sai Às segundas DIRECTOR: serôdio Towo | segunda-feira, 29 de Outubro de 2018 | edição nº: 288 | ano: 06 | Tiragem: 7500 exemplares sai às segundas Publicidade dossiers factos 50Mt Anuncie aqui. Pastores corridos pedem socoro à Nyusi Edir Macedo encontrou-se com PR para “abafar” o caso Págs. 05-06 LADRA OU BODE ESPIATÓRIO? Dinheiro foi para campanha eleitoral As bocas “podres” dos nossos dirigentes Pág. 04 segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 2 Uma “muleta” política ou justiça em construção? país está, de uns para cá, a conhecer momentos espectaculares, com o registo de vários acontecimentos pouco comuns na história política nacional dos últimos anos. Quando fazíamos a digestão dos resultados das eleições, que foram surpreendentemente renhidas, duas notícias em rajada mexeram com a sociedade. A primeira foi quando a vice-ministra dos Transportes e Comunicações, Manuela Rebelo, decidiu intoxicar a sociedade moçambicana com a história do aumento do preço para a aquisição da carta de condução. Depois, ou seja, dois dias a seguir, foi a publicação no Jornal Notícias sobre suposto envolvimento da ex-ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo, num escândalo financeiro no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), que, segundo a publicação, terá lesado o Estado em cerca de 100 milhões de meticais. Ora, ao que viemos a saber, o processo encontra-se na sua fase de instrução preparatória, pelo que todos os intervenientes, em especial o próprio Gabinete Central de Combate à Corrupção, deviam garantir que os dados nele constantes não fossem lançados agora para o domínio público, devido a vários factores. Para nós, a culpa não é de quem publica o artigo ou o órgão de comunicação social responsável pela disseminação da informação, é sim dos profissionais e magistrados judiciais que perdem o profissionalismo e vazam as matérias, que acabam chegando até nós os jornalistas. Este não é o primeiro nem segundo caso. Sempre que há interesse por parte dos procuradores em mostrar que estão a "trabalhar", casos do género acontecem. O estranho é que são vários os processos, que até envolvem casos de morte, que são congelados ou que nunca foram esclarecidos ao público, supostamente por constituírem segredo de justiça. Ora, desta vez, acabámos nos beneficiando desta vossa abertura e violação de princípios éticos, e vamos publicando aquilo que nos oferecem. Mas que fique claro que este tipo de atitudes pode manchar o próprio percurso do processo, ou seja, as investigações. Mancha e fragiliza o valor do vosso trabalho ou missão e, desta vez, pode até ter manchado o "bom" nome de Moçambique além-fronteiras. Quando vimos o artigo publicado e depois ficámos a saber que afinal de contas era antes de Maria Helena Taipo ser ouvida pelo GCCC, ficámos concentrados no impacto que estas publicações podem trazer em termos diplomáticos. É que por um lado, enquanto João Lourenço, presidente angolano, vai fazendo espectáculo, mostrando-nos que "está acabar" com a corrupção, por outro lado, o seu homólogo de cá vai enviá-lo uma embaixadora corrupta. Ora, não somos nós que dizemos isto, é sim a percepção que ficou da publicação desta bomba. Ora, dois ou mais aspectos há que reter no meio disto tudo. É que, admitindo a hipótese de ser verdade tudo quanto foi dito e escrito, há que questionar como é que o Chefe do Estado a nomeou ao cargo de embaixadora, com este tipo de comportamento? Outra questão é: não constituindo verdade o que foi dito e foi publicado, quem irá arcar com todas as consequências que possam advir deste vazamento de informações que ainda deviam ser secretas? Ainda tentando fazer mesmos reparos, quem será o responsável por ressarcir as empresas que tiveram nomes expostos com o processo ainda na sua fase inicial? Mas também podemos questionar se a Frelimo, de facto, acompanhou ou não a existência destes problemas, que envolvem a senhora embaixadora e membro sénior do partido? Afinal de contas senhores responsáveis pelo partido Frelimo, quando se vai nomear alguém para certo cargo, antes de mais, não se faz uma triagem a respeito do ficheiro dessa mesma figura? Qual é o papel da área de verificação a nível da Frelimo? Será mesmo que esta senhora "comeu" os 100 milhões de meticais ou no final do dia teremos uma situação idêntica a do Deodino Cambaza, Almerino Manhedje, que acabaram ficando presos com algum cheiro de injustiça porque o dinheiro era direccionado, supostamente, para fins partidários? Aliás, já íamos nos esquecer do caso da senhora Rogéria, que chegou a ocupar o cargo de directora-geral do INSS, que mais tarde também foi conotada como corrupta e o caso acabou sendo abafado. Somos da opinião que a luta pelo poder ou pelo tacho, se for o caso, deve ser feita de forma política e não por via dos órgãos da Justiça e muito menos pelos media ou redes sociais. editorial o O estranho é que são vários os processos, que até envolvem casos de “ morte, que são congelados ou que nunca foram esclarecidos ao público, supostamente por constituírem segredo de justiça. FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE DA S.T. PROJECTOS E COMUNICAÇÃO, LDA DIRECÇÃO: Serôdio Towo (Director-Geral) ADMINISTRAÇÃO : Gabriel Chihale Registo N° 19/GABINFO-DEC/2012 REDACÇÃO, MAQUETIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: Tchumene 1 | Rua Carlos tembe, Parcela Nº 696, Matola | Telf: 21 72 09 42 | Celular: 82 4753360 | Email: factosverdades@yahoo.com | DIRECTOR: Serôdio Towo, serodiotouo@gmail.com, Cell: 82 4753360 |EDITOR: Reginaldo Tchambule, naimo6178@gmail.com, 82 8683866 | REDACÇÃO: Serôdio Towo, Reginaldo Tchambule, Maidone Capamba, Lídia Cossa, Neuton Langa | FOTOGRAFIA: Albano Uahome | ADMINISTRAÇÃO: Gabriel Chihale, Cell: 84 7872300, gchihale@gmail.com |GRAFISMO: ST -projectos| CORRESPONDENTES: Eng. 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Uma fonte bem posicionada naquela instituição começou por dizer que Maria Helena Taipo ainda não foi ouvida em sessão de perguntas e respostas com relação a este caso. Acrescentou que este ano aquela instituição submeteu junto ao Tribunal Supremo um ofício solicitando a quebra do sigilo bancário de Maria Helena Taipo, na altura, governadora da província de Sofala, solicitação que foi autorizada dentro dos prazos estabelecidos. Com relação a audição de Taipo, a nossa fonte fez saber que ela chegou a ser notificada no início deste mês, antes de seguir viagem para Angola, onde recentemente foi nomeada pelo Presidente da República para exercer as funções de Embaixadora de Moçambique, naquele país irmão. Entretanto, por razões de indisponibilidade de alguns magistrados, a audição foi adiada para uma outra data, esperando- -se que possa acontecer ainda na semana que hoje inicia. Entretanto, a fonte esclareceu que para o mesmo processo já foram notificadas e ouvidas várias pessoas que estiveram ligadas no preenchimento e emissão de cheques, assim como nas transferências dos valores. Das pessoas que foram ouvidas, o destaque vai para alguns gestores das empresas mencionadas no texto publicado pelo Jornal Notícias, e todos aqueles que emitiram os respectivos cheques. Ao longo das audições, que visavam colher de concreto os motivos para os quais aqueles pagamentos terão sido efectuados, os interrogados negaram ter passado cheques a favor de Maria Helena Taipo. Explicaram de seguida que os pagamentos eram destinados ao apoio à campanha eleitoral do partido Frelimo e do seu candidato, Filipe Jacinto Nyusi, no ano de 2014, e outros disseram que os cheques se destinavam ao pagamento de consultores, engenheiros e à prestação de serviços, pelo Ora, dentro do partido dos camaradas (Frelimo), também fomos espreitar e pudemos colher algumas considerações. Alguns apontam que tem sido prática o partido receber apoios de empresários e membros do partido para o apoio a esta formação partidária, sobretudo quando chega o moque, para estes casos, os beneficiários destes pagamentos, de seguida, doaram os valores para o mesmo fim da campanha eleitoral. Aliás, da mesma fonte ligada ao processo no GCCC, ficámos ainda a saber que nenhum dos interrogados assumiu ter mantido contacto com Maria Helena Taipo, e defenderam sempre que devia caber ao partido Frelimo, suposto beneficiário dos cheques/valores, explicar como é que este dinheiro terá chegado às contas ou conta da antiga ministra do Trabalho. mento das eleições. As fontes subscrevem que os apoios chegam ao partido de várias maneiras, sendo que pode ser que esta também tenha sido uma delas. Entretanto, ninguém sabe ao certo confirmar se, de facto, o dinheiro terá sido ou não usado em benefício do partido. Mas, mesmo assim, consideEmpresas não querem se pronunciar Na manhã da passada quinta-feira, a nossa Reportagem deslocou-se para às sedes das empresas ora mencionadas no artigo e, estranhamente, ninguém se predispôs a falar. Apenas em uma delas fomos ditos pela secretária que a orientação que existe do departamento jurídico é de que ninguém pode falar, enquanto o GCCC ainda estiver a investigar o caso, pois, ainda se encontra na fase do segredo da Justiça. ram e recordam-nos que que 2014 foi o ano da campanha eleitoral e eleições-gerais, onde Maria Helena Taipo foi confiada pelo então presidente da Frelimo, Armando Guebuza, para chefiar a brigada do partido a nível da cidade de Nampula, onde ela dirigiu a campanha do seu partido. a semana passada, concretamente no dia 24 de Outubro corrente, o jornal de maior circulação no país, diga-se, o matutino com fortes orientações do Governo, publicou no seu site um artigo com o título “Helena Taipo citada no desfalque de 100 milhões no INSS”. A mesma publicação ainda refere que uma investigação levada a cabo pelo Ministério Público e pela Inspecção Geral das Finanças indica que Taipo terá, supostamente, recebido dinheiro ilicitamente, através de transferências bancárias feitas por empresas que celebravam contratos com o INSS, isto em 2014. O artigo despertou a atenção dos moçambicanos, devido a vários factores, em especial o dos cargos que a indiciada ocupou e ao que acaba de ser nomeada. N Na Frelimo o sentimento é dividido segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 4 Destaque As bocas “podres” dos nossos dirigentes Esta foi a forma encontrada pelo Governo, em 2010, para reagir às manifestações que a 1 e 2 de Setembro daMinistros, o porta-voz da sessão, José Pacheco, então ministro do Interior, chamou os manifestantes de “vândalos” e marginais. Os manifestantes reivindicavam a subida do preço do pão, tarifa da energia eléctrica, água e chapa, numa altura em que o custo de vida começava a revelar-se insuportável. Foram dois dias de uma revolta popular que teve as zonas periféricas como epicentro. Para além de Maputo e Matola, houve manifestações em várias capitais provinciais. e quando em vez, os nossos dirigentes têm nos brindado com alguns discursos ou pronunciamento algo controversos, que nalgum momento chegaram a chocar, literalmente, a opinião pública. O Dossiers & Factos recorda ao estimado leitor algumas das mais célebres “gafes” dos nossos dirigentes, desde a era Guebuza, até ao presente mandato. De expressões somos sem dúvidas um povo não abençoado: desde “vândalos”, apóstolos da desgraça, galinhas de 50, aos documentos para “gente com condições”. D Lucília Hama sugere pobres para comerem “patinhas” na ceia de Natal Governo chama moçambicanos de “vândalos” e marginais Vamos comer “tseke” Carta de condução não é para quem quer Em Novembro de 2014, a então governadora da capital Maputo, Lucília Hama, encorajou as pessoas com dificuldades financeiras a aproveitarem os derivados do frango (patinhas e moelas) e do peixe para as suas ceias de Natal. A governante exortou os maputenses a racionalizarem os principais alimentos, nomeadamente o frango e o peixe. Esse intróito surgia na sequência da subida do custo de vida, na senda da baixa de preços das commodities. No início do ano passado, concretamente em 07 de Fevereiro de 2017, o Conselho de Ministros de Moçambique analisou a proposta de produção e massificação do amaranthus, nome científico de uma planta comestível, amplamente conhecida como "Tseke". A declaração, feita pelo Recentemente, a vice-ministra dos Transportes e Comunicações (MTC), Manuela Rebelo, respondendo a uma pergunta de jornalistas, sobre a subida galopante da tarifa para obtenção e averbamento de cartas de condução, endureceu o discurso. “Acha que com quinhentos meticais é possível produzir a carta de condução?”, questionou a governante num tom muito arrogante, esclarecendo que as taxas aplicadas até então eram subsidiadas, com efeito, tornou-se insustentável para o INATTER. “Hoje o INATTER não consegue sobreviver, porque ele é que tem de pagar”, disse Rebelo, mas não parou por aqui. Comparou a carta de condução a um bilhete de identidade, para dizer vice-ministro da Saúde, Mouzinho Saíde, na qualidade de porta-voz do Governo, visava mobilizar os moçambicanos a incluírem aquela planta na sua dieta alimentar, por considerar ser um alimento de alto valor nutritivo, que podia ser uma alternativa para fazer face ao alto custo de vida. que, diferentemente deste, que é obrigatório, a carta de condução não é. “A carta de condução é para quem tem condições”. E porque há sempre alguém no comando, no dia 28 de Abril do ano em curso, o Chefe do Estado, num ataque aos críticos das redes sociais, que reclamavam o insultuoso aumento salarial no valor de 260 meticais, durante a visita a uma província de Maputo, em jeito de resposta, encheu a boca para dizer que aquela quantia não era pouca, pois, segundo ele, naqueles dias, já era possível comprar uma galinha com 50 meticais. Esta foi certamente das gafes mais escandalosas do Chefe do Estado. Em Junho deste ano, num dos seus habituais discursos incendiários de resposta aos críticos à sua gestão, o Presidente da República disse que existem agitadores de problemas em Moçambique, que até ganham dinheiro graças aos cidadãos afectados por conflitos de terra, acidentes de viação e inundações urbanas, e diante da apatia das autoridades governamentais têm se “Duzentos e cinquenta meticais ou acima para si não é muito. Mas para a outra pessoa faz diferença, e não esqueça: o outro aumenta quinhentos meticais para vinte pessoas, então significa dez mil meticais só. Mas nós estamos a aumentar duzentos e cinquenta meticais para milhões de pessoas, e isso fica muito. Por que você tem de assumir uma coisa que não vai cumprir?”, disse o Chefe do Estado, num discurso amplamente divulgado. manifestado publicamente, cada vez mais. Em visita à capital do país, num contexto em que havia uma onda crítica à apatia do Governo perante acidentes fatais na Circular de Maputo, concretamente próximo a uma escola na zona de Chihango, Filipe Nyusi dirigiu-se aos seus “patrões” da cidade de Maputo nos seguintes termos: “Se não estás preparado para viver na capital, procura lá outro sítio”. “Quem não está preparado para viver na capital que vá para o mato” “Hoje é possível comprar uma galinha com 50 meticais” quele ano, que sacudiram as cidades de Maputo e Matola. Depois de um encontro de emergência do Cobnselho de segunda-feira 5 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos Destaque Bispo Gonçalves semeia terror na IURD IGREJA UNIVERSAL SOMA PROCESSOS EM TRIBUNAL O nosso Jornal recebeu uma denúncia de fontes ligadas àquela igreja, que dão conta que, desde a chegada do Bispo Honorilton Gonçalves, mais de 200 pastores nacionais foram expulsos da igreja, sem justa causa e sem direito a nenhum tipo de benefício. Alguns despejados de forma desumana e violenta, com um período de notificação de despejo de apenas 24 horas. “Completamente desumano” é assim como os pastores da IURD descrevem o Bispo Honorilton Gonçalves, que, desde a sua chegada a Moçambique, tem vindo a ser o rosto mais visível das atrocidades cometidas pela igreja contra aquele grupo de fiéis. Muitos pastores são despedidos em circunstâncias estranhas, difamados na igreja, humilhados e despejados dos imóveis da igreja sem dó nem piedade, o que vai contra a misericórdia apregoada por Jesus Cristo, o mesmo de quem a igreja se diz embaixador. Outros pastores foram condenados ao sofrimento por aquela igreja, sob ordens expressas do Bispo, alegadamente por se recusarem a cumprir a obrigatoriedade de se submeterem ao Segundo as nossas fontes, desde que chegou a Moçambique, o Bispo Honorilton Gonçalves instituiu a obrigação de os pastores fazerem vasectomia, um método cirúrgico de esterilização masculina, através da interrupção do canal que leva os espermatozóides dos testículos Mais de 200 pastores corridos sem justa causa Edir Macedo veio a Maputo, e num encontro com Filipe Nyusi tentou “abafar” o caso método de vasectomia. As nossas fontes dão igualmente conta que os pastores moçambicanos foram todos retirados dos postos de liderança dos órgãos sociais e instituições da igreja, tendo, no seu lugar, sido colocados pastores e outros membros de nacionalidade brasileira, supostamente da confiança do Bispo, que é tido como de fortes ligações com o Bispo Edir Macedo. A crueldade é tal ao ponto de ter dado um ultimato a um pastor que padece de hérnia, para curar-se em menos de 24 horas, caso contrário, seria expulso da igreja, o que realmente veio a acontecer. O referido pastor encontra-se abandonado pela igreja e, para piorar, enfrenta dificuldades de locomoção, devido àquela doença degenerativa. Segundo os queixosos, a igreja recrutou-os quando tinham idades compreendidas entre 16 e 17 anos, e depois passaram por uma formação, na qual para o pênis, um método usado somente para homens que não querem mais ter filhos. Segundo as nossas fontes, o Bispo Gonçalves fundamentou a introdução daquela medida afirmando que os filhos dificultam o trabalho das lideranças de “propagar o evangelho pelo mundo”. foram ensinados que “homem de Deus não deve ter nada, nem deve ter filhos”, e durante muito tempo trabalharam para “ganhar almas”. “Largámos tudo para fazer o trabalho da igreja. Hoje, somos expulsos sem nenhuma comAlicerçando-se na doutrina da igreja, aquele Bispo orientou os pastores a apenas terem filhos espirituais e não biológicos, alegadamente porque filhos gerados podiam dificultar a missão de ganhar almas que os pastores têm. A medida, que é entendida pensação e sem nenhuma dignidade. Deram-me somente 24 horas para abandonar a casa da igreja, e como não estava preparado para me mudar, despejaram-me sem direito a levar nada. Fui humilhado pelos seguranças da igreja”, denunciou um outro como obrigação de os pastores não terem filhos, gerou uma onda enorme de descontentamento no seio da congregação, tendo sido contestada, facto que levou o Bispo a voltar atrás, tendo estabelecido que aquele método já não era de carácter obrigatório e que a decisão de ter ou pastor. Mas as humilhações não param por aí. O Bispo Gonçalves colocou vigilantes em todas as igrejas, para inspeccionar o nível de colectas e recolher o dízimo. Os pastores que, por alguma dificuldade, não conseguirem atingir a meta do dízimo são afastados do ministério, por serem considerados “fracos”. “Agora fazem questão de colocar pastores do cenáculo nas igrejas, só para controlarem as ofertas. Antes, o responsável da igreja é que levava o dízimo, mas agora, para além dos pastores, há um vigilante, que depois das reuniões recolhe as colectas. Isso é uma grande humilhação, porque nos tratam como se fôssemos ladrões”, sublinham os pastores. Informações em nosso poder dão conta que vários pastores desvinculados sem justa causa e de forma violenta estão a mover vários processos contra a igreja, exigindo indemnizações. Aliás, segundo as nossas fontes, aquela igreja, que sempre usou a influência que tem ao nível do poder político para manipular o judiciário, tem vindo, nos últimos dias, a somar “derrotas” em tribunais, tendo sido condenado a pagar somas avultadas em indemnizações a, pelo menos, quatro pastores e uma antiga advogada da igreja. Para além de pastores expulsos, há relatos de alguns que pediram para sair de livre e espontânea vontade, por não mais aguentarem com as atrocidades cometidas pela igreja, sob a égide do Bispo Gonçalves. Lembre-se que a Direcção dos Assuntos Constitucionais e Religiosos da Cidade de Maputo está a investigar uma série de denúncias relativas a uma suposta burla a crentes que entregaram suas casas e outros bens valiosos como propósito, em nome da fé, para em recompensa progredirem na vida. não filhos era individual. E porque muitos pastores entenderam o seu discurso como uma carta branca, não aderiram ao método, contudo, para o seu espanto, aos poucos foram sendo postos de lado e excluídos dos círculos de influência da igreja, esperando que cometessem algum deslize para serem julesde a chegada do novo líder espiritual da Igreja Universal em Moçambique, Bispo Honorilton Gonçalves, há pouco mais de um ano, bispos e pastores moçambicanos ligados àquela congregação religiosa têm vivido momentos de puro terror. Com efeito, de Outubro do ano passado a esta parte, estima-se que mais de 200 pastores foram expulsos pela “vara” do Bispo Gonçalves, uma situação que obrigou os pastores em exercício e os já afastados a enviarem uma carta de pedido de “socorro” ao Chefe do Estado, Filipe Nyusi. D Vasectomia e metas “chorudas” de dízimo segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 6 Destaque gados pela igreja e expulsos. “Eles agora dizem que já não é obrigatório fazer vasectomia, mas nos bastidores vão chamando os pastores para fazer vasectomia. Quem recusa-se é isolado e depois criam uma situação para expulsá-lo. Agora usam as mulheres dos pastores para Esse facto, aliado a vários outros escândalos da IURD em Moçambique, segundo as fontes, teria ligação com a vinda relâmpago do maior líder espiritual daquela igreja, Edir Macedo, que foi recebido pelo Chefe do Estado, onde pretendia a “abafar o caso da carta dos pastores” junto da liderança máxima do país. Em 16 de Agosto último, o Presidente da República recebia o Bispo e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), Edir Macedo. Depois da audiência concedida pelo Chefe do Estado, o Bispo Edir Macedo afirmou que o Presidente Nyusi é um homem que está a promover a paz, e o seu pedido de audiência visava conhecê-lo e encorajá-lo a prosseguir com esse desiderato. “Nós viemos abençoar este trabalho, que é de extrema importância para o povo de Moçambique. Saio desta audiência muito feliz, pois a recepção foi muito boa. Vejo que a mão de Deus está agindo nele, pois não há autoridade que não venha de Deus, e Deus elevou a ele para esta posição, para levar a paz ao povo de Moçambique”, afirmou o Bispo Macedo. Entretanto, o Dossiers & Factos sabe que um dos objectivos que levou o líder supremo da IURD a encontrar-se com o Chefe do Estado era alargar a sua base de influência no país e tentar interceder para que os escândalos em que a igreja está envolvida no país sejam abafados. Recorde-se que foi destaque neste Jornal que o Ministério da Segundo as nossas fontes, vendo-se injustiçados e com os seus direitos postos em causa, perante uma total arrogância da igreja e do famoso Bispo, pastores desvinculados e em exercício escreveram uma carta ao Presidente da República, Filipe Nyusi, expondo as irregularidades da igreja e as humilhações por que passam, mas, até aqui, ainda não tiveram nenhuma resposta. Na carta, os pastores deploram o facto de, mesmo sendo divulgadas informações através da Imprensa, as autoridades manterem-se em silêncio, o que pressionarem os seus maridos a cumprirem a medida”, refere um pastor da igreja, que pediu para não ser identificado. Ainda segundo os denunciantes, quando o Bispo Gonçalves descobre que um dos pastores tem filhos, procura qualquer argumento para afastá-lo da igreja. Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos está preocupado com a crescente procura de serviços dos cartórios notariais manifestada por cidadãos crentes da IURD, a solicitarem a outorga de procurações de casas, carros e terrenos a favor da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), como “propósito” para terem mais bênçãos, prosperidade ou cura de enfermidades, segundo apregoa a doutrina daquela igreja. Na altura, trouxemos centenas de relatos de pessoas, um pouco por todo o país, que doaram tudo à igreja e ficaram na miséria. Estima-se que milhares de crentes de todas as classes sociais, um pouco por todo o país, assinaram procurações, nas quais conferem amplos poderes sobre seus bens à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), dentre os quais dá força aos líderes da igreja para continuarem a humilhar os pastores moçambicanos. Segundo os pastores, desde a chegada do Bispo Gonçalves, os pastores vivem um clima de intimidação, medo e são publicamente humilhados e, por vezes, difamados em plena comunidade religiosa. Uma das principais inquietações dos pastores queixosos tem a ver com os despedimentos sem justa causa e sem o pagamento das devidas compensações; despejos sem observância de tempo mínimo de aviso, para além a alienação das suas casas, registo das suas parcelas de terra e automóveis, naquilo que se denomina “propósito”. A preocupação foi manifestada em Dezembro último, durante a reunião com os conservadores e notários, convocada pela Direcção Nacional dos Registos e Notariado (DNRN), que visava discutir, entre vários assuntos, as propostas e medidas a tomar no âmbito das procurações de interesse das confissões religiosas. Em consequência disso, a Direcção dos Assuntos Constitucionais e Religiosos da Cidade de Maputo está a investigar uma série de denúncias relativas a uma suposta burla a crentes, que entregaram suas casas e outros bens valiosos, como “propósito” para em recompensa progredir de que muitos pastores foram recrutados com 16 ou 17 anos, para servir a Deus, sem permissão para continuar a estudar, o que faz com que depois de serem na vida, em nome da fé. Estamos ainda na posse de informações que dão conta que, por causa dos escândalos ligados às procurações e expulsão de pastores moçambicanos, o Serviço Nacional de Migração negou-se a conceder um visto permanente a alguns líderes da igreja, incluindo o próprio Reconhecendo o direito ao contraditório, contactámos o Presidente da IURD em Moçambique, José Guerra, mas, infelizmente, decidiu não atender ao nosso pedido, alegando infelicidades e não abriu espaço para receber-nos futuramente. Em declarações ao telefone, José Guerra começou por dizer que sabe quem foi que nos deu a história, dando a entender que o assunto é de seu inteiro domínio. Sobre o nosso pedido de entrevista para o exercício do direito ao contraditório, Guerra, num tom arrogante, que lhe é característico, disse: “lamento muito, meu senhor, estou a cuidar da morte da senhora Catarina Pajum, neste momento não posso falar”. Sensibilizado com o facto, tendo em conta aquela circunstância, o nosso repórter quis saber quando é que aquele líder espiritual teria tempo para despedidos não tenham nenhuma habilidade para a vida, acabando por cair na desgraça. Perante o silêncio do mais Alto Magistrado da Nação, os Bispo Honorilton Gonçalves. Estes são, com certeza, outros Dossiers que fizeram o líder supremo daquela igreja escalar o país, para tentar lavar a imagem da igreja junto do Chefe do Estado. De referir que as ligações entre aquela igreja e o partido no poder são remotas. recebê-lo, entretanto, Guerra, mostrando-se um pouco incomodado com o assunto rematou: “olha, meu senhor, eu já disse que não tenho tempo, respeite a morte”. O nosso repórter insistiu, querendo saber se este teria tempo depois das exéquias, mas Guerra fechou todas as possibilidades de diálogo, repetindo que estava no velório e que não podia falar nem naquele, nem noutro momento. pastores suspeitam que tenha havido alguma pressão por parte da igreja, uma vez que esta congregação tem fortes ligações com o partido no poder. Carta a Filipe Nyusi: Nem água vem, nem água vai Edir Macedo “senta” com PR para “abafar” os escândalos IURD fecha-se em copas segunda-feira 7 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos Destaque MOPH reconhece que abastecimento de água ainda é desafiante Algumas estradas e pontes serão concessionadas Aprovado Plano Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos SECTOR DE OBRAS REINVENTA-SE EM TEMPOS DE CRISE A informação foi revelada na semana finda, durante o Conselho Coordenador do Ministério das Obras Públicas e Habitação, onde quadros e dirigentes estiveram reunidos, durante dois dias, na província de Gaza, com o objectivo de avaliar o cumprimento das obrigações plasmadas nos instrumentos de governação. Trata-se de um plano orçado em 13,6 Biliões de dólares, a ser implementado nos próximos 20 anos, e tem como objectivo fundamental responder a todo o tipo de pressão hídrica, para a satisfação das necessidades agrícolas e populacionais, bem como dotar o país de capacidades de responder às adversidades de origem climatérica. Entretanto, João Machatine reconhece “que não se pode negligenciar a redução dos caudais dos nossos principais rios e a contaminação salina das nossas águas subterrâneas, que concorrem negativamente na resposta às demandas do crescimento populacional, da industrialização e Numa altura em que o país, sobretudo a zona sul do país, continua a registar restrições no abastecimento de água, em face da baixa precipitação que se regista nos últimos anos, o Ministério das Obras Públicas e Habitação reconhece que a disponibilização da água para o consumo nas zonas urbanas e rurais tem se mostrado desafiante, pese embora o facto esteja a reduzir. No entender do ministro do pelouro, João Machatine, aspectos demográficos e os assentamentos informais são os principais factores que fragilizam os esforços previamente definidos. “No início do presente quinquénio, estávamos com uma da massificação da agricultura”. Segundo ele, “a concepção e construção de infra-estruturas hidráulicas de diversas dimensões, para a captação, retenção e disponibilização de água, devem constituir o foco da nossa acção no sub-sector dos Recursos Hídricos”. Com efeito, em Junho do taxa de cobertura de 49%, para um universo de 12.196.831 17 pessoas, e tínhamos como meta, para 2018, alcançar uma taxa de 60 por cento. A nossa cobertura, hoje, ronda os 54,5%, correspondendo a 15.737.485 pessoas. No entanto, o último censo populacional incrementou o número de habitantes, afectando a nossa meta física, e obrigando, deste modo, a replanificação e mobilização de fundos adicionais para fazer face a esta nova realidade”, sustenta. “Foi tendo em conta este aspecto que o Governo, investido da sua nobre responsabilidade de prover melhores condições de vida às populações, criou o programa de aceleração no sector presente ano, foi concluído e apresentado o Estudo de Viabilidade da Barragem de Mapai, localizada na província de Gaza, o que, segundo o governante, é uma demonstração clarividente do compromisso do Governo para a resolução de problemas sociais e económicos. “Os processos de dessalinida Água, para comprimir o fosso causado pelo crescimento demográfico, programa esse que beneficiará directamente cerca de um milhão e setecentas mil pessoas”, sublinhou. De referir que desde 2015 até ao momento, já foram feitas 160.657 ligações, representando uma realização de 77,4 por cento do planificado, e suportadas por 528 Km de rede de abastecimento de água. Destaca-se igualmente a melhoria na eficiência da distribuição de água, através da redução das perdas de 50 por cento para 40 por cento. “É nosso compromisso, até ao final do quinquénio, situarmos o nível de perdas na ordem dos 35 por cento”, garantiu o ministro. zação da água devem constituir uma prioridade alicerçada na adopção de soluções inovadoras O Ministério das Obras Públicas e Habitação está a enfrentar dificuldades para garantir a manutenção das vias de acesso no país, devido aos altos custos envolvidos, por isso, está em curso um plano visando concessionar algumas vias de acesso e pontes à gestão privada, de modo a garantir a sua regular manutenção. “Considerando que a rede viária é um activo que garante o desenvolvimento que contribui para o desgaste por utilização das estradas, julgamos racional que haja uma comparticipação dos beneficiários deste activo para que o mesmo se mantenha permanentemente disponível”, sublinhou. Segundo o ministro, esta decisão deriva do facto de ser onerosa a manutenção das estradas e pontes. Só para se ter uma idéia, o orçamento global para asfaltagem, reabilitação e de captação, tratamento e disponibilização da água para múltiplas finalidades”, sustenta. manutenção de estradas é de cerca de 45 biliões de meticais por ano, sendo que 12 bilhões são destinados para a conservação e os restantes 33 bilhões para reabilitação, asfaltagem e construção de pontes. “Este volume de investimento anual exerce um esforço financeiro insustentável para o Estado”, revelou o ministro, referindo que o subsector de estradas irá colocar, numa primeira fase, à disposição dos interessados, por concurso público, a gestão de determinados troços, para que, com base na comparticipação dos utentes, se possa garantir a sua sustentabilidade. “Referimo-nos às estradas: Circular de Maputo, Ponte Maputo-Katembe e as respectivas estradas de ligação, Matola-Boane-Namaacha, Marracuene- -Xai-Xai, Beira-Machipanda e Nampula-Namialo-Nacala”, sustentou. Governo aprovou, recentemente, o Plano Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos, um instrumento que foi elaborado tendo em conta a radiografia feita aos recursos hídricos e a sua demanda presente e futura. o segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 8 opiniÃo arecendo que não, mas é bem ridículo o que está a acontecer com alguns governantes, simultaneamente membros do partido no poder, meu partido também, que agem como se estivessem tontos, na sua relação com o povo, que contrasta a razão do sacrifício dos jovens de 25 de Setembro, que colocaram suas vidas ao serviço da libertação do povo da exploração, da humilhação, da discriminação, do tribalismo e do regionalismo, fomentados pelo governo colonial português. Ridículo é, porque custa acreditar no que nos chega aos ouvidos ou aos olhos, praticado por alguns dirigentes deste país, que, em princípio, deviam defender o povo, que é o centro das atenções do partido no poder, que, na minha opinião, devia ser objecto de preocupação, visando encontrar soluções de defesa e satisfação das necessidades prementes dos cidadãos, nos seus actos governativos. Tudo indica que alguns governantes têm propósitos de fazer o reinado da Frelimo terminar com o fim dos seus mandatos, tomando em consideração os prejuízos acumulados a desfavor do pacato cidadão, cuja expectativa é ser bem ou humanamente governado. Tudo fazem para prejudicar o mais carente cidadão e com objectivo de embirrá-lo e levá-lo a direccionar o seu voto a alheios, como nos últimos dias, o tom de voz tem o dito, que é para sentenciar os governantes à boca da urna. Ouvimos e vimos isso em Boquiço, no Nwakakana e em outros sítios, que embora se estivesse perante projectos de impacto social para as comunidades locais, estas foram bem manipuladas, a ponto de considerarem as eleições como o momento oportuno para sentenciar ou até mesmo punir o governo municipal, inviabilizando o desenvolvimento local e nacional. Nos últimos dias, tem sido notável a tentativa de se pôr em causa os planos de desenvolvimento nacional, sob pretexto de que os promotores seriam punidos nas urnas. Infelizmente, os promotores desse discurso foram sentenciados e bem nas urnas, sinal de que não devem brincar com a vontade do povo. Nos dias de hoje, é da mínima falha que se perde a confiança, o prestígio, a honra, construídos com muito sacrifício, por muitos e longos anos, para além de que custou sangue dos melhores filhos desta pátria amada, filhos que em nenhum dia tiveram o condão de serem governantes de alguma aldeia, e os que o são o fazem com alguma irresponsabilidade, como se de actividade lúdica se tratasse, proferindo discursos jocosos para o povo, como se não mais precisassem dele. Na Função Pública, fundamentalmente na província de Maputo, já lá se vão 8 anos que se ignora o direito de um número bem maior de funcionários, o direito de ascensão à carreira de especialista, em todos os sectores do aparelho do Estado, alegadamente porque não há orientação para o efeito. Mas que orientação, fora da resolução 18/2010, que cria qualificadores profissionais para a carreira de especialista, bem como o conteúdo de trabalho, requisitos para o ingresso e requisitos para promoção, meus senhores? É uma atitude de má-fé dos nossos dirigentes na província de Maputo. Já imaginaram quantos funcionários ficaram prejudicados e que retaliação em prejuízo do partido, e pode ocorrer em futuros actos eleitorais, devido ao vosso comportamento? Apesar das difíceis condições económicas por que o país passa, o Governo central disponibilizou fundos para efeitos de promoções e progressões a vários níveis, e o Governo da Província de Maputo apenas ignorou, em prejuízo de centenas de cidadãos que se dedicaram aos estudos para melhorarem as suas condições profissionais e salariais. A resolução em alusão existe há 8 anos e noutras províncias tem havido concursos com regularidade, mas na província de Maputo nunca, porque não planificam. Uma das escolas planificou o quadro de pessoal a beneficiar- -se de promoções e progressões, porém o serviço distrital ignorou, em prejuízo de professores inocentes, alguns dos quais já vão à reforma desgraçados, por culpa de quem devia ter feito tudo para defender os seus direitos. Quem devia ter planificado é o funcionário ou os responsáveis? A desorganização dos chefes deve se reflectir em prejuízo dos subordinados? Deve haver mudança de atitudes por parte dos nossos chefes, para com o serviço por parte dos nossos chefes, não devem planificar desorganizar e prejudicar as vidas de funcionários, porque eles não possuem certo nível para alcançar uma determinada classe salarial. As brincadeiras de mau gosto de chefes repercutem-se em actos relevantes para inocentes. P Ignorância propositada prejudica inocentes D&F malwandla Fernando Benzabe O lar (1) D&F oficina de ética Mateus Licusse | mlicusse@gmail.com a sociedade moçambicana, o lar é tido como sendo a fixação residencial da mulher no domicílio do namorado ou marido, após a sua apresentação na casa dos pais dela. Este éo conceito tradicional do lar. Não pode, contudo, ser visto apenas nessa vertente, feminizando o lar (conjugal), já que este engloba a comunhão plena de vida entre o homem e a mulher, com o propósito de constituir família. Como se sabe, para esta mulher ir ao lar, há pré-requisitos e formalidades antropologicamente estabelecidos para o efeito, isto é, o namorado tem de se ir apresentar à família dela, para que seja conhecido como genro. O lar dignifica a mulher na sociedade, pois quem não está lá é vista como sendo de má sorte, mulher sem planos na vida, imatura e, por vezes, duvidosa. Mas há quem não está no lar porque ainda se está apreparar, ou porque já esteve e não deu certo; em casos mais controversos, as mulheres que não conseguem ir ao lar é porque alguém próximo recorreu à magia negra para tal. Hoje, muitos lares transformaram-se em palcos de pugilismo, campos de guerra, assassinatos, inveja, ódio, traições, mentiras, ignorância e até feitiçaria. Embora existam lares de cobiçar, infelizmente, a maioria tornou-se num problema social. Muitos lares na actualidade passaram de doces a amargos, devido ao nível de desestruturação que apresentam; vive-se de aparências, fingindo-se que está tudo bem, quando, no fim do dia, assiste-se ao combate de pugilismo entre casais. Não é por acaso que Lizha James pediu à mãe para devolver o lobolo, por não suportar o sofrimento, isso na música "Mamã", mas a mãe aconselha Lizha a suportar isso, pois no lar há momentos bons e maus, a filha deve segurar este lar. Já, Marlene demonstra que é forte e segura o lar com amor e carinho, independentemente das bofetadas e "chapadas", tem que se segurar o marido, aliás, o lar, "ukati". Tem que se segurar o marido da Anita, cujas calças não estão bem apertadas, na música "Ugueleguele" ou simplesmente "amantismo". A Isabela e Sisi são malandras porque "roubaram" os maridos da Tima e mana Zaida respectivamente, destruindo seus lares. Os lares da actualidade estão desestruturados, de tal forma que se chegou a criar leis contra a violência contra a mulher e a criança. Mas também o homem não deve ser excluído, pois também sofre sevícias conjugais. Na altura, nos campos de batalha entre casais, as armas de guerra eram as mãos, os cintos, a água fervida. Hoje, o número de instrumentos de combate aumentou (óleo, facas, catanas e até armas de fogo). E com a emancipação da mulher, este género passou a ganhar mais pujança para enfrentar o marido. Os lares transformaram-se em centros de desconfiança, onde os bens materiais estão no centro das atenções, a fofoca, a desinformação, que resultam em números astronómicos de divórcios, causados do mesmo modo, por desvalorização do verdadeiro sentido do amor e do casamento; alguns se casam somente para demonstrar que o podem fazer num Range Rover, Hummer ou limusina, mas, no fundo, o amor não existe, não há nada. Isso não é lar, não é casamento, não confere prestígio, mas sim é perca de tempo, embora os problemas façam parte da vida. Muitos casais, sobretudo jovens, passam a vida a deambular de relacionamentos em relacionamentos, pois não tomam a assunto lar a sério, alimentam-se de coisas mesquinhas, querem juntar o lar com tchilling, o que não combina: ou casa ou brinca. No lar não é para se "andar" de saias curtas em frente aos sogros; lar é para ficar de capulana e lenço, acordar às 4:00 horas da madrugada, fazer limpeza, preparar o marido, que vai ao serviço. Mas no lar moderno de hoje, a mulher nada faz senão passar a vida a limar unhas de gel, cuidar de extensões e facebooks, a empregada fará tudo para ela que é patroa. n segunda-feira 9 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos opiniÃo EUA ou China? D&F comunicanto Helmano Nhatitima os últimos meses circulam informações dando conta que a China está aos poucos a comprar a África, e o tom de voz nas redes sociais tende a subir. A pergunta que eu faço, para início de discussão é: Se você estivesse no poder escolheria cooperar com quem entre EUA e China? Decisão difícil, porque em ambos os lados você tem a perder, caso escolha o lado oposto. O certo é que estamos perante uma nova ordem mundial. Contextualizando, logo após ao término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, vimos uma Europa que vivia nas “tetas” dos EUA. Mais atrás, a América acabou sofrendo consequências drásticas por conta desse paternalismo junto da Europa, com a crise de superprodução da década 20, visto que os EUA passaram a produzir para o consumo interno e para aliviar o sofrimento na Europa, o que acontece é que quando a Europa se restabeleceu, a América, que produzia para o seu mercado e o mercado europeu, entrou em crise de superprodução, porque já não tinha aonde alocar aqueles produtos, visto que a Europa se recuperou. Foi um período em que produtos de primeira necessidade, com ênfase para o tomate, batata, etc. foram jogados ao mar. Mas porque o epicentro das duas primeiras guerras mundiais era a Alemanha de Adolfo Hitler, é este que acabou sendo o grande perdedor ao fim da Segunda Guerra Mundial, o assunto ficou no ocidente. Assistimos um pouco depois do término desta guerra, aquela que o mundo apelidou de “guerra fria", em que o mundo se dividiu em dois blocos, socialista e capitalista. Quem eram as caras dessa guerra? EUA e URSS e a mesma tinha reflexo na Alemanha, que acabou dividida em dois, uma parte socialista e outra capitalista, sendo que esta guerra só terminou com a queda do Muro de Berlim, em 1989, como consequência da queda da URSS. Portanto, durante quase meio século, o mundo esteve dividido entre os EUA e a Rússia. Muitas vezes, a guerra tem motivos que nós desconhecemos e um deles é motivo económico e, como vimos atrás, os EUA entraram na primeira e segunda guerra mundiais por motivos meramente económicos. Mas com a capitulação do socialismo, os EUA ficaram aparentemente numa dança a solo, eis que a partir da década 90 surge a figura do oriente. Os EUA financiaram a queda de alguns regimes orientais entre os quais Afeganistão, Iraque, com intuito de tirarem dividendos económicos, principalmente no petróleo, e venda de armas, que são o forte dos americanos. Estava instalada a nova ordem mundial entre os EUA e os seus aliados (NATO) vs Oriente. Se antes a URSS era a tal rival do americano e aquela que estes temiam, devido ao seu poderio militar, e com razão, pois as grandes guerras mundiais, desde a guerra movida por Napoleão até à Segunda Guerra Mundial terminaram na Rússia. Já neste período novo, a China ganha protagonismo e passa a ser a cara do oriente, ainda que a Rússia tenha passado a ser o factor equilibrador ou desequilibrador, se assim quisermos. O mundo descobriu a China e a China descobriu o mundo. Os chineses subtilmente foram penetrando em África , continente onde Deus concentrou muitos recursos minerais (malditos), que não têm beneficiado aos países africanos. Não é mentira que as grandes guerras que temos no nosso continente derivam do que temos no nosso solo. Foi só Moçambique anunciar publicamente que tinha gás e petróleo que nunca mais tivemos paz, até uma guerra islâmica estranha, que curiosamente só é movida nas regiões onde estão concentradas grandes quantidades destes produtos, estamos a assistir no nosso solo. De uma coisa tenho a certeza, a China não tem nada haver com aquilo, quanto aos americanos já não posso dizer o mesmo. Os EUA nunca deixaram de ter os seus aliados naturais, que são os países europeus e as suas organizações, já a China veio se organizando sem ninguém se aperceber, e quando se deram conta, ela já era uma das maiores economias mundiais e já estava em todo o mundo. Enquanto os EUA se faziam presente em África através das organizações que eles controlam, como o Banco Mundial e o FMI, a China foi se introduzindo em África sorrateiramente e de forma inteligente, vejam que hoje o comércio local, que era controlado por indivíduos de proveniência indiana, paquistanesa ou muçulmana, se assim quisermos, hoje está a ser dominado por chineses. O Mukhero hoje já não é feito só na África do Sul e Swazilândia, os mukheristas hoje, vão “guevar" na China, é de lá onde vem todo tipo de produtos que existem no nosso mercado, com ou sem qualidade. Enquanto os EUA emprestam dinheiro e depois ditam como é que aquele país deve se comportar e agir, já a China empresta dinheiro e não interfere na política interna do país em causa. No caso de Moçambique, estamos formalmente no FMI desde 1984 e efetivamente com o Programa de Reabilitação Económica (PRE), em 1987. Tal como outros países africanos, Moçambique tem sido um bom “pagador" estes anos todos de relacionamento com estas instituições. Na verdade África vem sendo a “galinha de ovos de ouro" do Ocidente. Terminou a colonização, mas veio o neocolonialismo onde o ocidente vem agindo como verdadeiros predadores. Vale ainda lembrar que em termos de riquezas naturais, África é um continente muito abençoado ao contrário da Europa e América. A estratégia do ocidente é endividar o continente para depois tirarem dividendos. A china faz ao contrário, dá dinheiro mas leva algo em troca, na hora, mas não impõe nada e nem põe pessoas a se matar. Está claro que para os EUA e os seus aliados , se não estás com eles, estás contra eles e viras o mau da fita, foi assim com Saddam Hussein, Khadafi, e até em Moçambique. Estamos a pagar a fatura de termos ousado fazer parcerias com o oriente, num momento que se sabe que o país tem riquezas. Quanta ousadia dos pretinhos, os ocidentais não perdoam isso e hoje estamos desacreditados e divididos até as unhas. Os chineses dizimaram a nossa floresta e é assim em toda África, mas isso só aconteceu porque nós permitimos, assim que quisemos parar com este genocídio florestal,nós paramos e bem haja a operação tronco e a ação enérgica do Ministro Celso Correia e sua equipa. E os americanos, será que eles dão a chance a um país como Moçambique de lhes dizer não, ou lhes mandar ir para p… que lhes pariu? Nunca. Logo, se há um vilão aqui, de certeza que não é a China, mas sim aquele que está em todos grandes eventos mundiais negativos, claro, desde as primeiras guerras mundiais, guerra fria, desestabilização no oriente e África. Esses são os EUA e os seus aliados. N Publicidade Anuncie e Publicite DOSSIERS FA seus serviços aqui. CTOS & Telf: 21 72 09 42 | Celular: 82 4753360 | Email: factosverdades@yahoo.com segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 10 Percebendo por que estamos como estamos (Epílogo) D&F EMBONDEIRO Alipio Mauro Jeque | alipiomauro@gmail.com opiniÃo m Junho de 1975, o país proclamava solenemente a Independência total e completa, sob comando do Marechal Samora Moisés Machel, que foi conduzido pela Frelimo, onde também era presidente, para Presidente da República Popular de Moçambique, que também era socialista, marcando assim o nascimento da primeira república. A República Popular de Moçambique foi fruto de uma união controversa entre os moçambicanos, que comungavam entre si visões diferentes e outros até sem uma visão clara do que pretendiam, ou do que seria do país depois da Independência. Eram sobretudo guiados pelo desejo de libertar o povo dos cerca de cinco séculos de colonização. Antes da Independência, o governo colonial português teria criado as bases para futuras divisões entre os moçambicanos, quando em Setembro de 1974, na vizinha república zambiana, considerou somente a Frelimo como legítimo representante do povo moçambicano, desprezando quaisquer outras forças políticas que existiam, o que pode ser visto como uma estratégia de dividir para posteriormente obter ganhos da discórdia. Teria sido em Setembro de 1974 a antecâmara do que sucederia depois da transição, e, de facto, as cisões viriam mesmo a despoletar pouco depois da proclamação da Independência. Em Junho do ano seguinte, nascia uma nova nação, com um futuro promissor e com as condições necessárias para prosperar em todos os níveis, e esta carregara o epíteto de "Pérola do Índico". Aquando da Independência, apresentava uma estrutura económica robusta, herdada do anterior regime, e era considerada uma das maiores de África, avaliando pela sua competitividade e industrialização. Contudo, a mão-de-obra moçambicana era incapaz de promover o desenvolvimento da jovem nação, principalmente naquela época, e o "know-how" estava com os portugueses. Para o governo colonial, a agricultura era base da sua economia, e tal não mudou para o Governo moçambicano, principalmente a nível discursivo, que olhava esta como sendo a base para o desenvolvimento, embora pouco de concreto fizesse, e mais do que isso, imbuído de espírito nacionalista selvagem, após a Independência, o novo Governo optara por uma medida radical denominada "nacionalizações", que consistiu na expropriação da terra e meios de produção das mãos dos colonos, obrigando-os abandonarem o país em debandada, um ano após a Independência. Esta atitude encontrou de surpresa parte dos colonos, que viam Moçambique como sua primeira casa, pois nasceram aqui e seus progenitores nem se quer conheciam a metrópole, mas o novo regime estava disposto a devolver a terra aos reais donos, custasse o que custasse na prática. Estes colonos, antes de partir, estragaram de forma deliberada as máquinas, sabotaram infra-estruturas, equipamentos agrícolas, queimaram veículos agrícolas, sabotaram a produção no máximo que podiam. A economia foi afectada negativamente, com várias indústrias paralisadas, e a agricultura foi severamente afectada, e seguiram-se, de facto, anos de muita turbulência e de incertezas. Todavia, como os males quase sempre não vêm isolados, veio, por conseguinte, a guerra para destruir o que tinha sobrado da fúria do colono. Só tínhamos dois anos de independência, quando o país foi chamado novamente às armas, e se viu mergulhado numa guerra brutal, incitada inicialmente pelo Sr. Ian Smith e o famigerado regime segregacionista do Apartheid. A guerra cresceu ao mesmo ritmo que a miséria, que ia fazendo o seu papel num sistema sem perspectivas, quer a nível económico, quer a nível social. O apoio dos países do bloco socialista estava condicionado, principalmente com a Guerra Fria, que se encontrava no seu auge no início da década de 1980, o que tornava insuportável o apoio destes países aos mais pobres. A nível interno, Machel negou veementemente negociar um acordo de paz com aquele grupo, ao qual chamava de "bandidos armados", e apesar de considerar a guerra como único meio de se chegar a paz, até à data de sua morte, em Outubro de 1986, estava longe de conter a mesma, que até já espreitava as grandes cidades, semeando o caos. A guerra só terminaria 16 anos depois, e renascia, desta feita, a segunda república, a República de Moçambique. O socialismo deu lugar, nos finais da década de 1980, ao capitalismo, que teria conseguido se impor na guerra fria, e se esforçava em expandir as suas zonas de influência pelo mundo, o que implicou uma reconfiguração do mapa geopolítico mundial. A guerra cedeu à paz. A república democrática justificaria o sangue derramado pelas matas desta pérola vizinha do Índico, mas a dor de quem perdera tudo prevalecerá por todo o sempre. Houve festa, esperança, mas as feridas viriam a levar seu tempo a cicatrizar, pois nunca fora verdadeiro o perdão, e as acusações e desconfianças mútuas prevalecem até hoje. Entretanto, a política moçambicana está assente sobre bases alicerçadas pelo conflito civil, o que reduz o debate na esfera pública a dois partidos, e a Frelimo vai conseguindo manter sua hegemonia e vai dominando os espaços políticos abertos. É, de facto, complicado descrever onde estamos com exactidão, e a certeza é que estamos no presente, cheio de desafios, e cuja guerra (embora não se fale acerca dela) é de reduzir a desconfiança entre irmãos, cujas ideologias tendem a afastá-los. E Publicidade Anuncie e Publicite DOSSIERS FA seus serviços aqui. CTOS & Telf: 21 72 09 42 | Celular: 82 4753360 | Email: factosverdades@yahoo.com Para o governo colonial, a agricultura era base da sua economia, e “ tal não mudou para o Governo moçambicano, principalmente a nível discursivo, que olhava esta como sendo a base para o desenvolvimento, embora pouco de concreto fizesse, e mais do que isso, imbuído de espírito nacionalista selvagem, após a Independência, o novo Governo optara por uma medida radical denominada "nacionalizações". segunda-feira 11 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos sociedade Que dignidade o professor vai ter na sua comunidade, se este, para sustentar a “ sua família, tem de andar de barraca em barraca pedindo emprestado produtos de primeira necessidade, para poder sobreviver? "Qualidade não se faz com centavos" PROFESSORES ZANGADOS EM GAZA Eng.º Aspirina, em Gaza D&F Este é o pronunciamento de alguns professores de diferentes subsistemas de ensino, na província de Gaza, sul do país, falando ao nosso Jornal, por ocasião do 12 de Outubro, Dia da Organização Nacional do Professor (ONP), assinalado recentemente. No âmbito desta data, a equipa de reportagem do nosso Jornal abordou alguns professores em serviço na cidade de Xai-Xai, com o intuito de ouvi-los sobre os desafios que enfrentam no exercício desta nobre profissão. Os nossos entrevistados, embora reconheçam algumas melhorias, são unânimes em afirmar que ainda há um longo caminho por galgar para se chegar a uma plena satisfação da classe docente. Além dos atrasos recorrentes dos seus ordenados e deficiente pagamento de horas extraordinárias, os homens de quadro e giz queixam-se pelo facto de alguns actos administrativos, nomeadamente as mudanças de carreira e progressões andarem a passo de camaleão e não acontecerem de forma regular. A falta de implementação, Na óptica de Muianga, a situação deplorável que os professores vivem actualmente não se deve essencialmente à crise económica que o país enfrenta, mas sim à falta daquilo que chama de vontade de fazer as coisas acontecerem, por parte de quem é de direito. Para defender a sua tese, o nosso interlocutor afirma que há países que dispõem de poucos recursos, como o caso do Botswana, Swazilândia e Cabo Verde, onde não se fala de gás natural nem de carvão mineral, mas que os seus governos acarinham a classe docente, por reconhecer a sua importância. "Por exemplo, aqui perto, na por parte do Governo, de alguns dos seus direitos constantes do Estatuto Geral do Professor, tais como o direito ao subsídio de risco pela inalação do pó de giz, por exemplo, e a assistência médica e medicamentosa são aspectos que, com muito desagrado, os nossos interlocutores também fazem menção. De acordo com os nossos entrevistados, a ausência de melhores condições de trabalho, tais como o elevado número de alunos nas salas de aulas, a falta de laboratórios e bibliotecas devidamente equipados e materiais informáticos nos estabelecimentos de ensino constitui outro nó de estrangulamento, que, no seu entender, dificulta o processo de ensino e aprendizagem. Swazilândia (para não falar da África do Sul), quando um professor assina um contrato de trabalho com a Educação, não lhe é dado apenas a bata e o caderno de planificação, como acontece cá connosco. Naquele país, logo no acto da assinatura do contrato de trabalho, colocam-se à disposição do professor uma série de facilidades, tais como facilidades de compra ou construção de sua habitação e aquisição de um meio de transporte, bens estes pelos quais vai sendo gradualmente descontado no seu próprio salário, sem, contudo, sentir os efeitos do desconto", diz a nossa fonte. Nelson Muianga foi um dos professores que falou ao nosso Jornal. Licenciado em Ensino de Língua Portuguesa, este professor afirma que os professores "É por isso que nesses países o ensino tem estado a atingir altos padrões de qualidade do que cá em Moçambique, onde o professor só para receber uma bata e um simples caderno de planificação das aulas é uma dor de cabeça", acrescenta. Muianga aponta um outro erro que as autoridades governamentais cometem no país, que se prende com o desenho de modelos curriculares sem envolver os professores, que são os verdadeiros fazedores do processo de ensino e aprendizagem. O que, na verdade, ocorre é que o professor só executa e não participa da concepção dos moconstituem a classe mais marginalizada no país, o que, segundo ele, faz com que alguns docentes andem pouco motivados e não tenham bom desempenho nos seus locais de trabalho. Nas suas palavras, há tendências de quase tudo o que é mau neste país imputar-se ao professor, quando se fala de corrupção, invoca-se o professor. Quando se fala do assédio sexual, é o professor quem fica na ponta da língua, quando alguém entende falar do alcoolismo, é o professor quem é tomado como exemplo, em nedelos de ensino, o que faz com que o que se aprende, algumas vezes, não esteja dentro do nosso contexto. “Portanto, é preciso envolver o professor no processo de concepção de currículos e políticas educacionais”, conclui. Por seu turno, Vivaldo Bila, professor do ensino primário, em Xai-xai, afirma que a carreira docente é bastante nobre em qualquer que seja a sociedade, particularmente em Moçambique, onde o sucesso da batalha pela erradicação do analfabetismo depende única e exclusivamente do professor. De acordo com o nosso interlocutor, os professores têm esnhum momento se fala de profissionais de outras áreas, que até cometem grandes asneiras neste país. Para Muianga, não é possível que um professor seja respeitado pela sociedade, se o próprio Governo que o contrata for o primeiro a marginalizá-lo. “Que dignidade o professor vai ter na sua comunidade, se este, para sustentar a sua família, tem de andar de barraca em barraca pedindo emprestado produtos de primeira necessidade, para poder sobreviver? Quem pode respeitar ao professor, se é este professor que todos dias ombreia com os seus alunos para apanhar o chapa-100?", questiona, para logo acrescentar: "praticamente o professor está entre a espada e a baioneta". Instado a pronunciar-se sobre as condições concretas que deviam ser providenciadas para que o professor se sentisse valorizado, o nosso interlocutor respondeu: "Senhor jornalista, propala-se que o professor é o espelho da sociedade. Se realmente é isso, então, não é digno que ele habite numa cabana, nem é dignificante que ele se empurre com os seus próprios alunos nas paragens para apanhar o transporte público. Para que isso não aconteça, é necessário que o Governo muna o professor de condições que lhe permitam viver uma vida minimamente estável, como, por exemplo, criando-lhe facilidades na construção de uma habitação condigna, aquisição de um meio de transporte e atribuição de um salário que não lhe obrigue a ter que apertar o cinto até rebentar-se". tado a dar um grande contributo para o desenvolvimento do país, mas imensas são as dificuldades que esses enfrentam no exercício da sua profissão, sobretudo no que tange à componente salarial, que ainda continua deveras insipiente. Para Vivaldo Bila, a sindicalização da Organização Nacional do Professor (ONP), embora não seja sinónimo de solução automática dos problemas do professor, constitui um passo importante para que aquelas lamentações da classe docente sejam ouvidas, devidamente encaminhadas e atendidas pelo Governo. nquanto os professores continuarem mal remunerados e excluídos em momentos de tomada de grandes decisões sobre as políticas e reformas curriculares, os objectivos de um ensino de boa qualidade que sempre se almejam dificilmente serão atingidos no país. E “O professor só recebe uma bata e um caderno de planificação” segunda-feira 29 de Outubro de 2018 12 Dossiers & Factos pano de fundo Muita produção e produtividade A RECEITA PARA O FIM DA FOME D&F Maidone Capamba Em condições normais, a campanha agrícola tem início em Outubro, mas, de alguns anos para cá, o calendário tem sido alterado, devido a mudanças climáticas que condicionam a queda das chuvas. De um modo geral, o balanço semestral do Plano Económico e Social do Governo, disponibilizado pelo Ministério da Economia e Finanças, avalia positivamente a campanha agrícola anterior (2017/2018). Refere que as colheitas da primeira época são boas, pese embora, na região sul, parte delas se terem perdido, devido à irregularidade da chuva e a temperaturas altas registadas nos meses de Outubro e Novembro de 2017. Contudo, as estimativas indicam que haverá crescimento entre quatro e dezassete por cento As pragas e doenças, nomeadamente a lagarta do funil, traça do tomateiro, vírus do tomateiro e rato do campo afectaram a produção em cerca de 7404.2 hectares na província de Maputo. Entretanto, o antigo ministro da Agricultura, José Pacheco, falando na localidade de Matchabe, no distrito de Magude, para onde se deslocou para orientar a abertura oficial da campanha agrária na província de Maputo, perspectivou alguma melhoria de produção, indicando que o na produção de culturas alimentares, cereais, leguminosas, raízes e tubérculos, relativamente ao igual período de 2017. Para as culturas de rendimento, o balanço semestral aponta para crescimentos na ordem de dezasseis por cento para oleaginosas e dez para regime pluviométrico dos meses de Janeiro, Fevereiro e Março deverá satisfazer as necessidades hídricas das culturas e do abeberamento dos animais. Pacheco apelou aos agricultores e ou produtores daquela região da província de Maputo no sentido de iniciarem as sementeiras tardiamente, para coincidirem com o período de abundância de chuvas. Ainda apelou para adoptarem práticas agrícolas sustentáveis, como a preservação dos hortícolas. Os indicadores para produtos específicos são optimistas para o algodão (53%), mas prevêem quebras para a banana, um dos produtos de bandeira na província de Maputo e Nampula Nas cerimónias centrais da abertura da Campanha Agrária recursos naturais, a terra e a água, evitar as queimadas descontroladas, uso de semente de ciclo curto, tendo em vista a necessidade de maximização dos recursos hídricos, entre outras práticas, em prol de uma agricultura saudável. "Devemos aproveitar o potencial de irrigação para a redução de dependência em relação à chuva, ao mesmo tempo que aumentamos o período de produção para o ano todo, onde for possível", sublinhou. 2018/2019, no dia 27, no distrito de Balama, na província de Cabo Delgado, o Chefe do Estado, Filipe Nyusi, destacou a importância da produção agrícola para a redução da fome, tendo garantido que a insegurança alimentar reduziu de 50 para 24 por cento, "vamos concentrar as nossas atenções e sinergias para evitar que haja fome em Moçambique". De acordo com os dados avançados pelo Chefe do Estado, o desempenho do sector agrário na produção dos alimentos melhorou substancialmente, concorrendo para a redução dos níveis de insegurança alimentar, uma situação climática cada vez mais adversa, entre chuvas irregulares e aumento de pragas, o Governo continua a incentivar os agricultores ao engajamento no aumento da produção e produtividade. O alento foi dado a nível nacional, por ocasião da abertura oficial da Campanha Agrária 2018/19, pelo Presidente da República, exortando Cabo Delgado ao trabalho. Assim, em todas as províncias do país, foram realizadas cerimónias oficiais marcando o facto, com uma mensagem optimista do Governo, relativamente à expectativa de crescimento agrícola. N Província de Maputo reergue-se segunda-feira 13 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos pano de fundo Muita produção e produtividade CENOE garante prontidão para fazer face à época chuvosa A RECEITA PARA O FIM DA FOME de um milhão e quatrocentas mil pessoas, em 2016, para 531 mil pessoas em Agosto de 2018. O milho, hortícolas e mandioca são as culturas que mais contribuíram para o aumento da produção, avançou. Na mesma ocasião adiantou Por sua vez, o governador da província de Maputo, Raimundo Diomba, disse que a província de Maputo é auto- -suficiente na produção de tomate, repolho, feijão-verde, batata-doce e mandioca. A província de Maputo perdeu cerca de 10 mil hectares, devido à ocorrência de situações adversas à produção agrária, nomeadamente alagamentos de alguns campos com culturas, nas zonas baixas, vagas de calor e ataque de pragas e doenças, com destaque para a lagarta do funil do milho, que afectou cerca de quatro mil hectares de campos de milho, afecque o país vai iniciar o processamento de enormes quantidades de mandioca para a produção de pão, com recursos a tecnologias modernas. Por sua vez, o ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, Higino de Marrule, tando milhares de famílias. Mas conseguiu, na campanha agrária anterior, produzir cerca de 615 mil toneladas de hortícolas, de acordo com o governador provincial Raimundo Diomba, que apontou um crescimento correspondente a quatro por cento. "Produzimos ainda quatro mil toneladas de carne bovina, 45 mil toneladas de frango, quatro milhões de dúzias de ovos, 220 mil toneladas de banana, dois milhões de toneladas de cana-de-açúcar". O governador assegurou que a presente campanha deverá crescer em cerca de 12.5% na produção total de diversas culturas, incentivando a produapontou as mudanças climáticas na alteração do calendário agrícola. Explicou que a maior parte das culturas dependem exclusivamente das chuvas e, para contrariar a situação, defende a aposta no uso dos sistemas de previsão meteorológica. ção dos produtos de carácter obrigatório. Espera-se produzir na província de Maputo, perto de quatro mil toneladas de cereais e hortícolas numa área de 328 mil hectares.Os agricultores pedem a melhoria das vias de acesso para escoar os excedentes agrícolas, assim como a facilidade de acesso aos insumos agrícolas. De salientar que a campanha agrária visa promover o papel do sector Agrário no desenvolvimento socioeconómico do país. Esta campanha decorre sob o lema “Moçambique no aumento da produção e da produtividade rumo à fome zero”. O Instituto Nacional de Meteorologia prevê, para a referida época, chuvas em todo o território nacional, com tendência diluviana para as províncias do norte do país, nas províncias do Niassa, Cabo Delgado, Nampula e os distritos do norte da província da Zambézia, enquanto para zonas centro e sul está prevista a ocorrência de chuvas normais. Portanto, grande parte da província de Tete, no sul do Zambeze, e nas províncias de Manica, Sofala, Inhambane, Gaza e Maputo, a ocorrência de chuvas será menor. Numa apresentação da previsão hidrológica sazonal, na sequência do plano de contingência já aprovado, o representante do Instituto Nacional dos Recursos Hídricos, Agostinho Vilanculos, informou que o período de Outubro, Novembro e Dezembro de 2018 não vai ser de cheias. Devido à alta ocorrência de cheias nas bacias de algumas regiões do país, de onde resulta que os rios transbordem, a Direcção Nacional de Recursos Hídricos planificou níveis de armazenamento para as regiões sul, centro e norte do país. Agostinho destacou que: ”a Barragem de Nampula, Nacala, que vai ter um enchimento de até cem por cento de armazenamento, mas na região sul, o rio Umbeluzi, onde está localizada a Barragem dos Pequenos Libombos, a expectativa é de trinta por cento do nível de armazenamento”. Por essa razão, o Governo garante que vai continuar a operar com restrições, com descargas de apenas 2.5 metros cúbicos por segundo. Oitenta por cento deste volume de água e para as cidades de Maputo e da Matola e vila de Boene. “Prevê-se a ocorrência de ventos fortes e inundações nas cidades e vilas. De acordo com as nossas estimativas, o fenómeno poderá afectar 870 mil pessoas”, acrescentou o porta-voz do INGC, Paulo Tomás. Redacção m face da possibilidade de ocorrência de chuvas acima do normal, com possibilidades de cheias e inundações, a partir de finais deste ano e princípios do próximo, o Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), que engloba o Instituto Nacional de Meteorologia, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades e a Direcção Nacional de Recursos Hídricos, entre outras, garante estar a trabalhar com vista a pôr em prática um plano de contingência capaz de minorar os efeitos nocivos da calamidade que se avizinha. E Lagarta do funil do milho continua calcanhar de Aquiles segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 14 SOCIEDADE Mais de 200 salas de aulas continuam destruídas DOIS ANOS DEPOIS DO VENDAVAL A informação foi revelada ao Dossiers & Factos, recentemente, pelo porta-voz da Direcção Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano da Província de Maputo, Silvestre Dava, que garante que o Governo provincial está a envidar esforços no sentido de encontrar vias alternativas de financiamento para a recuperação das salas. Sem revelar quantos alunos encontram-se privados de assistir aulas em condições condignas na sequência daquele incidente, Dava afirmou que aquelas infra-estruturas não foram totalmente recuperadas, devido à falta de fundos. “É nosso desejo recuperar essas escolas e dar boas condições aos nossos alunos. As infra-estruturas ainda não foram totalmente reabilitadas. O nível de destruição foi acentuado e requer grandes investimentos, então, até este momento ainda não houve intervenção”, disse a fonte. A cobertura da Escola Primária Completa de ChibutuNum outro desenvolvimento, o porta-voz da Direcção Provincial da Educação de Maputo revelou que desde o arranque do processo de matrículas para os novos ingressos da 1.ª classe para o ano lectivo de 2019, há pouco mais de três semanas, foram matriculadas apenas 4 375 crianças, o que representa uma realização de 7.3 por cento, dados muito aquém da meta prevista de 59.801 novos ingressos da 1.ª classe, nas 479 escolas primárias da província de Maputo. Está a decorrer o processo de matrículas de novos ingressos da 1.ª classe para o ano lectivo de 2019 em todo o território natuine, ao longo da Estrada Nacional Número Um, à entrada da vila municipal da Manhiça, é o caso mais visível da destruição causada pelo vendaval de 2016, e que até ao momento ainda não teve nenhuma intervenção, fazendo com que centenas de alunos continuem a cional, que vai até 31 de Dezembro do corrente ano, entretanto, regista-se uma ligeira fraca afluência por parte dos pais e encarregados de educação, que, provavelmente, devem estar a deixar tudo para a última hora. “No que concerne à participação dos encarregados de educação no processo de matrículas, devo dizer que, nas primeiras semanas, estes andam longe das escolas. Mesmo com os apelos que são lançados, a presença dos encarregados tem sido muito fraca. A título de exemplo, volvidas estas duas semanas, temos um nível de realização na ordem de um 7.3 por estudar ao relento. “Aqui na Matola, estamos a falar do Instituto de Professores, que tem um pavilhão que está à espera de retoques, mas também temos casos de outras escolas ao cento. É muito pouco, tendo em conta aquilo que é a meta prevista”, sublinhou. Para além da fraca adesão, casos há de escolas em que, desde o arranque do processo de matrículas, ainda não receberam nenhum aluno sequer. Aliás, a informação sobre o número de crianças matriculadas é referente a 207 escolas, das 479 planificadas, o que significa que mais de 56 por cento das escolas ainda não receberam alunos. Segundo dados avançados pela Direcção Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano de Maputo, o distrito que ocupa o primeiro lugar em ternível da província, como é o caso da EPC de Chibutituine, na Manhiça, cujo tecto voou e espera pela intervenção”, disse Dava para depois acrescentar que, “de forma geral, podemos dizer que estamos à espera de intervenção”. mos de números de alunos matriculados é o distrito da Matola, que já matriculou perto de 1700, numa média de 27 287 planificados, Boane com 1223 novos alunos inscritos, de um total de 7020, enquanto os outros ainda não conseguiram inscrever mais de mil alunos. Entretanto, Silvestre Dava considera em que praticamente todos os anos têm se registado uma fraca afluência nas primeiras semanas, porque muitos pais e encarregados têm o hábito de deixar tudo para o último dia, pelo que acredita que ainda é possível alcançar-se as metas. Redacção assados pouco mais de dois anos após o vendaval que em Outubro de 2016 arrasou a província de Maputo, deixando, para além de mortos, centenas de casas e escolas total ou parcialmente destruídas, a Direcção Provincial da Educação de Maputo ainda não conseguiu recuperar grande parte das 236 salas de aulas que foram severamente afectadas. P O nível de destruição foi acentuado e requer grandes investimentos, “ então, até este momento ainda não houve intervenção. Fraca afluência marca primeiras semanas de matrículas segunda-feira 15 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos SOCIEDADE Há mais igrejas, entretanto, há mais criminalidade BARULHO NA RELIGIÃO MOÇAMBICANA É que, no entender daqueles líderes religiosos, com o surgimento de novas igrejas, no país, era expectável que a sociedade estivesse mais moralizada, tendo em conta que esta é a sua principal vocação, contudo, acontece o contráJá, o representante da Igreja Anglicana de Moçambique, Dom Adriano Matsinhe, defende que o Estado deve criar um instrumento de monitoria e avaliação periódicas, de modo a ter o controlo dos objectivos pelos quais certa igreja foi registada. O Estado deve adoptar formas de atribuir responsabilidade de controlo e acompanhamento do modus vivendi e evolução teológica de novas confissões religiosas em Moçambique. “Porque nós dizemos boas coisas quando queremos o registo, mas, na prática, fazemos coisas que não agradam a Deus, como por exemplo, prometer dar vida a Pastores acusados de praticar o mal e fazer falsas promessas rio, pois algumas seitas fomentam doutrinas que chegam a complicar a situação da ordem e segurança públicas, minando o que é o mais belo e precioso, a “paz”. uma pessoa morta”, criticou Dom Adriano Matsinhe. Segundo Dom Matsinhe, há confissões religiosas que não deviam ser permitidas, pois chegam até a violar os valores culturais do povo moçambicano. “Replicam agendas de fora do país e esquecem-se da agenda e do contexto nacional. Imagine, eu, anglicano, a rezar como se estivesse na Inglaterra, de onde provém a minha igreja, esquecendo-me que estou em Moçambique, e sentir-me obrigado a esquecer a minha língua materna e o meu sotaque português”, disse. Para explicar o papel das confissões religiosas, Dom Adriano Em representação da Igreja Católica de Moçambique em Inhambane, o Padre Jeremias dos Santos criticou o que chama de falsos pastores, que usam a palaMatsinhe recorreu ao artigo 12.º da Constituição da República, que fala sobre a laicidade do Estado, que passamos a citar: “a laicidade do Estado assenta na separação entre o Estado e as confissões religiosas, ou seja, as confissões religiosas são livres na sua organização e no exercício das suas funções e de culto e devem se conformar com as leis do Estado, não devem desempenhar as funções do Estado, mas também o Estado não pode impor ordens às igrejas, deve existir a separação de poderes e que não pode significar oposição e conflito entre o Estado e as igrejas”, fim da citação. “O Estado reconhece e valorivra de Deus para praticar o mal, fazendo falsas promessas aos seus crentes, facto que denigre a imagem da religião. “Quando as confissões religioza o papel das confissões religiosas, visando promover um clima de entendimento, paz e bem-estar social e económico dos cidadãos. O Estado e as confissões religiosas têm uma ampla oportunidade de poderem desenvolver parcerias efectivas, olhando para os objectivos da agenda do povo moçambicano, que é a paz, estabilidade e progresso, e o Estado deve desempenhar o papel de regulador e as confissões religiosas devem cumprir as leis”, explicou Por essa razão, no seu entender, o Estado e as confissões religiosas devem concordar e criar um mecanismo de controlo e avaliação do processo de registo até O caso remota desde o ano 2016 quando o empresário foi sequestrado por homens supostamente ligados às FDS por financiar os homens armados da Renamo que na altura protagonizavam ataques armados as populações e saqueavam os seus bens. No entanto, o empresário português operava no ramo agrícola e sas aumentam numa determinada região, no sentido positivo, o que se pode dar? Um: temos uma maior oferta e respostas aos anseios profundos das pessoas; dois: quando as confissões religiosas aumentam, os lugares de culto se tornam mais próximos das pessoas, também a contribuição que essas trazem à saúde e formação se tornam mais disponíveis, podendo chegar até aos lugares mais recônditos. Podemos citar a Universidade Católica como exemplo da contribuição que uma confissão religiosa dá ao país”, explicou. Padre Jeremias revelou que algumas confissões religiosas têm a sua origem no desentendimento das lideranças das mesmas, seja a nível pessoal, seja a nível doutrinário, e este fenómeno não é novo. “Alguns pensarão na separação entre a Igreja Universal e Mundial, mas há séculos atrás Lutero se desentendeu com as autoridades católicas e, pouco depois, surgiram as igrejas protestantes. Este facto vai se repetindo ao longo da história”, sustentou. Em algum momento, a falta de prudência leva à procura de respostas aparentemente novas para situações que vão aparecendo e que já tiveram resposta no passado, tornando realidade o que o provérbio diz: “não há nada de novo debaixo do sol”. ao funcionamento das confissões religiosas. “Saber qual é a doutrina, qual é a proveniência dessas igrejas e quais seus objectivos. O Estado deve criar instrumentos de monitoria e avaliação periódicas, para ver se os objectivos descritos lá no pedido de abertura são ainda os mesmos que a tal igreja persegue ou não”, sublinhou. Os representantes das confissões religiosas falavam durante um encontro organizado pelo Ministério da Justiça e Assuntos Religiosos, que decorreu, há dias, na cidade da Maxixe, província de Inhambane, e que tinha por objectivo discutir sobre o papel das igrejas na promoção da paz e do bem-estar dos moçambicanos. Líderes religiosos denunciam a existência de confissões que usam o nome da Igreja para fins não meramente religiosos. Alguns são pastores de confissões já conhecidas no país, que fazem falsas promessas aos seus crentes em troca de valores monetários. No seu entender, o Estado deve assimir as suas responsabilidades para garantir controlo e acompanhamento do modus vivendi, bem como a evolução teológica dessas confissões religiosas em Moçambique. o “Estado deve fazer monitoria e avaliação periódica” PGR arquiva caso do português Américo Sebastião terá sido sequestrado na sua saída duma bomba de combustível após terminar de abastecer a viatura. Recorde-se que na altura, o Governo Português terá uma feito pressão ao governo moçambicano de modo a que se solucionasse o caso e chegou ao ponto do vice-ministro da defesa se deslocar a Portugal para prestar contas ao seu homólogo. procuradoria provincial de Sofala acaba de arquivar o caso que investigava o desaparecimento do empresário português, Américo Sebastião, alegadamente por falta de provas ou indícios para continuar com as investigações. A DESAPARECIDO À MAIS DE DOIS ANOS segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 16 sociedade Carta de condução mais cara ENCARGOS DA DÍVIDA D&F Maidone Capamba A opinião pública considera que as novas tarifas do INATTER são uma alternativa do Governo para dar cobrir a crise financeira que enfrenta, agravada com o corte do apoio externo, na sequência da descoberta das dívidas ocultas, bem assim da divida que tem com os fornecedores de bens e serviços ao Estado. O governo tem uma divida É dono de uma camioneta de quatro toneladas. Conseguiu mercê do negócio de crédito, mas para experimentar o empreendedorismo, decidiu entregar o meio circulante a um jovem conhecido, para desenvolver o outro negócio, de transporte de mercadoria, com o qual aumenta a renda. “Se não lhe desse essa oportunidade, onde estaria?” Questiona, para elucidar que não precisa necessariamente ter condições para ter uma carta de condução. Ele acrescentou A Vice-Ministra dos transportes e comunicações (MTC), Manuela Ribelo, respondendo a uma pergunta de jornalistas, sobre a subida galopante da tarifa, endureceu o discurso. “Achas que com quinhentosmeticais, é possível produzir a carta de condução”, questionou a governante num tom muito arrogante, esclarecendo que as taxas aplicadas até então eram subsidiadas, com efeito, tornou-se insustentável para milionária com os credores internacionais cujo pagamento requer negociação para a sua reestruturação. Enquanto acumulou, a níque a maioria dos motoristas, inclusive os que conduzem os governantes não dispunham de melhores condições, que lhes facilitou obter a carta, descartando desse modo, a explicação da vice ministra dos transportes e comunicações, Manuela Ribelo, que em declarações a STV, afirmou que a carta de condução é para quem tem condições para pagar, em alusão a nova tabela de emissão e actualização. Para este cidadão, que não concorda com a nova obrigatoriedade, considera ser uma acção o INATTER, “Hoje o INATTER não consegue sobreviver porque ele é que tem que pagar”. Ribelo não parou por aqui. Comparou a carta de condução a um bilhete de identidade, para dizer que, diferentemente deste que é obrigatório, a carta de condução não é. Manuela Ribelo concluiu que a carta de condução é para quem tem condições. Estas declarações não caíram muito bem aos ouvidos de muitos cidadãos que, mesmo sem viatura, acreditavam vel interno, uma outra divida milionária com os fornecedores de bens e serviços do sector privado, enfrentando dificuldades para o pagamento,criou sérios problemas ao sector empresarial seu credor. Este e outros motivos, obrigaram o Governo a retirar os subsídios na função pública, por maldosa, contra o desenvolvimento dos mais desfavorecidos. Por sua vez, Sérgio Fernandes, um motorista do troço Museu- -Malhazine, faz um esforço para desassociar aos encargos que o Governo enfrenta neste tempo de crise, porém, repudia que as taxas asfixiantes recaiam sobre os cidadãos. “Quero dizer que as novas tarifas vão desencorajar muitos cidadãos. “Estou triste. Vou renovar a minha carta no mês de março do próximo ano. Vou ter que pagar esses 2.500 meticais. É uma que a carta de condução é uma ferramenta auxiliar, de um modo geral, para agarrar oportunidades de emprego, em que sejam exigidas habilidades para conduzir. O activista social, Euclides Flávio, tomando o partido da juventude, considera que houve incoerência na estratégia comunicativa do Governo, que senão adequaà lógica do funcionamento das instituições, “quando o Governo diz que subsidiava algumas despesas, mas não houve uma comunicação objectiva serem incomportáveis no seu funcionamento. Alguns Moçambicanos entrevistados pelo Dossiers & Factos consideram as novas taxas um fardo pesado para a maioria dos cidadãos e acreditam que vai desanimar a procura pelo documento. A carta de condução serve para a maioria, de “passaporte” para a busca de emprego, um dos quais é o transporte de passageiros, os vulgos, chapeiros, taxistas, Txopelistas e ou camionistas. Estes procuram de todas as formas aliviar as dificuldades de encontrar outro tipo de emprego através da carta de condução. De acordo com Alberto, vendedor de recargas de telemóvelno bairro Magoanine, dez anos vendedor de recargas de telemóvel, se recuasse o tempo, não teria a carta que obteve em 2015. Na época, desembolsou quinze mil meticais, que incluiu suborno, a partir da escola de condução, ao exame e requisição da carta. lesão, mas não tenho como”, desabafa com a nostalgia, de recuar o tempo. Em 1991, ano em que sentou-se numa carteira para aprender a conduzir desembolsou ao todo 1500 meticais, incluindo a emissão da carta, avançou, o condutor. Entretanto, o discurso oficial do Governo indica que as actuais tarifas tem em vista garantir a sustentabilidade do Instituto Nacional de Transporte terrestre (INATTER), depois da retirada do subsídio pelo Governo aos diversos sectores da função Pública. sobre quanto era canalizado, estamos perante incoerências. Não restam dúvidas que esta medida frustra a todos, sobretudo a classe juvenil, que começa a ver os seus sonhos amputados, na medida em que a carta de condução tem sido um instrumento para aquisição de emprego.”, terminando por apelar que no contexto do agravamento das tarifas da carta de condução, haja melhoria dos serviços por parte do INATTER. partir da próxima terça-feira, 5 de Novembro, a emissão e actualização da carta de condução, passa de 500 para 2500 meticais, o livrete de 88 para 1850 meticais, o exame de condução dos 100 para 2,185 meticais. De uma ou de outra forma, a carta de condução passa a ser um luxo para o pacato cidadão moçambicano, mercê da decisão unilateral do Governo em agravar as tarifas. A Emprego para jovens fica comprometido Uma carga de “grosseria” de todo tamanho segunda-feira 17 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos economia FAN disponibiliza mais de 14 milhões de meticais à CTA PARA A MELHORIA DO AMBIENTE DE NEGÓCIOS NAS PROVÍNCIAS Este memorando vai abarcar diversas acções de nível central e provincial, com destaque para a implementação de um programa nacional de melhoria do ambiente de negócios, institucionalização de um modelo de diálogo público-privado a nível da província, monitoria e avaliação das agendas estratégicas provinciais do sector privado, entre outras actividades. Com os três contratos assinados com os conselhos empresariais provinciais de Manica, Cabo Delgado e Niassa, avaliados em 14 milhões de meticais, está dado o primeiro passo rumo à operacionalização do memorando, sendo que até ao final do ano, a FAN irá rubricar contratos com os conselhos empresariais das restantes oito províncias, num valor global de pouco mais de 96 milhões de meticais. Refira-se que os contratos de financiamento foram assinados a nível central, através da CTA, mas a sua gestão e operacionalização será feita localmente pelos CEPs. Falando durante o acto, o presidente da Fundação para a Melhoria do Ambiente de Negócios, Leonardo Simão, destacou que o objectivo do apoio da FAN à CTA, e não só, é aumentar a capacidade das associações empresariais, para que as suas acções sejam relevantes para os seus membros. "É preciso que as empresas sintam que têm benefícios de serem membros das associações e, para tal, estas associações têm de prestar serviços que ajudem a tornar mais robusta a acção das empresas. Com esse processo de descentralização, a acção a nível provincial e a nível dos distritos será cada vez maior. O objectivo da FAN é garantir que onde decorre a acção das empresas, o ambiente de negócios também esteja continuamente em melhoria", referiu. Na ocasião, Simão fez a distinção entre o âmbito de actuação da FAN e da CTA, sublinhando que enquanto a CTA é uma associação empresarial que representa os interesses dos empresários, a FAN é uma instituição da sociedade civil que apoia essas associações empresariais no desenvolvimento de acções para que tenham um ambiente de negócios favorável. "A melhoria do ambiente de negócios faz-se através de actos concretos que acontecem no terreno. A melhoria do ambiente de negócio é um exercício que não acaba, porque o ambiente externo e o ambiente envolvente vão sempre variando, o que exige constantes ajustamentos, para que as empresas possam encontrar um ambiente no qual possam operar com o máximo do seu potencial", sublinhou. Por seu turno, o presidente da CTA, Agostinho Vuma, destacou que o memorando veio preencher uma grande lacuna existente a nível do funcionamento dos próprios CEPs, mas também dinamizar a promoção do diálogo público-privado a nível provincial. "Este é um importante contributo da FAN para a melhoria da nossa competitividade e dos indicadores do doing business. Este memorando marca a aposta da CTA no que tange ao seu plano estratégico. Para o ano de 2019, as acções de melhoria do ambiente de negócios, incluindo o apoio aos CEPs, estão estimados em 96 milhões de meticais, que serão cobertos ainda este ano", sustentou. Refira-se que para além do apoio às associações empresariais, a FAN apoia também os sindicatos, governos e outras agremiações, dotando-as de capacidade para que possam desempenhar um papel importante no desenvolvimento do ambiente de negócios. Redacção Fundação para a Melhoria do Ambiente de Negócios (FAN) e a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) rubricaram, na semana finda, um memorando de entendimento visando operacionalizar um programa nacional para a melhoria do ambiente de negócios, através da promoção do diálogo público-privado e a realização de fóruns nacionais e regionais de investimento empresarial. Através desta parceria, a FAN passa a financiar a implementação de projectos dos Conselhos Empresariais, por isso, na ocasião, foram igualmente assinados três contratos de financiamento a igual número de conselhos empresariais provinciais (CEPs), nomeadamente Cabo Delgado, Niassa e Manica, avaliados em 14 milhões de meticais. A O objectivo da FAN é garantir que onde decorre a “ acção das empresas, o ambiente de negócios também esteja continuamente em melhoria. segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 18 MULHER E SAÚDE Moçambique já tem Banco de Leite Materno “O banco de leite é um excelente aliado das políticas do Ministério da Saúde que visam promover o aleitamento materno exclusivo em Moçambique”, refere um comunicado do Hospital Central de Maputo, que vai receber este banco de leite. O leite que será doado voluntariamente, vai ser dado a recém-nascidos doentes e prematuros, sob prescrição médica. Os últimos dados sobre o aleitamento materno indicam que 45% das mães em Moçambique não dão aos seus bebés leite materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida, o que pode comprometer o desenvolvimento e a saúde da criança. Entre 2011 e 2015, a percentagem de mães que deram leite materno exclusivo aos bebés nos primeiros seis meses aumentou de 43 para 55 % em Moçambique, segundo dados oficiais. O projeto coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o primeiro Banco de Leite Humano de Moçambique vai contribuir com a redução da mortalidade neonatal e infantil no país. Redacção ministra da Saúde, Nazira Abdula, inaugurou na passada sexta-feira o primeiro Banco de Leite Materno, estratégia que visa promover o aleitamento materno no país. O leite vai ser dado a recém-nascidos sob prescrição médica. A Mulheres pedem inclusão ao partido vencedor As mulheres pediram uma governação inclusiva, criando oportunidades de emprego para as mulheres e que vão ao acordo da sua área de formação. “Nós temos feito vários cursos e, mesmo assim, não nos chamam para trabalhar, se abrem vagas é para outras áreas que não têm nada a ver com a nossa formação. A edilidade deve estar em altura de responder quaisquer desafios que forem colocados, como, por exemplo, a luta pela melhoria das condições de vida dos idosos, muitos dos quais ainda em situação de abandono. “Temos casos de idosos que estão a passar por situações difíceis, não têm direito nem apoio, porque dizem que eles têm filhos ou netos que trabalham”, acrescentou uma interveniente do encontro. Já, as solteiras e viúvas apresentaram preocupações relativas à falta de água, energia eléctrica e vias de acesso que ligam os principais bairros daquela urbe. Segundo elas, a situação é preocupante, pois são obrigadas a recorrer a vias alternativas, para terem acesso à água para o consumo e energia eléctrica, chegando a recorrer até a painéis solares e/ou velas. A. Chirute ulheres residentes na autarquia da Maxixe, província de Inhambane, apresentaram as suas preocupações aos então candidatos à edilidade. Congregadas pela Associação Moçambicana para a Promoção da Mulher (MALHALHE), as mulheres do município da Maxixe clamam pela inclusão da mulher. M OPORTUNIDADE DE EMPREGO EM MAXIXE segunda-feira 19 29 de Outubro de 2018 dossiers & factos puBlicidade editorial Visite as nossas loJaS segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 20 política Renamo ameaça recorrer às armas para contestar a decisão da CNE CNE VALIDA “ESCÂNDALO” ELEITORAL D&F Neuton Langa De acordo com a deliberação número 86\CNE\2018, de 23 de Outubro, foram aprovados por consenso os resultados da centralização nacional e do apuramento geral das quintas eleições autárquicas de 10 de Outubro de 2018, com excepção dos resultados referentes aos municípios de Monapo, na província de Nampula, Alto Molocué, na província da Zambézia, Moatize na província de Tete, Marromeu, na província de Sofala e cidade da Matola, na província de Maputo, que foram aprovados com recurso a votação dos membros presentes. Em alguns municípios como, Reagindo aos resultados, o coordenador interino da Renamo, Ossufo Momade, que falou na última quarta-feira, através de uma teleconferência, algures a partir da Gorongosa, apelou ao Presidente da República a intervir para repor o que chama de respeito ao voto popular, sob pena de pôr em risco o processo negocial em curso com o Governo. Por isso, Ossufo Momade critica a sociedade civil, a comunidade internacional e o Presidente da República por aquilo que considera silêncio perante as irregularidades eleitorais verificadas, e ainda a CNE por, segundo ele, ter imposto a ditadura do voto no apuramento que considera ter sido uma farsa. Portanto, o coordenador interino da Renamo disse igualmente que o diálogo está temporariamente suspenso e pede a intervenção de várias entidades nacionais e internacionais para “salvarem a paz”. “Na sua óptica e do partido, só com a criação de uma comissão de inquérito e a intervenção urgente do Presidente da República pode-se repor a justiça eleipor exemplo, o município da Matola, onde a Frelimo tem 29 assentos na Assembleia Municipal, a Renamo 28 assentos e o MDM dois assentos, certamente que a Frelimo irá precisar do apoio do MDM para dirimir algumas controvérsias na Assembleia Municipal. toral e consequentemente salvaguardar a paz”, referiu Ossufo Momade, prometendo de tudo fazer para a manutenção da paz no país. Por seu turno, a mandatária da Frelimo, Verónica Macamo, disse que estas eleições deveriam servir de lição para que incidentes não voltem a se repetir e prometeu honrar a confiança depositada pelos munícipes que votaram na Frelimo, através do seu excelente trabalho que irão desempenhar nos próximos cinco anos. Questionada sobre se está satisfeita com os resultados anunciados, tendo em conta que a Frelimo perdeu nove municípios, dos 53, Macamo reagiu nos seguintes termos: ”estamos satisfeitos com este resultado e gostaríamos de ter ganhado em todas as autarquias, mas respeitamos a vontade dos moçambicanos, porque em democracia é assim, e estamos gratos pelo facto de os moçambicanos terem exercido o seu direito de voto. Salientou que a Frelimo saía destas eleições com uma imagem reforçada e crêem que o trabalho dos seus autarcas irá catalisar os moçambicanos para que continuem a votar na Frelimo e esperam que as próximas eleições tenham melhores resultados em relação às de 10 de Outubro. oram recentemente anunciados os resultados finais das quintas eleições autárquicas, que decorreram no último dia 10 de Outubro, nas 53 autarquias em todo território nacional. Porém, em algumas autarquias teve de se recorrer ao voto dos vogais da Comissão Nacional de Eleições (CNE) para deliberar. Trata-se dos municípios da Matola, Moatize, Monapo, Alto Molocué e Marromeu, onde, curiosamente, foram os vogais da Frelimo na CNE que, por sinal, são a maioria, que sugeriram para se optar por uma votação, afastando por completo uma possível recontagem de votos ou a repetição da eleição nessas autarquias, onde houve evidências de fraude. F Renamo ameaça romper o processo negocial Frelimo satisfeita com o anúncio da suposta “fraude” pela CNE A Frelimo irá precisar do apoio do MDM para “ dirimir algumas controvérsias na Assembleia Municipal. segunda-feira 21 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos Publicidade NACIONAL Corredor de Nacala apoia mais de quatro mil famílias EM PROJECTOS DE GERAÇÃO DE RENDA Nesta fase inicial, o Programa de Geração de Renda abrange as componentes de agricultura, pesca, apicultura, educação ambiental, avicultura e pecuária, onde as famílias cultivam vários produtos e criam animais, que, para além de garantir a segurança alimentar e nutricional, melhoram a vida socioeconómica destas. As famílias abrangidas pelo programa são apoiadas em insumos agrícolas e instrumentos de produção, como sementes de qualidade garantida, fertilizantes, utensílios de produção e maquinaria agrícola. Igualmente, beneficiam-se de assistência técnica ao processo produtivo, desde a identificação e preparação dos campos agrícolas, sementeiras, amanhos culturais, tratamentos fitossanitários, colheita, entre outros. Para além disso, também recebem formação em matérias agrícolas, teóricas e práticas, em campos modelos, e demonstração de tecnologias recomendadas, ao mesmo tempo que se engajam em acções de promoção de associativismo e orientações em gestão, com o objectivo de aumentar a produtividade e promover a ligação entre o produtor e o mercado. Todo o processo tem sido executado na base de uma abordagem participativa, onde os beneficiários são co-responsáveis por todas as etapas do projecto e dele participam activamente, com o apoio prestado por extensionistas rurais qualificados. Redacção erca de 4300 famílias que vivem ao longo do Corredor de Nacala beneficiam-se, desde o início do ano passado, de um programa de geração de renda desenvolvido pelo Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), em parceria com o Corredor Logístico Integrado de Nacala (CLN), ambas empresas do ramo ferro-portuário, sediadas na Província de Nampula. C segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 22 desporto Nyeleti Mondlane dá costas aos campeões do mundo Desportistas formados em gestão, avaliação e monitoria de projectos Campões do Mundo de Tang Soo Do sentem-se marginalizados PELO MINISTÉRIO DA JUVENTUDE E DESPORTOS D&F Neuton Langa O descontentamento, que reflecte o estado de espírito daquela delegação, foi manifestado pelo presidente da Associação Moçambicana de Tang Soo Do, Alex Rodrigues, em entrevista ao Dossiers & Factos. Em causa está uma suposta falta de suporte ou apoio do MiA fonte conta que, aquando do regresso do Campeonato do Mundo do Tang Soo Do, foi-lhes informado que teriam um encontro com a ministra Nyeleti Mondlane, mas o encontro não se realizou, pois houve um imprevisto e a ministra não compareceu, tendo sido recebidos pela secretária permanente. Desde Julho até aos dias que correm ainda não receberam nenhuma felicitação do Governo, seja ela verbal ou formal. Para Alex, o ministério deveria criar condições para receber os atletas que foram campeões do mundo, como maneira de incentivá-los a continuarem a hastear nistério da Juventude e Desportos, pois, no entender daquele dirigente desportivo, “não basta dizerem que apoiam a modalidade por ter emitido uma credencial para que possam desenvolver as suas actividades, mas deve-se apoiar os atletas, para que continuem a conquistar medalhas”. “Sou da opinião que a partir do momento em que se emite uma credencial, expondo que esta é a selecção nacional que irá representar o país na diáspora, devIa passar-se a usufruir de todos os direitos que qualquer outra selecção tem direito, mas isto nunca aconteceu, apesar dos inúmeros sucessos que o Tang Soo Do trouxe para o país. Não existe nenhum acompanhamento directo do Tang Soo Do pelo Ministério da Juventude e Desportos”, lamentou Alex. Mas a indignação de Alex modalidades desportivas deveriam ter direitos iguais. Não existe modalidade prioritária, porque as modalidades desportivas dependem das suas especificidades para a sua massificação”, sublinhou. A situação de descontentamento de algumas modalidades desportivas face ao tratamento pouco cordial que têm merecido da parte do Governo não é nova. Recorde- -se que, em 2016, a atleta moçambicana Joana Pereira, vice-campeã mundial de karate, chocou os moçambicanos e o mundo, ao subir ao pódio com uma bandeira da Renamo, supostamente para reivindicar a falta de apoio do Governo. não para por aí. Aquele dirigente desportivo revela que o Governo nunca condecorou ou homenageou os atletas da modalidade medalhados que trouxeram glórias ao país. Lamenta o facto de o campeão do mundo estar esquecido pelo Governo, este que tanto lutou para hastear a bandeira deste país ao mais alto nível, tendo em conta que ele é campeão mundial pela segunda vez e nunca teve a oportunidade de ser condecorado ou recebido por individualidades que zelam pelo desporto. Tang Soo Do engrossa as fileiras das modalidades desportivas que trazem títulos internacionais, incluindo mundiais, ao país, mas que se sentem pouco valorizadas pelo Governo. A título de exemplo, recentemente, a Selecção Nacional de Tang Soo Do venceu, pela segunda vez, o Mundial da modalidade, que decorreu no passado mês de Julho, nos Estados Unidos da América, fazendo hastear a bandeira e soar o nosso Hino Nacional, naquela que é a mais prestigiada competição da modalidade, entretanto, para o espanto dos atletas e de toda a delegação, a ministra da Juventude e Desportos, Nyeleti Mondlane, não se dignou a receber os campeões mundiais no seu gabinete de trabalho, muito menos se prestou a apoiar moralmente os atletas. o A Selecção Nacional de Tang Soo Do tem vindo a participar nos campeonatos do mundo desde 2002 e conquistou o primeiro Mundial em 2008, através do atleta Etivaldo Boca, que arrancou o troféu mundial que estava nas mãos dos americanos passavam 25 anos. Esta proeza foi uma espécie de abertura para que os outros países pudessem conquistar o título mundial. Recentemente, a selecção nacional, mais uma vez, conquistou o troféu mundial com o mesmo atleta que é igualmente campeão mundial O Tang Soo Do firma-se no país no ano de 1998, e em 2002 os estatutos da Associação Moçambicana de Tang Soo Do são reconhecidos. A participação internacional da seleção começa em 1999, aquando do campeonato africano, que decorreu na África do Sul. Neste campeonato, Moçambique conquistou a primeira medalha de ouro. Em 2001, Moçambique fez-se presente no campeonato Europeu da modalidade, com apenas dois atletas, e amealharam as primeiras três medalhas de ouro do continente Europeu. Já em 2002, Moçambique participa no primeiro campeonato do mundo, mas nenhum atleta conseguiu subir ao pódio, embora tenham tido uma prestação vistosa. Dois anos depois, em 2004, Moçambique reaparece na nata mundial e conquista as medalhas de ouro, prata e bronze. Depois de sagrar-se campeão mundial, em 2008, Moçambique voltou a subir ao pódio em 2012, quando Yara Massango, única mulher que compunha a selecção nacional, tornou-se campeã do mundo de cintos a cores, hasteando a Bandeira Nacional ao mais alto nível. Uma história de glória sem nenhum reconhecimento a bandeira de Moçambique nas competições internacionais. “Urge a necessidade de uma independência no desporto, sem discriminação, ou seja, todas as Instituto Nacional do Desporto (INADE), em parceria com a Escola Superior de Ciências do Desporto (ESCIDE), realiza, a partir de hoje até ao dia 2 de Novembro próximo, no Complexo Pedagógico da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), o 5.º Curso Prático de Capacitação em Matérias de Gestão Desportiva. O curso, que terá duração de cinco dias, é destinado aos secretários gerais, técnicos e directores técnicos das federações desportivas nacionais, directores executivos das ligas profissionais e gestores desportivos, estando aberto igualmente para gestores e técnicos das associações desportivas provinciais, dos núcleos e clubes desportivos, bem como estudantes. A acção de capacitação tem como objectivo dotar os formandos de conhecimentos sobre planificação e orçamentação; habilitá- -los em matérias de organização e gestão de eventos desportivos; conhecimentos sobre elaboração, monitoria e avaliação de projectos desportivos e capacitar os participantes em matéria de gestão de base de dados. Serão ministradas neste curso matérias como gestão de organizações desportivas, gestão de infra- -estruturas desportivas, saúde e segurança nos recintos desportivos, marketing e patrocínio desportivo e planificação de eventos desportivos. Redacção O segunda-feira 23 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos cultura “Trago reflexões sobre os maus hábitos da sociedade” - Tchakaze Encontro de artes e letras marca enceramento das “Semanas da Língua Alemã” A CAMINHO DO “TXUKELA” Como forma de manter viva a sua relação com o mercado musical, a cantora Tchakaze decidiu presentear os seus seguidores com um álbum denominado Txukela, isto depois de disponibilizar vários singles de sucesso, tais os casos de Nkata, Donguisa entre outros. Em conversa com Dossiers & Factos, a artista deixou transparecer que o concerto será um reflexo do que as pessoas poderão ouvir no álbum. Ao contrário do que se tem dito nas redes sociais, não se trata do lançamento oficial do álbum. “É um álbum muito aguardado por mim e pelas pessoas que me acompanham. No dia dois,vai se fazer um evento que não é exactamente o lançamento do álbum, como a pessoas dizem, mas uma apresentação daquilo que as pessoas poderão ouvir no álbum”, explicou. No álbum em referência, a artista decidiu apostar na versatilidade e, por consequência, Diversas actividades culturais marcaram a data com destaque para perfomances exibidas por artistas nacionais e internacionais, como a banda moçambicana de música tradicional e contemporânea, Moticoma, a banda da Academia Music CrossRoads, que é composta por músicos locais e noruegueses, a cantora Carlotcompartilha o microfone com artistas como Deltino Guerreiro e Mr. Kuka. Deste modo, ter-se- -á a Tchakaze mais dinâmica associando o estilo afro-fusão à marrabenta ou pandza. Tchakaze é natural de Maputo, bairro de Malhazine, para além de cantora, é intérprete e compositora; destaca-se por exaltar a cultura africana, em te Wagner e os Dj Gabbagabi, da Alemanha, Dj Ras Busta, de Moçambique, Dj DeeDy Manparticular a moçambicana nas suas composições e trajes. Deu início à sua carreira a solo com a música “Nkata”, uma composição musical que retrata a vida de uma mulher destruída pela violência, canção essa que a rendeu o Prémio Revelação Feminina do Ngoma Moçambique, na edição de 2014. Nas suas composições, a arzo, da França, o actor brasileiro Expedito Araújo, a estilista Mary Dias com o projecto Loja tista descreve em forma de melodias a forma como observa alguns episódios do dia-a-dia, em particular os que envolvem a família, visto que é a base da sociedade. Dessa forma, transmite mensagens apelativas a quem a ouve cantar. “Todas as músicas têm carácter educacional, em suma, eu canto e conto a vida social dos Social, entre outros. Para além música ao vivo, houve também espaço para demoçambicanos, a minha música é educativa e apelativa de âmbito social, trago reflexões relativas aos maus hábitos da sociedade”, explicou. Ainda no âmbito da nossa conversa, explicou que o estado actual da música moçambicana é satisfatório, pois há menos conflitos entre músicos e todos estilos musicais se fazem sentir de forma positiva. “A música moçambicana estabilizou a sociedade e esta está a saber lidar com os diferentes estilos, o que é de se considerar. Há anos, tínhamos um ambiente com espaço para apenas uma categoria musical, e hoje é diferente”, argumentou. Explica ainda que o actual crescimento musical resulta do investimento que os artistas têm vindo a fazer, em cooperação com os diferentes actores sociais. Deste Modo, cada artista consegue ter o seu espaço e ninguém é ofuscado. Redacção clamação de poesia, desfile de moda, oficinas de pintura e de turbantes, feiras de livro, disco e gastronomia. O evento contou com o apoio da Embaixada da Alemanha e da Cooperação Austríaca em Moçambique. As “Semanas da Língua Alemã”, normalmente, decorrem todos os anos em quase todos os Centros Goethe espalhados pelo Mundo. No CCMA durante um mês vários eventos públicos caracterizaram as semanas de lingua alemã, desde saraus de poesia e música em tributo as lendas da música Clássica (Maestro Chemane; Beethoven; Bach; Mozart e Goethe), sessões de cinema, aulas gratuitas de alemão, partilha de memórias em conversas históricas, oficinas e oportunidades para jovens. Actualmente, esta patente na Galeria CCMA a exposição que retrata seis anos da revista Literatas. Redacção cantora Tchakaze apresenta um concerto de demonstração do que será o seu primeiro álbum, a ser lançado em Janeiro de 2019, um espetáculo a ter lugar no Centro Cultural Franco-Moçambicano, no dia 2 de Novembro próximo. CCMA-Centro Cultural Moçambicano- -Alemão, realizou, no passado Sábado, nas suas instalações, em Maputo, uma apoteótica festa de encerramento das “Semanas da Língua Alemã”, fechando um ciclo de um mês de ventos de diversas manifestações culturais. A o “A sociedade está a saber lidar com os diferentes estilos” sai Às segundas Publicidade dossiers factos 50Mt Anuncie aqui. Tchumene 1 | Rua Carlos Tembe, Parcela Nº 696, Matola | Telf: 21 72 09 42 | Celular: 82 4753360 | Email: factosverdades@yahoo.com Endividamento de países africanos atingiu níveis de alarme Corrupção dita suspensão da ajuda internacional à Zambia SEGUNDO O BANCO MUNDIAL "As coisas não estão a correr bem. O problema do endividamento voltou a agudizar-se nos últimos anos, depois de alguma evolução positiva, registada nos anos anteriores. 18 países africanos de baixos recursos voltaram a mergulhar em verdadeiras crises de endividamento ou estão muito perto dessa situação", diz. De facto, segundo a organização britânica de luta contra os efeitos da dívida nos países em desenvolvimento, Jubilee Debt Campaign, a situação é difícil. O endividamento poderá ameaçar 18 países africanos mergulhados em crises de endividamento sobretudo os mais necessitados no continente africano. O analista da rede africana para a pesquisa da dívida, AFRODAD, Tirivangani Mutazu, diz que a principal razão que levou ao aumento do endividamento no continente africano foi "a queda dos preços das matérias primas nos mercados internacionais, ou mesmo as extremas fl utuações dos preços. Isto terá afetado um grande número das economias africanas, contribuindo para o aumento do défi ce orçamental". Outro motivo é o enorme aumento do investimento público na maior parte dos países africanos. Os Governos apostam na construção de estradas, linhas férreas ou portos. Mas essas infraestruturas, muitas delas necessárias, custam bastante dinheiro. O instituto sul- -africano para as relações internacionais estima que em África cerca de 93 mil milhões de dólares são gastos anualmente em projetos públicos de construção. Neste contexto, surge um novo "player" nos mercados de capitais com alguma disponibilidade de emprestar dinheiro aos países africanos, afi rma o diretor executivo do Banco Mundial. "Alguns países conseguiram ter acesso aos mercados de capitais depois de se terem desenvolvido positivamente. E isso contribuiu para que esses países tenham contraído dívidas a taxas de juros relativamente altas, sobretudo na China", revista britânica "africa Confi dential" dá conta de que podem ter sido desviados milhões de dólares nos esquemas de corrupção na Zâmbia. não se sabe ao certo o valor do desfalque, mas os meios de comunicação social relatam que os funcionários do estado, usando empresas falsas e faturas fi ctícias, desviaram, por exemplo, milhões de dólares do Ministério da educação. O Programa de Transferência de Renda Social aparentemente também é afetado por esses escândalos, o que compromete milhares de zambianos em risco de pobreza. Mais de quatro milhões de dólares desapareceram das contas deste programa. Os principais doadores, além do Governo da Zâmbia, são os Governos do Reino Unido, Finlândia, Irlanda e Suécia e todos congelaram, por enquanto, a ajuda ao país. sublinhou. A facilidade de alguns Governos africanos em pedir dinheiro emprestado à China tem estimulado a tendência para o sobreendividamento. Mas isso pode constituir um risco para as economias, e sobretudo para as pessoas, no continente africano. Um porta-voz do Governo britânico afi rmou à DW África que "o Reino Unido está a seguir uma política de tolerância zero à corrupção e fraude". A imprensa britânica diz que o Governo vai exigir à Zâmbia o pagamento de quase quatro milhões de dólares. Entretanto, o Ministério Federal da Cooperação e Desenvolvimento Económico da Alemanha (BMZ), que garante apoio aos zambianos, é contra a suspensão da ajuda. Num comunicado na sua página na internet, o ministério defende que "a Zâmbia transformou-se numa república politicamente estável nos últimos anos, na qual mais de 70 diferentes grupos étnicos convivem pacifi camente". E elogia a "ampla liberdade religiosa" e a "generosa política de refugiados". Por outro lado, o ministério não menciona nenhuma palavra sobre o atual escândalo de corrupção no país africano. continente africano regista o nível de endividamento mais alto desde 2001. no gana, a dependência externa é de quase 70% do PiB e as soluções para a crise não são fáceis de encontrar. Mas este não é o único país nesta situação, afi rma o diretor executivo do Banco Mundial, o alemão Jürgen Zattler, em entrevista à dW. o a Jovem espancado por amigos por nunca pagar rodadas ais uma historia triste de violência juvenil abala o mundo: desta vez, um jovem foi espancado por amigos por nunca ter pago nenhuma rodada de todas vezes que com ele sairam à noite. Todos já tinham pago shots ao grupo numa noite no Bairro alto, no interior do Brasil e ao chegar a vez dele, nada. O homem disse que não conseguia pagar porque precisava do dinheiro para pagar a mensalidade do ballet. Para os amigos, foi a gota de água e decidiram ir-lhe à fronha, dando-lhe vários socos e pontapés deixando-o imobilizado. “Era sempre a mesma coisa. Ele nunca abriu os cordões à bolsa. Ou era porque precisava comprar umas sapatilhas novas, ou porque precisava trocar o para ballet, ou porque precisava de pagar a mensalidade, ou porque depois não tinha dinheiro para o táxi, enfi m”, justifi cou um dos agressores. “Uma vez teve o descaramento de nos mentir no Urban: quando fi cou de pagar uma rodada de Gin a todos, cortou-se dizendo que não tinha dinheiro, mas passado pouco tempo vimo-lo a pagar uma vodka limão à gaja mais porca do secundário, como se nada se passasse”, sublinhou. Agora, todos os agressores vão ter que responder em tribunal por aquilo que fi zeram. Quanto ao homem, desejamos as rápidas melhoras. M dossiers & factos Humoradas
quinta-feira, 1 de novembro de 2018
LADRA OU BODE ESPIATÓRIO? Dinheiro foi para campanha eleitoral
sai Às segundas DIRECTOR: serôdio Towo | segunda-feira, 29 de Outubro de 2018 | edição nº: 288 | ano: 06 | Tiragem: 7500 exemplares sai às segundas Publicidade dossiers factos 50Mt Anuncie aqui. Pastores corridos pedem socoro à Nyusi Edir Macedo encontrou-se com PR para “abafar” o caso Págs. 05-06 LADRA OU BODE ESPIATÓRIO? Dinheiro foi para campanha eleitoral As bocas “podres” dos nossos dirigentes Pág. 04 segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 2 Uma “muleta” política ou justiça em construção? país está, de uns para cá, a conhecer momentos espectaculares, com o registo de vários acontecimentos pouco comuns na história política nacional dos últimos anos. Quando fazíamos a digestão dos resultados das eleições, que foram surpreendentemente renhidas, duas notícias em rajada mexeram com a sociedade. A primeira foi quando a vice-ministra dos Transportes e Comunicações, Manuela Rebelo, decidiu intoxicar a sociedade moçambicana com a história do aumento do preço para a aquisição da carta de condução. Depois, ou seja, dois dias a seguir, foi a publicação no Jornal Notícias sobre suposto envolvimento da ex-ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo, num escândalo financeiro no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), que, segundo a publicação, terá lesado o Estado em cerca de 100 milhões de meticais. Ora, ao que viemos a saber, o processo encontra-se na sua fase de instrução preparatória, pelo que todos os intervenientes, em especial o próprio Gabinete Central de Combate à Corrupção, deviam garantir que os dados nele constantes não fossem lançados agora para o domínio público, devido a vários factores. Para nós, a culpa não é de quem publica o artigo ou o órgão de comunicação social responsável pela disseminação da informação, é sim dos profissionais e magistrados judiciais que perdem o profissionalismo e vazam as matérias, que acabam chegando até nós os jornalistas. Este não é o primeiro nem segundo caso. Sempre que há interesse por parte dos procuradores em mostrar que estão a "trabalhar", casos do género acontecem. O estranho é que são vários os processos, que até envolvem casos de morte, que são congelados ou que nunca foram esclarecidos ao público, supostamente por constituírem segredo de justiça. Ora, desta vez, acabámos nos beneficiando desta vossa abertura e violação de princípios éticos, e vamos publicando aquilo que nos oferecem. Mas que fique claro que este tipo de atitudes pode manchar o próprio percurso do processo, ou seja, as investigações. Mancha e fragiliza o valor do vosso trabalho ou missão e, desta vez, pode até ter manchado o "bom" nome de Moçambique além-fronteiras. Quando vimos o artigo publicado e depois ficámos a saber que afinal de contas era antes de Maria Helena Taipo ser ouvida pelo GCCC, ficámos concentrados no impacto que estas publicações podem trazer em termos diplomáticos. É que por um lado, enquanto João Lourenço, presidente angolano, vai fazendo espectáculo, mostrando-nos que "está acabar" com a corrupção, por outro lado, o seu homólogo de cá vai enviá-lo uma embaixadora corrupta. Ora, não somos nós que dizemos isto, é sim a percepção que ficou da publicação desta bomba. Ora, dois ou mais aspectos há que reter no meio disto tudo. É que, admitindo a hipótese de ser verdade tudo quanto foi dito e escrito, há que questionar como é que o Chefe do Estado a nomeou ao cargo de embaixadora, com este tipo de comportamento? Outra questão é: não constituindo verdade o que foi dito e foi publicado, quem irá arcar com todas as consequências que possam advir deste vazamento de informações que ainda deviam ser secretas? Ainda tentando fazer mesmos reparos, quem será o responsável por ressarcir as empresas que tiveram nomes expostos com o processo ainda na sua fase inicial? Mas também podemos questionar se a Frelimo, de facto, acompanhou ou não a existência destes problemas, que envolvem a senhora embaixadora e membro sénior do partido? Afinal de contas senhores responsáveis pelo partido Frelimo, quando se vai nomear alguém para certo cargo, antes de mais, não se faz uma triagem a respeito do ficheiro dessa mesma figura? Qual é o papel da área de verificação a nível da Frelimo? Será mesmo que esta senhora "comeu" os 100 milhões de meticais ou no final do dia teremos uma situação idêntica a do Deodino Cambaza, Almerino Manhedje, que acabaram ficando presos com algum cheiro de injustiça porque o dinheiro era direccionado, supostamente, para fins partidários? Aliás, já íamos nos esquecer do caso da senhora Rogéria, que chegou a ocupar o cargo de directora-geral do INSS, que mais tarde também foi conotada como corrupta e o caso acabou sendo abafado. Somos da opinião que a luta pelo poder ou pelo tacho, se for o caso, deve ser feita de forma política e não por via dos órgãos da Justiça e muito menos pelos media ou redes sociais. editorial o O estranho é que são vários os processos, que até envolvem casos de “ morte, que são congelados ou que nunca foram esclarecidos ao público, supostamente por constituírem segredo de justiça. FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE DA S.T. PROJECTOS E COMUNICAÇÃO, LDA DIRECÇÃO: Serôdio Towo (Director-Geral) ADMINISTRAÇÃO : Gabriel Chihale Registo N° 19/GABINFO-DEC/2012 REDACÇÃO, MAQUETIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: Tchumene 1 | Rua Carlos tembe, Parcela Nº 696, Matola | Telf: 21 72 09 42 | Celular: 82 4753360 | Email: factosverdades@yahoo.com | DIRECTOR: Serôdio Towo, serodiotouo@gmail.com, Cell: 82 4753360 |EDITOR: Reginaldo Tchambule, naimo6178@gmail.com, 82 8683866 | REDACÇÃO: Serôdio Towo, Reginaldo Tchambule, Maidone Capamba, Lídia Cossa, Neuton Langa | FOTOGRAFIA: Albano Uahome | ADMINISTRAÇÃO: Gabriel Chihale, Cell: 84 7872300, gchihale@gmail.com |GRAFISMO: ST -projectos| CORRESPONDENTES: Eng. Aspirina (Xai-Xai) - 84 5140506) | Henriques Jimisse (Pretória) | Anastâncio Chirute (Maxixe), 84 9559209 | PUBLICIDADE e MARKETING : Gabriel Chihale, gchihale@gmail.com, 84 7872300 |EXPANSÃO: Adérito Mate, Cell: 84 0383271, aderitomate@gmail.com| COLABORADORES PERMANENTES: Mateus Licusse, Izidoro Mutenda e Sérgio Tinini | IMPRESSÃO: Sociedade do Notícia - Matola segunda-feira 3 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos Destaque Dinheiro foi para campanha da Frelimo em 2014 TAIPO: LADRA, MULETA POLÍTICA OU JUSTIÇA? Entretanto, dada a importância de que se reveste a publicação feita pelo matutino, o Dossiers & Factos procurou vias de obter mais informações em torno deste “escândalo” financeiro, junto de fontes ligadas ao processo no Gabinete Central de Combate à Corrupção, entretanto ficámos a saber de outros desenvolvimentos, quanto a nós, não menos importantes. Uma fonte bem posicionada naquela instituição começou por dizer que Maria Helena Taipo ainda não foi ouvida em sessão de perguntas e respostas com relação a este caso. Acrescentou que este ano aquela instituição submeteu junto ao Tribunal Supremo um ofício solicitando a quebra do sigilo bancário de Maria Helena Taipo, na altura, governadora da província de Sofala, solicitação que foi autorizada dentro dos prazos estabelecidos. Com relação a audição de Taipo, a nossa fonte fez saber que ela chegou a ser notificada no início deste mês, antes de seguir viagem para Angola, onde recentemente foi nomeada pelo Presidente da República para exercer as funções de Embaixadora de Moçambique, naquele país irmão. Entretanto, por razões de indisponibilidade de alguns magistrados, a audição foi adiada para uma outra data, esperando- -se que possa acontecer ainda na semana que hoje inicia. Entretanto, a fonte esclareceu que para o mesmo processo já foram notificadas e ouvidas várias pessoas que estiveram ligadas no preenchimento e emissão de cheques, assim como nas transferências dos valores. Das pessoas que foram ouvidas, o destaque vai para alguns gestores das empresas mencionadas no texto publicado pelo Jornal Notícias, e todos aqueles que emitiram os respectivos cheques. Ao longo das audições, que visavam colher de concreto os motivos para os quais aqueles pagamentos terão sido efectuados, os interrogados negaram ter passado cheques a favor de Maria Helena Taipo. Explicaram de seguida que os pagamentos eram destinados ao apoio à campanha eleitoral do partido Frelimo e do seu candidato, Filipe Jacinto Nyusi, no ano de 2014, e outros disseram que os cheques se destinavam ao pagamento de consultores, engenheiros e à prestação de serviços, pelo Ora, dentro do partido dos camaradas (Frelimo), também fomos espreitar e pudemos colher algumas considerações. Alguns apontam que tem sido prática o partido receber apoios de empresários e membros do partido para o apoio a esta formação partidária, sobretudo quando chega o moque, para estes casos, os beneficiários destes pagamentos, de seguida, doaram os valores para o mesmo fim da campanha eleitoral. Aliás, da mesma fonte ligada ao processo no GCCC, ficámos ainda a saber que nenhum dos interrogados assumiu ter mantido contacto com Maria Helena Taipo, e defenderam sempre que devia caber ao partido Frelimo, suposto beneficiário dos cheques/valores, explicar como é que este dinheiro terá chegado às contas ou conta da antiga ministra do Trabalho. mento das eleições. As fontes subscrevem que os apoios chegam ao partido de várias maneiras, sendo que pode ser que esta também tenha sido uma delas. Entretanto, ninguém sabe ao certo confirmar se, de facto, o dinheiro terá sido ou não usado em benefício do partido. Mas, mesmo assim, consideEmpresas não querem se pronunciar Na manhã da passada quinta-feira, a nossa Reportagem deslocou-se para às sedes das empresas ora mencionadas no artigo e, estranhamente, ninguém se predispôs a falar. Apenas em uma delas fomos ditos pela secretária que a orientação que existe do departamento jurídico é de que ninguém pode falar, enquanto o GCCC ainda estiver a investigar o caso, pois, ainda se encontra na fase do segredo da Justiça. ram e recordam-nos que que 2014 foi o ano da campanha eleitoral e eleições-gerais, onde Maria Helena Taipo foi confiada pelo então presidente da Frelimo, Armando Guebuza, para chefiar a brigada do partido a nível da cidade de Nampula, onde ela dirigiu a campanha do seu partido. a semana passada, concretamente no dia 24 de Outubro corrente, o jornal de maior circulação no país, diga-se, o matutino com fortes orientações do Governo, publicou no seu site um artigo com o título “Helena Taipo citada no desfalque de 100 milhões no INSS”. A mesma publicação ainda refere que uma investigação levada a cabo pelo Ministério Público e pela Inspecção Geral das Finanças indica que Taipo terá, supostamente, recebido dinheiro ilicitamente, através de transferências bancárias feitas por empresas que celebravam contratos com o INSS, isto em 2014. O artigo despertou a atenção dos moçambicanos, devido a vários factores, em especial o dos cargos que a indiciada ocupou e ao que acaba de ser nomeada. N Na Frelimo o sentimento é dividido segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 4 Destaque As bocas “podres” dos nossos dirigentes Esta foi a forma encontrada pelo Governo, em 2010, para reagir às manifestações que a 1 e 2 de Setembro daMinistros, o porta-voz da sessão, José Pacheco, então ministro do Interior, chamou os manifestantes de “vândalos” e marginais. Os manifestantes reivindicavam a subida do preço do pão, tarifa da energia eléctrica, água e chapa, numa altura em que o custo de vida começava a revelar-se insuportável. Foram dois dias de uma revolta popular que teve as zonas periféricas como epicentro. Para além de Maputo e Matola, houve manifestações em várias capitais provinciais. e quando em vez, os nossos dirigentes têm nos brindado com alguns discursos ou pronunciamento algo controversos, que nalgum momento chegaram a chocar, literalmente, a opinião pública. O Dossiers & Factos recorda ao estimado leitor algumas das mais célebres “gafes” dos nossos dirigentes, desde a era Guebuza, até ao presente mandato. De expressões somos sem dúvidas um povo não abençoado: desde “vândalos”, apóstolos da desgraça, galinhas de 50, aos documentos para “gente com condições”. D Lucília Hama sugere pobres para comerem “patinhas” na ceia de Natal Governo chama moçambicanos de “vândalos” e marginais Vamos comer “tseke” Carta de condução não é para quem quer Em Novembro de 2014, a então governadora da capital Maputo, Lucília Hama, encorajou as pessoas com dificuldades financeiras a aproveitarem os derivados do frango (patinhas e moelas) e do peixe para as suas ceias de Natal. A governante exortou os maputenses a racionalizarem os principais alimentos, nomeadamente o frango e o peixe. Esse intróito surgia na sequência da subida do custo de vida, na senda da baixa de preços das commodities. No início do ano passado, concretamente em 07 de Fevereiro de 2017, o Conselho de Ministros de Moçambique analisou a proposta de produção e massificação do amaranthus, nome científico de uma planta comestível, amplamente conhecida como "Tseke". A declaração, feita pelo Recentemente, a vice-ministra dos Transportes e Comunicações (MTC), Manuela Rebelo, respondendo a uma pergunta de jornalistas, sobre a subida galopante da tarifa para obtenção e averbamento de cartas de condução, endureceu o discurso. “Acha que com quinhentos meticais é possível produzir a carta de condução?”, questionou a governante num tom muito arrogante, esclarecendo que as taxas aplicadas até então eram subsidiadas, com efeito, tornou-se insustentável para o INATTER. “Hoje o INATTER não consegue sobreviver, porque ele é que tem de pagar”, disse Rebelo, mas não parou por aqui. Comparou a carta de condução a um bilhete de identidade, para dizer vice-ministro da Saúde, Mouzinho Saíde, na qualidade de porta-voz do Governo, visava mobilizar os moçambicanos a incluírem aquela planta na sua dieta alimentar, por considerar ser um alimento de alto valor nutritivo, que podia ser uma alternativa para fazer face ao alto custo de vida. que, diferentemente deste, que é obrigatório, a carta de condução não é. “A carta de condução é para quem tem condições”. E porque há sempre alguém no comando, no dia 28 de Abril do ano em curso, o Chefe do Estado, num ataque aos críticos das redes sociais, que reclamavam o insultuoso aumento salarial no valor de 260 meticais, durante a visita a uma província de Maputo, em jeito de resposta, encheu a boca para dizer que aquela quantia não era pouca, pois, segundo ele, naqueles dias, já era possível comprar uma galinha com 50 meticais. Esta foi certamente das gafes mais escandalosas do Chefe do Estado. Em Junho deste ano, num dos seus habituais discursos incendiários de resposta aos críticos à sua gestão, o Presidente da República disse que existem agitadores de problemas em Moçambique, que até ganham dinheiro graças aos cidadãos afectados por conflitos de terra, acidentes de viação e inundações urbanas, e diante da apatia das autoridades governamentais têm se “Duzentos e cinquenta meticais ou acima para si não é muito. Mas para a outra pessoa faz diferença, e não esqueça: o outro aumenta quinhentos meticais para vinte pessoas, então significa dez mil meticais só. Mas nós estamos a aumentar duzentos e cinquenta meticais para milhões de pessoas, e isso fica muito. Por que você tem de assumir uma coisa que não vai cumprir?”, disse o Chefe do Estado, num discurso amplamente divulgado. manifestado publicamente, cada vez mais. Em visita à capital do país, num contexto em que havia uma onda crítica à apatia do Governo perante acidentes fatais na Circular de Maputo, concretamente próximo a uma escola na zona de Chihango, Filipe Nyusi dirigiu-se aos seus “patrões” da cidade de Maputo nos seguintes termos: “Se não estás preparado para viver na capital, procura lá outro sítio”. “Quem não está preparado para viver na capital que vá para o mato” “Hoje é possível comprar uma galinha com 50 meticais” quele ano, que sacudiram as cidades de Maputo e Matola. Depois de um encontro de emergência do Cobnselho de segunda-feira 5 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos Destaque Bispo Gonçalves semeia terror na IURD IGREJA UNIVERSAL SOMA PROCESSOS EM TRIBUNAL O nosso Jornal recebeu uma denúncia de fontes ligadas àquela igreja, que dão conta que, desde a chegada do Bispo Honorilton Gonçalves, mais de 200 pastores nacionais foram expulsos da igreja, sem justa causa e sem direito a nenhum tipo de benefício. Alguns despejados de forma desumana e violenta, com um período de notificação de despejo de apenas 24 horas. “Completamente desumano” é assim como os pastores da IURD descrevem o Bispo Honorilton Gonçalves, que, desde a sua chegada a Moçambique, tem vindo a ser o rosto mais visível das atrocidades cometidas pela igreja contra aquele grupo de fiéis. Muitos pastores são despedidos em circunstâncias estranhas, difamados na igreja, humilhados e despejados dos imóveis da igreja sem dó nem piedade, o que vai contra a misericórdia apregoada por Jesus Cristo, o mesmo de quem a igreja se diz embaixador. Outros pastores foram condenados ao sofrimento por aquela igreja, sob ordens expressas do Bispo, alegadamente por se recusarem a cumprir a obrigatoriedade de se submeterem ao Segundo as nossas fontes, desde que chegou a Moçambique, o Bispo Honorilton Gonçalves instituiu a obrigação de os pastores fazerem vasectomia, um método cirúrgico de esterilização masculina, através da interrupção do canal que leva os espermatozóides dos testículos Mais de 200 pastores corridos sem justa causa Edir Macedo veio a Maputo, e num encontro com Filipe Nyusi tentou “abafar” o caso método de vasectomia. As nossas fontes dão igualmente conta que os pastores moçambicanos foram todos retirados dos postos de liderança dos órgãos sociais e instituições da igreja, tendo, no seu lugar, sido colocados pastores e outros membros de nacionalidade brasileira, supostamente da confiança do Bispo, que é tido como de fortes ligações com o Bispo Edir Macedo. A crueldade é tal ao ponto de ter dado um ultimato a um pastor que padece de hérnia, para curar-se em menos de 24 horas, caso contrário, seria expulso da igreja, o que realmente veio a acontecer. O referido pastor encontra-se abandonado pela igreja e, para piorar, enfrenta dificuldades de locomoção, devido àquela doença degenerativa. Segundo os queixosos, a igreja recrutou-os quando tinham idades compreendidas entre 16 e 17 anos, e depois passaram por uma formação, na qual para o pênis, um método usado somente para homens que não querem mais ter filhos. Segundo as nossas fontes, o Bispo Gonçalves fundamentou a introdução daquela medida afirmando que os filhos dificultam o trabalho das lideranças de “propagar o evangelho pelo mundo”. foram ensinados que “homem de Deus não deve ter nada, nem deve ter filhos”, e durante muito tempo trabalharam para “ganhar almas”. “Largámos tudo para fazer o trabalho da igreja. Hoje, somos expulsos sem nenhuma comAlicerçando-se na doutrina da igreja, aquele Bispo orientou os pastores a apenas terem filhos espirituais e não biológicos, alegadamente porque filhos gerados podiam dificultar a missão de ganhar almas que os pastores têm. A medida, que é entendida pensação e sem nenhuma dignidade. Deram-me somente 24 horas para abandonar a casa da igreja, e como não estava preparado para me mudar, despejaram-me sem direito a levar nada. Fui humilhado pelos seguranças da igreja”, denunciou um outro como obrigação de os pastores não terem filhos, gerou uma onda enorme de descontentamento no seio da congregação, tendo sido contestada, facto que levou o Bispo a voltar atrás, tendo estabelecido que aquele método já não era de carácter obrigatório e que a decisão de ter ou pastor. Mas as humilhações não param por aí. O Bispo Gonçalves colocou vigilantes em todas as igrejas, para inspeccionar o nível de colectas e recolher o dízimo. Os pastores que, por alguma dificuldade, não conseguirem atingir a meta do dízimo são afastados do ministério, por serem considerados “fracos”. “Agora fazem questão de colocar pastores do cenáculo nas igrejas, só para controlarem as ofertas. Antes, o responsável da igreja é que levava o dízimo, mas agora, para além dos pastores, há um vigilante, que depois das reuniões recolhe as colectas. Isso é uma grande humilhação, porque nos tratam como se fôssemos ladrões”, sublinham os pastores. Informações em nosso poder dão conta que vários pastores desvinculados sem justa causa e de forma violenta estão a mover vários processos contra a igreja, exigindo indemnizações. Aliás, segundo as nossas fontes, aquela igreja, que sempre usou a influência que tem ao nível do poder político para manipular o judiciário, tem vindo, nos últimos dias, a somar “derrotas” em tribunais, tendo sido condenado a pagar somas avultadas em indemnizações a, pelo menos, quatro pastores e uma antiga advogada da igreja. Para além de pastores expulsos, há relatos de alguns que pediram para sair de livre e espontânea vontade, por não mais aguentarem com as atrocidades cometidas pela igreja, sob a égide do Bispo Gonçalves. Lembre-se que a Direcção dos Assuntos Constitucionais e Religiosos da Cidade de Maputo está a investigar uma série de denúncias relativas a uma suposta burla a crentes que entregaram suas casas e outros bens valiosos como propósito, em nome da fé, para em recompensa progredirem na vida. não filhos era individual. E porque muitos pastores entenderam o seu discurso como uma carta branca, não aderiram ao método, contudo, para o seu espanto, aos poucos foram sendo postos de lado e excluídos dos círculos de influência da igreja, esperando que cometessem algum deslize para serem julesde a chegada do novo líder espiritual da Igreja Universal em Moçambique, Bispo Honorilton Gonçalves, há pouco mais de um ano, bispos e pastores moçambicanos ligados àquela congregação religiosa têm vivido momentos de puro terror. Com efeito, de Outubro do ano passado a esta parte, estima-se que mais de 200 pastores foram expulsos pela “vara” do Bispo Gonçalves, uma situação que obrigou os pastores em exercício e os já afastados a enviarem uma carta de pedido de “socorro” ao Chefe do Estado, Filipe Nyusi. D Vasectomia e metas “chorudas” de dízimo segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 6 Destaque gados pela igreja e expulsos. “Eles agora dizem que já não é obrigatório fazer vasectomia, mas nos bastidores vão chamando os pastores para fazer vasectomia. Quem recusa-se é isolado e depois criam uma situação para expulsá-lo. Agora usam as mulheres dos pastores para Esse facto, aliado a vários outros escândalos da IURD em Moçambique, segundo as fontes, teria ligação com a vinda relâmpago do maior líder espiritual daquela igreja, Edir Macedo, que foi recebido pelo Chefe do Estado, onde pretendia a “abafar o caso da carta dos pastores” junto da liderança máxima do país. Em 16 de Agosto último, o Presidente da República recebia o Bispo e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), Edir Macedo. Depois da audiência concedida pelo Chefe do Estado, o Bispo Edir Macedo afirmou que o Presidente Nyusi é um homem que está a promover a paz, e o seu pedido de audiência visava conhecê-lo e encorajá-lo a prosseguir com esse desiderato. “Nós viemos abençoar este trabalho, que é de extrema importância para o povo de Moçambique. Saio desta audiência muito feliz, pois a recepção foi muito boa. Vejo que a mão de Deus está agindo nele, pois não há autoridade que não venha de Deus, e Deus elevou a ele para esta posição, para levar a paz ao povo de Moçambique”, afirmou o Bispo Macedo. Entretanto, o Dossiers & Factos sabe que um dos objectivos que levou o líder supremo da IURD a encontrar-se com o Chefe do Estado era alargar a sua base de influência no país e tentar interceder para que os escândalos em que a igreja está envolvida no país sejam abafados. Recorde-se que foi destaque neste Jornal que o Ministério da Segundo as nossas fontes, vendo-se injustiçados e com os seus direitos postos em causa, perante uma total arrogância da igreja e do famoso Bispo, pastores desvinculados e em exercício escreveram uma carta ao Presidente da República, Filipe Nyusi, expondo as irregularidades da igreja e as humilhações por que passam, mas, até aqui, ainda não tiveram nenhuma resposta. Na carta, os pastores deploram o facto de, mesmo sendo divulgadas informações através da Imprensa, as autoridades manterem-se em silêncio, o que pressionarem os seus maridos a cumprirem a medida”, refere um pastor da igreja, que pediu para não ser identificado. Ainda segundo os denunciantes, quando o Bispo Gonçalves descobre que um dos pastores tem filhos, procura qualquer argumento para afastá-lo da igreja. Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos está preocupado com a crescente procura de serviços dos cartórios notariais manifestada por cidadãos crentes da IURD, a solicitarem a outorga de procurações de casas, carros e terrenos a favor da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), como “propósito” para terem mais bênçãos, prosperidade ou cura de enfermidades, segundo apregoa a doutrina daquela igreja. Na altura, trouxemos centenas de relatos de pessoas, um pouco por todo o país, que doaram tudo à igreja e ficaram na miséria. Estima-se que milhares de crentes de todas as classes sociais, um pouco por todo o país, assinaram procurações, nas quais conferem amplos poderes sobre seus bens à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), dentre os quais dá força aos líderes da igreja para continuarem a humilhar os pastores moçambicanos. Segundo os pastores, desde a chegada do Bispo Gonçalves, os pastores vivem um clima de intimidação, medo e são publicamente humilhados e, por vezes, difamados em plena comunidade religiosa. Uma das principais inquietações dos pastores queixosos tem a ver com os despedimentos sem justa causa e sem o pagamento das devidas compensações; despejos sem observância de tempo mínimo de aviso, para além a alienação das suas casas, registo das suas parcelas de terra e automóveis, naquilo que se denomina “propósito”. A preocupação foi manifestada em Dezembro último, durante a reunião com os conservadores e notários, convocada pela Direcção Nacional dos Registos e Notariado (DNRN), que visava discutir, entre vários assuntos, as propostas e medidas a tomar no âmbito das procurações de interesse das confissões religiosas. Em consequência disso, a Direcção dos Assuntos Constitucionais e Religiosos da Cidade de Maputo está a investigar uma série de denúncias relativas a uma suposta burla a crentes, que entregaram suas casas e outros bens valiosos, como “propósito” para em recompensa progredir de que muitos pastores foram recrutados com 16 ou 17 anos, para servir a Deus, sem permissão para continuar a estudar, o que faz com que depois de serem na vida, em nome da fé. Estamos ainda na posse de informações que dão conta que, por causa dos escândalos ligados às procurações e expulsão de pastores moçambicanos, o Serviço Nacional de Migração negou-se a conceder um visto permanente a alguns líderes da igreja, incluindo o próprio Reconhecendo o direito ao contraditório, contactámos o Presidente da IURD em Moçambique, José Guerra, mas, infelizmente, decidiu não atender ao nosso pedido, alegando infelicidades e não abriu espaço para receber-nos futuramente. Em declarações ao telefone, José Guerra começou por dizer que sabe quem foi que nos deu a história, dando a entender que o assunto é de seu inteiro domínio. Sobre o nosso pedido de entrevista para o exercício do direito ao contraditório, Guerra, num tom arrogante, que lhe é característico, disse: “lamento muito, meu senhor, estou a cuidar da morte da senhora Catarina Pajum, neste momento não posso falar”. Sensibilizado com o facto, tendo em conta aquela circunstância, o nosso repórter quis saber quando é que aquele líder espiritual teria tempo para despedidos não tenham nenhuma habilidade para a vida, acabando por cair na desgraça. Perante o silêncio do mais Alto Magistrado da Nação, os Bispo Honorilton Gonçalves. Estes são, com certeza, outros Dossiers que fizeram o líder supremo daquela igreja escalar o país, para tentar lavar a imagem da igreja junto do Chefe do Estado. De referir que as ligações entre aquela igreja e o partido no poder são remotas. recebê-lo, entretanto, Guerra, mostrando-se um pouco incomodado com o assunto rematou: “olha, meu senhor, eu já disse que não tenho tempo, respeite a morte”. O nosso repórter insistiu, querendo saber se este teria tempo depois das exéquias, mas Guerra fechou todas as possibilidades de diálogo, repetindo que estava no velório e que não podia falar nem naquele, nem noutro momento. pastores suspeitam que tenha havido alguma pressão por parte da igreja, uma vez que esta congregação tem fortes ligações com o partido no poder. Carta a Filipe Nyusi: Nem água vem, nem água vai Edir Macedo “senta” com PR para “abafar” os escândalos IURD fecha-se em copas segunda-feira 7 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos Destaque MOPH reconhece que abastecimento de água ainda é desafiante Algumas estradas e pontes serão concessionadas Aprovado Plano Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos SECTOR DE OBRAS REINVENTA-SE EM TEMPOS DE CRISE A informação foi revelada na semana finda, durante o Conselho Coordenador do Ministério das Obras Públicas e Habitação, onde quadros e dirigentes estiveram reunidos, durante dois dias, na província de Gaza, com o objectivo de avaliar o cumprimento das obrigações plasmadas nos instrumentos de governação. Trata-se de um plano orçado em 13,6 Biliões de dólares, a ser implementado nos próximos 20 anos, e tem como objectivo fundamental responder a todo o tipo de pressão hídrica, para a satisfação das necessidades agrícolas e populacionais, bem como dotar o país de capacidades de responder às adversidades de origem climatérica. Entretanto, João Machatine reconhece “que não se pode negligenciar a redução dos caudais dos nossos principais rios e a contaminação salina das nossas águas subterrâneas, que concorrem negativamente na resposta às demandas do crescimento populacional, da industrialização e Numa altura em que o país, sobretudo a zona sul do país, continua a registar restrições no abastecimento de água, em face da baixa precipitação que se regista nos últimos anos, o Ministério das Obras Públicas e Habitação reconhece que a disponibilização da água para o consumo nas zonas urbanas e rurais tem se mostrado desafiante, pese embora o facto esteja a reduzir. No entender do ministro do pelouro, João Machatine, aspectos demográficos e os assentamentos informais são os principais factores que fragilizam os esforços previamente definidos. “No início do presente quinquénio, estávamos com uma da massificação da agricultura”. Segundo ele, “a concepção e construção de infra-estruturas hidráulicas de diversas dimensões, para a captação, retenção e disponibilização de água, devem constituir o foco da nossa acção no sub-sector dos Recursos Hídricos”. Com efeito, em Junho do taxa de cobertura de 49%, para um universo de 12.196.831 17 pessoas, e tínhamos como meta, para 2018, alcançar uma taxa de 60 por cento. A nossa cobertura, hoje, ronda os 54,5%, correspondendo a 15.737.485 pessoas. No entanto, o último censo populacional incrementou o número de habitantes, afectando a nossa meta física, e obrigando, deste modo, a replanificação e mobilização de fundos adicionais para fazer face a esta nova realidade”, sustenta. “Foi tendo em conta este aspecto que o Governo, investido da sua nobre responsabilidade de prover melhores condições de vida às populações, criou o programa de aceleração no sector presente ano, foi concluído e apresentado o Estudo de Viabilidade da Barragem de Mapai, localizada na província de Gaza, o que, segundo o governante, é uma demonstração clarividente do compromisso do Governo para a resolução de problemas sociais e económicos. “Os processos de dessalinida Água, para comprimir o fosso causado pelo crescimento demográfico, programa esse que beneficiará directamente cerca de um milhão e setecentas mil pessoas”, sublinhou. De referir que desde 2015 até ao momento, já foram feitas 160.657 ligações, representando uma realização de 77,4 por cento do planificado, e suportadas por 528 Km de rede de abastecimento de água. Destaca-se igualmente a melhoria na eficiência da distribuição de água, através da redução das perdas de 50 por cento para 40 por cento. “É nosso compromisso, até ao final do quinquénio, situarmos o nível de perdas na ordem dos 35 por cento”, garantiu o ministro. zação da água devem constituir uma prioridade alicerçada na adopção de soluções inovadoras O Ministério das Obras Públicas e Habitação está a enfrentar dificuldades para garantir a manutenção das vias de acesso no país, devido aos altos custos envolvidos, por isso, está em curso um plano visando concessionar algumas vias de acesso e pontes à gestão privada, de modo a garantir a sua regular manutenção. “Considerando que a rede viária é um activo que garante o desenvolvimento que contribui para o desgaste por utilização das estradas, julgamos racional que haja uma comparticipação dos beneficiários deste activo para que o mesmo se mantenha permanentemente disponível”, sublinhou. Segundo o ministro, esta decisão deriva do facto de ser onerosa a manutenção das estradas e pontes. Só para se ter uma idéia, o orçamento global para asfaltagem, reabilitação e de captação, tratamento e disponibilização da água para múltiplas finalidades”, sustenta. manutenção de estradas é de cerca de 45 biliões de meticais por ano, sendo que 12 bilhões são destinados para a conservação e os restantes 33 bilhões para reabilitação, asfaltagem e construção de pontes. “Este volume de investimento anual exerce um esforço financeiro insustentável para o Estado”, revelou o ministro, referindo que o subsector de estradas irá colocar, numa primeira fase, à disposição dos interessados, por concurso público, a gestão de determinados troços, para que, com base na comparticipação dos utentes, se possa garantir a sua sustentabilidade. “Referimo-nos às estradas: Circular de Maputo, Ponte Maputo-Katembe e as respectivas estradas de ligação, Matola-Boane-Namaacha, Marracuene- -Xai-Xai, Beira-Machipanda e Nampula-Namialo-Nacala”, sustentou. Governo aprovou, recentemente, o Plano Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos, um instrumento que foi elaborado tendo em conta a radiografia feita aos recursos hídricos e a sua demanda presente e futura. o segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 8 opiniÃo arecendo que não, mas é bem ridículo o que está a acontecer com alguns governantes, simultaneamente membros do partido no poder, meu partido também, que agem como se estivessem tontos, na sua relação com o povo, que contrasta a razão do sacrifício dos jovens de 25 de Setembro, que colocaram suas vidas ao serviço da libertação do povo da exploração, da humilhação, da discriminação, do tribalismo e do regionalismo, fomentados pelo governo colonial português. Ridículo é, porque custa acreditar no que nos chega aos ouvidos ou aos olhos, praticado por alguns dirigentes deste país, que, em princípio, deviam defender o povo, que é o centro das atenções do partido no poder, que, na minha opinião, devia ser objecto de preocupação, visando encontrar soluções de defesa e satisfação das necessidades prementes dos cidadãos, nos seus actos governativos. Tudo indica que alguns governantes têm propósitos de fazer o reinado da Frelimo terminar com o fim dos seus mandatos, tomando em consideração os prejuízos acumulados a desfavor do pacato cidadão, cuja expectativa é ser bem ou humanamente governado. Tudo fazem para prejudicar o mais carente cidadão e com objectivo de embirrá-lo e levá-lo a direccionar o seu voto a alheios, como nos últimos dias, o tom de voz tem o dito, que é para sentenciar os governantes à boca da urna. Ouvimos e vimos isso em Boquiço, no Nwakakana e em outros sítios, que embora se estivesse perante projectos de impacto social para as comunidades locais, estas foram bem manipuladas, a ponto de considerarem as eleições como o momento oportuno para sentenciar ou até mesmo punir o governo municipal, inviabilizando o desenvolvimento local e nacional. Nos últimos dias, tem sido notável a tentativa de se pôr em causa os planos de desenvolvimento nacional, sob pretexto de que os promotores seriam punidos nas urnas. Infelizmente, os promotores desse discurso foram sentenciados e bem nas urnas, sinal de que não devem brincar com a vontade do povo. Nos dias de hoje, é da mínima falha que se perde a confiança, o prestígio, a honra, construídos com muito sacrifício, por muitos e longos anos, para além de que custou sangue dos melhores filhos desta pátria amada, filhos que em nenhum dia tiveram o condão de serem governantes de alguma aldeia, e os que o são o fazem com alguma irresponsabilidade, como se de actividade lúdica se tratasse, proferindo discursos jocosos para o povo, como se não mais precisassem dele. Na Função Pública, fundamentalmente na província de Maputo, já lá se vão 8 anos que se ignora o direito de um número bem maior de funcionários, o direito de ascensão à carreira de especialista, em todos os sectores do aparelho do Estado, alegadamente porque não há orientação para o efeito. Mas que orientação, fora da resolução 18/2010, que cria qualificadores profissionais para a carreira de especialista, bem como o conteúdo de trabalho, requisitos para o ingresso e requisitos para promoção, meus senhores? É uma atitude de má-fé dos nossos dirigentes na província de Maputo. Já imaginaram quantos funcionários ficaram prejudicados e que retaliação em prejuízo do partido, e pode ocorrer em futuros actos eleitorais, devido ao vosso comportamento? Apesar das difíceis condições económicas por que o país passa, o Governo central disponibilizou fundos para efeitos de promoções e progressões a vários níveis, e o Governo da Província de Maputo apenas ignorou, em prejuízo de centenas de cidadãos que se dedicaram aos estudos para melhorarem as suas condições profissionais e salariais. A resolução em alusão existe há 8 anos e noutras províncias tem havido concursos com regularidade, mas na província de Maputo nunca, porque não planificam. Uma das escolas planificou o quadro de pessoal a beneficiar- -se de promoções e progressões, porém o serviço distrital ignorou, em prejuízo de professores inocentes, alguns dos quais já vão à reforma desgraçados, por culpa de quem devia ter feito tudo para defender os seus direitos. Quem devia ter planificado é o funcionário ou os responsáveis? A desorganização dos chefes deve se reflectir em prejuízo dos subordinados? Deve haver mudança de atitudes por parte dos nossos chefes, para com o serviço por parte dos nossos chefes, não devem planificar desorganizar e prejudicar as vidas de funcionários, porque eles não possuem certo nível para alcançar uma determinada classe salarial. As brincadeiras de mau gosto de chefes repercutem-se em actos relevantes para inocentes. P Ignorância propositada prejudica inocentes D&F malwandla Fernando Benzabe O lar (1) D&F oficina de ética Mateus Licusse | mlicusse@gmail.com a sociedade moçambicana, o lar é tido como sendo a fixação residencial da mulher no domicílio do namorado ou marido, após a sua apresentação na casa dos pais dela. Este éo conceito tradicional do lar. Não pode, contudo, ser visto apenas nessa vertente, feminizando o lar (conjugal), já que este engloba a comunhão plena de vida entre o homem e a mulher, com o propósito de constituir família. Como se sabe, para esta mulher ir ao lar, há pré-requisitos e formalidades antropologicamente estabelecidos para o efeito, isto é, o namorado tem de se ir apresentar à família dela, para que seja conhecido como genro. O lar dignifica a mulher na sociedade, pois quem não está lá é vista como sendo de má sorte, mulher sem planos na vida, imatura e, por vezes, duvidosa. Mas há quem não está no lar porque ainda se está apreparar, ou porque já esteve e não deu certo; em casos mais controversos, as mulheres que não conseguem ir ao lar é porque alguém próximo recorreu à magia negra para tal. Hoje, muitos lares transformaram-se em palcos de pugilismo, campos de guerra, assassinatos, inveja, ódio, traições, mentiras, ignorância e até feitiçaria. Embora existam lares de cobiçar, infelizmente, a maioria tornou-se num problema social. Muitos lares na actualidade passaram de doces a amargos, devido ao nível de desestruturação que apresentam; vive-se de aparências, fingindo-se que está tudo bem, quando, no fim do dia, assiste-se ao combate de pugilismo entre casais. Não é por acaso que Lizha James pediu à mãe para devolver o lobolo, por não suportar o sofrimento, isso na música "Mamã", mas a mãe aconselha Lizha a suportar isso, pois no lar há momentos bons e maus, a filha deve segurar este lar. Já, Marlene demonstra que é forte e segura o lar com amor e carinho, independentemente das bofetadas e "chapadas", tem que se segurar o marido, aliás, o lar, "ukati". Tem que se segurar o marido da Anita, cujas calças não estão bem apertadas, na música "Ugueleguele" ou simplesmente "amantismo". A Isabela e Sisi são malandras porque "roubaram" os maridos da Tima e mana Zaida respectivamente, destruindo seus lares. Os lares da actualidade estão desestruturados, de tal forma que se chegou a criar leis contra a violência contra a mulher e a criança. Mas também o homem não deve ser excluído, pois também sofre sevícias conjugais. Na altura, nos campos de batalha entre casais, as armas de guerra eram as mãos, os cintos, a água fervida. Hoje, o número de instrumentos de combate aumentou (óleo, facas, catanas e até armas de fogo). E com a emancipação da mulher, este género passou a ganhar mais pujança para enfrentar o marido. Os lares transformaram-se em centros de desconfiança, onde os bens materiais estão no centro das atenções, a fofoca, a desinformação, que resultam em números astronómicos de divórcios, causados do mesmo modo, por desvalorização do verdadeiro sentido do amor e do casamento; alguns se casam somente para demonstrar que o podem fazer num Range Rover, Hummer ou limusina, mas, no fundo, o amor não existe, não há nada. Isso não é lar, não é casamento, não confere prestígio, mas sim é perca de tempo, embora os problemas façam parte da vida. Muitos casais, sobretudo jovens, passam a vida a deambular de relacionamentos em relacionamentos, pois não tomam a assunto lar a sério, alimentam-se de coisas mesquinhas, querem juntar o lar com tchilling, o que não combina: ou casa ou brinca. No lar não é para se "andar" de saias curtas em frente aos sogros; lar é para ficar de capulana e lenço, acordar às 4:00 horas da madrugada, fazer limpeza, preparar o marido, que vai ao serviço. Mas no lar moderno de hoje, a mulher nada faz senão passar a vida a limar unhas de gel, cuidar de extensões e facebooks, a empregada fará tudo para ela que é patroa. n segunda-feira 9 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos opiniÃo EUA ou China? D&F comunicanto Helmano Nhatitima os últimos meses circulam informações dando conta que a China está aos poucos a comprar a África, e o tom de voz nas redes sociais tende a subir. A pergunta que eu faço, para início de discussão é: Se você estivesse no poder escolheria cooperar com quem entre EUA e China? Decisão difícil, porque em ambos os lados você tem a perder, caso escolha o lado oposto. O certo é que estamos perante uma nova ordem mundial. Contextualizando, logo após ao término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, vimos uma Europa que vivia nas “tetas” dos EUA. Mais atrás, a América acabou sofrendo consequências drásticas por conta desse paternalismo junto da Europa, com a crise de superprodução da década 20, visto que os EUA passaram a produzir para o consumo interno e para aliviar o sofrimento na Europa, o que acontece é que quando a Europa se restabeleceu, a América, que produzia para o seu mercado e o mercado europeu, entrou em crise de superprodução, porque já não tinha aonde alocar aqueles produtos, visto que a Europa se recuperou. Foi um período em que produtos de primeira necessidade, com ênfase para o tomate, batata, etc. foram jogados ao mar. Mas porque o epicentro das duas primeiras guerras mundiais era a Alemanha de Adolfo Hitler, é este que acabou sendo o grande perdedor ao fim da Segunda Guerra Mundial, o assunto ficou no ocidente. Assistimos um pouco depois do término desta guerra, aquela que o mundo apelidou de “guerra fria", em que o mundo se dividiu em dois blocos, socialista e capitalista. Quem eram as caras dessa guerra? EUA e URSS e a mesma tinha reflexo na Alemanha, que acabou dividida em dois, uma parte socialista e outra capitalista, sendo que esta guerra só terminou com a queda do Muro de Berlim, em 1989, como consequência da queda da URSS. Portanto, durante quase meio século, o mundo esteve dividido entre os EUA e a Rússia. Muitas vezes, a guerra tem motivos que nós desconhecemos e um deles é motivo económico e, como vimos atrás, os EUA entraram na primeira e segunda guerra mundiais por motivos meramente económicos. Mas com a capitulação do socialismo, os EUA ficaram aparentemente numa dança a solo, eis que a partir da década 90 surge a figura do oriente. Os EUA financiaram a queda de alguns regimes orientais entre os quais Afeganistão, Iraque, com intuito de tirarem dividendos económicos, principalmente no petróleo, e venda de armas, que são o forte dos americanos. Estava instalada a nova ordem mundial entre os EUA e os seus aliados (NATO) vs Oriente. Se antes a URSS era a tal rival do americano e aquela que estes temiam, devido ao seu poderio militar, e com razão, pois as grandes guerras mundiais, desde a guerra movida por Napoleão até à Segunda Guerra Mundial terminaram na Rússia. Já neste período novo, a China ganha protagonismo e passa a ser a cara do oriente, ainda que a Rússia tenha passado a ser o factor equilibrador ou desequilibrador, se assim quisermos. O mundo descobriu a China e a China descobriu o mundo. Os chineses subtilmente foram penetrando em África , continente onde Deus concentrou muitos recursos minerais (malditos), que não têm beneficiado aos países africanos. Não é mentira que as grandes guerras que temos no nosso continente derivam do que temos no nosso solo. Foi só Moçambique anunciar publicamente que tinha gás e petróleo que nunca mais tivemos paz, até uma guerra islâmica estranha, que curiosamente só é movida nas regiões onde estão concentradas grandes quantidades destes produtos, estamos a assistir no nosso solo. De uma coisa tenho a certeza, a China não tem nada haver com aquilo, quanto aos americanos já não posso dizer o mesmo. Os EUA nunca deixaram de ter os seus aliados naturais, que são os países europeus e as suas organizações, já a China veio se organizando sem ninguém se aperceber, e quando se deram conta, ela já era uma das maiores economias mundiais e já estava em todo o mundo. Enquanto os EUA se faziam presente em África através das organizações que eles controlam, como o Banco Mundial e o FMI, a China foi se introduzindo em África sorrateiramente e de forma inteligente, vejam que hoje o comércio local, que era controlado por indivíduos de proveniência indiana, paquistanesa ou muçulmana, se assim quisermos, hoje está a ser dominado por chineses. O Mukhero hoje já não é feito só na África do Sul e Swazilândia, os mukheristas hoje, vão “guevar" na China, é de lá onde vem todo tipo de produtos que existem no nosso mercado, com ou sem qualidade. Enquanto os EUA emprestam dinheiro e depois ditam como é que aquele país deve se comportar e agir, já a China empresta dinheiro e não interfere na política interna do país em causa. No caso de Moçambique, estamos formalmente no FMI desde 1984 e efetivamente com o Programa de Reabilitação Económica (PRE), em 1987. Tal como outros países africanos, Moçambique tem sido um bom “pagador" estes anos todos de relacionamento com estas instituições. Na verdade África vem sendo a “galinha de ovos de ouro" do Ocidente. Terminou a colonização, mas veio o neocolonialismo onde o ocidente vem agindo como verdadeiros predadores. Vale ainda lembrar que em termos de riquezas naturais, África é um continente muito abençoado ao contrário da Europa e América. A estratégia do ocidente é endividar o continente para depois tirarem dividendos. A china faz ao contrário, dá dinheiro mas leva algo em troca, na hora, mas não impõe nada e nem põe pessoas a se matar. Está claro que para os EUA e os seus aliados , se não estás com eles, estás contra eles e viras o mau da fita, foi assim com Saddam Hussein, Khadafi, e até em Moçambique. Estamos a pagar a fatura de termos ousado fazer parcerias com o oriente, num momento que se sabe que o país tem riquezas. Quanta ousadia dos pretinhos, os ocidentais não perdoam isso e hoje estamos desacreditados e divididos até as unhas. Os chineses dizimaram a nossa floresta e é assim em toda África, mas isso só aconteceu porque nós permitimos, assim que quisemos parar com este genocídio florestal,nós paramos e bem haja a operação tronco e a ação enérgica do Ministro Celso Correia e sua equipa. E os americanos, será que eles dão a chance a um país como Moçambique de lhes dizer não, ou lhes mandar ir para p… que lhes pariu? Nunca. Logo, se há um vilão aqui, de certeza que não é a China, mas sim aquele que está em todos grandes eventos mundiais negativos, claro, desde as primeiras guerras mundiais, guerra fria, desestabilização no oriente e África. Esses são os EUA e os seus aliados. N Publicidade Anuncie e Publicite DOSSIERS FA seus serviços aqui. CTOS & Telf: 21 72 09 42 | Celular: 82 4753360 | Email: factosverdades@yahoo.com segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 10 Percebendo por que estamos como estamos (Epílogo) D&F EMBONDEIRO Alipio Mauro Jeque | alipiomauro@gmail.com opiniÃo m Junho de 1975, o país proclamava solenemente a Independência total e completa, sob comando do Marechal Samora Moisés Machel, que foi conduzido pela Frelimo, onde também era presidente, para Presidente da República Popular de Moçambique, que também era socialista, marcando assim o nascimento da primeira república. A República Popular de Moçambique foi fruto de uma união controversa entre os moçambicanos, que comungavam entre si visões diferentes e outros até sem uma visão clara do que pretendiam, ou do que seria do país depois da Independência. Eram sobretudo guiados pelo desejo de libertar o povo dos cerca de cinco séculos de colonização. Antes da Independência, o governo colonial português teria criado as bases para futuras divisões entre os moçambicanos, quando em Setembro de 1974, na vizinha república zambiana, considerou somente a Frelimo como legítimo representante do povo moçambicano, desprezando quaisquer outras forças políticas que existiam, o que pode ser visto como uma estratégia de dividir para posteriormente obter ganhos da discórdia. Teria sido em Setembro de 1974 a antecâmara do que sucederia depois da transição, e, de facto, as cisões viriam mesmo a despoletar pouco depois da proclamação da Independência. Em Junho do ano seguinte, nascia uma nova nação, com um futuro promissor e com as condições necessárias para prosperar em todos os níveis, e esta carregara o epíteto de "Pérola do Índico". Aquando da Independência, apresentava uma estrutura económica robusta, herdada do anterior regime, e era considerada uma das maiores de África, avaliando pela sua competitividade e industrialização. Contudo, a mão-de-obra moçambicana era incapaz de promover o desenvolvimento da jovem nação, principalmente naquela época, e o "know-how" estava com os portugueses. Para o governo colonial, a agricultura era base da sua economia, e tal não mudou para o Governo moçambicano, principalmente a nível discursivo, que olhava esta como sendo a base para o desenvolvimento, embora pouco de concreto fizesse, e mais do que isso, imbuído de espírito nacionalista selvagem, após a Independência, o novo Governo optara por uma medida radical denominada "nacionalizações", que consistiu na expropriação da terra e meios de produção das mãos dos colonos, obrigando-os abandonarem o país em debandada, um ano após a Independência. Esta atitude encontrou de surpresa parte dos colonos, que viam Moçambique como sua primeira casa, pois nasceram aqui e seus progenitores nem se quer conheciam a metrópole, mas o novo regime estava disposto a devolver a terra aos reais donos, custasse o que custasse na prática. Estes colonos, antes de partir, estragaram de forma deliberada as máquinas, sabotaram infra-estruturas, equipamentos agrícolas, queimaram veículos agrícolas, sabotaram a produção no máximo que podiam. A economia foi afectada negativamente, com várias indústrias paralisadas, e a agricultura foi severamente afectada, e seguiram-se, de facto, anos de muita turbulência e de incertezas. Todavia, como os males quase sempre não vêm isolados, veio, por conseguinte, a guerra para destruir o que tinha sobrado da fúria do colono. Só tínhamos dois anos de independência, quando o país foi chamado novamente às armas, e se viu mergulhado numa guerra brutal, incitada inicialmente pelo Sr. Ian Smith e o famigerado regime segregacionista do Apartheid. A guerra cresceu ao mesmo ritmo que a miséria, que ia fazendo o seu papel num sistema sem perspectivas, quer a nível económico, quer a nível social. O apoio dos países do bloco socialista estava condicionado, principalmente com a Guerra Fria, que se encontrava no seu auge no início da década de 1980, o que tornava insuportável o apoio destes países aos mais pobres. A nível interno, Machel negou veementemente negociar um acordo de paz com aquele grupo, ao qual chamava de "bandidos armados", e apesar de considerar a guerra como único meio de se chegar a paz, até à data de sua morte, em Outubro de 1986, estava longe de conter a mesma, que até já espreitava as grandes cidades, semeando o caos. A guerra só terminaria 16 anos depois, e renascia, desta feita, a segunda república, a República de Moçambique. O socialismo deu lugar, nos finais da década de 1980, ao capitalismo, que teria conseguido se impor na guerra fria, e se esforçava em expandir as suas zonas de influência pelo mundo, o que implicou uma reconfiguração do mapa geopolítico mundial. A guerra cedeu à paz. A república democrática justificaria o sangue derramado pelas matas desta pérola vizinha do Índico, mas a dor de quem perdera tudo prevalecerá por todo o sempre. Houve festa, esperança, mas as feridas viriam a levar seu tempo a cicatrizar, pois nunca fora verdadeiro o perdão, e as acusações e desconfianças mútuas prevalecem até hoje. Entretanto, a política moçambicana está assente sobre bases alicerçadas pelo conflito civil, o que reduz o debate na esfera pública a dois partidos, e a Frelimo vai conseguindo manter sua hegemonia e vai dominando os espaços políticos abertos. É, de facto, complicado descrever onde estamos com exactidão, e a certeza é que estamos no presente, cheio de desafios, e cuja guerra (embora não se fale acerca dela) é de reduzir a desconfiança entre irmãos, cujas ideologias tendem a afastá-los. E Publicidade Anuncie e Publicite DOSSIERS FA seus serviços aqui. CTOS & Telf: 21 72 09 42 | Celular: 82 4753360 | Email: factosverdades@yahoo.com Para o governo colonial, a agricultura era base da sua economia, e “ tal não mudou para o Governo moçambicano, principalmente a nível discursivo, que olhava esta como sendo a base para o desenvolvimento, embora pouco de concreto fizesse, e mais do que isso, imbuído de espírito nacionalista selvagem, após a Independência, o novo Governo optara por uma medida radical denominada "nacionalizações". segunda-feira 11 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos sociedade Que dignidade o professor vai ter na sua comunidade, se este, para sustentar a “ sua família, tem de andar de barraca em barraca pedindo emprestado produtos de primeira necessidade, para poder sobreviver? "Qualidade não se faz com centavos" PROFESSORES ZANGADOS EM GAZA Eng.º Aspirina, em Gaza D&F Este é o pronunciamento de alguns professores de diferentes subsistemas de ensino, na província de Gaza, sul do país, falando ao nosso Jornal, por ocasião do 12 de Outubro, Dia da Organização Nacional do Professor (ONP), assinalado recentemente. No âmbito desta data, a equipa de reportagem do nosso Jornal abordou alguns professores em serviço na cidade de Xai-Xai, com o intuito de ouvi-los sobre os desafios que enfrentam no exercício desta nobre profissão. Os nossos entrevistados, embora reconheçam algumas melhorias, são unânimes em afirmar que ainda há um longo caminho por galgar para se chegar a uma plena satisfação da classe docente. Além dos atrasos recorrentes dos seus ordenados e deficiente pagamento de horas extraordinárias, os homens de quadro e giz queixam-se pelo facto de alguns actos administrativos, nomeadamente as mudanças de carreira e progressões andarem a passo de camaleão e não acontecerem de forma regular. A falta de implementação, Na óptica de Muianga, a situação deplorável que os professores vivem actualmente não se deve essencialmente à crise económica que o país enfrenta, mas sim à falta daquilo que chama de vontade de fazer as coisas acontecerem, por parte de quem é de direito. Para defender a sua tese, o nosso interlocutor afirma que há países que dispõem de poucos recursos, como o caso do Botswana, Swazilândia e Cabo Verde, onde não se fala de gás natural nem de carvão mineral, mas que os seus governos acarinham a classe docente, por reconhecer a sua importância. "Por exemplo, aqui perto, na por parte do Governo, de alguns dos seus direitos constantes do Estatuto Geral do Professor, tais como o direito ao subsídio de risco pela inalação do pó de giz, por exemplo, e a assistência médica e medicamentosa são aspectos que, com muito desagrado, os nossos interlocutores também fazem menção. De acordo com os nossos entrevistados, a ausência de melhores condições de trabalho, tais como o elevado número de alunos nas salas de aulas, a falta de laboratórios e bibliotecas devidamente equipados e materiais informáticos nos estabelecimentos de ensino constitui outro nó de estrangulamento, que, no seu entender, dificulta o processo de ensino e aprendizagem. Swazilândia (para não falar da África do Sul), quando um professor assina um contrato de trabalho com a Educação, não lhe é dado apenas a bata e o caderno de planificação, como acontece cá connosco. Naquele país, logo no acto da assinatura do contrato de trabalho, colocam-se à disposição do professor uma série de facilidades, tais como facilidades de compra ou construção de sua habitação e aquisição de um meio de transporte, bens estes pelos quais vai sendo gradualmente descontado no seu próprio salário, sem, contudo, sentir os efeitos do desconto", diz a nossa fonte. Nelson Muianga foi um dos professores que falou ao nosso Jornal. Licenciado em Ensino de Língua Portuguesa, este professor afirma que os professores "É por isso que nesses países o ensino tem estado a atingir altos padrões de qualidade do que cá em Moçambique, onde o professor só para receber uma bata e um simples caderno de planificação das aulas é uma dor de cabeça", acrescenta. Muianga aponta um outro erro que as autoridades governamentais cometem no país, que se prende com o desenho de modelos curriculares sem envolver os professores, que são os verdadeiros fazedores do processo de ensino e aprendizagem. O que, na verdade, ocorre é que o professor só executa e não participa da concepção dos moconstituem a classe mais marginalizada no país, o que, segundo ele, faz com que alguns docentes andem pouco motivados e não tenham bom desempenho nos seus locais de trabalho. Nas suas palavras, há tendências de quase tudo o que é mau neste país imputar-se ao professor, quando se fala de corrupção, invoca-se o professor. Quando se fala do assédio sexual, é o professor quem fica na ponta da língua, quando alguém entende falar do alcoolismo, é o professor quem é tomado como exemplo, em nedelos de ensino, o que faz com que o que se aprende, algumas vezes, não esteja dentro do nosso contexto. “Portanto, é preciso envolver o professor no processo de concepção de currículos e políticas educacionais”, conclui. Por seu turno, Vivaldo Bila, professor do ensino primário, em Xai-xai, afirma que a carreira docente é bastante nobre em qualquer que seja a sociedade, particularmente em Moçambique, onde o sucesso da batalha pela erradicação do analfabetismo depende única e exclusivamente do professor. De acordo com o nosso interlocutor, os professores têm esnhum momento se fala de profissionais de outras áreas, que até cometem grandes asneiras neste país. Para Muianga, não é possível que um professor seja respeitado pela sociedade, se o próprio Governo que o contrata for o primeiro a marginalizá-lo. “Que dignidade o professor vai ter na sua comunidade, se este, para sustentar a sua família, tem de andar de barraca em barraca pedindo emprestado produtos de primeira necessidade, para poder sobreviver? Quem pode respeitar ao professor, se é este professor que todos dias ombreia com os seus alunos para apanhar o chapa-100?", questiona, para logo acrescentar: "praticamente o professor está entre a espada e a baioneta". Instado a pronunciar-se sobre as condições concretas que deviam ser providenciadas para que o professor se sentisse valorizado, o nosso interlocutor respondeu: "Senhor jornalista, propala-se que o professor é o espelho da sociedade. Se realmente é isso, então, não é digno que ele habite numa cabana, nem é dignificante que ele se empurre com os seus próprios alunos nas paragens para apanhar o transporte público. Para que isso não aconteça, é necessário que o Governo muna o professor de condições que lhe permitam viver uma vida minimamente estável, como, por exemplo, criando-lhe facilidades na construção de uma habitação condigna, aquisição de um meio de transporte e atribuição de um salário que não lhe obrigue a ter que apertar o cinto até rebentar-se". tado a dar um grande contributo para o desenvolvimento do país, mas imensas são as dificuldades que esses enfrentam no exercício da sua profissão, sobretudo no que tange à componente salarial, que ainda continua deveras insipiente. Para Vivaldo Bila, a sindicalização da Organização Nacional do Professor (ONP), embora não seja sinónimo de solução automática dos problemas do professor, constitui um passo importante para que aquelas lamentações da classe docente sejam ouvidas, devidamente encaminhadas e atendidas pelo Governo. nquanto os professores continuarem mal remunerados e excluídos em momentos de tomada de grandes decisões sobre as políticas e reformas curriculares, os objectivos de um ensino de boa qualidade que sempre se almejam dificilmente serão atingidos no país. E “O professor só recebe uma bata e um caderno de planificação” segunda-feira 29 de Outubro de 2018 12 Dossiers & Factos pano de fundo Muita produção e produtividade A RECEITA PARA O FIM DA FOME D&F Maidone Capamba Em condições normais, a campanha agrícola tem início em Outubro, mas, de alguns anos para cá, o calendário tem sido alterado, devido a mudanças climáticas que condicionam a queda das chuvas. De um modo geral, o balanço semestral do Plano Económico e Social do Governo, disponibilizado pelo Ministério da Economia e Finanças, avalia positivamente a campanha agrícola anterior (2017/2018). Refere que as colheitas da primeira época são boas, pese embora, na região sul, parte delas se terem perdido, devido à irregularidade da chuva e a temperaturas altas registadas nos meses de Outubro e Novembro de 2017. Contudo, as estimativas indicam que haverá crescimento entre quatro e dezassete por cento As pragas e doenças, nomeadamente a lagarta do funil, traça do tomateiro, vírus do tomateiro e rato do campo afectaram a produção em cerca de 7404.2 hectares na província de Maputo. Entretanto, o antigo ministro da Agricultura, José Pacheco, falando na localidade de Matchabe, no distrito de Magude, para onde se deslocou para orientar a abertura oficial da campanha agrária na província de Maputo, perspectivou alguma melhoria de produção, indicando que o na produção de culturas alimentares, cereais, leguminosas, raízes e tubérculos, relativamente ao igual período de 2017. Para as culturas de rendimento, o balanço semestral aponta para crescimentos na ordem de dezasseis por cento para oleaginosas e dez para regime pluviométrico dos meses de Janeiro, Fevereiro e Março deverá satisfazer as necessidades hídricas das culturas e do abeberamento dos animais. Pacheco apelou aos agricultores e ou produtores daquela região da província de Maputo no sentido de iniciarem as sementeiras tardiamente, para coincidirem com o período de abundância de chuvas. Ainda apelou para adoptarem práticas agrícolas sustentáveis, como a preservação dos hortícolas. Os indicadores para produtos específicos são optimistas para o algodão (53%), mas prevêem quebras para a banana, um dos produtos de bandeira na província de Maputo e Nampula Nas cerimónias centrais da abertura da Campanha Agrária recursos naturais, a terra e a água, evitar as queimadas descontroladas, uso de semente de ciclo curto, tendo em vista a necessidade de maximização dos recursos hídricos, entre outras práticas, em prol de uma agricultura saudável. "Devemos aproveitar o potencial de irrigação para a redução de dependência em relação à chuva, ao mesmo tempo que aumentamos o período de produção para o ano todo, onde for possível", sublinhou. 2018/2019, no dia 27, no distrito de Balama, na província de Cabo Delgado, o Chefe do Estado, Filipe Nyusi, destacou a importância da produção agrícola para a redução da fome, tendo garantido que a insegurança alimentar reduziu de 50 para 24 por cento, "vamos concentrar as nossas atenções e sinergias para evitar que haja fome em Moçambique". De acordo com os dados avançados pelo Chefe do Estado, o desempenho do sector agrário na produção dos alimentos melhorou substancialmente, concorrendo para a redução dos níveis de insegurança alimentar, uma situação climática cada vez mais adversa, entre chuvas irregulares e aumento de pragas, o Governo continua a incentivar os agricultores ao engajamento no aumento da produção e produtividade. O alento foi dado a nível nacional, por ocasião da abertura oficial da Campanha Agrária 2018/19, pelo Presidente da República, exortando Cabo Delgado ao trabalho. Assim, em todas as províncias do país, foram realizadas cerimónias oficiais marcando o facto, com uma mensagem optimista do Governo, relativamente à expectativa de crescimento agrícola. N Província de Maputo reergue-se segunda-feira 13 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos pano de fundo Muita produção e produtividade CENOE garante prontidão para fazer face à época chuvosa A RECEITA PARA O FIM DA FOME de um milhão e quatrocentas mil pessoas, em 2016, para 531 mil pessoas em Agosto de 2018. O milho, hortícolas e mandioca são as culturas que mais contribuíram para o aumento da produção, avançou. Na mesma ocasião adiantou Por sua vez, o governador da província de Maputo, Raimundo Diomba, disse que a província de Maputo é auto- -suficiente na produção de tomate, repolho, feijão-verde, batata-doce e mandioca. A província de Maputo perdeu cerca de 10 mil hectares, devido à ocorrência de situações adversas à produção agrária, nomeadamente alagamentos de alguns campos com culturas, nas zonas baixas, vagas de calor e ataque de pragas e doenças, com destaque para a lagarta do funil do milho, que afectou cerca de quatro mil hectares de campos de milho, afecque o país vai iniciar o processamento de enormes quantidades de mandioca para a produção de pão, com recursos a tecnologias modernas. Por sua vez, o ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, Higino de Marrule, tando milhares de famílias. Mas conseguiu, na campanha agrária anterior, produzir cerca de 615 mil toneladas de hortícolas, de acordo com o governador provincial Raimundo Diomba, que apontou um crescimento correspondente a quatro por cento. "Produzimos ainda quatro mil toneladas de carne bovina, 45 mil toneladas de frango, quatro milhões de dúzias de ovos, 220 mil toneladas de banana, dois milhões de toneladas de cana-de-açúcar". O governador assegurou que a presente campanha deverá crescer em cerca de 12.5% na produção total de diversas culturas, incentivando a produapontou as mudanças climáticas na alteração do calendário agrícola. Explicou que a maior parte das culturas dependem exclusivamente das chuvas e, para contrariar a situação, defende a aposta no uso dos sistemas de previsão meteorológica. ção dos produtos de carácter obrigatório. Espera-se produzir na província de Maputo, perto de quatro mil toneladas de cereais e hortícolas numa área de 328 mil hectares.Os agricultores pedem a melhoria das vias de acesso para escoar os excedentes agrícolas, assim como a facilidade de acesso aos insumos agrícolas. De salientar que a campanha agrária visa promover o papel do sector Agrário no desenvolvimento socioeconómico do país. Esta campanha decorre sob o lema “Moçambique no aumento da produção e da produtividade rumo à fome zero”. O Instituto Nacional de Meteorologia prevê, para a referida época, chuvas em todo o território nacional, com tendência diluviana para as províncias do norte do país, nas províncias do Niassa, Cabo Delgado, Nampula e os distritos do norte da província da Zambézia, enquanto para zonas centro e sul está prevista a ocorrência de chuvas normais. Portanto, grande parte da província de Tete, no sul do Zambeze, e nas províncias de Manica, Sofala, Inhambane, Gaza e Maputo, a ocorrência de chuvas será menor. Numa apresentação da previsão hidrológica sazonal, na sequência do plano de contingência já aprovado, o representante do Instituto Nacional dos Recursos Hídricos, Agostinho Vilanculos, informou que o período de Outubro, Novembro e Dezembro de 2018 não vai ser de cheias. Devido à alta ocorrência de cheias nas bacias de algumas regiões do país, de onde resulta que os rios transbordem, a Direcção Nacional de Recursos Hídricos planificou níveis de armazenamento para as regiões sul, centro e norte do país. Agostinho destacou que: ”a Barragem de Nampula, Nacala, que vai ter um enchimento de até cem por cento de armazenamento, mas na região sul, o rio Umbeluzi, onde está localizada a Barragem dos Pequenos Libombos, a expectativa é de trinta por cento do nível de armazenamento”. Por essa razão, o Governo garante que vai continuar a operar com restrições, com descargas de apenas 2.5 metros cúbicos por segundo. Oitenta por cento deste volume de água e para as cidades de Maputo e da Matola e vila de Boene. “Prevê-se a ocorrência de ventos fortes e inundações nas cidades e vilas. De acordo com as nossas estimativas, o fenómeno poderá afectar 870 mil pessoas”, acrescentou o porta-voz do INGC, Paulo Tomás. Redacção m face da possibilidade de ocorrência de chuvas acima do normal, com possibilidades de cheias e inundações, a partir de finais deste ano e princípios do próximo, o Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), que engloba o Instituto Nacional de Meteorologia, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades e a Direcção Nacional de Recursos Hídricos, entre outras, garante estar a trabalhar com vista a pôr em prática um plano de contingência capaz de minorar os efeitos nocivos da calamidade que se avizinha. E Lagarta do funil do milho continua calcanhar de Aquiles segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 14 SOCIEDADE Mais de 200 salas de aulas continuam destruídas DOIS ANOS DEPOIS DO VENDAVAL A informação foi revelada ao Dossiers & Factos, recentemente, pelo porta-voz da Direcção Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano da Província de Maputo, Silvestre Dava, que garante que o Governo provincial está a envidar esforços no sentido de encontrar vias alternativas de financiamento para a recuperação das salas. Sem revelar quantos alunos encontram-se privados de assistir aulas em condições condignas na sequência daquele incidente, Dava afirmou que aquelas infra-estruturas não foram totalmente recuperadas, devido à falta de fundos. “É nosso desejo recuperar essas escolas e dar boas condições aos nossos alunos. As infra-estruturas ainda não foram totalmente reabilitadas. O nível de destruição foi acentuado e requer grandes investimentos, então, até este momento ainda não houve intervenção”, disse a fonte. A cobertura da Escola Primária Completa de ChibutuNum outro desenvolvimento, o porta-voz da Direcção Provincial da Educação de Maputo revelou que desde o arranque do processo de matrículas para os novos ingressos da 1.ª classe para o ano lectivo de 2019, há pouco mais de três semanas, foram matriculadas apenas 4 375 crianças, o que representa uma realização de 7.3 por cento, dados muito aquém da meta prevista de 59.801 novos ingressos da 1.ª classe, nas 479 escolas primárias da província de Maputo. Está a decorrer o processo de matrículas de novos ingressos da 1.ª classe para o ano lectivo de 2019 em todo o território natuine, ao longo da Estrada Nacional Número Um, à entrada da vila municipal da Manhiça, é o caso mais visível da destruição causada pelo vendaval de 2016, e que até ao momento ainda não teve nenhuma intervenção, fazendo com que centenas de alunos continuem a cional, que vai até 31 de Dezembro do corrente ano, entretanto, regista-se uma ligeira fraca afluência por parte dos pais e encarregados de educação, que, provavelmente, devem estar a deixar tudo para a última hora. “No que concerne à participação dos encarregados de educação no processo de matrículas, devo dizer que, nas primeiras semanas, estes andam longe das escolas. Mesmo com os apelos que são lançados, a presença dos encarregados tem sido muito fraca. A título de exemplo, volvidas estas duas semanas, temos um nível de realização na ordem de um 7.3 por estudar ao relento. “Aqui na Matola, estamos a falar do Instituto de Professores, que tem um pavilhão que está à espera de retoques, mas também temos casos de outras escolas ao cento. É muito pouco, tendo em conta aquilo que é a meta prevista”, sublinhou. Para além da fraca adesão, casos há de escolas em que, desde o arranque do processo de matrículas, ainda não receberam nenhum aluno sequer. Aliás, a informação sobre o número de crianças matriculadas é referente a 207 escolas, das 479 planificadas, o que significa que mais de 56 por cento das escolas ainda não receberam alunos. Segundo dados avançados pela Direcção Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano de Maputo, o distrito que ocupa o primeiro lugar em ternível da província, como é o caso da EPC de Chibutituine, na Manhiça, cujo tecto voou e espera pela intervenção”, disse Dava para depois acrescentar que, “de forma geral, podemos dizer que estamos à espera de intervenção”. mos de números de alunos matriculados é o distrito da Matola, que já matriculou perto de 1700, numa média de 27 287 planificados, Boane com 1223 novos alunos inscritos, de um total de 7020, enquanto os outros ainda não conseguiram inscrever mais de mil alunos. Entretanto, Silvestre Dava considera em que praticamente todos os anos têm se registado uma fraca afluência nas primeiras semanas, porque muitos pais e encarregados têm o hábito de deixar tudo para o último dia, pelo que acredita que ainda é possível alcançar-se as metas. Redacção assados pouco mais de dois anos após o vendaval que em Outubro de 2016 arrasou a província de Maputo, deixando, para além de mortos, centenas de casas e escolas total ou parcialmente destruídas, a Direcção Provincial da Educação de Maputo ainda não conseguiu recuperar grande parte das 236 salas de aulas que foram severamente afectadas. P O nível de destruição foi acentuado e requer grandes investimentos, “ então, até este momento ainda não houve intervenção. Fraca afluência marca primeiras semanas de matrículas segunda-feira 15 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos SOCIEDADE Há mais igrejas, entretanto, há mais criminalidade BARULHO NA RELIGIÃO MOÇAMBICANA É que, no entender daqueles líderes religiosos, com o surgimento de novas igrejas, no país, era expectável que a sociedade estivesse mais moralizada, tendo em conta que esta é a sua principal vocação, contudo, acontece o contráJá, o representante da Igreja Anglicana de Moçambique, Dom Adriano Matsinhe, defende que o Estado deve criar um instrumento de monitoria e avaliação periódicas, de modo a ter o controlo dos objectivos pelos quais certa igreja foi registada. O Estado deve adoptar formas de atribuir responsabilidade de controlo e acompanhamento do modus vivendi e evolução teológica de novas confissões religiosas em Moçambique. “Porque nós dizemos boas coisas quando queremos o registo, mas, na prática, fazemos coisas que não agradam a Deus, como por exemplo, prometer dar vida a Pastores acusados de praticar o mal e fazer falsas promessas rio, pois algumas seitas fomentam doutrinas que chegam a complicar a situação da ordem e segurança públicas, minando o que é o mais belo e precioso, a “paz”. uma pessoa morta”, criticou Dom Adriano Matsinhe. Segundo Dom Matsinhe, há confissões religiosas que não deviam ser permitidas, pois chegam até a violar os valores culturais do povo moçambicano. “Replicam agendas de fora do país e esquecem-se da agenda e do contexto nacional. Imagine, eu, anglicano, a rezar como se estivesse na Inglaterra, de onde provém a minha igreja, esquecendo-me que estou em Moçambique, e sentir-me obrigado a esquecer a minha língua materna e o meu sotaque português”, disse. Para explicar o papel das confissões religiosas, Dom Adriano Em representação da Igreja Católica de Moçambique em Inhambane, o Padre Jeremias dos Santos criticou o que chama de falsos pastores, que usam a palaMatsinhe recorreu ao artigo 12.º da Constituição da República, que fala sobre a laicidade do Estado, que passamos a citar: “a laicidade do Estado assenta na separação entre o Estado e as confissões religiosas, ou seja, as confissões religiosas são livres na sua organização e no exercício das suas funções e de culto e devem se conformar com as leis do Estado, não devem desempenhar as funções do Estado, mas também o Estado não pode impor ordens às igrejas, deve existir a separação de poderes e que não pode significar oposição e conflito entre o Estado e as igrejas”, fim da citação. “O Estado reconhece e valorivra de Deus para praticar o mal, fazendo falsas promessas aos seus crentes, facto que denigre a imagem da religião. “Quando as confissões religioza o papel das confissões religiosas, visando promover um clima de entendimento, paz e bem-estar social e económico dos cidadãos. O Estado e as confissões religiosas têm uma ampla oportunidade de poderem desenvolver parcerias efectivas, olhando para os objectivos da agenda do povo moçambicano, que é a paz, estabilidade e progresso, e o Estado deve desempenhar o papel de regulador e as confissões religiosas devem cumprir as leis”, explicou Por essa razão, no seu entender, o Estado e as confissões religiosas devem concordar e criar um mecanismo de controlo e avaliação do processo de registo até O caso remota desde o ano 2016 quando o empresário foi sequestrado por homens supostamente ligados às FDS por financiar os homens armados da Renamo que na altura protagonizavam ataques armados as populações e saqueavam os seus bens. No entanto, o empresário português operava no ramo agrícola e sas aumentam numa determinada região, no sentido positivo, o que se pode dar? Um: temos uma maior oferta e respostas aos anseios profundos das pessoas; dois: quando as confissões religiosas aumentam, os lugares de culto se tornam mais próximos das pessoas, também a contribuição que essas trazem à saúde e formação se tornam mais disponíveis, podendo chegar até aos lugares mais recônditos. Podemos citar a Universidade Católica como exemplo da contribuição que uma confissão religiosa dá ao país”, explicou. Padre Jeremias revelou que algumas confissões religiosas têm a sua origem no desentendimento das lideranças das mesmas, seja a nível pessoal, seja a nível doutrinário, e este fenómeno não é novo. “Alguns pensarão na separação entre a Igreja Universal e Mundial, mas há séculos atrás Lutero se desentendeu com as autoridades católicas e, pouco depois, surgiram as igrejas protestantes. Este facto vai se repetindo ao longo da história”, sustentou. Em algum momento, a falta de prudência leva à procura de respostas aparentemente novas para situações que vão aparecendo e que já tiveram resposta no passado, tornando realidade o que o provérbio diz: “não há nada de novo debaixo do sol”. ao funcionamento das confissões religiosas. “Saber qual é a doutrina, qual é a proveniência dessas igrejas e quais seus objectivos. O Estado deve criar instrumentos de monitoria e avaliação periódicas, para ver se os objectivos descritos lá no pedido de abertura são ainda os mesmos que a tal igreja persegue ou não”, sublinhou. Os representantes das confissões religiosas falavam durante um encontro organizado pelo Ministério da Justiça e Assuntos Religiosos, que decorreu, há dias, na cidade da Maxixe, província de Inhambane, e que tinha por objectivo discutir sobre o papel das igrejas na promoção da paz e do bem-estar dos moçambicanos. Líderes religiosos denunciam a existência de confissões que usam o nome da Igreja para fins não meramente religiosos. Alguns são pastores de confissões já conhecidas no país, que fazem falsas promessas aos seus crentes em troca de valores monetários. No seu entender, o Estado deve assimir as suas responsabilidades para garantir controlo e acompanhamento do modus vivendi, bem como a evolução teológica dessas confissões religiosas em Moçambique. o “Estado deve fazer monitoria e avaliação periódica” PGR arquiva caso do português Américo Sebastião terá sido sequestrado na sua saída duma bomba de combustível após terminar de abastecer a viatura. Recorde-se que na altura, o Governo Português terá uma feito pressão ao governo moçambicano de modo a que se solucionasse o caso e chegou ao ponto do vice-ministro da defesa se deslocar a Portugal para prestar contas ao seu homólogo. procuradoria provincial de Sofala acaba de arquivar o caso que investigava o desaparecimento do empresário português, Américo Sebastião, alegadamente por falta de provas ou indícios para continuar com as investigações. A DESAPARECIDO À MAIS DE DOIS ANOS segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 16 sociedade Carta de condução mais cara ENCARGOS DA DÍVIDA D&F Maidone Capamba A opinião pública considera que as novas tarifas do INATTER são uma alternativa do Governo para dar cobrir a crise financeira que enfrenta, agravada com o corte do apoio externo, na sequência da descoberta das dívidas ocultas, bem assim da divida que tem com os fornecedores de bens e serviços ao Estado. O governo tem uma divida É dono de uma camioneta de quatro toneladas. Conseguiu mercê do negócio de crédito, mas para experimentar o empreendedorismo, decidiu entregar o meio circulante a um jovem conhecido, para desenvolver o outro negócio, de transporte de mercadoria, com o qual aumenta a renda. “Se não lhe desse essa oportunidade, onde estaria?” Questiona, para elucidar que não precisa necessariamente ter condições para ter uma carta de condução. Ele acrescentou A Vice-Ministra dos transportes e comunicações (MTC), Manuela Ribelo, respondendo a uma pergunta de jornalistas, sobre a subida galopante da tarifa, endureceu o discurso. “Achas que com quinhentosmeticais, é possível produzir a carta de condução”, questionou a governante num tom muito arrogante, esclarecendo que as taxas aplicadas até então eram subsidiadas, com efeito, tornou-se insustentável para milionária com os credores internacionais cujo pagamento requer negociação para a sua reestruturação. Enquanto acumulou, a níque a maioria dos motoristas, inclusive os que conduzem os governantes não dispunham de melhores condições, que lhes facilitou obter a carta, descartando desse modo, a explicação da vice ministra dos transportes e comunicações, Manuela Ribelo, que em declarações a STV, afirmou que a carta de condução é para quem tem condições para pagar, em alusão a nova tabela de emissão e actualização. Para este cidadão, que não concorda com a nova obrigatoriedade, considera ser uma acção o INATTER, “Hoje o INATTER não consegue sobreviver porque ele é que tem que pagar”. Ribelo não parou por aqui. Comparou a carta de condução a um bilhete de identidade, para dizer que, diferentemente deste que é obrigatório, a carta de condução não é. Manuela Ribelo concluiu que a carta de condução é para quem tem condições. Estas declarações não caíram muito bem aos ouvidos de muitos cidadãos que, mesmo sem viatura, acreditavam vel interno, uma outra divida milionária com os fornecedores de bens e serviços do sector privado, enfrentando dificuldades para o pagamento,criou sérios problemas ao sector empresarial seu credor. Este e outros motivos, obrigaram o Governo a retirar os subsídios na função pública, por maldosa, contra o desenvolvimento dos mais desfavorecidos. Por sua vez, Sérgio Fernandes, um motorista do troço Museu- -Malhazine, faz um esforço para desassociar aos encargos que o Governo enfrenta neste tempo de crise, porém, repudia que as taxas asfixiantes recaiam sobre os cidadãos. “Quero dizer que as novas tarifas vão desencorajar muitos cidadãos. “Estou triste. Vou renovar a minha carta no mês de março do próximo ano. Vou ter que pagar esses 2.500 meticais. É uma que a carta de condução é uma ferramenta auxiliar, de um modo geral, para agarrar oportunidades de emprego, em que sejam exigidas habilidades para conduzir. O activista social, Euclides Flávio, tomando o partido da juventude, considera que houve incoerência na estratégia comunicativa do Governo, que senão adequaà lógica do funcionamento das instituições, “quando o Governo diz que subsidiava algumas despesas, mas não houve uma comunicação objectiva serem incomportáveis no seu funcionamento. Alguns Moçambicanos entrevistados pelo Dossiers & Factos consideram as novas taxas um fardo pesado para a maioria dos cidadãos e acreditam que vai desanimar a procura pelo documento. A carta de condução serve para a maioria, de “passaporte” para a busca de emprego, um dos quais é o transporte de passageiros, os vulgos, chapeiros, taxistas, Txopelistas e ou camionistas. Estes procuram de todas as formas aliviar as dificuldades de encontrar outro tipo de emprego através da carta de condução. De acordo com Alberto, vendedor de recargas de telemóvelno bairro Magoanine, dez anos vendedor de recargas de telemóvel, se recuasse o tempo, não teria a carta que obteve em 2015. Na época, desembolsou quinze mil meticais, que incluiu suborno, a partir da escola de condução, ao exame e requisição da carta. lesão, mas não tenho como”, desabafa com a nostalgia, de recuar o tempo. Em 1991, ano em que sentou-se numa carteira para aprender a conduzir desembolsou ao todo 1500 meticais, incluindo a emissão da carta, avançou, o condutor. Entretanto, o discurso oficial do Governo indica que as actuais tarifas tem em vista garantir a sustentabilidade do Instituto Nacional de Transporte terrestre (INATTER), depois da retirada do subsídio pelo Governo aos diversos sectores da função Pública. sobre quanto era canalizado, estamos perante incoerências. Não restam dúvidas que esta medida frustra a todos, sobretudo a classe juvenil, que começa a ver os seus sonhos amputados, na medida em que a carta de condução tem sido um instrumento para aquisição de emprego.”, terminando por apelar que no contexto do agravamento das tarifas da carta de condução, haja melhoria dos serviços por parte do INATTER. partir da próxima terça-feira, 5 de Novembro, a emissão e actualização da carta de condução, passa de 500 para 2500 meticais, o livrete de 88 para 1850 meticais, o exame de condução dos 100 para 2,185 meticais. De uma ou de outra forma, a carta de condução passa a ser um luxo para o pacato cidadão moçambicano, mercê da decisão unilateral do Governo em agravar as tarifas. A Emprego para jovens fica comprometido Uma carga de “grosseria” de todo tamanho segunda-feira 17 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos economia FAN disponibiliza mais de 14 milhões de meticais à CTA PARA A MELHORIA DO AMBIENTE DE NEGÓCIOS NAS PROVÍNCIAS Este memorando vai abarcar diversas acções de nível central e provincial, com destaque para a implementação de um programa nacional de melhoria do ambiente de negócios, institucionalização de um modelo de diálogo público-privado a nível da província, monitoria e avaliação das agendas estratégicas provinciais do sector privado, entre outras actividades. Com os três contratos assinados com os conselhos empresariais provinciais de Manica, Cabo Delgado e Niassa, avaliados em 14 milhões de meticais, está dado o primeiro passo rumo à operacionalização do memorando, sendo que até ao final do ano, a FAN irá rubricar contratos com os conselhos empresariais das restantes oito províncias, num valor global de pouco mais de 96 milhões de meticais. Refira-se que os contratos de financiamento foram assinados a nível central, através da CTA, mas a sua gestão e operacionalização será feita localmente pelos CEPs. Falando durante o acto, o presidente da Fundação para a Melhoria do Ambiente de Negócios, Leonardo Simão, destacou que o objectivo do apoio da FAN à CTA, e não só, é aumentar a capacidade das associações empresariais, para que as suas acções sejam relevantes para os seus membros. "É preciso que as empresas sintam que têm benefícios de serem membros das associações e, para tal, estas associações têm de prestar serviços que ajudem a tornar mais robusta a acção das empresas. Com esse processo de descentralização, a acção a nível provincial e a nível dos distritos será cada vez maior. O objectivo da FAN é garantir que onde decorre a acção das empresas, o ambiente de negócios também esteja continuamente em melhoria", referiu. Na ocasião, Simão fez a distinção entre o âmbito de actuação da FAN e da CTA, sublinhando que enquanto a CTA é uma associação empresarial que representa os interesses dos empresários, a FAN é uma instituição da sociedade civil que apoia essas associações empresariais no desenvolvimento de acções para que tenham um ambiente de negócios favorável. "A melhoria do ambiente de negócios faz-se através de actos concretos que acontecem no terreno. A melhoria do ambiente de negócio é um exercício que não acaba, porque o ambiente externo e o ambiente envolvente vão sempre variando, o que exige constantes ajustamentos, para que as empresas possam encontrar um ambiente no qual possam operar com o máximo do seu potencial", sublinhou. Por seu turno, o presidente da CTA, Agostinho Vuma, destacou que o memorando veio preencher uma grande lacuna existente a nível do funcionamento dos próprios CEPs, mas também dinamizar a promoção do diálogo público-privado a nível provincial. "Este é um importante contributo da FAN para a melhoria da nossa competitividade e dos indicadores do doing business. Este memorando marca a aposta da CTA no que tange ao seu plano estratégico. Para o ano de 2019, as acções de melhoria do ambiente de negócios, incluindo o apoio aos CEPs, estão estimados em 96 milhões de meticais, que serão cobertos ainda este ano", sustentou. Refira-se que para além do apoio às associações empresariais, a FAN apoia também os sindicatos, governos e outras agremiações, dotando-as de capacidade para que possam desempenhar um papel importante no desenvolvimento do ambiente de negócios. Redacção Fundação para a Melhoria do Ambiente de Negócios (FAN) e a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) rubricaram, na semana finda, um memorando de entendimento visando operacionalizar um programa nacional para a melhoria do ambiente de negócios, através da promoção do diálogo público-privado e a realização de fóruns nacionais e regionais de investimento empresarial. Através desta parceria, a FAN passa a financiar a implementação de projectos dos Conselhos Empresariais, por isso, na ocasião, foram igualmente assinados três contratos de financiamento a igual número de conselhos empresariais provinciais (CEPs), nomeadamente Cabo Delgado, Niassa e Manica, avaliados em 14 milhões de meticais. A O objectivo da FAN é garantir que onde decorre a “ acção das empresas, o ambiente de negócios também esteja continuamente em melhoria. segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 18 MULHER E SAÚDE Moçambique já tem Banco de Leite Materno “O banco de leite é um excelente aliado das políticas do Ministério da Saúde que visam promover o aleitamento materno exclusivo em Moçambique”, refere um comunicado do Hospital Central de Maputo, que vai receber este banco de leite. O leite que será doado voluntariamente, vai ser dado a recém-nascidos doentes e prematuros, sob prescrição médica. Os últimos dados sobre o aleitamento materno indicam que 45% das mães em Moçambique não dão aos seus bebés leite materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida, o que pode comprometer o desenvolvimento e a saúde da criança. Entre 2011 e 2015, a percentagem de mães que deram leite materno exclusivo aos bebés nos primeiros seis meses aumentou de 43 para 55 % em Moçambique, segundo dados oficiais. O projeto coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o primeiro Banco de Leite Humano de Moçambique vai contribuir com a redução da mortalidade neonatal e infantil no país. Redacção ministra da Saúde, Nazira Abdula, inaugurou na passada sexta-feira o primeiro Banco de Leite Materno, estratégia que visa promover o aleitamento materno no país. O leite vai ser dado a recém-nascidos sob prescrição médica. A Mulheres pedem inclusão ao partido vencedor As mulheres pediram uma governação inclusiva, criando oportunidades de emprego para as mulheres e que vão ao acordo da sua área de formação. “Nós temos feito vários cursos e, mesmo assim, não nos chamam para trabalhar, se abrem vagas é para outras áreas que não têm nada a ver com a nossa formação. A edilidade deve estar em altura de responder quaisquer desafios que forem colocados, como, por exemplo, a luta pela melhoria das condições de vida dos idosos, muitos dos quais ainda em situação de abandono. “Temos casos de idosos que estão a passar por situações difíceis, não têm direito nem apoio, porque dizem que eles têm filhos ou netos que trabalham”, acrescentou uma interveniente do encontro. Já, as solteiras e viúvas apresentaram preocupações relativas à falta de água, energia eléctrica e vias de acesso que ligam os principais bairros daquela urbe. Segundo elas, a situação é preocupante, pois são obrigadas a recorrer a vias alternativas, para terem acesso à água para o consumo e energia eléctrica, chegando a recorrer até a painéis solares e/ou velas. A. Chirute ulheres residentes na autarquia da Maxixe, província de Inhambane, apresentaram as suas preocupações aos então candidatos à edilidade. Congregadas pela Associação Moçambicana para a Promoção da Mulher (MALHALHE), as mulheres do município da Maxixe clamam pela inclusão da mulher. M OPORTUNIDADE DE EMPREGO EM MAXIXE segunda-feira 19 29 de Outubro de 2018 dossiers & factos puBlicidade editorial Visite as nossas loJaS segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 20 política Renamo ameaça recorrer às armas para contestar a decisão da CNE CNE VALIDA “ESCÂNDALO” ELEITORAL D&F Neuton Langa De acordo com a deliberação número 86\CNE\2018, de 23 de Outubro, foram aprovados por consenso os resultados da centralização nacional e do apuramento geral das quintas eleições autárquicas de 10 de Outubro de 2018, com excepção dos resultados referentes aos municípios de Monapo, na província de Nampula, Alto Molocué, na província da Zambézia, Moatize na província de Tete, Marromeu, na província de Sofala e cidade da Matola, na província de Maputo, que foram aprovados com recurso a votação dos membros presentes. Em alguns municípios como, Reagindo aos resultados, o coordenador interino da Renamo, Ossufo Momade, que falou na última quarta-feira, através de uma teleconferência, algures a partir da Gorongosa, apelou ao Presidente da República a intervir para repor o que chama de respeito ao voto popular, sob pena de pôr em risco o processo negocial em curso com o Governo. Por isso, Ossufo Momade critica a sociedade civil, a comunidade internacional e o Presidente da República por aquilo que considera silêncio perante as irregularidades eleitorais verificadas, e ainda a CNE por, segundo ele, ter imposto a ditadura do voto no apuramento que considera ter sido uma farsa. Portanto, o coordenador interino da Renamo disse igualmente que o diálogo está temporariamente suspenso e pede a intervenção de várias entidades nacionais e internacionais para “salvarem a paz”. “Na sua óptica e do partido, só com a criação de uma comissão de inquérito e a intervenção urgente do Presidente da República pode-se repor a justiça eleipor exemplo, o município da Matola, onde a Frelimo tem 29 assentos na Assembleia Municipal, a Renamo 28 assentos e o MDM dois assentos, certamente que a Frelimo irá precisar do apoio do MDM para dirimir algumas controvérsias na Assembleia Municipal. toral e consequentemente salvaguardar a paz”, referiu Ossufo Momade, prometendo de tudo fazer para a manutenção da paz no país. Por seu turno, a mandatária da Frelimo, Verónica Macamo, disse que estas eleições deveriam servir de lição para que incidentes não voltem a se repetir e prometeu honrar a confiança depositada pelos munícipes que votaram na Frelimo, através do seu excelente trabalho que irão desempenhar nos próximos cinco anos. Questionada sobre se está satisfeita com os resultados anunciados, tendo em conta que a Frelimo perdeu nove municípios, dos 53, Macamo reagiu nos seguintes termos: ”estamos satisfeitos com este resultado e gostaríamos de ter ganhado em todas as autarquias, mas respeitamos a vontade dos moçambicanos, porque em democracia é assim, e estamos gratos pelo facto de os moçambicanos terem exercido o seu direito de voto. Salientou que a Frelimo saía destas eleições com uma imagem reforçada e crêem que o trabalho dos seus autarcas irá catalisar os moçambicanos para que continuem a votar na Frelimo e esperam que as próximas eleições tenham melhores resultados em relação às de 10 de Outubro. oram recentemente anunciados os resultados finais das quintas eleições autárquicas, que decorreram no último dia 10 de Outubro, nas 53 autarquias em todo território nacional. Porém, em algumas autarquias teve de se recorrer ao voto dos vogais da Comissão Nacional de Eleições (CNE) para deliberar. Trata-se dos municípios da Matola, Moatize, Monapo, Alto Molocué e Marromeu, onde, curiosamente, foram os vogais da Frelimo na CNE que, por sinal, são a maioria, que sugeriram para se optar por uma votação, afastando por completo uma possível recontagem de votos ou a repetição da eleição nessas autarquias, onde houve evidências de fraude. F Renamo ameaça romper o processo negocial Frelimo satisfeita com o anúncio da suposta “fraude” pela CNE A Frelimo irá precisar do apoio do MDM para “ dirimir algumas controvérsias na Assembleia Municipal. segunda-feira 21 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos Publicidade NACIONAL Corredor de Nacala apoia mais de quatro mil famílias EM PROJECTOS DE GERAÇÃO DE RENDA Nesta fase inicial, o Programa de Geração de Renda abrange as componentes de agricultura, pesca, apicultura, educação ambiental, avicultura e pecuária, onde as famílias cultivam vários produtos e criam animais, que, para além de garantir a segurança alimentar e nutricional, melhoram a vida socioeconómica destas. As famílias abrangidas pelo programa são apoiadas em insumos agrícolas e instrumentos de produção, como sementes de qualidade garantida, fertilizantes, utensílios de produção e maquinaria agrícola. Igualmente, beneficiam-se de assistência técnica ao processo produtivo, desde a identificação e preparação dos campos agrícolas, sementeiras, amanhos culturais, tratamentos fitossanitários, colheita, entre outros. Para além disso, também recebem formação em matérias agrícolas, teóricas e práticas, em campos modelos, e demonstração de tecnologias recomendadas, ao mesmo tempo que se engajam em acções de promoção de associativismo e orientações em gestão, com o objectivo de aumentar a produtividade e promover a ligação entre o produtor e o mercado. Todo o processo tem sido executado na base de uma abordagem participativa, onde os beneficiários são co-responsáveis por todas as etapas do projecto e dele participam activamente, com o apoio prestado por extensionistas rurais qualificados. Redacção erca de 4300 famílias que vivem ao longo do Corredor de Nacala beneficiam-se, desde o início do ano passado, de um programa de geração de renda desenvolvido pelo Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), em parceria com o Corredor Logístico Integrado de Nacala (CLN), ambas empresas do ramo ferro-portuário, sediadas na Província de Nampula. C segunda-feira 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos 22 desporto Nyeleti Mondlane dá costas aos campeões do mundo Desportistas formados em gestão, avaliação e monitoria de projectos Campões do Mundo de Tang Soo Do sentem-se marginalizados PELO MINISTÉRIO DA JUVENTUDE E DESPORTOS D&F Neuton Langa O descontentamento, que reflecte o estado de espírito daquela delegação, foi manifestado pelo presidente da Associação Moçambicana de Tang Soo Do, Alex Rodrigues, em entrevista ao Dossiers & Factos. Em causa está uma suposta falta de suporte ou apoio do MiA fonte conta que, aquando do regresso do Campeonato do Mundo do Tang Soo Do, foi-lhes informado que teriam um encontro com a ministra Nyeleti Mondlane, mas o encontro não se realizou, pois houve um imprevisto e a ministra não compareceu, tendo sido recebidos pela secretária permanente. Desde Julho até aos dias que correm ainda não receberam nenhuma felicitação do Governo, seja ela verbal ou formal. Para Alex, o ministério deveria criar condições para receber os atletas que foram campeões do mundo, como maneira de incentivá-los a continuarem a hastear nistério da Juventude e Desportos, pois, no entender daquele dirigente desportivo, “não basta dizerem que apoiam a modalidade por ter emitido uma credencial para que possam desenvolver as suas actividades, mas deve-se apoiar os atletas, para que continuem a conquistar medalhas”. “Sou da opinião que a partir do momento em que se emite uma credencial, expondo que esta é a selecção nacional que irá representar o país na diáspora, devIa passar-se a usufruir de todos os direitos que qualquer outra selecção tem direito, mas isto nunca aconteceu, apesar dos inúmeros sucessos que o Tang Soo Do trouxe para o país. Não existe nenhum acompanhamento directo do Tang Soo Do pelo Ministério da Juventude e Desportos”, lamentou Alex. Mas a indignação de Alex modalidades desportivas deveriam ter direitos iguais. Não existe modalidade prioritária, porque as modalidades desportivas dependem das suas especificidades para a sua massificação”, sublinhou. A situação de descontentamento de algumas modalidades desportivas face ao tratamento pouco cordial que têm merecido da parte do Governo não é nova. Recorde- -se que, em 2016, a atleta moçambicana Joana Pereira, vice-campeã mundial de karate, chocou os moçambicanos e o mundo, ao subir ao pódio com uma bandeira da Renamo, supostamente para reivindicar a falta de apoio do Governo. não para por aí. Aquele dirigente desportivo revela que o Governo nunca condecorou ou homenageou os atletas da modalidade medalhados que trouxeram glórias ao país. Lamenta o facto de o campeão do mundo estar esquecido pelo Governo, este que tanto lutou para hastear a bandeira deste país ao mais alto nível, tendo em conta que ele é campeão mundial pela segunda vez e nunca teve a oportunidade de ser condecorado ou recebido por individualidades que zelam pelo desporto. Tang Soo Do engrossa as fileiras das modalidades desportivas que trazem títulos internacionais, incluindo mundiais, ao país, mas que se sentem pouco valorizadas pelo Governo. A título de exemplo, recentemente, a Selecção Nacional de Tang Soo Do venceu, pela segunda vez, o Mundial da modalidade, que decorreu no passado mês de Julho, nos Estados Unidos da América, fazendo hastear a bandeira e soar o nosso Hino Nacional, naquela que é a mais prestigiada competição da modalidade, entretanto, para o espanto dos atletas e de toda a delegação, a ministra da Juventude e Desportos, Nyeleti Mondlane, não se dignou a receber os campeões mundiais no seu gabinete de trabalho, muito menos se prestou a apoiar moralmente os atletas. o A Selecção Nacional de Tang Soo Do tem vindo a participar nos campeonatos do mundo desde 2002 e conquistou o primeiro Mundial em 2008, através do atleta Etivaldo Boca, que arrancou o troféu mundial que estava nas mãos dos americanos passavam 25 anos. Esta proeza foi uma espécie de abertura para que os outros países pudessem conquistar o título mundial. Recentemente, a selecção nacional, mais uma vez, conquistou o troféu mundial com o mesmo atleta que é igualmente campeão mundial O Tang Soo Do firma-se no país no ano de 1998, e em 2002 os estatutos da Associação Moçambicana de Tang Soo Do são reconhecidos. A participação internacional da seleção começa em 1999, aquando do campeonato africano, que decorreu na África do Sul. Neste campeonato, Moçambique conquistou a primeira medalha de ouro. Em 2001, Moçambique fez-se presente no campeonato Europeu da modalidade, com apenas dois atletas, e amealharam as primeiras três medalhas de ouro do continente Europeu. Já em 2002, Moçambique participa no primeiro campeonato do mundo, mas nenhum atleta conseguiu subir ao pódio, embora tenham tido uma prestação vistosa. Dois anos depois, em 2004, Moçambique reaparece na nata mundial e conquista as medalhas de ouro, prata e bronze. Depois de sagrar-se campeão mundial, em 2008, Moçambique voltou a subir ao pódio em 2012, quando Yara Massango, única mulher que compunha a selecção nacional, tornou-se campeã do mundo de cintos a cores, hasteando a Bandeira Nacional ao mais alto nível. Uma história de glória sem nenhum reconhecimento a bandeira de Moçambique nas competições internacionais. “Urge a necessidade de uma independência no desporto, sem discriminação, ou seja, todas as Instituto Nacional do Desporto (INADE), em parceria com a Escola Superior de Ciências do Desporto (ESCIDE), realiza, a partir de hoje até ao dia 2 de Novembro próximo, no Complexo Pedagógico da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), o 5.º Curso Prático de Capacitação em Matérias de Gestão Desportiva. O curso, que terá duração de cinco dias, é destinado aos secretários gerais, técnicos e directores técnicos das federações desportivas nacionais, directores executivos das ligas profissionais e gestores desportivos, estando aberto igualmente para gestores e técnicos das associações desportivas provinciais, dos núcleos e clubes desportivos, bem como estudantes. A acção de capacitação tem como objectivo dotar os formandos de conhecimentos sobre planificação e orçamentação; habilitá- -los em matérias de organização e gestão de eventos desportivos; conhecimentos sobre elaboração, monitoria e avaliação de projectos desportivos e capacitar os participantes em matéria de gestão de base de dados. Serão ministradas neste curso matérias como gestão de organizações desportivas, gestão de infra- -estruturas desportivas, saúde e segurança nos recintos desportivos, marketing e patrocínio desportivo e planificação de eventos desportivos. Redacção O segunda-feira 23 29 de Outubro de 2018 Dossiers & Factos cultura “Trago reflexões sobre os maus hábitos da sociedade” - Tchakaze Encontro de artes e letras marca enceramento das “Semanas da Língua Alemã” A CAMINHO DO “TXUKELA” Como forma de manter viva a sua relação com o mercado musical, a cantora Tchakaze decidiu presentear os seus seguidores com um álbum denominado Txukela, isto depois de disponibilizar vários singles de sucesso, tais os casos de Nkata, Donguisa entre outros. Em conversa com Dossiers & Factos, a artista deixou transparecer que o concerto será um reflexo do que as pessoas poderão ouvir no álbum. Ao contrário do que se tem dito nas redes sociais, não se trata do lançamento oficial do álbum. “É um álbum muito aguardado por mim e pelas pessoas que me acompanham. No dia dois,vai se fazer um evento que não é exactamente o lançamento do álbum, como a pessoas dizem, mas uma apresentação daquilo que as pessoas poderão ouvir no álbum”, explicou. No álbum em referência, a artista decidiu apostar na versatilidade e, por consequência, Diversas actividades culturais marcaram a data com destaque para perfomances exibidas por artistas nacionais e internacionais, como a banda moçambicana de música tradicional e contemporânea, Moticoma, a banda da Academia Music CrossRoads, que é composta por músicos locais e noruegueses, a cantora Carlotcompartilha o microfone com artistas como Deltino Guerreiro e Mr. Kuka. Deste modo, ter-se- -á a Tchakaze mais dinâmica associando o estilo afro-fusão à marrabenta ou pandza. Tchakaze é natural de Maputo, bairro de Malhazine, para além de cantora, é intérprete e compositora; destaca-se por exaltar a cultura africana, em te Wagner e os Dj Gabbagabi, da Alemanha, Dj Ras Busta, de Moçambique, Dj DeeDy Manparticular a moçambicana nas suas composições e trajes. Deu início à sua carreira a solo com a música “Nkata”, uma composição musical que retrata a vida de uma mulher destruída pela violência, canção essa que a rendeu o Prémio Revelação Feminina do Ngoma Moçambique, na edição de 2014. Nas suas composições, a arzo, da França, o actor brasileiro Expedito Araújo, a estilista Mary Dias com o projecto Loja tista descreve em forma de melodias a forma como observa alguns episódios do dia-a-dia, em particular os que envolvem a família, visto que é a base da sociedade. Dessa forma, transmite mensagens apelativas a quem a ouve cantar. “Todas as músicas têm carácter educacional, em suma, eu canto e conto a vida social dos Social, entre outros. Para além música ao vivo, houve também espaço para demoçambicanos, a minha música é educativa e apelativa de âmbito social, trago reflexões relativas aos maus hábitos da sociedade”, explicou. Ainda no âmbito da nossa conversa, explicou que o estado actual da música moçambicana é satisfatório, pois há menos conflitos entre músicos e todos estilos musicais se fazem sentir de forma positiva. “A música moçambicana estabilizou a sociedade e esta está a saber lidar com os diferentes estilos, o que é de se considerar. Há anos, tínhamos um ambiente com espaço para apenas uma categoria musical, e hoje é diferente”, argumentou. Explica ainda que o actual crescimento musical resulta do investimento que os artistas têm vindo a fazer, em cooperação com os diferentes actores sociais. Deste Modo, cada artista consegue ter o seu espaço e ninguém é ofuscado. Redacção clamação de poesia, desfile de moda, oficinas de pintura e de turbantes, feiras de livro, disco e gastronomia. O evento contou com o apoio da Embaixada da Alemanha e da Cooperação Austríaca em Moçambique. As “Semanas da Língua Alemã”, normalmente, decorrem todos os anos em quase todos os Centros Goethe espalhados pelo Mundo. No CCMA durante um mês vários eventos públicos caracterizaram as semanas de lingua alemã, desde saraus de poesia e música em tributo as lendas da música Clássica (Maestro Chemane; Beethoven; Bach; Mozart e Goethe), sessões de cinema, aulas gratuitas de alemão, partilha de memórias em conversas históricas, oficinas e oportunidades para jovens. Actualmente, esta patente na Galeria CCMA a exposição que retrata seis anos da revista Literatas. Redacção cantora Tchakaze apresenta um concerto de demonstração do que será o seu primeiro álbum, a ser lançado em Janeiro de 2019, um espetáculo a ter lugar no Centro Cultural Franco-Moçambicano, no dia 2 de Novembro próximo. CCMA-Centro Cultural Moçambicano- -Alemão, realizou, no passado Sábado, nas suas instalações, em Maputo, uma apoteótica festa de encerramento das “Semanas da Língua Alemã”, fechando um ciclo de um mês de ventos de diversas manifestações culturais. A o “A sociedade está a saber lidar com os diferentes estilos” sai Às segundas Publicidade dossiers factos 50Mt Anuncie aqui. Tchumene 1 | Rua Carlos Tembe, Parcela Nº 696, Matola | Telf: 21 72 09 42 | Celular: 82 4753360 | Email: factosverdades@yahoo.com Endividamento de países africanos atingiu níveis de alarme Corrupção dita suspensão da ajuda internacional à Zambia SEGUNDO O BANCO MUNDIAL "As coisas não estão a correr bem. O problema do endividamento voltou a agudizar-se nos últimos anos, depois de alguma evolução positiva, registada nos anos anteriores. 18 países africanos de baixos recursos voltaram a mergulhar em verdadeiras crises de endividamento ou estão muito perto dessa situação", diz. De facto, segundo a organização britânica de luta contra os efeitos da dívida nos países em desenvolvimento, Jubilee Debt Campaign, a situação é difícil. O endividamento poderá ameaçar 18 países africanos mergulhados em crises de endividamento sobretudo os mais necessitados no continente africano. O analista da rede africana para a pesquisa da dívida, AFRODAD, Tirivangani Mutazu, diz que a principal razão que levou ao aumento do endividamento no continente africano foi "a queda dos preços das matérias primas nos mercados internacionais, ou mesmo as extremas fl utuações dos preços. Isto terá afetado um grande número das economias africanas, contribuindo para o aumento do défi ce orçamental". Outro motivo é o enorme aumento do investimento público na maior parte dos países africanos. Os Governos apostam na construção de estradas, linhas férreas ou portos. Mas essas infraestruturas, muitas delas necessárias, custam bastante dinheiro. O instituto sul- -africano para as relações internacionais estima que em África cerca de 93 mil milhões de dólares são gastos anualmente em projetos públicos de construção. Neste contexto, surge um novo "player" nos mercados de capitais com alguma disponibilidade de emprestar dinheiro aos países africanos, afi rma o diretor executivo do Banco Mundial. "Alguns países conseguiram ter acesso aos mercados de capitais depois de se terem desenvolvido positivamente. E isso contribuiu para que esses países tenham contraído dívidas a taxas de juros relativamente altas, sobretudo na China", revista britânica "africa Confi dential" dá conta de que podem ter sido desviados milhões de dólares nos esquemas de corrupção na Zâmbia. não se sabe ao certo o valor do desfalque, mas os meios de comunicação social relatam que os funcionários do estado, usando empresas falsas e faturas fi ctícias, desviaram, por exemplo, milhões de dólares do Ministério da educação. O Programa de Transferência de Renda Social aparentemente também é afetado por esses escândalos, o que compromete milhares de zambianos em risco de pobreza. Mais de quatro milhões de dólares desapareceram das contas deste programa. Os principais doadores, além do Governo da Zâmbia, são os Governos do Reino Unido, Finlândia, Irlanda e Suécia e todos congelaram, por enquanto, a ajuda ao país. sublinhou. A facilidade de alguns Governos africanos em pedir dinheiro emprestado à China tem estimulado a tendência para o sobreendividamento. Mas isso pode constituir um risco para as economias, e sobretudo para as pessoas, no continente africano. Um porta-voz do Governo britânico afi rmou à DW África que "o Reino Unido está a seguir uma política de tolerância zero à corrupção e fraude". A imprensa britânica diz que o Governo vai exigir à Zâmbia o pagamento de quase quatro milhões de dólares. Entretanto, o Ministério Federal da Cooperação e Desenvolvimento Económico da Alemanha (BMZ), que garante apoio aos zambianos, é contra a suspensão da ajuda. Num comunicado na sua página na internet, o ministério defende que "a Zâmbia transformou-se numa república politicamente estável nos últimos anos, na qual mais de 70 diferentes grupos étnicos convivem pacifi camente". E elogia a "ampla liberdade religiosa" e a "generosa política de refugiados". Por outro lado, o ministério não menciona nenhuma palavra sobre o atual escândalo de corrupção no país africano. continente africano regista o nível de endividamento mais alto desde 2001. no gana, a dependência externa é de quase 70% do PiB e as soluções para a crise não são fáceis de encontrar. Mas este não é o único país nesta situação, afi rma o diretor executivo do Banco Mundial, o alemão Jürgen Zattler, em entrevista à dW. o a Jovem espancado por amigos por nunca pagar rodadas ais uma historia triste de violência juvenil abala o mundo: desta vez, um jovem foi espancado por amigos por nunca ter pago nenhuma rodada de todas vezes que com ele sairam à noite. Todos já tinham pago shots ao grupo numa noite no Bairro alto, no interior do Brasil e ao chegar a vez dele, nada. O homem disse que não conseguia pagar porque precisava do dinheiro para pagar a mensalidade do ballet. Para os amigos, foi a gota de água e decidiram ir-lhe à fronha, dando-lhe vários socos e pontapés deixando-o imobilizado. “Era sempre a mesma coisa. Ele nunca abriu os cordões à bolsa. Ou era porque precisava comprar umas sapatilhas novas, ou porque precisava trocar o para ballet, ou porque precisava de pagar a mensalidade, ou porque depois não tinha dinheiro para o táxi, enfi m”, justifi cou um dos agressores. “Uma vez teve o descaramento de nos mentir no Urban: quando fi cou de pagar uma rodada de Gin a todos, cortou-se dizendo que não tinha dinheiro, mas passado pouco tempo vimo-lo a pagar uma vodka limão à gaja mais porca do secundário, como se nada se passasse”, sublinhou. Agora, todos os agressores vão ter que responder em tribunal por aquilo que fi zeram. Quanto ao homem, desejamos as rápidas melhoras. M dossiers & factos Humoradas
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