDPHQWHGHFODUDGRVHWRGDVDVWD[DVIRUDPSDUDR
EDQFRRXVHIRUDPGLYLGLGDVFRPRXWURVHVFULWyULRVGHDGYRFDFLD HWF $
3ULYLQYHVWXVRXHQWmRSDUWHGRHPSUpVWLPRSDUDSDJDUVXERUQRVD3HDUVH
(P$EULOGH 3HDUVHDEULXXPDFRQWDEDQFiULDHP$EX'KDELQRV(PLUDGRVÉUDEHV8QLGRV 1RV PHVHVVHJXLQWHV ´D3ULYLQYHVWHQFDPLQKRXSDJDPHQWRVGHVXERUQRGHPDLVGH86 PLOK}HVGH86'µSDUDDFRQWDEDQFiULDGH3HDUVHQRV(PLUDGRVÉUDEHV8QLGRV $PDLRULDGRV SDJDPHQWRV
IRLHPSDUFHODVH[DFWDVGH PLOKmRGH86'HIRLUHJLVWDGDFRPR´SDJDPHQWR
SDUFLDOGHXPFRQWUDWRGHFRQVXOWRULDµ 8PGRVPDLRUHVSDJDPHQWRV
FHUFDGH PLOK}HVGH86' IRLGHFODUDGRFRPR´SDJDPHQWRGHGLYLGHQGRVµ $DFXVDomRDOHJDTXH3HDUVHWUDQVIHULX PLOK}HVGH86'SDUDRXWUD
FRQWDEDQFiULDQRV($8 HPQRPHGH6XEHYD
O investimento EMATUM
'HDFRUGRFRPROLEHORDFXVDWyULR HLVDVGDWDVPDLVUHOHYDQWHVSDUDD(PDWXP
Savana 11-01-2019 11 DIVULGAÇÃO
Agosto de 2013:D(0$780FHOHEURXXPFRQWUDWRFRPD3ULYLQYHVWSDUDFRPSUDU
HPEDUFDo}HV HTXLSDPHQWRVHIRUPDomR 9DORUGRFRQWUDWR PLOK}HVGH86'
Agosto de 2013:R&UHGLW6XLVVHFRQFRUGRXHPSURYLGHQFLDURHPSUpVWLPR
GHVGHTXHHOHIRVVHEOLQGDGRSRUXPDJDUDQWLDGRJRYHUQR 9DORU PLOK}HV
GH86'
'H DFRUGR FRP D DFXVDomR ´XPDSDUWH VLJQLÀFDWLYDGRV IXQGRV DGLFLRQDLV
VHULDFDQDOL]DGDSDUDD3ULYLQYHVWHGHSRLVGHVYLDGD WHQGRVHUYLGRSDUDID]HU
SDJDPHQWRVDGLFLRQDLV SDJDUOXFURVLQÁDFFLRQDGRVHHYLWDUDGHVFREHUWDGR
HVTXHPDIUDXGXOHQWRGRVFR FRQVSLUDGRUHV
6HWHPEURGH 2&UHGLW6XLVVHFRQFRUGRXHPHPSUHVWDUDSHQDV PLOK}HVGH86'j(0$780 GHPRGRTXHDHPSUHVDWHYHGHFRPSUDURXWURV
PLOK}HVGH86'j97%&DSLWDO
(P-XOKRGH 3HDUVHDQXQFLRXDVXDUHQ~QFLD (OHÀFDULDDWp6HWHPEUR 1R
HQWDQWR QDPHVPDpSRFD REDQFRFRORFRX'HWHOLQD6XEHYDVREOLFHQoD 8PPrV
GHSRLV HP$JRVWR HODIRLGHPLWLGD 1RWD DDFXVDomRQmRGL]TXDVHQDGDVREUH
RTXHPRWLYRXDUHQ~QFLDGH3HDUVHRXDGHPLVVmRGH6XEHYD
1RHQWDQWR QRVEDVWLGRUHV 3HDUVHH6XEHYDHVWDYDPMiDWUDEDOKDUHPFRQMXQWR
QRVHXGHUUDGHLUR´GHDOµ RDFRUGR(0$780
(PDLOV REWLGRVSHOR'HSDUWDPHQWRGH -XVWLoDGRV(8$PRVWUDP TXH GXUDQWH
-XOKRGH RVH[HFXWLYRVVpQLRUHVGRVEDQFRVHVWDYDPHPFRPXQLFDomRFRP
%RXVWDQL XVDQGRVXDVFRQWDVGHHPDLOSHVVRDLV 1XPGRVHPDLOV 3HDUVHHQYLRX
D%RXVWDQLXPDSURSRVWDSDUDGHVHQYROYHUXPDIURWDGHHPEDUFDo}HVGHSHVFD
GHDWXP
Email GH-XOKRGH %RXVWDQLUHVSRQGHD3HDUVHGL]HQGRTXHXPGRVDFXVDGRVQmRQRPHDGRVLULD´VHJXLUHPIUHQWHHPWRGDVDVVXJHVW}HVQHFHVViULDV
SDUDPD[LPL]DURWDPDQKRGRÀQDQFLDPHQWRµ (PÀQDLVGH-XOKRGH R
SODQR(0$780MiHVWDYDHPYLJRU 2SURMHFWR GHDFRUGRFRPR'HSDUWDPHQWR
GH-XVWLoDGRV(8$ IRLFRQFHELGRSDUDVDWLVID]HUDJDQkQFLDGHDOJXPDVSHVVRDV
HPYH]GHVDWLVID]HUDVQHFHVVLGDGHVOHJtWLPDVGD(0$780
Email GH-XOKRGH %RXVWDQLHVFUHYHD3HDUVHH6XEHYD ´YDPRVSDUD
PLOK}HVGH86' HQWmRPDQWHPRVXPDPDUJHPSDUDRSDJDPHQWRGHMXURVGD
3URLQGLFXVQRSUy[LPRDQRµ >1RWD LVWRVXJHUHTXHRÀQDQFLDPHQWRGD(0$-
780VHULDXVDGRSDUDID]HUSDJDPHQWRVGHMXURVGD3URLQGLFXV@
(PERUD3HDUVHH6XEHYDDLQGD WLYHVVHPDOJXPDOLJDomRFRPR&UHGLW
6XLVVH HOHVDJRUDHVWDYDPDMRJDUGRVGRLVODGRVGDFHUFD 3DUDHVFRQGHURVHX
HQYROYLPHQWRH[WHUQRQDQHJRFLDomRGD(0$780 HOHVXVDUDPFRQWDVGHHPDLO
SHVVRDLV H WDPEpP DOHUWDUDP RV H[HFXWLYRV GD (0$780 SDUD UHPRYHUHP RV
GRFXPHQWRVHHPDLOVTXHSRGHULDPVXJHULURVHXHQYROYLPHQWRGRRXWURODGR
GDFHUFD
Email GH-XOKRGH 3HDUVHSDUD%RXVWDQL FRP&&SDUD6XEHYD ´3RUIDYRU QmRHQFDPLQKHDSHQDVRVHPDLOV &ULHQRYRVHPDLOVHDQH[HRVGRFXPHQWRV
ePXLWRVHQVtYHORVQRVVRVQRPHVHQYROYLGRV µ
Email GH-XOKRGH 3HDUVHSDUD6XEHYD ´6HHQWUDUHVQDVSURSULHGDGHV
GHFDGDGRFXPHQWR HOHYDLPRVWUDUTXHPpRDXWRU 3RGHVH[FOXLUHVVHVGDGRVH
UHHQYLDU"
Email GH-XOKRGH 6XEHYDSDUD3HDUVH ´7HQKRDFHUWH]DTXH6XUM>6LQJK@
SRGHVDQHDURSLRUHDSDJDURDXWRU µ
Email GH -XOKRGH 3HDUVHSDUD%RXVWDQLH6XEHYD ´3HVVRDO DEDL[R
HVWiRDUJXPHQWRTXHHXDFKRTXHQyV RXPHOKRU R0XWXiULR GHYHUtDPRV
DSUHVHQWDUDR&UHGLW6XLVVHQDVHPDQDTXHYHP SDUDH[SOLFDUSRUTXHD
3ULYLQYHVWJDQKRXRFRQWUDWRVHPFRQFXUVR 2VSDWURFLQDGRUHVGR0XWXiULR
RXVHMD RVYiULRVPLQLVWpULRV PDVSULQFLSDOPHQWHR6,6( DSHGLGRGRSUHVLGHQWH HQYLDUHPSURSRVWDV GHFRWDo}HV D HVWDOHLURV>SUHFLVDPRVWHUQRPHV@
SDUDRIDEULFRGHXPDIURWD 1mRKDYLDDQHFHVVLGDGHOHJDOGHWHUXPFRQFXUVR
S~EOLFR XPDYH]TXHDVUHJUDVGHFRQWUDWDomRQmRVHDSOLFDPDHPSUHVDVSULYDGDV PDV PHVPRDVVLP SURFXUDUDPYiULDVSURSRVWDV $3(1$6$$'0>HQWLGDGHGD3ULYLQYHVW@UHVSRQGHXFRPRSDFRWHFRPSOHWRHRIHUHFHXXPDVROXomR
LQWHJUDGDFRPYLJLOkQFLDGHSHVFD FHQWURGHFRPDQGRHEDUFRVµ
Email: GH-XOKRGH %RXVWDQLUHVSRQGHD3HDUVHH6XEHYD
´'LJDPTXHHOHVHQWUDUDPHPFRQWDWRFRPHVWDOHLURVVXO DIULFDQRV HVSDQKROH
SRUWXJXrV 6HPQRPHDU 2OLEHORGDMXVWLoDDPHULFDQDDFXVD6LQJKGHIDEULFDU
´LQIRUPDo}HVIDOVDVVREUHSURSRVWDVQXPPHPRUDQGRTXHHVFUHYHXHHQYLRXDR
&UHGLW6XLVVHHP$JRVWRGH SDUDREWHUDDSURYDomRGRHPSUpVWLPR(0$-
780 DÀUPDQGRIDOVDPHQWHTXHDSURSRVWDGD3ULYLQYHVWIRLFRQVLGHUDGDDPDLV
FRPSHWLWLYDHPFRPSDUDomRFRPDVOLFLWDo}HVGHRXWUDV WUrVHPSUHVDVLQWHUQDFLRQDLVµ
Email: GH$JRVWRGH 6XEHYDHVFUHYHD%RXVWDQL
´/HPEUDUSDUDQmRPHQFLRQDU$QGUHZ>3HDUVH@HDPLPjHTXLSH (OHVQmR
SRGHPVDEHUTXHHVWDPRVHQYROYLGRVQHVWHSURMHFWR 6HKRXYHUXPGHVOL]H µ
2HPSUpVWLPRIRLDVVLQDGRQRÀQDOGH$JRVWRGH 2VLQYHVWLGRUHV
IRUDPLQIRUPDGRVTXHRGLQKHLURVHULDXVDGRSDUD´DFRPSUDGHLQIUDHVWUXWXUDGHSHVFD FRPSRVWDSRU QDYLRV XPFHQWURGHRSHUDo}HV
HWUHLQDPHQWRUHODFLRQDGRµ
$SHVDUGDVSURMHFo}HVGHTXHD(0$780JHUDULDUHFHLWDVDQXDLVGH
SHVFDGHDSUR[LPDGDPHQWH PLOK}HVGH86'DWp'H]HPEURGH
SUDWLFDPHQWHQmRJHURXUHFHLWDH SRUYROWDGRÀQDOGH QmRUHDOL]RX
RSHUDo}HVGHSHVFD $(0$780ÀFRXLQFDSD]GHHIHFWXDURSDJDPHQWR
GHÀQDQFLDPHQWRFRPYHQFLPHQWRHP RXSHUWRGH GHMDQHLURGH
6LQJKWDPEpPUHFHEHXVXERUQRV (P GH2XWXEURGH 3HDUVHHQYLRXRVGHWDOKHVGDFRQWDEDQFiULDGH6LQJKSDUD%RXVWDQL 5HIHULQGR VH
D6LQJKFRPR´WLRµ 3HDUVHGLVVH ´VHSXGHUPRV ID]HUDOJXPDFRLVD
QHVWDVHPDQD HOHDJUDGHFHULDµ (PDLO GHRXWXEURGH GH3HDUVH
SDUD%RXVWDQL ´7LR 6XUMDQ 7RWDOGH µ1RVTXDWURPHVHVVHJXLQWHV D
3ULYLQYHVWWUDQVIHULX PLOK}HVGH86'SDUDDFRQWDEDQFiULDGH6LQJK $PDLRULDGRVSDJDPHQWRVIRLGHSDUFHODVGH HP86'HXVRXD
UHIHUrQFLDGHSDJDPHQWRGH´FRQWUDWRGHFRQVXOWRULDµ
(P GH$EULOGH %RXVWDQLHQYLRXXPHPDLOFRPXPDSODQLOKDFRP
WRGRVRVVXERUQRVSDJRVSHORVQHJyFLRVGD3URLQGLFXVH(0$780 GHFODUDQGRTXHD3ULYLQYHVWKDYLDSDJR´ PLOK}HVGH86'SDUDWRGRVSRU
WXGRµ $SODQLOKDLQFOXtD RX PLOK}HVGH86'SDUD&KDQJ 'HDFRUGR
FRPDDFXVDomR QXPHVIRUoRSDUDHVFRQGHUDQDWXUH]DLOtFLWDGHVWHVSDJDPHQWRV RUpX RVDUJXLGRV-HDQ%RXVWDQL>HRXWURVDFXVDGRVDQyQLPRV@
XVDUDPHQWLGDGHVGHWHUFHLURVHIDEULFDUDPIDFWXUDVSDUDGLVWULEXLUGLQKHLURDIXQFLRQiULRVGR*RYHUQR0RoDPELFDQRµ
Email: GH2XWXEURGH %RXVWDQLHVFUHYHSDUDXPDFXVDGRVHP
QRPH ´(XSUHFLVRGHIDFWXUDVPDLVFHGRHPQRPHGH /RJLVWLFV,QWHUQDWLRQDO$EX'KDEL>XPDHPSUHVDUHODFLRQDGDj3ULYLQYHVW@ )DFWXUDVSDUD
WXGRPHXLUPmR &DGDXPDPHQFLRQDQGRRDVVXQWR FRPSUDGHLPyYHLV
HWF HWF 0HVPRSDUD&KDQJ XPSHTXHQRSDSHOTXHGL]´KRQRUiULRV
GHFRQVXOWRULDµ
O investimento do MAM
Maio de 2014:0$0H3ULYLQYHVWDVVLQDUDPXPFRQWUDWRSDUD´FRQVWUXLUXPHVWDOHLUR IRUQHFHUHPEDUFDo}HVQDYDLV DGLFLRQDLVHDFWXDOL]DU
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12 Savana 11-01-2019 DIVULGAÇÃO
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2 comentários:
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