Argumento em defesa de Armando Guebuza
Em Dezembro de 2010 eu fui ao Gabinete de Armando Guebuza para lhe dizer que ele estava a dirigir o país com base em mentiras. Sim isso mesmo! E lhe disse, numa conversa a sós que durou aproximadamente uma hora, a mais longa que alguma vez tive com um Chefe de Estado. De alguma forma ele reconheceu ser verdade o que eu lhe disse, mas quando saí daquele antigo Gabinete do Presidente da República, que agora virou um museu, notei que o meu interlocutor achara a minha atitude um grande atrevimento. Mas ele disse mais tarde ter gostado da conversa que juntos travamos naquele dia. Tanto foi assim que daí passamos a trocar mensagens com alguma regularidade.
Ocorreu, porém, que depois dessa conversa Armando Guebuza fez nada para mudar o rumo errante que a sua administração estava a tomar. Ele fechou-se à crítica, da qual tanto desprezo mostrava, sobretudo se não começasse por elogiar as coisas que ele reconhecia fazer bem. Foi assim que dois anos mais tarde ele começou aenvolve-se no escândalo das "dívidas ocultas" e ilegais, que eu inicialmente defendi por acreditar que ele (Armando Guebuza) tinha interesse genuíno em fortalecer a soberania da República de Moçambique, o nosso país comum, sobre a sua zona económica exclusiva no Oceano Índico.
Eu sei, sim, que Armando Guebuza não orquestrou a fraude. Ele foi enganado. Mas quem mais lhe enganou foi a sua forte convicção de que estava a fazer tudo bem. Quem mais lhe enganou foi o seu desprezo pela crítica dura e directa. Quem mais lhe enganou foi o seu próprio carácter. Enfim, ele se enganou a si mesmo, e, por via disso, enganou ao povo moçambicano a quem jurara servir fielmente. Esta é única culpa de Armando Guebuza, nomeadamente enganar-se a si mesmo. Aliás, Joaquim Chissano também se enganou a si mesmo e muitas mais vezes que Armando Guebuza...!
Agora só espero que o Presidente Filipe Nyusi não vá pelo mau exemplo do seu antecessor, tampouco do exemplo do antecessor deste. O legado que ambos deixaram ao Filipe Nyusi é um Estado ladrão do povo; um Estudo que se serve do povo, em vez de servir a este povo. Um Estado em que as empregados fingem que trabalham e os patrões fingem que pagam. Enfim, um Estado de lamúrias e lamentações, razão pela qual o progresso é lento ou quase nulo.
Eu disse.
Palavra de Honra!
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