quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

A minha nota à Governação de Nyusi em 2018

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A minha nota à Governação de Nyusi em 2018
O ano de 2018 terminou e é chagada a hora de balanço do desempenho do Governo.
Não há dúvidas que houve avanços significativos no processo sobre a paz, com passo importantes alcançados, um dos quais é o acordo sobre o desarmamento, desmilitarização e reitegração da Renamo e das suas forças residuais. Este passo é importante, mas há dois aspectos importantes a adicionar quando o assunto é paz.
O primeiro é: A paz não é só o calar das armas, mas é o bem estar social, onde cada um se sente parte importante da sociedade. Significando, como disse um ouvinte da Rádio Moçambique hoje: não pode haver paz com pessoas com fome, sem saúde, habitação condigna, educação, marginalizadas, sem acesso às oportunidades, deslocadas das suas zonas para dar lugar a exploração de recursos sem que tenham uma compensação justa e muito menos os seus meios de vida restaurados, etc. Então, temos uma passo longo a percorrer para a paz e uma paz efectiva, sendo que a solução político-partidária é um passo, mas não o único e muito menos o fim.
O segundo é: a paz só é paz se nos reconciliarmos verdadeiramente. Não há os de lá e nem de cá. Somos todos moçambicanos e, por isso, legítimos, sujeitos de direitos e deveres, sendo o mais importante contribuir para o progresso deste país, com ideias, acções, conforme estatuido no artigo 73 da Constituição da República. Temos de ser todos tratados pelo quem somos e não pelo que somos (se amarelos, rosas, laranjas ou cinzas). Precisamos de no final lembrar que seja quem for a governar, não está a fazer para o seu grupo todos os que concordam consigo, mas para todos os moçambicanos.
A minha nota negativa vai mesmo a essa instabilidade que se vive em Cabo Delgado, desde Outubro de 2017 e, mais de um ano depois, o que mais ouvimos nos discursos políticos é a minimização da situação.
Quando num país, um grupo decide atacar uma esquadra para roubar armas e sem pudor mata polícias, invade aldeias e com toda a frieza mata e esquarteja pessoas, incedeia casas dessas pessoas e, com bastante ousadia, regressa a esse lugar que já actuou para ver se os residentes voltaram ou não e mata os ‘atrevidos’, a situação é grave e há um alerta vermelho que deve ser accionado.
Compreendo que Nyusi e o seu governo não querem criar alarmes na sociedade. Mas o seu pecado é a leviandade com que tratam o assunto. É inconcebível que a esta altura do ano não haja um estudo profundo encomendado/realizado pelo Governo na busca de uma melhor compreensão do fenómeno de modo a desenhar uma estratégia de combate ao mesmo.
Não me parece que se esteja a colocar todo o esforço da inteligência deste país que pode resultar no desmantelamento do grupo e o fim das suas acções maléficas, senão diabólicas. Não vejo muita preocupação de vir e explicar honestamente à sociedade o que realmente se passa. Porque será?
O resultado desta leviandade é simples: estado de medo, porque os ataques continuam, mesmo que não sejam reportados pela imprensa. A consequência é inevitável: a revolta, porque as pessoas afectadas se sentem abandonadas, inseguras e são obrigadas a abandonar as suas zonas sugeitando-se a todo o tipo de dificuldades. Um exemplo dessa consequência é que esta semana as populações em Palma começaram a exigir o fim das actividades relativas à exploração do gás natural, por considerarem que há uma ligação directa entre os atentados e aquelas actividades.
Então, mais do que vir com discursos de que “são criminosos comuns”, “estão fragilizados”-porque alguns foram detidos e estão a ser julgados pelos tribunais, etc, é preciso vir e explicar a sociedade o que se passa de facto, quem sabe assim estarão mais pre-dispostas a apoiar!
Estou preocupada porque pelo desespero de encontrar suspeitos, sem compreender o caso, há bodes expiatórios. Um jornalista está a ser privado de liberdade e tratado desumanamente, alegadamente, porque ele faz parte do grupo que mobiliza jovens para os campos-provas que é bom apresentar à sociedade: ZERO. Qualquer um que ousar ir ao terreno é tratado como criminoso, que o digam o Jornalista Estácio Valoi e o meu amigo Daniel Matsinhe!
Nyusi fracassou piamente no seu dever Constitucional de garantir a segurança dos moçambicanos, sendo ele o alto magistrado da Nação e, de acordo com o número 4 do Artigo 145 da Constituição da República, o Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança.
Sobre outros aspectos os outros vão dizer. Relativamente aos 4 anos prefiro não falar agora, faltam alguns meses para se fechar um mandato, que terei imenso prazer de comentar sobre o mesmo em momento oportuno.
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