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Prémio Leaders & Achievers-Flecha Diamante 2018 PMR Africa
Págs. 4 e 6
Naíta Ussene
Págs. 2 e 3
O poder do general
Chipande envolvido na demolição de casas em Pemba
Banca vence braço-de-ferro com Zandamela
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TEMA DA SEMANA 2 Savana 23-11-2018
sede da AMB e prolongou-se até
às 22 horas de terça-feira.
Depois de duras negociações
onde o montante inicial era de 5
milhões de euros, foi fixado um
preço final de 3.5 milhões de euros
de pagamento de licenças por
tempo indeterminado a pagar em
duas tranches proporcionalmente
para cada operador, ou seja, cada
banco pagará de acordo com a
sua expressão na rede. Foi igualmente
acordado um pagamento
de 300 mil euros de manutenção,
pagos de uma só vez pela AMB
e a reembolsar pelos bancos. As
licenças serão emitidas para cada
um dos operadores.
Fontes envolvidas nas negociações
fazem notar que há dois anos,
quando iniciaram os contactos
que culminaram com a assinatura
de um memorando de entendimento
entre a SIMO e a Bizfirst,
o preço a pagar tinha sido fixado
acima de um milhão de euros. No
acordo celebrado entre a SIMO, a
Interbancos e a Bizfirst em 2016,
o SAVANA sabe que foi fixada
formalmente a transmissão de licença
a título oneroso.
Quando já passavam 10 minutos
depois das 21horas, e depois de
várias “conferências telefónicas”
(conference calls), é alcançado um
acordo de princípios, depois de
consultas com elementos do Governo
sobre os termos do acordo.
Os bancos insistem que gostavam
que a ligação fosse feita de imediato,
mas os advogados da Bizfirst
jogam no seguro e repisam
que a religação só seria feita após
a assinatura dos contratos.
Uma das condicionantes igualmente
imposta pela Bizfirst para
aceitar renegociar através da
AMB era que os contratos comprometessem
a Interbancos e não
a SIMO. A Bizfirst entende que o
contrato que tem é com a Interbancos.
Observadores entendem
que esta fórmula abre espaço para
que formalmente o governador
Rogério Zandamela não tenha
sido desautorizado nos seus propósitos
com a rede SIMO fora do
acordo. Os bancos, que têm 48
horas para assinar os contratos,
preferem uma solução intermédia
com a contraparte sendo mencionada
como “Interbancos-SIMO”,
o que obrigaria as duas empresas,
até porque a Interbancos foi formalmente
extinta a 2 de Outubro
de 2018, em Assembleia Geral
Extraordinária.
Pela noite adentro trabalhou-se
duro. Contrariando o cepticismo
inicial, as licenças ficavam prontas
por volta da uma da manhã,
começando a ser emitidas as
Horas depois de Rogério
Zandamela abandonar
o Parlamento, onde foi
ouvido terça-feira, na
Comissão do Plano e Orçamento
(CPO), sobre o polémico caso
do apagão da SIMOrede, o sistema
electrónico de pagamentos,
tornou-se inevitável para a Associação
Moçambicana de Bancos
(AMB) obter do Governo
“luz verde” para se avançar numa
“solução urgente”. Não era para
menos. O governador do Banco
de Moçambique (BM), Rogério
Zandamela, acabava de extremar
posições na audição parlamentar,
afastando qualquer tipo de negociações
com a Bizfirst, o provedor
do software usado pela Sociedade
Interbancária de Moçambique
(SIMO).
A postura intransigente de Zandamela
foi de encontro com a
evidenciada domingo pela PCA
da SIMO, a rede onde o BM
controla 51%, Gertrudes Tovela,
que chegou a acusar, numa polémica
conferência de imprensa, a
Bizfirst de chantagem e de querer
colocar em causa a soberania
nacional.
Numa nova reunião nesta segunda-feira
na AMB, depois de um
encontro formal inconclusivo ter
sido realizado na sexta-feira, dia
do apagão, os bancos insistiram
numa proposta conciliatória com
o provedor, mas ela foi liminarmente
recusada pelo Banco de
Moçambique.
Terça-feira, Rogério Zandamela
é convocado ao Parlamento e alinha
num discurso de rotura com
a Bizfirst. Considera que está fora
de cogitação uma negociação com
a Bizfirst e anuncia a chegada de
um novo provedor de serviços.
Era o quarto dia do apagão e reinava
um nervosismo insustentável
no mercado.
Contrariando Zandamela, que
já estava a voar para Quelimane
para tomar parte do 43o
Conselho
Consultivo do Banco de Moçambique,
a banca comercial começa
a criar corredores no Governo.
Algumas horas depois, consegue,
ao mais alto nível político, um
“no objection” para negociar com
a Bizfirst. Chegado a Quelimane,
Zandamela recebe instruções para
sair fora da fotografia e não interferir
nas negociações.
Ao que o SAVANA apurou, foram
dadas instruções ao Primeiro-Ministro,
Carlos Agostinho
do Rosário “para resolver o problema”.
Rosário é um antigo colega
de faculdade de Zandamela
e um dos principais responsáveis
do “recrutamento” do antigo funcionário
do FMI para governador
do BM. O jornal soube também
que o executivo tinha interesse
que a situação ficasse resolvida na
noite de terça-feira, porque, no
dia seguinte (quarta-feira) o PM
ia ao Parlamento, para a habitual
sessão de perguntas pelos deputados.
Com este esforço, o Governo
pretendia mitigar potenciais embaraços
vindos da oposição parlamentar.
Aliás, na sua primeira
intervenção no Parlamento, o PM
saudou os entendimentos entre a
AMB e o provedor e vincou que o
sistema financeiro moçambicano
“estava saudável e recomenda-se”.
Paulo Sousa entra em cena
Institucionalmente, a SIMO ficou
fora de uma solução provisória e
as negociações foram encabeçadas
pela AMB, porque os executivos
dos bancos, segundo nos explicaram,
temiam represálias e retaliações
a partir do banco central.
Paulo Sousa, o antigo PCA da Interbancos
e actual PCE do BCI,
o segundo maior banco moçamO
dia mais longo da banca moçambicana
— Paulo Sousa, PCE do BCI, foi o cérebro da operação, após o extremar de posições de Zandamela no Parlamento
³30GHXLQVWUXo}HVD=DQGDPHODSDUDVDLUGDIRWRJUDÀDHGHL[DURVEDQFRVQHJRFLDUHPFRPD%L]ÀUVW
³%0DLQGDEXVFDXPSURYHGRUGHÀQLWLYRHDHVFROKDSRGHUiUHFDLUQD(XURQHW RSUHVWDGRUGHVHUYLoRVGR%,0
bicano, entra em accão e encabeça
as negociações. O jornal apurou
que Sousa desenvolveu contactos
com representantes do governo
de Moçambique e de Portugal
para se estabelecer uma plataforma
negocial. Conseguiu depois o
assentimento de Gertrudes Tovela,
a PCA da SIMO, na presença
de um representante do PM do
Rosário para começar a negociar
com a Bizfirst. Era importante a
colaboração técnica da SIMOrede
porque detentores da plataforma
informática onde se desenrolam
as transacções bancárias. A
derradeira reunião, segundo apurámos,
começou às 17 horas na
3RU$UJXQDOGR1KDPSRVVD
N
a rede Interbancos (sem o BIM), há 1.240 ATMs, 22.381
POS,s e 2.000.100 cartões. O número de transações mensais
nas ATM é de oito milhões, contra 2.100 mil nas POS,s
e seis milhões por telemóvel. O total mensal das transações
é de 16.100 mil.
A rede em todos os canais transaciona cerca de USD 10 milhões/
dia.
Contas feitas por fontes ligadas aos bancos indicam que pelo tempo
que o sistema esteve parado e, atendendo ao fim-de-semana, a
rede deixou de transacionar cerca de USD50 milhões, números que
poderiam atingir cifras astronómicas caso a rede tivesse desligada
durante meses e, sobretudo, na época do Natal e do ano novo.
Alguns números do apagão
Solução nas costas de Zandamela
Rogério Zandamela na audição parlamentar
Paulo Sousa , PCE do BCI
TEMA DA SEMANA Savana 23-11-2018 3
“palavras-passe” para cada um dos
bancos. O sistema electrónico de
pagamentos volta a funcionar. As
redes sociais são inundadas de cópias
de talões em máquinas POS
e nas máquinas ATM.
Um novo provedor, segundo o
BM, levaria um mês para colocar
o sistema em operação. Porém,
os bancos comerciais têm sérias
desconfianças em relação a este
prazo.
Na óptica dos operadores, seriam
necessários dois meses para que
o sistema de pagamento electrónico
entrasse em funcionamento
de forma parcial e um ano para
que laborasse em pleno. A banca
comercial “desconfia” que o banco
central queira impor na SIMOrede,
a programação da Euronet, o
sistema que usa o BIM. O maior
banco de Moçambique faz parte
da SIMO mas nunca integrou a
sua rede. Representantes do BIM,
segundo apurámos, participaram
na reunião de terça-feira, mas não
definiram a sua posição em relação
ao novo acordo com a Bizfirst.
O jornal sabe que uma delegação
da direcção da SIMO, dominada
pelo BM, esteve na Europa no
mês de Outubro, tendo mantido
conversações com a Euronet. A
questão que se coloca é se os bancos
estariam disponíveis a continuar
a pagar uma fortuna mensal
e continuar a ter uma gestão catótica
da SIMO. Todos os bancos
excluindo o bim pagam um milhão
de dólares por mês e o BCI
representa 70% do valor.
A solução de terça-feira, considerada
provisória, abre espaço
para que o BM continue em busca
de uma saída definitiva e fora
de qualquer tipo de negociação
com a Bizfirst. Ao que o SAVANA
apurou, o BM quer trazer a
Euronet e amarrar de novo todo
o sistema. Segundo um executivo
de um pequeno banco, eventualmente
a banca comercial terá ganho
um “round” importante junto
do BM e assim poderá resistir
numa conjuntura mais favorável à
potencial imposição da rede Euronet.
A Confederação das Associações
Económicas (CTA) estima que
com o apagão verificado a partir
de sexta-feira da semana passada,
os bancos perdiam 600 milhões
de meticais diários, resultantes de
465 mil transações diárias a nível
doméstico e 14 mil a nível externo
não feitas.
Quarta-feira, através de um comunicado
de imprensa, a AMB
comunicou a retoma dos serviços.
Na sua nota, a AMB não avançou
formalmente os termos do acordo.
“Teriam ido ao tribunal”
Chamado para uma audição na
CPO da Assembleia da República,
Rogério Zandamela começou
por explicar que, no processo de
aquisição da Interbancos pela
SIMO, reinou a expectativa de
que a entidade gestora da rede de
pagamento passava a ser a proprietária
dos activos, passivos e
dos direitos sobre a plataforma
informática que geria os sistemas
dos bancos.
Zandamela, que chegou ao Parlamento
sozinho, sem o staff que
habitualmente acompanha os governantes,
disse que, apesar de se
terem pago os valores na totalidade,
a Bizfirst, em Agosto, continuou
a reivindicar a exclusividade
do software.
Como corolário, seguiu-se o que
considerou ataques cibernéticos e
o apagão do sistema, a 16 de Novembro.
Foi neste quadro que Zandamela
descartou por completo a colaboração
com aquela empresa portuguesa,
devido ao alegado “ataque
nuclear cibernético”.
“Estamos abertos para conversar
sobre todas as possíveis soluções
menos essa de trabalhar novamente
com a Bizfirst. O retorno
com Bizfirst não está em vista”,
disse Zandamela.
O governador do BM apontou
que não se podia mais trabalhar
com uma empresa que coloca
toda uma nação de joelhos como
se estivesse a prestar favores ao
país.
Questionou de seguida como é
que se explica que o sistema financeiro
de um país seja gerido
por uma empresa do género. A
Bizfirst, em comunicado emitido
na noite de domingo, justificou o
corte do dia 16 por falta de pagamento
das licenças durante dois
anos e por quebra do Memorando
de Entendimento assinado com a
SIMO em 2016.
Zandamela classificou a provedora
portuguesa como uma empresa
sem expressão, dado o seu capital
social de 200 mil euros, 1.900 euros
de facturação e lucros de 200
mil euros declarados em 2017,
mas, acima de tudo, pela atitude
não recomendável que tomou de
silenciar o sistema. O governador
do BM entende que numa relação
comercial, quando há conflitos,
recorre-se ao tribunal para se arbitrar
o conflito. Em caso de não-
-cumprimento da sentença.
“Para ser franco, não se usa uma
opção nuclear para um país. Não
se transforma uma relação comercial
para uma opção nuclear para
arrasar todo o mundo. Isso não é
negócio. São outros factores. Não
há ninguém numa relação de negócio
que faz isso”, observou.
Para de seguida referir que a empresa
foi concebida para servir o
seu único cliente, que é Moçambique.
Assim, esperava-se um
acarinhamento, porque é o cliente
que lhe dá dinheiro. Mas o que
Zandamela não se lembrou é
que a Bizfirst trabalha em Cabo
Verde, onde é provedor de serviços
da Sociedade Interbancária e
Sistemas de Pagamentos (SISP),
em Angola para o BNI (Banco
de Negócios Internacional), em
Timor-Leste e em Israel.
Não fomos a tempo
Dando continuidade ao discurso
chantagista da PCA da SIMO,
Zandamela fala de ataques cibernéticos
sistemáticos ocorridos
há dois meses e perpetrados pela
provedora do software de pagamentos
electrónicos.
Destaca que os ataques não se faziam
sentir no consumidor final
dos serviços, que é o cliente, mas
nos sistemas internos dos bancos.
Anota que especialistas consultados
concluíram que não se tratava
de ataques estranhos, mas
sim protagonizados pela Bizfirst,
como meio de chantagem para
obter vantagens no que estava a
exigir.
Apelou para uma aposta na prevenção
deste tipo de situações,
através da formação de especialistas
desta área, pois ataques cibernéticos
nunca vão cessar.
Na qualidade de regulador do
sistema financeiro nacional e accionista
maioritário da SIMO,
começou um plano de contingência
no sentido de preparar as plataformas
informáticas para evitar
o pior.
Estranhamente, na percepção de
Zandamela, quando se encontrou
um novo provedor a nível das negociações,
a Bizfirst adopta uma
“solução nuclear”.
Diz que solicitou ao novo provedor
que acelerasse a sua vinda
a Moçambique para reactivar o
sistema e continuar a geri-lo de
forma permanente.
No Parlamento, Zandamela não
apontou datas para que o sistema
esteja activo, remetendo a resposta
aos técnicos, que até ao final de
semana estarão em Maputo.
Questionado sobre o facto de o
regulador ser ao mesmo tempo
accionista maioritário da SIMO,
Zandamela explicou que não há
um modelo definido mundialmente
sobre esta matéria.
O
primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, defendeu
quarta-feira que os intervenientes no sector bancário
encontrem “soluções sustentáveis e duradouras que garantam
a estabilidade e fiabilidade” do sistema financeiro
moçambicano.
Carlos Agostinho do Rosário pronunciou-se sobre o chamado
apagão do sistema de pagamento electrónico que vinha abalando
a rede bancária do país, quando falava na sessão de perguntas e
respostas entre o Governo e a Assembleia da República.
O primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, deu formalmente
a notícia do reatamento dos pagamentos electrónicos, quando
faz o pontapé de saída da sessão.
“Encontrou-se uma solução imediata e a situação está normalizada”,
afirmou Carlos Agostinho do Rosário, aplacando longo a
barragem de perguntas que poderiam ter vindo da oposição sobre
a calamidade que se instalou no sistema financeiro moçambicano,
desde sexta-feira.
Carlos Agostinho do Rosário foi mais detalhista, acrescentando
uma espécie de “informação útil”: Desde as primeiras horas do dia
de hoje (quarta-feira) começaram a entrar em funcionamento as
ATM e POS ligadas à rede Simo”.
PM defende soluções
sustentáveis e duradouras
Disse que esta é uma área muito
sensível e mesmo que se entregue
tudo ao privado, em caso de problemas,
o regulador será chamado
a intervir, dada a magnitude das
consequências.
Só que, de acordo com Zandamela,
quando o sistema está com privados,
o regulador estará bastante
fragilizado, porque não tem informação
privilegiada do que está a
acontecer.
“Seria indiferente, se isto fosse
controlado por privados apenas.
O regulador não teria toda a informação
do que está acontecendo,
porque a informação estará
com o sector privado, mas quando
há ataque cibernético nuclear
que faz parar o país, ninguém vai
procurar os bancos privados porque
vai se alegar que é um serviço
público”, frisou.
Dois anos de silêncio
Reagindo à comunicação do CA
da SIMO, a Bizfirst disse que não
tinha nenhum vínculo contratual
com esta entidade, sendo que a
empresa usava o seu “software” de
forma ilegal.
Esclareceu que foram feitas diligências,
durante dois anos, no
sentido de fazer com que a SIMO
legalizasse a situação, mas tudo
caiu por terra.
Negou ter feito chantagem e
apontou que a paragem de serviços
da SIMOrede aconteceu com
o pleno conhecimento antecipado
da Comissão Executiva da SIMO
e da Interbancos, que nada fizeram
para evitar o pior.
Recorde-se que o projecto SIMO
foi lançado em Junho de 2011,
com o objectivo de reduzir os custos
de transações financeiras, através
de um programa tecnológico
de unificação do sistema electrónico
dos bancos comerciais,
microfinanças e de microcrédito,
mas entrou apenas em operação
em 2015. Na época em que foi
criada havia dois sistemas, um
controlado pelo Bim (multi-rede)
e outro pelo BCI (Ponto24), associado
à Interbancos.
“Portanto, muito do que estou a
aqui a explicar foi o que recebi.
Eu cheguei há dois anos e encontrei
isto na casa. Estou a explicar
baseando-me naquilo que eu recebi.
Na época, segundo o que me
explicaram, a SIMO preferiu a
Interbancos entre as duas redes”,
rematou Zandamela.
Em 2015, o BM adquiriu 51% da
Interbancos, compra formalizada
em Dezembro de 2017. Actualmente,
a SIMO tem como accionistas
o Banco de Moçambique
com 51%. Os remanescentes 49%
são detidos 21 instituições de crédito.
Intervenção do Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, foi
determinante para o restabelecimento do sistema
Gertrudes Tovela, PCA da SIMO
TEMA DA SEMANA 4 Savana 23-11-2018
A
pontado pela crítica como
um superpoderoso na actual
governação do país, o
general Alberto Chipande
está no centro de uma disputa de
terra que está a deixar famílias ao
relento nos arredores da cidade de
Pemba, capital provincial de Cabo
Delgado. Na semana passada, o
SAVANA foi ao “local do crime” e,
a despeito das controversas versões
entre as partes envolvidas, facto é
que há casas reduzidas a escombros
e famílias desesperadas, um drama
com assinatura do todo-poderoso
general na reserva.
Em causa está uma propriedade localizada
no quarteirão 24, bairro
Eduardo Mondlane, nos arredores da
cidade de Pemba. O espaço, uma antiga
farma colonial, foi adquirido pelo
general em 2013. Há duas semanas,
entretanto, o espaço alimentou debates
quando uma máquina retroescavadora,
escoltada por um forte contingente
policial, fortemente, armado,
irrompeu a demolir residências da
população.
Foram três casas destruídas, um número
que poderá subir para 23. O nó
de estrangulamento reside nas delimitações.
Enquanto o “homem do
primeiro tiro” alega invasão de espaço,
as comunidades dizem que estão
fora da área do general. Por sua vez,
o Conselho Municipal de Pemba não
consegue explicar a alegada dupla
atribuição de terra.
A gota que fez transbordar o copo foi
o início, ano passado, da vedação do
espaço localizado numa zona estratégica,
bem próximo da célebre praia
do Wimbe, o principal atractivo turístico
daquela que é a terceira maior
baía do mundo, a cidade de Pemba.
A construção do muro sobre o espaço
de cerca de 12 hectares implicava
o encerramento do principal acesso
para as residências, medida à qual as
comunidades se opuseram, vigorosamente,
precipitando assim um conflito
já anunciado.
Estranhamente, grande parte dos
órgãos de comunicação social fez
vista grossa sobre o caso. Em outros,
o caso foi, simplesmente, suavizado,
apagando-se quase por completo a
figura do general. Na televisão pública,
a TVM, o SAVANA sabe que a
matéria envolvendo Alberto Chipande
foi mesmo banida, depois de uma
primeira transmissão pouco depois
das demolições.
Com forte influência nas lides do
poder, Alberto Chipande chegou a
ser considerado por alguns sectores
como o tutor do presidente da República,
Filipe Nyusi. Descrito pela história
oficial como o homem que deu
o primeiro tiro para o início da Luta
de Libertação Nacional, Chipande é
dos mais influentes veteranos da etnia
Maconde, a mesma do presidente
Filipe Nyusi.
“É uma acção justa” - reSUHVHQWDQWHGH&KLSDQGH
No meio da polémica, há um homem
que se destaca pela forma vingativa
como aborda o caso. Chama-se Felisberto
Uthui, representante do general
Alberto Chipande. Nas suas declarações,
estão sempre presentes marcas
de quem lida com o poder por “tu”.
Ao SAVANA, Uthui, a quem foi
confiada a pena para pesquisar e
processar informações do “Como eu
Vivo a Minha História”, livro da autoria
de Alberto Chipande, disse que
tudo não passa de um “surruro desnecessário”
criado por “elite de advogados”,
“dominadores de leis e da arena
jurídica” e “pessoas de má-fé” que
mobilizaram “cidadãos pacatos” para
embargarem a construção do muro, o
que viria a ser decidido em sede do
Tribunal.
“Houve uma elite de advogados do
IPAJ residentes aqui em Cabo Delgado,
que implantaram suas casas
sem autorização nenhuma. Eles embargaram
a obra reclamando que o
general Chipande estava a fechar os
caminhos porque estavam habituados
a passar pelo meio e não dar a volta,
uma questão de mera comodidade”,
afirmou.
Mesmo assim, prosseguiu, o general
foi complacente, tendo cedido 10
metros para a passagem, sem nunca
significar a passagem pelo meio
e pediu propostas de negociação da
contraparte.
“Mas eles, porque de facto são da elite
jurídica, declinaram, até chegaram
a vilipendiar os advogados do general
Chipante e até agrediram um deles a
murro”, referiu.
Acrescenta que, mesmo assim, e porque
o general é humano, orientou os
seus advogados a darem sinal para
convidar as pessoas ao diálogo, mas
no lugar de irem ao diálogo, voltaram
a organizar motins.
“Naturalmente que isso deixou os advogados
e a própria família do general
Chipande não satisfeitos”, confessou
Uthui, sempre com ares de poder.
A comunicação social também não
escapou aos seus ataques. Disse que
a Imprensa está a desinformar as pessoas
sobre o caso, o que “não deixa
sossegado alguém que passou os seus
78 anos lutando para causas justas
para aparecer como quem está criando
uma causa injusta”.
Fez saber que se está a desenrolar
uma nova fase de negociações, mas
admitiu que os nervos estão à flor da
pele. Na semana finda, quando deu
entrevista ao SAVANA, disse que o
deadline seria terça-feira desta semana.
“Se não houver um entendimento, a
demolição vai continuar. É uma acção
justa, ninguém entendeu demolir
casa de ninguém, está se cumprindo
algo que começou de uma acção que
moveram contra o general Chipande,
que o fizeram gastar só de custas
judiciais, perto de 125 mil meticais,
sem razão de ser”, avançou.
Esta quarta-feira, o Jornal voltou a
contactar o representante da família
Chipande, tendo dito que não houve
avanços nas negociações, mas também
não houve demolições porque
“estamos ainda complacentes”.
Na semana passada, perguntamos a
Uthui como permitiram que as comunidades
erguessem casas e fizessem
investimentos, sem que a família
Chipande interviesse, ao que respondeu
que, enquanto os pedreiros construíam
o muro de dia, as pessoas vandalizam
e colocavam o que chamou
de palhotinhas, à noite.
“Construiu-se às vistas de
toda a gente” - advogado
das comunidades
Entretanto, o advogado das comunidades
nega que tenha havido invasão
do espaço de Alberto Chipande.
Hermenegildo Pedro argumenta que
o Município atribuiu documentação
necessária para a fixação e construção
de residências, não dentro do espaço
de Chipande, mas ao redor. De contrário,
destacou, o Município não
podia ter atribuído documentação às
comunidades num espaço que já tinha
titular.
O advogado afirma que as comunidades
foram construindo “casas melhoradas”,
às vistas de toda a gente e sem
qualquer objecção.
“Não houve objecção nem do Município,
que atribuiu o DUAT [Direito
de Uso e Aproveitamento de Terra],
nem o próprio proprietário, na pessoa
do general Chipande, que também
não se opôs à construção daqueles casas
e o tempo foi passando”, rebateu.
De acordo com Hermenegildo Pedro,
de repente a população estava a
ver bloqueada a via para as suas residências,
com a construção do muro
de vedação do espaço do “homem do
primeiro tiro”.
Disse que houve negociações, mas
Chipande não aceitou paralisar as
obras, até que os moradores intentaram
uma acção em Tribunal que
culminou com o embargo da infra-
-estrutura.
Foi depois do embargo do Tribunal,
prosseguiu, que as partes iniciaram
novas negociações, nas quais o general
se comprometeu a deixar 10
metros para a servidão de passagem
comunitária, um acordo que viria a
ser homologado em sentença.
“O mapa que foi produzido com a
Direcção Provincial de Geografia e
Cadastro e com os técnicos do Município
não afectava demolição de residências
porque especificava os limites
de cada um”, explicou, frisando que
a execução da sentença significava
apenas demarcação do espaço de 10
metros, mas não demolição de casas.
Município engasgado
Quem não consegue explicar o alegado
caso de dupla atribuição de espaço
é o Conselho Municipal de Pemba.
A edilidade, na voz do respectivo director
dos Serviços Urbanos, Ussene
Anli, diz que o espaço pertence ao
cidadão Alberto Chipande, mas reconhece
que há munícipes com documentos
do Município.
E atira as culpas às estruturas de
bairro. “Para aquela pessoa ocupar
aquele espaço, em primeira mão
houve consulta comunitária, garantida
pela estrutura da base, que é o
bairro. Na emissão de alguns documentos,
o bairro confirmava que este
é um espaço de fulano que pretende
passar para o sicrano, e o Município
automaticamente dava o DUAT. E
quando se verificou que há uma parte
da população com licenças do Município,
é quando surgiu o memorando
de entendimento entre as partes”,
referiu.
Sobre o destino das pessoas cujas
casas estão a ser demolidas, disse ser
prematuro comentar.
Abuso total de poder
Sarangue Abdul é uma das vítimas
que teve a casa reduzida a escombros,
num dia em que chegou a ser detido
pelas forças policiais, alegadamente
para “preservar a sua saúde”.
Ao questionarmo-lo o que perdeu
com a demolição da resi-
&KLSDQGHHQYROYLGRQDGHPROLomRGHFDVDVHP3HPED
O poder do general!
3RU$UPDQGR1KDQWXPER
Sãono total 23 casas que deverão ser demolidas
Alberto Chipande no centro
da polémica
Felisberto Uthui Sarangue Abdul Olinda Xavier Imamo Machude
TEMA DA SEMANA Savana 23-11-2018 5
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TEMA DA SEMANA 6 Savana 23-11-2018
dência, um tipo 3 [três quartos, sala,
escritório, cozinha e duas casas de banho
internas], Abdul emocionou-se.
“Perdi tudo, perdi tudo”, disse, entre
lágrimas. Ao recuperar a palavra,
acrescentou que até a roupa que vestia
foi uma doação de um amigo porpessoas
que não se mexem, vocês são
formigas”, cita.
“Moçambique é dele”
No quintal de uma das residências
que poderá ser demolida, encontramos
famílias concentradas à volta de
reservatórios contendo bebidas localmente
produzidas. À nossa reportagem,
disseram que encontraram nas
bebidas a oportunidade para afogar
os pesadelos de um problema que, nas
suas palavras, é causado por Alberto
Chipande.
“Quem traz este sofrimento é o general
Chipande. Ele faz isso porque
é dono de poder. Moçambique é dele,
por isso, traz este sofrimento”, desabafa
Imamo Machude.
“O general Alberto Chipande é que
mandou demolir as casas. Ele é que
dá ordens. Não é o Tribunal, é ele, foi
ordem de Chipande”, junta-se Mali
Daúdo, 54 anos de idade, que jura ter
nascido no local de onde hoje está na
iminência de ser retirado.
Os residentes sentem-se ainda mais
inseguros pela não indicação de novos
espaços para a fixação das suas
residências.
“Estamos ainda mais tristes porque
não sabemos como vamos terminar”,
lamenta Olinda Xavier, que insiste
que a sua residência está fora da área
de Chipande, denunciando, por isso,
invasão pelo general.
À nossa chegada ao local, recebeu-
-nos um jovem cuja casa está na lista
de espera das demolições. As reservas
com que se expressa, ele que não
fala a vontade, vão chamar atenção a
nossa reportagem. Depois soubemos
tratar-se de militante da Organização
da Juventude Moçambicana (OJM),
a mais obediente organização social
da Frelimo. “Quem sou eu na gota
do oceano. Não sou nada”, diz ele
que nega se fotografar nem fornecer
detalhes de um caso que lhe afecta
directamente.
que tudo foi reduzido aos escombros.
“Começamos a construir a conta-gotas,
segundo as nossas condições, com
todo o sacrifício, sacrificando tudo
menos nada, sem comer nem vestir,
a tentar ter um sítio para nos escondermos,
mas alguém, com seu poder,
vem, em menos de um segundo, destruir
todo aquele sonho que a gente
tinha desde o começo”, desabafou.
Explicou que foi uma operação sem
pré-aviso, na qual não era permitida
a retirada de pertencentes do interior
das residências. “A Polícia estava, justamente,
para isso porque havia pessoas
de boa-fé que estavam para ajudar
a tirar algumas coisas lá dentro,
mas quando quisessem o fazer, levavam
chamboco, coronha, inibindo-os
de tirar nossos pertences dentro das
casas”, reporta.
Com a demolição da casa, hoje Sarangue
Abdul vive numa cabana,
juntamente, com a esposa, sogra e 4
filhas, em condições que considera
deploráveis. “Praticamente estamos
ao relento”, sentencia.
À esposa, que estava lado a lado,
questionamos como está a vida desde
oito de Novembro, ao que, prontamente,
respondeu: “mal, mal”. Tina
Moreira falou, por exemplo, das
crianças, que também estão sujeitas a
condições que designou de péssimas.
“Estão a passar tudo, frio e fome porque
até panela temos de procurar”,
disse, vincando que é uma situação
extremamente complicada.
´(VVHVHQKRUpSRGHURVRµ
Sarangue Abdul não tem dúvidas de
estarem a ser injustiçados por o conflito
envolver um general poderoso
como é o general Chipande.
“Não resta nenhuma dúvida porque
se fosse eu a fazer o que ele fez, estaria
preso por ter cometido este tipo
de crime, então, isto que estamos a
verificar aqui é um abuso total de poder”,
queixou-se.
“Nós nunca tivemos Polícia aqui a
fazer protecção a população, mas tivemos
um contingente policial que
nunca tinha visto, militares como se
aquilo que acontece em Macomia estivesse
a acontecer nesta casa. Quando
até nos trazem força canina e a
própria Polícia usando capas, é como
se nós fôssemos criminosos e estivéssemos
armados. Parecia uma guerra
e eu nunca tinha visto situação igual
na minha vida. Então, esse senhor é
poderoso, mostrou claramente o seu
poder, e usou o seu poder e ainda
continua a usar o seu poder”, relatou.
Contou ainda que, desde a hora que
as comunidades submeteram a queixa
ao Tribunal, receberam ameaças.
“Os seus advogados nos disseram que
vocês vão ver porque estão a mexer
Mali Daúdo
Ussene Anli
Savana 23-11-2018
7
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Savana 23-11-2018 8
PUBLICIDADE SOCIEDADE
A
Comissão Nacional de
Eleições (CNE) acaba
de adjudicar por ajuste
directo o negócio de fornecimento
de equipamento para
o recenseamento eleitoral ao consórcio
constituído pelas empresas
sul-africana, Laxton e a moçambicana
Artes Gráficas, num valor
estimado de mil milhões de meticais.
A decisão foi tomada, no passado
dia 14 de Novembro, durante a
25ª sessão extraordinária daquele
órgão eleitoral, na qual também
foi aprovada a proposta para a
realização das eleições nas oito
mesas anuladas pelo Conselho
Constitucional, no Conselho Autárquico
de Marromeu.
Porém, a primeira proposta do director
do Secretariado Técnico da
Administração Eleitoral (STAE),
Felisberto Naife, apresentava duas
modalidades: uma consistia num
lote de aquisição de três mil novos
mobiles ID e os respectivos
toners, num valor estimado em
550 milhões de meticais. Neste
pacote, o STAE pretendia aplicar
a modalidade de concurso público
cujo lançamento, de acordo com a
lei, seria de 21 dias, mas o gestor
técnico das eleições, pretendia encurtar
os prazos para 12 dias. O
segundo Lote refere-se ao fornecimento
de boletins de inscrição,
material de formação, acessórios
e toners para Mobiles ID antigos.
O valor deste pacote está estimado
em 450 milhões de meticais e
o STAE propunha a modalidade
de ajuste directo.
Contudo, um parecer da Comissão
de Organização e Operações
Eleitorais (COOE) do STAE
contrariou a proposta de Naife.
Desaconselha a divisão do pacote
em dois, como forma de evitar
possíveis problemas de incompatibilidades
entre o hardware e o
software.
“Havendo lançamento de um
concurso público a tempo razoável
de respostas as especificações
técnicas, a apresentação de um
protótipo de mobile ID, seria
pelo menos 30 dias, devendo-se
ajuntar a esse tempo o período
de avaliação que inclui os testes e
configurações para as compatibilizações
com a aplicação existente
caso seja adjudicando a um outro
fornecedor. Perante os factos, a
COOE julga que a melhor solução
técnica é manter o mesmo
fornecedor como forma de dar
continuidade e manter o padrão
da actual estrutura tecnológica,
que se mostra eficiente na gestão
dos registos eleitorais”, sublinha.
Foi na base deste parecer que a
CNE decidiu pelo ajuste directo
dos dois pacotes ao consórcio
constituído pelas empresas sul-
-africana, Laxton e a moçambicana
Artes Gráficas, o irritou os
alguns dos habituais playeres em
concursos desta natureza.
As duas empresas trabalham com
a CNE desde 2013, altura em que
foram adjudicadas aquele negócio,
sobretudo, relacionado com
fornecimento de material para o
recenseamento eleitoral.
A Laxton é uma empresa fundada,
na África do Sul, em 2004, com
sede em Hong Kong, na China,
líder global no fornecimento de
soluções de eleição, identidade
e auto-serviço com alta relação
custo-benefício e alta tecnologia
para governos e corporações. A
empresa possui, para além de Moçambique,
escritórios no Ugada,
Zimbabwe, Malawi, Indonésia e
Colômbia e as suas instalações de
produção e tecnologia localizam-
-se na China, Nova Iorque e Joanesburgo.
Por sua vez, a Artes Gráfica é propriedade
de Rafik Sidat, que já foi
membro do Comité Central do
partido Frelimo.
Recenseamento para eleições de 2019
&1(DSRQWD/D[WRQH$UWHV*UiÀFDV
E
ntrincheirado de vários lados
pelo facto de ter entregue 5%
das receitas fiscais de gás natural
para conseguir o acordo
com os credores da EMATUM, o
Governo moçambicano foi ao parlamento
garantir que não está em cima
da mesa uma oferta do género aos
credores da MAM e da Proindicus.
“Posso-vos assegurar também que
nós não estamos a admitir a hipótese
de usar o mesmo instrumento para
a dívida sindicada”, disse o ministro
da Economia e Finanças, Adriano
Maleiane, falando na sessão de perguntas
e respostas na Assembleia da
República.
O ministro assinalou que a dívida
das duas empresas, estimada em
mais de mil milhões de euros, é diferente
da dívida da EMATUM, em
relação à qual o Governo chegou
este mês a um acordo de princípio
com os credores.
“São situações completamente diferentes”,
ressalvou.
Adriano Maleiane adiantou que o
Governo está em negociações com
os credores da MAM e Proindicus,
depois de ter alcançado este mês um
pré-entendimento com os credores
da dívida soberana da Ematum.
Exigiram-nos o gás da 1 e 4
Respondendo a pergunta sobre a entrega
do gás como contrapartida no
acordo com os credores da EMATUM,
Maleiane explicou que essa
situação resultou de uma exigência
dos próprios detentores dos títulos
de dívida soberana.
“Como as vossas previsões de aumento
de receita fiscal são sustentadas
pelo gás, então a garantia de
que vão pagar deve incidir sobre as
receitas de gás da Área 1 e da Área 4”,
acrescentou o governante, citando a
posição dos credores.
O pré-acordo com os credores da dívida
soberana da EMATUM prevê
pagamentos através de um instrumento
financeiro indexado às receitas
tributárias com o gás, designado
pela sigla VRI - Value Recovery Instrument.
O acordo prevê que Moçambique
retome pagamento da dívida soberana
já em Março de 2019 e entregue
até 2033 uma fatia de 5% das receitas
fiscais do gás natural, cuja exploração
arranca em 2022.
Estes títulos representam cerca de
726 milhões de dólares do total de
dois mil milhões de dólares de dívidas
ocultas contraídas ilegalmente
pelo Estado em 2013 e 2014 e são
a única parcela sobre a qual há um
acordo preliminar, sujeito ainda a diversas
aprovações.
Os novos títulos terão um valor nominal
de 900 milhões de dólares,
com maturidade a 30 de Setembro
de 2033 e um cupão de 5,875%, mais
baixo que o atual, de 10,5%, e sobre
o qual Moçambique entrou em incumprimento.
Maleiane no Parlamento
*iVH[FOXtGRGRDFRUGR
VREUH0$0H3URLQGLFXV
Savana 23-11-2018 9
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Barclays Bank Moçambique, S.A. - Capital Social: MTn 5.538.000.000 - NUIT:400017484 - Número de Matrícula da CRC de Maputo: 8321 - Endereço: Av. 25 de Setembro, 1184 - 15º Andar - Maputo Caixa Postal 757 - Moçambique. O Barclays não será responsável
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Parceiro
MESTRADO/MBA
O
rganizações da Sociedade
Civil lamentam o mutismo
do governo para dar seguimento
a uma proposta de
reformas ao sector agrário que pode
contribuir para o alcance da segurança
alimentar. Dentre as possíveis
causas para a não correspondência
do executivo, as organizações apontam
o facto da agricultura não ser
prioridade do executivo, pese embora
espalhe essa mensagem, uma vez
que garante comissões para elites
políticas como outros sectores. No
entanto, o Ministro da Agricultura
e Segurança Alimentar, Higino
Marule, nega que o diálogo esteja
rompido e manifestou abertura para
dar continuidade.
Porém, o que começou como um
perfeito casamento entre cinco organizações
da sociedade civil, que
lidam com questões agrícolas, e o
executivo está, aparentemente, a terminar
de forma pouco digna.
A história remota a Setembro de
2017 quando a Associação de Comércio,
Indústria e Serviços (ACIS)
Associação de Fruticultores de Moçambique
(FRUTISUL), GAPISociedade
de Investimentos; União
Nacional de Camponeses (UNAC)
e Observatório do Meio Rural
(OMR) submeteram um documento
ao Presidente da República, Filipe
Nyusi, que continha propostas para
reformar o sector agrário nacional e
alavancar a produção.
Intitulado “contributo para uma mudança
no desempenho económico,
social e ambiental da agricultura em
Moçambique” as organizações pretendiam
levantar debates com organismos
do governo para se criar um
pensamento comum acerca da agricultura
e desenvolvimento rural, pois
sabe-se de antemão que ela não tem
desempenhado o papel atribuído
pela Constituição. A produção nacional
de produtos alimentares está
muito longe de garantir um pleno
abastecimento às populações, para
não falar das indústrias alimentares
e para colmatar o défice recorre-se às
importações.
A proposta foi muto bem acolhiSOCIEDADE
Proposta para reformar agricultura
Sociedade civil lamenta inércia governamental
-Higino Marule diz que há espaço para diálogo
Por Argunaldo Nhampossa
da pelo chefe de Estado que de
imediato instruiu os ministros da
Agricultura e Segurança Alimentar
(MASA), Ministro da Indústria
e Comércio, Ministério da Terra
Ambiente e Desenvolvimento Rural
(MITADER) e o Ministro do Mar,
Pescas Águas Interiores para juntamente
com as organizações subscritores
estabelecerem um plano de
trabalho. Sob liderança do MASA,
quatro reuniões foram realizadas ano
passado e vários pontos concertados
e outros por concertar.
Segundo João Mosca, director executivo
do OMR, foram debatidos
temas agrícolas e económicas, tais
como as políticas de produção nacional,
subsídios aos agricultores,
créditos agrários, mas também a
possibilidade de adopção de política
de médio e longo prazo que não
podem ser alteradas em função da
legislatura ou ministro do momento.
A ideia, segundo Mosca, passa pelo
estabelecimento de políticas estáveis
a longo prazo que não podiam variar
permanentemente sob pena de criarem
instabilidade das instituições.
De acordo com Mosca, quando tudo
parecia estar bem encaminhado,
eis que a mudança do ano origina
igualmente a mudança de ideias. O
governo decide colocar um ponto
final no diálogo sem nenhum esclarecimento.
Preocupadas com a situação, as organizações
voltam a lançar um grito
de socorro em sinal de preocupação
com o aumento da pobreza num país
com terras férteis para produção.
Agricultura não dá
comissões
Numa altura em que acaba de se
lançar a campanha agrária 2018/19,
o SAVANA questionou o OMR
na qualidade de cabeça do projecto
o estágio das propostas. Mosca diz
que o rompimento do diálogo pode
derivar de dois motivos: O não reconhecimento
da Sociedade Civil por
parte do governo como um parceiro
de discussão dos aspectos fundamentais
de política agrária no país.
O segundo é o facto do executivo
pensar que tem essa responsabilidade
e não pode dividir com ninguém,
o que, de acordo com Mosca, não
parece correcto.
Apontou igualmente que pode ter
que ver com a existência de pontos
não coincidentes entre a posição da
sociedade civil e política governamental
para o sector agrário.
Explica que enquanto a Sociedade
Civil defende a priorização do sector
familiar, o governo aposta no agronegócio.
Diz não estarem contra o
agronegócio, mas nota-se pouco ou
quase nenhumas medidas em prol
de transformação da agricultura familiar.
“Há muitos poucos recursos da política
agrária em termos de subsídios,
protecção, garantias de preços e
mercados, assistência rural, a investigação
é muito fraca e achamos que
este assunto é o principal ponto de
discordância entre as nossas propostas
e do governo”, disse.
Apontou alguns exemplos positivos
do agronegócios, mas virados à
exportação como é o caso de feijão
bóer, algodão, tabaco, banana, caju e
gergelim.
O sector empresarial, prossegue,
faz contratos com os produtores e
estabelece preços, garante comercialização
e alguns incentivos como
insúmos e crédito para depois o
camponês pagar no final da campanha.
Questionou o facto de não se adoptar
um modelo como este para culturas
alimentares. Entende que o
governo não aposta na agricultura
dos pequenos produtores porque ela
não é negócio das elites políticas,
pois sendo uma actividade de alto
risco e baixa rentabilidade não há
como pedir comissões aos pequenos
agricultores.
Estamos abertos ao
diálogo
No Parlamento, onde participava na
sessão de “Informação do Governo
a pedido das bancadas”, o SAVANA
interpelou o ministro da Agricultura
e Segurança Alimentar, Higino
Marule, que negou o rompimento
do diálogo com as organizações da
sociedade civil e manifestou abertura
em dar continuidade às sessões de
diálogo.
Disse que a proposta foi recebida
com agrado e foi submetida à reflexão
tendo culminado com a introdução
de alguns aspectos no Plano
Nacional de Investigação do Sector
Agrário (PNISA) que termina em
2019. Marule acrescentou que grande
parte das propostas apresentadas
pela sociedade civil foram acolhidas
e parte delas aguardam pela angariação
de fundos para sua implementação.
O Conselho de Administração da
mediacoop SA, as Direcções Editoriais,
os jornalistas e demais colaboradores
da empresa, comunicam com pesar e
consternarão, o falecimento extemporâneo
do engenheiro de petróleos VICTOR
JULIEN, esposo da sua colaboradora
e amiga, Miquelina de Menezes,
ocorrido a 18 de Novembro corrente.
Neste momento de luto e dor, as nossas
sentimentos e estímulos de alento
vão especialmente para a nossa amiga
Miquelina e seus familiares.
VICTOR ROMANO JULIEN
Necrologia R Necrologia R Necrologia R Necrologia R Necrologia
FALECEU
Savana 23-11-2018 11 PUBLICIDADE
A sociedade moçambicana foi surpreendida, no dia 16 de Novembro
de 2018, com a impossibilidade de utilizar os meios
electrónicos do sistema bancário moçambicano, com excepção
do Banco Internacional de Moçambique (BIM). Empresas e cidadãos
nacionais e estrangeiros, no país e no estrangeiro, viram-se
impossibilitados de aceder às suas poupanças, realizar
pagamentos, transferências e outras operações e consultas.
As notícias circulam nas redes sociais, regra geral, neste caso,
com informações fundamentadas e certas. O conhecimento é
geral o que dispensa qualquer apresentação dos factos.
As organizações da sociedade civil subscritoras deste comunicado
acompanharam atentamente o que estava a acontecer
e, em particular, a Conferência de Imprensa convocada pela
administração da SIMO e a nota de imprensa da empresa BIZFIRST.
Não compete às OSCs subscritoras algum ajuizamento
dos respectivos depoimentos. O tempo trará, certamente,
a verdade dos factos. Face às contradições e incoerências dos
dois depoimentos, exige-se que a verdade seja reposta e que
a sociedade moçambicana seja informada sobre a totalidade
dos factos.
Em qualquer caso, as OSCs subscritoras consideram:
1mRH[LVWHTXDOTXHUMXVWLÀFDomRSROtWLFD HFRQyPLFDRXGH
outra ordem, como a alegada “soberania nacional”, que jusWLÀTXHRDSDJmRHOHFWUyQLFRGRVLVWHPDEDQFiULRHDVJUDYHV
consequências para a economia, as empresas e os cidadãos.
É dever e obrigação do Banco de Moçambique, como órgão
regulador e maior accionista da SIMO, prestar esse serviço.
Este acontecimento revela incompetência. A forma como a
SIMO e o Banco de Moçambique estão tratando o assunto,
está carregada de arrogância e falta do sentido de serviço
público.
4XH D QRUPDOLGDGH GR VLVWHPD GHYH VHU UHSRVWD TXDQWR
antes, acarretando a SIMO e o Banco de Moçambique com
os custos resultantes deste corte contratual de prestação de
serviços aos cidadãos e empresas.
6HQGRTXH GRFDSLWDOGR%DQFRGH0RoDPELTXHSHUtence
ao Estado, a Inspecção Geral do Estado deve assumir
as suas responsabilidades.
$V26&VVXEVFULWRUDVDSHODPDRVEDQFRVFRPHUFLDLVTXHWHnham
possibilidade, que façam acordos unilaterais a partir
das suas sedes no estrangeiro, tal como faz o BIM, de forma
a minimizar os seus prejuízos e dos seus clientes. Não há,
GHPRPHQWR TXDOTXHUMXVWLÀFDomRGHQDWXUH]DSROLWLFDRX
outra, que impeça essa opção como a menos má para a economia
do país os bancos, as empresas e os cidadãos.
(PERUDRVEDQFRVFRPHUFLDLVQmRVHMDPRVUHVSRQViYHLVGLrectos
pela situação, as empresas e os cidadãos têm o direito
à indemnização pelos prejuízos, a ser paga pelos respectivos
bancos por cancelamento de um serviço, tal como os
bancos penalizam os clientes perante incumprimentos de
contratos.
A sociedade civil subscritora deste comunicado questiona o
papel regulador do Banco de Moçambique, sendo, simultaneamente,
parte interessada no negócio, em sociedade comercial
juntamente com os bancos regulados pelo próprio Banco
&HQWUDO ([LVWH FODUDPHQWH XPLQVDQiYHOFRQÁLWRGHLQWHUHVses.
As OSCs assinantes deste comunicado exigem que seja
reposta a transparência na gestão do sistema electrónico da
banca moçambicana. Outros factos recentes revelam falta de
transparência na gestão do Banco de Moçambique, como, por
exemplo, a intervenção no Moza Banco através do Fundo de
Pensões do BM, o Kuhanha, cujo PCA é o Governador do Banco
de Moçambique.
APAGÃO FINACEIRO. SR. ZANDAMELA, DEMITA-SE. JÁ
O acontecido afecta gravemente a credibilidade nacional e inWHUQDFLRQDOGR
VLVWHPDÀQDQFHLURPRoDPELFDQR UHVSRQVDELOLzando
o Banco de Moçambique por esse facto. Outros factos
recentes penalizam a credibilidade do Banco de Moçambique,
como o tratamento prestado aos resultados da auditoria realizada
pela empresa KPMG.
Os factos acima referenciados, entre outros, põem em dúvida
a competência da gestão do Banco de Moçambique, o respeito
pela transparência, arrogância de atitudes e desprezo pela opinião
pública o que foi manifesto na Conferência de Imprensa
da SIMO, no dia 18 de Novembro, domingo. A SIMO é apeQDVXPVLPSOHVSHmRQHVWHFRPSOH[R[DGUH]SROtWLFRÀQDQFHLro,
confuso e perigoso. A presença do Governador do Banco
de Moçambique na Assembleia da República pecou, de forma
mais grave, por se tratar do Governador perante os mais altos
representantes do povo: ligeireza e pouca seriedade. O Governador
só releva que a BIZFIRST é uma “empresazita sem expressão”.
Só descobriu isso agora?
Acrescenta-se que a gestão de política monetária do Banco
de Moçambique está orientada pelo combate obstinado com
PHGLGDV GH FKRTXHV DQWL LQÁDFLRQiULDV $ LQÁDomR HPERUDLPSRUWDQWH QmRHRLQLFLRHRÀPGHXPDFULVHHFRQyPLFD
O Banco de Moçambique tem sido o suporte de uma política
orçamental despesista, facilitando a ausência de reformas
substanciais da administração pública e nos fundos e empresas
públicas, sustentadora de uma dívida pública não sustentável,
GH DVÀ[LDPHQWR GH HPSUHVDV H GR WHFLGR HPSUHVDULDO FRP R
encerramento de mais de 3.000 empresas e criação de desemprego,
do aumento rápido do crédito malparado de menos de
HP SDUD HP (PFRQWUD SDUWLGD R%DQFR
GH0RoDPELTXHDSUHVHQWDXPDGHVFLGDGDLQÁDomRSDUDQtYHLV
suspeitos, de uma ligeira estabilização e apreciação da moeda
nacional, sobretudo resultante de factores externos (demanda
e preços do carvão, alumínio e de algumas commodities exportadas
e redução das importações). O chamado fortalecimento
do sistema bancário é feito ad-hoc e as medidas anti-tráfego de
capitais são marcadamente burocráticas e não de política monetária.
As aparições públicas do Sr. Zandamela têm criado incerteza
nos mercados e nas empresas e revelam arrogância. Um Governador
de um Banco Central deve ser discreto, o que não é
o caso. Em realidades que o Sr. Zandamela deve conhecer, o
seu lugar estaria já, e há algum tempo, ocupado por uma outra
pessoa.
A bem do país e da economia moçambicana, da transparênFLD GDFRQÀDQoDQDHFRQRPLDHQRVLVWHPDEDQFiULR HPGHIHVD
dos cidadãos, o SIMO deve ser reestruturado nas suas relações
institucionais, a sua estrutura societária alterada e a adminisWUDomRGHPLWLGD 26U =DQGDPHOD FRPRRDUWtÀFHGR0,02H
seu PCA enquanto representante e na condição de Governador
do Banco de Moçambique, deve demitir-se. JÁ. As OSCs exigem
que o Governo e os parceiros de cooperação contribuam
SDUDUHVWDEHOHFHUDQRUPDOLGDGHGRVLVWHPDÀQDQFHLURPRoDPbicano.
O Presidente da República, em última instância, deve
assumir e tomar medidas para a recuperação do bom nome do
Banco de Moçambique e do país.
DIVULGAÇÃO
12 Savana 23-11-2018 INTERNACIONAL PUBLICIDADE
J
oão Lourenço, que visita
Portugal esta sexta e sábado,
queixa-se da ausência de uma
“verdadeira passagem de pasta”
por parte do seu antecessor, José
Eduardo Santos.
“Esperava uma verdadeira passagem
de pasta em que me fosse dado
a conhecer os grandes dossiês do
país e isso, de facto, não aconteceu”,
afirma o chefe de Estado angolano,
em entrevista ao semanário Expresso
de 17 de Novembro, recordando
os primeiros meses de trabalho em
que teve de andar à procura de informações
de vários dossiers.
A poucos dias de realizar uma visita
a Portugal, João Lourenço criticou
a gestão do seu antecessor.
“Estivemos diante de uma anormalidade
com despachos feitos
em vésperas da minha investidura,
nomeadamente, entre outros, sobre
o porto da Barra do Dande, para
favorecer quem pretendiam favorecer”,
numa referência à concessão
da obra à Atlantic Ventures, de Isabel
dos Santos, filha do ex-chefe de
Estado, José Eduardo dos Santos.
Quanto a José Filomeno dos Santos,
também filho de José Eduardo
dos Santos, que está actualmente
preso por suspeitas de ter tentado
retirar dinheiro do Fundo Soberano,
de que era administrador, João
Lourenço recordou a crise das finanças
do Estado que encontrou há
um ano, quando tomou posse.
Além da crise económica, “ainda
houve a tentativa de retirada dos
parcos recursos do Estado de cerca
de 1,5 mil milhões de dólares para
serem depositados numa conta no
exterior de uma empresa de fachada”,
declarou ao semanário.
“Foi uma jogada de alto risco que,
felizmente, graças à colaboração
das autoridades britânicas, conseguimos
fazer abortar”, afirmou.
E atirou: “São conhecidos os que
traíram a pátria.”
E, quando está quase a terminar o
prazo para o repatriamento voluntário
de capitais, João Lourenço
promete o empenho de Angola na
perseguição a quem retirou o dinheiro
do país.
“Vai ser um trabalho árduo, em que
o Estado vai ter que contratar serviços
de especialistas na matéria, os
chamados caçadores de fortunas” e
“vai ter que fazer acordos judiciários
com outros Estados, como o
que fez com Portugal para, desta
forma, em várias frentes, ir apertando
o cerco até que se descubram
os esconderijos do dinheiro de Angola”,
explicou.
Sobre a polémica que envolveu o
antigo vice-presidente angolano
Manuel Vicente, considerado próximo
de João Lourenço, que levou
a justiça portuguesa a enviar para
Angola um processo de suspeitas
de corrupção relativa ao ex-governante,
o chefe de Estado angolano
garantiu: “em momento algum, defendemos
Manuel Vicente. O que
Angola fez foi defender a necessidade
de um país amigo, que é Portugal,
respeitar o acordo judiciário
existente entre os dois países”.
Admitindo que o facto de ser um
vice-presidente também pesou na
atenção dada ao caso, João Lourenço
continuou: “não estou a ver que
o vice-presidente da República de
um país estivesse a contas com a
Justiça de um outro país, e que as
autoridades do seu país não reagissem”.
Quanto às negociações com o Fundo
Monetário Internacional, uma
decisão política que rompe com a
recusa tradicional de Angola de
obter financiamentos em organizações
multilaterais, que impõem
o acesso às contas do país, o presidente
angolano disse ao Expresso
que “Angola é parte do FMI”.
“E se tem a possibilidade de obter
financiamentos em condições melhores
do que as que tem conseguido
até aqui, acho absolutamente
lógico ir buscar dinheiro ao nosso
próprio banco”, justificou João
Lourenço.
Na entrevista, João Lourenço afirmou
ainda que a petrolífera estatal
Sonangol tenciona vender os seus
activos em empresas portuguesas,
embora admita manter a participação
da GALP.
Jornal de Negócios/Lusa
Q
uatro dias depois da entrevista de João Lourenço, José
Eduardo dos Santo reagiu. O antigo presidente angolano
negou, nesta quarta-feira, ter deixado a presidência com os
cofres vazios, garantindo que deixou pelo menos USD 15
mil milhões ao executivo que lhe sucedeu, contrariamente às declarações
do seu sucessor.
“Não deixei os cofres do Estado vazios. Em Setembro de 2017, na
passagem de testemunho, deixei 15 mil milhões de dólares no Banco
Nacional de Angola como reservas internacionais líquidas a cargo
de um gestor que era o governador do BNA sob orientação do Governo”,
disse.
Numa declaração a jornalistas sem direito a perguntas, na sede da
Fundação Eduardo dos Santos em Luanda, Eduardo dos Santos
afirmou a necessidade de “prestar alguns esclarecimentos” sobre a
forma como conduziu o país durante os 38 anos de Governo.
Na entrevista de sábado ao jornal Expresso, o presidente angolano,
João Lourenço, afirmou que, quando assumiu o poder, encontrou
os cofres vazios ou a serem esvaziados.
Segundo Eduardo dos Santos, o Orçamento Geral do Estado é
aprovado pela Assembleia Nacional e todas as receitas e despesas do
Estado devem estar obrigatoriamente inscritas.
“O OGE de 2017 tinha um défice de 6% e a cobertura desse défice
era suportada com a venda de títulos do tesouro aos bancos comerciais,
dívida que tinha de se pagar mais tarde com juros e o dinheiro
depositado no tesouro”, justificou Eduardo dos Santos.
Expresso/pt
Presidente angolano em grande entrevista:
“São conhecidos os que traíram a pátria”
“Não deixei os cofres
do Estado vazios”
Eduardo dos Santos reage à entrevista de JLo
Savana 23-11-2018 13 PUBLICIDADE
TIM JONES
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DIVULGAÇÃO
“Ilha de Moçambique, estórias da sua história”
e a “Memória dos elefantes de Moçambique”*
14 Savana 23-11-2018 Savana 23-11-2018 15
NO CENTRO DO FURACÃO
A ser lançado em breve:
- na visão de Ricardo Barradas
L
i estas estórias da História da
Ilha de Moçambique e a Memória
dos Elefantes de Moçambique
do Dr. Ricardo Barradas.
Ambos têm a rara qualidade em livros
desta natureza, de serem uma leitura
cativante que não se larga depois de começar.
No panorama editorial do nosso
país, onde se edita mais do que se lê, é
uma excepção notável.
O autor deu-se a grande trabalho de
pesquisa documental para produzir este
“Ilha de Moçambique, estórias da sua
história” e a “Memória dos elefantes
de Moçambique”. O resultado não são
dois calhamaços intragáveis, mas fascinantes
livros ilustrados com gravuras
da época, gráficos e estatísticas, onde a
informação é um atractivo em si, sem
necessidade de recorrer a palavras que
no caso seriam redundantes.
As estórias de que Ricardo Barradas
fala estão contidas nos capítulos como
Os baneanes, O ajauas e a feira do Mossuril,
A guerra secular intermitente entre
as elites da Ilha, Macuas e Xeques
suaíli, O mito dos 500 anos de colonialismo
português em Moçambique, A
nova cidade de Moçambique e o Reino
Unido de Portugal e Brasil, Monções
e monomocaios, Panos, Os cercos dos
Holandeses, Namarrais e Mouzinho,
Cemitérios da Ilha de Moçambique.
São diversos os episódios da História
de Portugal que o público não conhece,
mas tiveram grande impacto em
Moçambique nas épocas recuadas dos
séculos XVIII e XIX, ou detalhes pitorescos
que nunca aparecem nos manuais
de história, que tornam a leitura
cativante.
Leia-se este trecho como exemplo: Os
portugueses filhos de Portugal e do Brasil,
e famílias, que descendem deles eram chamados
de reinóis (do Reino de Portugal).
É de acreditar que muitos destes descendentes
seriam já resultado de mestiçagem.
Frei Bartolomeu insurge-se contra a incorporação
na cultura dos reinóis filhos
do país – referindo-se aos descendentes
mistos dos reinóis “puros” - de costumes
avessos à cristandade, como feitiçarias e
charlatanices, adquiridos nos seus contactos
com indígenas, mouros e indiáticos, num
processo de assimilação previsível. IncluPor
Maria de Lourdes Torcato
sivamente falavam muito mal o português…
Provavelmente, os reinóis filhos do país
falariam melhor o macua. Quando chegavam
à juventude muitos eram enviados
para o estrangeiro, para estudar: Goa, Ilha
de França, Brasil, Portugal eram os seus
destinos. Poucos deles voltavam à Ilha de
Moçambique.
A elite portuguesa usava louça da China
para servir chá. Bebia-se chá a toda a hora.
De manhã, à tarde ou à noite, servido por
um criado com biscoitos e um charuto aceso
para fumar depois do chá.
Uns poucos faziam-se transportar em cadeirinhas
inglesas feitas na Índia… (...)
- Dr. Barradas, é evidente que dedica
um grande amor à Ilha de Moçambique?
Nasceu ou cresceu lá?
Não nasci na Ilha de Moçambique.
Nasci em Maputo. Mas conheci a Ilha
de Moçambique no ano da independência,
1975. A minha mulher e eu somos
médicos. Então, recém-formados,
fomos colocados no Hospital Central
de Nampula, um mês antes do dia da
independência, para ajudar à reconstrução
nacional ao nível da estrutura
sanitária.
E o trabalho era mesmo muito... Apesar
disso, não perdíamos uma oportunidade
para ir alguns fins-de-semana visitar
a nossa colega de profissão, Dra. Filomena
Barreto, então directora do Hospital
da Ilha de Moçambique. Ela oferecia
a acomodação nas suas instalações,
naquele belo hospital centenário que é
um verdadeiro monumento público.
Não esqueço as trocas de impressões
profissionais entre nós, completamente
inovadoras num contexto de uma reorientação
estratégica radical que se operava
no Ministério da Saúde, que então
centralizava todas as acções de saúde.
Mas também não faltaram as experiências
gastronómicas locais e a apreciação
de um ambiente inédito revelador de
um entrecruzamento de culturas que
nunca tínhamos vivido tão de perto. A
lha de Moçambique era toda ela um
monumento à humanidade, e por isso
é hoje património dela. Os inúmeros
aspectos da vida da sociedade insular, as
cores, as religiões, os vestuários, as caras,
as comidas, a ponte e todos os mil e um
pitorescos únicos dos ilhéus, fizeram-
-nos ver uma ilha mágica.
Veio depois a guerra. A Ilha ficou fora
do nosso alcance por uns dez anos e
quase apagada das nossas memórias.
Terminada a guerra, surgiu-nos a oportunidade
de reabilitar uma casa em ruínas
dentre as centenas então existentes
na Ilha, quase totalmente destelhada e
condenada a desabar. E assim aconteceu,
o que nos permitiu passar na Ilha
de Moçambique períodos prolongados
todos os anos, desde os inícios deste
século.
A minha residência na Ilha de Moçambique
representou uma vivência próxima
e rotineira durante quase 20 anos,
que ofereceu uma maior e mais detalhada
abrangência da “essência“ da Ilha,
da sociedade local e das suas culturas e
religiões, e especificidades. E as seculares
presenças históricas de diversas
culturas que se entrecruzaram num espaço
tão limitado, espalhadas por toda a
Ilha, tornaram-se desafios à criatividade,
num cenário quase vivo da história.
Viver na Ilha de Moçambique, circular
pelas suas ruelas estreitas, cruzar com os
ilhéus na rua, apreciar o seu rico património,
instiga a curiosidade e ajuda a
libertar a fantasia. O macuti e os seus
habitantes, exsudando antiguidades,
a religião, o msiro, o tufo, e os produtos
do mar frescos, ajudam a dar asas
à imaginação, olhando para o passado.
- Tanto quanto sabemos é médico e
não historiador. Como é que faz essa
mutação com aparente facilidade? O
curso de medicina decepcionou-o de
alguma maneira?
Não é isso, não tem nada a ver com a
carreira de médico. A não ser com o
facto de a dedicação que essa profissão
exige, levar a uma quase total indisponibilidade
para dedicação a tarefas que
não sejam de natureza laboral. De facto,
foi só depois de me reformar que passei
a ter tempo para ler e escrever.
O meu interesse por história vem dos
tempos em que eu estudava na Faculdade
de Medicina, no tempo colonial,
quando um grupo de estudantes progressistas
nos reuníamos para discutir e
divulgar assuntos da história de África
e de Moçambique, numa secção chamada
de Centro de Estudos Moçambicanos
que existia na Associação Académica
de Moçambique, onde eramos
activistas.
- As suas descrições são factuais, rigorosas
e objectivas, mas o resultado nem por
isso deixa de incomodar muitos que preferem
acomodar-se naquilo que é aceite
e ninguém contesta e por isso é escolhido
para ser História.
A História está recheada de estórias
mal contadas, normalmente como resultado
de pontos de vista unilaterais,
quase sempre com tendências panegíricas,
que fatalmente se distanciam da
realidade.
Realmente, o capítulo sobre o “O mito
dos 500 anos de colonialismo português”
é um bom exemplo de como a
história foi falseada e, à custa de tantas
vezes ser repetida, acabou por ganhar
foros de veracidade, com tendência à
perpetuação de um conceito que é totalmente
erróneo. É deveras surpreendente
como um conceito tão elementar
e fundamental como este tenha vingado
no nosso país num período de tempo
tão curto.
Estes dois livros tentam observar numa
óptica diferente a história contada por
outros, tanto quanto possível despida
daquelas características fantasiosas e
geralmente glorificadoras que acabam
por distorcer a realidade histórica.
Se há pessoas que possam ficar incomodadas,
o objectivo não foi esse, mas
apenas olhar a história numa perspectiva
que me parece mais realista. O
principal objectivo deveria ser ajudar a
evitar que as nossas crianças recebam
ensinamentos adulterados nas escolas.
Como intelectual, ficar calado perante
esta deturpação seria uma agressão ao
amor que tenho à minha terra.
- Fale um pouco da génese destes livros
Sempre tive vontade de escrever algo
sobre a história de Moçambique, pois
a cada passo encontrava aspectos e
questões interessantes e curiosas que
considerava um desperdício não serem
conhecidas pelos moçambicanos. Mas
faltava-me um objectivo, uma definição
dos limites para esse texto, um tema
concreto.
Entretanto, ia lendo e tomando notas,
enquanto procurava encontrar um tema
sobre o qual me concentrar. Escrever
sobre a história de Moçambique em
geral, afigurava-se-me uma tarefa ciclópica
de muito longo prazo para a qual
não me sentia preparado, nem era meu
objectivo.
Entretanto, aconteceu que li um livro
de Allen e Barbara Isaacman, sobre os
famigerados Chicunda e fiquei a saber
do enorme massacre de elefantes
que teve lugar no nosso país, particularmente
nos séculos XVIII e XIX, e a
minha natural costela conservacionista
ficou ferida. (Curiosamente, o livro dos
Isaacman também constituiu fonte de
inspiração para Ungulani Ba Ka Khosa
no seu livro “Choriro”). O conhecimento
de que Moçambique foi um
país que deve ter tido mais elefantes do
que humanos, e a violenta e prolongada
agressão ambiental cometida pelos moçambicanos
contra eles, impressionou-
-me sobremaneira. Ao mesmo tempo, o
conhecimento de que no passado houve
milhares de moçambicanos que foram
grandes caçadores de elefantes, com
todos os seus riscos, e mitos e fantasias
acompanhantes, foi um incentivo importante
para escrever.
E assim surgiu um tema bem definido
sobre o qual me concentrar e escrever: a
mortandade dos elefantes de Moçambique.
Enveredei por este caminho por
volta de 2011-12, com um ritmo relativamente
bom. Mas depois atravessei
um período de desânimo em que estive
quase dois anos lendo muito pouco e
sem escrever.
De tal maneira que cheguei a pensar
em limitar-me a fazer apenas um blog
onde colocar generalidades, aspectos
soltos da história, sem abordar necessariamente
um tema específico. Aliás, essa
ideia ainda está de pé, quem sabe se um
dia se concretizará.
- Duma pesquisa sobre os elefantes
virou-se para a história da Ilha – é
uma transição inesperada…
Enquanto investigava esta hecatombe
elefantina, que afinal se estendeu
por quase toda a África, apercebi-me
de que foi através da tal ilha mágica, a
Ilha de Moçambique, que tinham sido
escoados para a Índia os milhares de toneladas
de marfim extraído das vítimas
da carnificina no território que é hoje
Moçambique. A exportação de marfim
para a Índia foi o motor da economia
da Ilha de Moçambique durante séculos,
juntamente com a exportação de
ouro e escravos, com destinos diversos.
A partir daí, fui espontaneamente conduzido
à constatação de que os indianos
exportadores de marfim da Ilha de
Moçambique, os baneanes, como lhes
chamavam os portugueses, exerceram
uma hegemonia económico-financeira
e marítima durante dois séculos. Em
consequência, dispunham do poder
efectivo, sem armas, e sem perturbar a
ilusória fachada dominadora que a administração
lusa e respectiva guarnição
militar diminuta, geralmente corruptas
e ineptas, sempre continuaram a
pretender manter, acompanhadas de
algumas dezenas de portugueses residentes,
maioritariamente criminosos e
marginais. Tornou-se então incontornável
conhecer melhor o papel que esta
comunidade hindu desempenhou no
desenvolvimento de Moçambique. Na
minha óptica, esta estória estava mesmo
muito mal contada...
Por outro lado, a pesquisa e leitura de
documentos históricos relacionados
com o marfim e a Ilha de Moçambique
vieram rechear aquele cenário vivo
e ajudar a compreender melhor o que
foi o passado da Ilha e suas adjacências.
As descrições dos clássicos portugueses,
levantavam muitas dúvidas e interrogações
que precisavam ser esclarecidas.
- Compreende-se que já tinha muitos
elementos para os livros antes de
se planear comemorar a data dos 200
anos?
Sim, já tinha lido muito sobre aquela
ilha mágica e o comércio de marfim
que ali se desenvolveu. Entretanto, em
2016 começou a falar-se das comemorações
dos 200 anos da elevação da Ilha
de Moçambique à categoria de cidade e
esse foi o catalisador que me fez comprometer
comigo mesmo de que aquilo
que ambicionava publicar há anos, tinha
agora uma meta.
Ricardo Barradas nasceu em Maputo
em 1948. Concluiu o curso
de Medicina no ano da independência
e trabalhou nos hospitais
centrais das cidades de Nampula, Beira e
Maputo durante 25 anos, primeiro como
cirurgião geral e depois como cirurgião
plástico. Foi médico-chefe provincial de
Nampula em 1975 e ocupou diversos cargos
de direcção nos três hospitais referidos.
Trabalhou também ocasionalmente em
quase todos os hospitais provinciais do país.
Desde 1977, foi professor universitário na Faculdade de Medicina da Universidade
Eduardo Mondlane, da qual foi director durante seis anos, tendo
também leccionado em diferentes instituições de formação de saúde daquelas
três cidades.
Depois de reformado dos serviços de saúde, fez uma pós-graduação na
Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, tendo adquirido o grau de
Mestre em Gestão do HIV e SIDA em 2005.
O seu interesse pela história de Moçambique vem desde o tempo colonial,
enquanto activista da Associação Académica de Moçambique e membro
do seu Centro de Estudos Moçambicanos.
“Ilha de Moçambique, estórias da sua história” e “Memória dos elefantes de
Moçambique” são os seus primeiros livros publicados.
* Os livros serão lançados próxima quarta-feira, 28 de Novembro, às 17h30, no
Centro Cultural Português em Maputo
%LRJUDÀD
Envolvi-me então com mais ânimo e
sistematização, pois uma melhor definição
dos objectivos, resultado da delimitação
do tema da cidade da Ilha de
Moçambique e os seus 200 anos em
particular, ajudou a restringir o âmbito
do livro.
Daqui resultou o livro “Ilha de Moçambique,
estórias da sua história”, uma
homenagem aos 200 anos da cidade da
Ilha de Moçambique, que tenta reproduzir
a vida naquela época, na base de
documentos públicos, assim como relatar
alguns aspectos vividos na Ilha de
Moçambique noutras épocas.
Entretanto, a história do massacre dos
elefantes de Moçambique e a história
da Ilha de Moçambique estão de tal
maneira entrelaçadas que foi uma oportunidade
para concluir a “Memória dos
elefantes de Moçambique”, o primeiro
a ser iniciado, donde resulta que se concluem
e se editam dois livros ao mesmo
tempo.
Houve alguma razão específica para
dedicar os livros aos jovens?
Estes livros foram escritos a pensar na
juventude moçambicana, em estimular
neles o gosto pela rica história da sua
terra. Acredito que muitos jovens não
adquirem esse gosto porque a maioria
dos textos de história são frequentemente
de leitura difícil, aborrecidos,
densos, pouco atractivos. Esta foi uma
tentativa de proporcionar uma leitura
agradável, que educa ao mesmo tempo
que diverte, tanto quanto possível. Oxalá
isto possa contribuir para entusiasmar
mais jovens a conhecer a história
do seu país.
Esta evidente preocupação com os jovens
atraiu o interesse do parceiro da
edição, o Gapi, que declarou: “As estórias
que Ricardo Barradas aqui partilha
têm o fascínio de nos levar para o tempo
em que, atravessando o Índico, donos
de pangaios e caravelas iniciaram a
globalização desta parte do Continente
Africano através do controlo da Ilha
que viria a ser a terra de Mussa al-Bique.
A forma simples e de fácil leitura
como estas estórias nos são aqui apresentadas,
despertaram o nosso interesse
na motivação cultural de uma geração
que hoje se globaliza através da web e
de smartphones.”
- Como conseguiu consultar tanta documentação?
Um aspecto curioso do longo processo
de escrita destes livros foi a feliz constatação
de que há uma enorme quantidade
de livros disponíveis gratuitamente
na Internet (especialmente Googlebooks)
relativos à história de Moçambique,
muito deles livros raros, escritos há séculos.
É verdade que frequentemente,
a sua disponibilização é apenas parcial,
o que gera alguma frustração por o conhecimento
ficar truncado. Mas isso
não foi impedimento para seguir em
frente, na medida do possível.
Na verdade, a maioria da bibliografia
consultada estava disponível na Internet.
Parece-me importante enfatizar
isto como incentivo para potenciais
estudiosos da história de Moçambique.
Não devem ficar desencorajados por
falta de fontes de informação. Apenas
tive de comprar, muitas vezes em
segunda mão, menos de um terço dos
livros e documentos constantes da bibliografia.
Outra fonte importante foi a
comunicação com historiadores vários
que disponibilizaram gratuitamente
por e-mail, livros e documentos importantes
em formato digital, alguns deles
raros. Infelizmente, este contacto só foi
mais produtivo quando já estava quase
a concluir o livro, mas de qualquer
maneira foi uma lição aprendida que
gostaria de transmitir a potenciais escritores
da nossa história.
Símbolos da antiga cidade de S. Sebastião de Moçambique
Pesagem de fardos de panos em Quelimane, no século XIX
(VFUDYRVWUDQVSRUWDQGRSRQWDVGHPDUÀP
Elefante esmagando um caçador caído no chão
5RWDVGRWUiÀFRGHHVFUDYRV
Savana 23-11-2018 16 DIVULGAÇÃO SOCIEDADE
(Maputo, 15 de Novembro de 2018) Um grupo de organizações
da sociedade civil moçambicana vê a decisão da Autoridade
de Conduta Financeira do Reino Unido (FCA, sigla em inglês)
de não prosseguir com sanções criminais contra o banco Credit
Suisse pelo seu papel na dívida inconstitucional e ilegal de US
$ 2,3 mil milhões de Moçambique como evidência adicional de
que a comunidade internacional não responsabiliza os seus próprios
bancos que são responsáveis por esta dívida.
Agora questionamos a sinceridade do Reino Unido e de outros
doadores e duvidamos do seu real compromisso para com a boa
governação em Moçambique. A comunidade internacional responsabiliza
unicamente o povo e a liderança moçambicanos por
esta dívida e exonera os que estão por detrás dela.
$GHFLVmRWRPDGDSHORyUJmRGHÀVFDOL]DomRGR5HLQR8QLGRp
consistente com várias organizações internacionais e agências
doadoras que pararam de exigir transparência no caso de díviGDV
RFXOWDV 2 QRVVR HQWHQGLPHQWR p TXH H[LVWH XPDLQWHQomR
clara de branqueamento do escândalo das dívidas ocultas, como
um meio de assegurar benefícios para os credores e condenar o
SRYRGH0RoDPELTXHjPLVpULDSHUSpWXD $VRFLHGDGHFLYLOPRçambicana
não pode aceitar tal injustiça.
Claramente, o governo moçambicano foi uma das partes na dívida,
mas foi instigado e a dívida viabilizada pelos credores nos
países doadores que não são afrontados por agências internacionais
e doadores que só culpam os moçambicanos. A sociedade
civil irá, agora, abordar directamente os reguladores, as Nações
Unidas e o G20 para buscar apoio.
(VWH&RPXQLFDGRpHPLWLGRSRUFLQFRRUJDQL]Do}HVSURHPLQHQtes
da sociedade civil, incluindo uma coligação de OSC que se
SUHRFXSDPFRPDJHVWmRGHÀQDQoDVS~EOLFDV *)3 GHVHQYROvimento
socio-económico e rural, transparência e prestação de
FRQWDV 6mRHODV &HQWURGH,QWHJULGDGH3~EOLFD &,3 )yUXPGH
Monitoria do Orçamento (FMO), Mecanismo de Apoio à Sociedade
Civil (MASC), Mulher e Lei na África Austral (WLSA) e
Observatório do Meio Rural (OMR).
O jornal londrino Financial Times (FT, 11/11/2018) informou
TXH´RyUJmRGHÀVFDOL]DomRGR5HLQR8QLGRLQIRUPRXDREDQFR
que reduziu o caso para uma investigação regulatória”. Entende-se
que as sanções máximas para tais investigações são sanções
meramente administrativas, incluindo multas. As sanções
administrativas são inadequadas, dada a complexidade e gravidade
das alegações contra o Credit Suisse e seus ex-funcionários.
$FUHGLWDPRVTXHR&UHGLW6XLVVH MXQWDPHQWHFRPR97% R%13
3DULEDVHR*RYHUQRGH0RoDPELTXH pF~PSOLFHQDFULDomRGH
uma crise da dívida soberana em Moçambique. O fracasso em
tomar medidas contra o antigo banqueiro do Credit Suisse, AnGUHZ
3HDUVH TXH IRL UHVSRQViYHO SHODV QHJRFLDo}HV GD GtYLGD
VREHUDQDHTXH GHSRLV VHMXQWRXDRVIRUQHFHGRUHVTXHEHQHÀFLDUDPGRVHPSUpVWLPRVLOHJDLV VXJHUHTXHDFRQGXWDLOHJDO LPRUDO
e negligente não foi apenas de funcionários desonestos do banFR PDV VLP SDUWHGDFXOWXUDVLVWpPLFDGR&UHGLW6XLVVH
7DPEpPHVSHUiYDPRVTXHD$XWRULGDGHGH&RQGXWD)LQDQFHLUD
(FCA) do Reino Unido conduzisse um processo transparente e
concedesse às partes afectadas, incluindo à sociedade civil mooDPELFDQD
H DR 3DUODPHQWR XPD RSRUWXQLGDGH GH DSUHVHQWDU
reclamações sobre o caso do Credit Suisse. Qualquer processo
que não inclua a participação da sociedade civil moçambicana
QmR p VDWLVIDWyULR SDUD PLOK}HV GH PRoDPELFDQRV FXMR IXWXUR
ÀFDFRPSURPHWLGRSHODFRQGXWDGR&UHGLW6XLVVH 2VLJLORHP
torno da investigação, bem como em torno da dívida ilegal, sugere
que os objectivos da investigação da FCA são limitados e
QmRDERUGDUmRIDOKDVVLVWpPLFDVFRPDFRQGXWDGR&UHGLW6XLVVH
em Moçambique e possivelmente em outros países.
Riscos de empréstimos Eurobond
A conduta do Credit Suisse (em concertação com as autoridades
moçambicanas) ressalta os riscos levantados pelos crescenWHVHPSUpVWLPRVHP(XURERQGVSHORGlobal
Systematic Important
COMUNICADO DE IMPRENSA
15 DE NOVEMBRO DE 2018
OSC moçambicanas acusam o Reino Unido e outros doadores de não estarem comprometidos com a boa governação em Moçambique ao
não responsabilizarem as partes responsáveis pela dívida secreta de 2,3 mil milhões de dólares.
Banks (GSIBs) em países emergentes e em desenvolvimento.
O desequilíbrio de poder entre os GSIBs e os países pobres e em deVHQYROYLPHQWRVLJQLÀFDTXHRVFLGDGmRVGHSDtVHVFRPR0RoDPELTXH
GHSHQGHPGHUHJXODGRUHVLQWHUQDFLRQDLVSDUDLGHQWLÀFDUHHQIUHQWDUD
falta de responsabilidade e de transparência dos GSIBs.
A decisão da FCA de reduzir a acusação contra a conduta do Credit
Suisse - dez anos depois da Crise Financeira Global causada por má
JHVWmRGHULVFRSHORV%DQFRV²VXJHUH WDPEpP TXHD)&$DLQGDQmR
aprendeu as lições da Crise Financeira.
$QRVVDDYDOLDomRpTXHRVSURFHVVRVLQDGHTXDGRVGHULVFRHGHFRQformidade
do Credit Suisse, que contribuíram para a Crise da Dívida
GH0RoDPELTXH VmRVLVWpPLFRVHDEUDQJHPWRGRREDQFR $QRVVDH[-
SHFWDWLYDpTXHRVUHJXODGRUHVVHMDPPDLVULJRURVRVHEXVTXHPVDQo}HVÀUPHVSDUDJDUDQWLUTXHDVIUDTXH]DVQRVFRQWURORVLQWHUQRVGR
Credit Suisse sejam devidamente resolvidas.
$OpPGLVVR RXWUDFULVHGDGtYLGD QRYDPHQWHLPSXOVLRQDGDSRUFUHdores
privados) está iminente e está já a tornar-se uma realidade em
SDtVHVHPGHVHQYROYLPHQWR 3RUWDQWR DIDOWDGHVDQo}HVjFRQGXWDGR
Credit Suisse contribuirá para manter o comportamento predatório
GHVVHEDQFR SURPRYHULQVWDELOLGDGHQRVLVWHPDÀQDQFHLURHGHVHQFRUDMDUSHGLGRVHFRQFHVVmRHPSUpVWLPRVUHVSRQViYHLV
A sociedade civil moçambicana está desiludida com o facto de os
reguladores estarem a tratar o caso da dívida ILEGAL de Moçambique,
diferentemente do Fundo 1MDB da Malásia - onde são aplicadas
VDQo}HVSHQDLVFRQWUDRVEDQTXHLURVGR*ROGPDQ6DFKV $OpPGLVVR
notamos que os relatórios provenientes do 1MDB serão rastreados e,
provavelmente, devolvidos à Malásia.
Acção a realizar
Os signatários deste comunicado irão contactar a ONU e o G20, atraYpV
GD$UJHQWLQD FRPR DFWXDO GHWHQWRU GD SUHVLGrQFLD GR * H R
Japão como próximo detentor da presidência deste grupo) para apresentar
as suas preocupações de que a conduta dos Reguladores pode
não apoiar a Agenda pós-Financiamento para o Desenvolvimento
))' FRQIRUPHR3ODQRGH$FomRGH$GGLV$EHED
7DPEpPDERUGDUHPRVRVUHJXODGRUHVHJRYHUQRVQR5HLQR8QLGR QD
Suíça e nos Estados Unidos, pois acreditamos que o Credit Suisse e
outros bancos possam estar violando os padrões do Grupo de Acção
Financeira (FATF (sigla em inglês) contra a lavagem de dinheiro. A falWDGHDFomRFRUUHFWLYDDSURSULDGDVySRGHH[SRURVLVWHPDÀQDQFHLUR
internacional e, por extensão, a economia global e os vários países, a
maior vulnerabilidade.
&RQWLQXDUHPRV D DSHODU D DFo}HV GRPpVWLFDV HP0DSXWR ² Mi DERUGiPRV
R 3DUODPHQWR H R &RQVHOKR &RQVWLWXFLRQDO TXHVWLRQDQGR D
legalidade da dívida de Moçambique. Continuaremos a mobilizar a
sociedade civil contra dívidas ilegais. A nossa esperança era que os
reguladores globais fossem solidários com o povo moçambicano e
usassem os seus poderes estatutários para responsabilizar as partes
envolvidas.
Apelamos a outras organizações da sociedade civil (OSCs) noutros
países em desenvolvimento para que permaneçam vigilantes à meGLGDTXHRVVHXVSDtVHVFRQWUDWDPPDLVHPSUpVWLPRVGHFUHGRUHVSULvados.
A conduta do sector privado pode representar o maior risco
para a prosperidade das nossas nações e povos. É decepcionante saber
que os países em desenvolvimento já não podem contar com um
UHJXODGRUSDUDSURWHJHURVQRVVRVSDtVHVGHSUiWLFDVGHHPSUpVWLPRV
predatórios.
Para esclarecimentos, por favor contactar:
Thomas Selemane, OMR, thomselemane9@gmail.com; 00 258 82 42
84 050
(GVRQ&RUWH] &,3 edcottez@gmail.com; 00 258 84 95 51 701
Jorge Matine, FMO, jorgematine.jm@gmail.com; 00 258 84 67 17 432
Savana 23-11-2018 17 SOCIEDADE DIVULGAÇÃO
(Maputo, 15 November 2018) A coalition of Mozambican civil
society organisations see the decision of the UK Financial
Conduct Authority (FCA) will not be pursuing criminal sanctions
against Credit Suisse for its role in Mozambique’s unconstitutional
and illegal US$ 2.3 bn debt as further evidence
that the international community will not hold accountable its
own banks which are responsible for the debt.
We now question the sincerity of the UK and other donors,
and doubt their real commitment to good governance in Mozambique.
The international community holds the Mozambican
people and leadership solely responsible for this debt, and
exonerates those behind it.
The decision taken by the UK watchdog is in line with various
international organisations and donor agencies that have stopped
demanding transparency on the secret debts affair. Our
understanding is that there is a clear intention of white washing
the debt scandal, as a mean of securing benefits for the
creditors and condemning the people of Mozambique to perpetuated
misery. Mozambican civil society cannot accept such
injustice.
Clearly the Mozambican leadership was party to the debt, but it
was instigated and only made possible by lenders in the donors’
countries who are not challenged by international agencies and
donors who only blame Mozambicans. Civil society will now
directly approach regulators, the UN and G20 to seek support.
This statement is issued by five prominent civil society organisations
including a coalition concerned with public financial
management (PFM), socio-economic and rural development,
transparency and accountability: CIP, FMO, MASC, WLSA
and OMR (Centro de Integridade Pública, Fórum de Monitoria
do Orçamento, Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil,
Mulher e Lei na África Austral, Observatório do Meio Rural).
The London Financial Times (FT, 11/11/2018) reported that
“the UK watchdog has informed the bank that it has downgraded
the case to a regulatory investigation”. It is understood
that maximum sanctions for such investigations are administrative
penalties including fines. Administrative sanctions are
inadequate given the complexity and seriousness of allegations
against Credit Suisse and its former staff members. We believe
that Credit Suisse (together with VTB, BNP Paribas and the
Mozambican Government) is complicit in creating a sovereign
debt crisis in Mozambique. The failure to take action against
the former banker Credit Suisse, Andrew Pearse, who was responsible
for the sovereign debt deals who then joined the contractors
benefitting from the illegal loans suggests that illegal,
immoral and negligent conduct was not just by rogue bank staff,
but rather part of systemic Credit Suisse culture.
We also expected that the FCA would conduct a transparent
process and grant affected parties, including Mozambican Civil
Society and Parliament, an opportunity to make submissions
on the Credit Suisse matter. Any process that does not include
Mozambican civil society’s participation is not satisfactory to
millions of Mozambicans, whose futures are affected by Credit
Suisse’s conduct. The secrecy around the investigation, as well
as with the illegal debt, suggests that the objectives of FCA
investigation are limited and will not address systemic failures
with Credit Suisse’s conduct in Mozambique and possibly in
other countries.
Risks of Eurobond lending
Credit Suisse’s conduct (in concert with Mozambican Authorities)
underscores risks posed by increased Eurobond lending
by Global Systematic Important Banks (GSIBs) in Emerging
MEDIA STATEMENT
15 NOVEMBER 2018
Mozambican CSOs accuse UK and other donors of not being committed to good governance in Mozambique by failing to hold accountable the
parties responsible for the $2.3 billion secret debt
and Developing Countries.
The power imbalance between GSIBs and poor, developing countries
means that citizens from countries like Mozambique depend on international
regulators to identify and address accountability and transparency
failures from GSIBs.
FCA’s decision to downgrade the complaint against Credit Suisse’s conduct
- ten years after the Global Financial Crisis caused by poor risk
management practices by Banks – also suggests that the FCA is yet to
learn lessons from the Financial Crisis.
Our assessment is that Credit Suisse’s inadequate risk and compliance
processes which contributed to the Mozambican Debt Crisis are systemic
and bank wide. Our expectation is that regulators would be more
stringent and seek firm sanctions to ensure that weaknesses in internal
controls at Credit Suisse are addressed.
Additionally, another debt crisis (again driven by private creditors) is
imminent and is already becoming a reality in developing countries.
Therefore the lack of sanctions on Credit Suisse’s conduct will contribute
to the maintenance of predatory behaviour by such lender, to promote
instability in the financial system and to discourage responsible
borrowing and lending.
Mozambican Civil society is disappointed that Regulators are treating
Mozambique’s ILLEGAL debt case, differently from the Malaysia’s
1MDB Fund – where criminal sanctions are pursued against leading
Goldman Sachs Bankers. Additionally, we have noted reports that proceed
from 1MDB would be traced and are likely to be returned to Malaysia.
Action to be taken
The signatories of this statement will be approaching the UN and G20
through Argentina (in their Capacity as current G20 Presidency and
Japan as incoming Presidency) to register our concerns that the conduct
of Regulators might not be supportive of post Financing For Development
Agenda (FFD) as outlined in the Addis Action Plan.
We will also approach regulators and governments in UK, Switzerland
and United States as we believe that Credit Suisse and other Banks
might be in contravention of the Financial Action Task Force’s (FATF)
standards against money laundering. Failure to take appropriate corrective
action can only expose international financial system, and, by
extension, the global economy and countries, to the further vulnerability.
We shall continue calling for domestic action in Maputo – we have
approached parliament and the constitutional court to challenge the legality
of Mozambique’s debt. We will continue to mobilise civil society
against Illegal loans. Our hope was that global regulators would stand
in solidarity with Mozambican people, and use their statutory powers to
hold parties accountable.
We urge other civil society organisations (CSOs) in other developing
countries to remain vigilant as their countries access more loans from
private creditors. The conduct of private sector might pose the greatest
risk to the prosperity of our nations and peoples. It is disappointing to
learn that developing countries can no longer count on a regulator to
protect our countries from predatory lending practices.
For media enquiries, please contact:
Thomas Selemane, OMR, thomselemane9@gmail.com;
00 258 82 42 84 050
Edson Cortez, CIP, edcottez@gmail.com; 00 258 84 95 51 701
Jorge Matine, FMO, jorgematine.jm@gmail.com; 00 258 84 67 17 432
18 Savana 23-11-2018 OPINIÃO
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Maputo-República de Moçambique
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Redacção:
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Nhampossa, Armando Nhantumbo e
Abílio Maolela
)RWRJUDÀD
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e Ilec Vilanculos
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António Cabrita, Carlos Serra,
Ivone Soares, Luís Guevane, João
Mosca, Paulo Mubalo (Desporto).
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www.savana.co.mz
Cartoon EDITORIAL
T
ive um pesadelo: as caixas
ATM transformavam-se em
gelatina e os cartões, devido à
sua dureza, trepanavam o sistema
bancário, impedindo-o de realizar
a mais simples operação. As crianças
corriam para as ATM de colher em
riste e os pais ficavam em agonia.
Acordei num susto.
Readormeci e tive um sonho mais
risonho: erguia-se uma ponte de gelo
entre Maputo e Catembe e a quem
conseguisse lá chegar antes que o gelo
derretesse era atribuído um DUAT
sobre uma parcela de terreno em Salamanga,
a suficiente para lá implantar
um igloo gigante para acolher um
casino.
Mas a realidade não deve confundir-
-se com os sonhos. Quando não distinguimos
entre o que sonhamos ou
imaginamos e a realidade acontece
um surto psicótico.
Leio uma reportagem sobre as fake
news que circularam no Brasil, nestas
últimas eleições; demonstra-se que,
dizia o dramaturgo Nelson Rodrigues,
só a estupidez é eterna. E à estupefacção
segue-se o temor: o poder
pode imbecilizar-nos e gerar de facto
surtos psicóticos.
Uma das fake news dava como certo
que os governos do PT distribuíam
tetinas para os biberões nas maternidades
e creches que tinham a forma
de pénis – pirilaus de borracha. Era
inacreditável a imagem do biberão
com uma pila e a sugestão de que os
bebés eram treinados na sucção das
glandes, exercício que, imaginavam
os crédulos, multiplicaria exponencialmente
a homossexualidade. Pode
o humano chegar tão baixo na indigência
mental que acredite nisto? Isto
devia-nos fazer pensar no que seja tal
entidade abstracta: o povo.
No segundo fake news apareciam imagens
de Manuela D’Avilla, a vice-presidente
de Haddad, com tatuagens.
Sobre o coração estaria uma de Che
Guevara enquanto o braço esquerdo
mostrava Lenine: ficava demonstrado
que era uma comunista radical. As tatuagens
foram acrescentadas digitalmente
na foto, preocupante é a falta
de bom senso que leva as pessoas a
engolir mentiras tão primárias.
Há já quem chegue a perguntar a si
mesmo se o capitão Jair Bolsonaro,
que conseguiu 57 milhões de votos
nas urnas, existe realmente ou é uma
miragem. Coloca-se em dúvida até
mesmo que tenha sido esfaqueado.
Bom, no fim do século XIX houve um
livro muito lido em França que punha
em dúvida que Napoleão Bonaparte
tivesse existido. O livro demonstrava,
numa armação lógica irrefutável, que
Napoleão fora um mito em que toda a
gente embarcara de forma alucinatória.
A contrariedade de tal argumento
exuberantemente bem montado era
que a realidade lhe resistia.
Igualmente para os Historiadores revisionistas
o Holocausto nunca existiu.
Que pena quase sete milhões de
vítimas insistirem em contrariá-los!
Na corrente das fake news advém dois
níveis de negação do real: um deliberado,
perverso, de sobreposição de
uma mentira sobre a experiência do
vivido e que é subsidiária do mal e a
outra, inconsciente, por falência cognitiva
e ignorância. A esta, uma aposta
na educação poderá minorá-la, a
outra deve ser objecto de penalização
legal, como já acontece na Itália e na
Alemanha.
E isto leva-nos à necessidade de uma
esfera pública e à institucionalização
de mediações. Quando eu recebo uma
mensagem no wattsapp ela chega-me
sem mediação. A mesma mensagem
difundida por um jornal sério passou
antes por um crivo que a confirma ou
desmente, antes de ser disponibilizada.
A esfera pública funciona como um
regulador homeostático.
Para Habermas, e sob uma perspectiva
normativa das sociedades democráticas,
a esfera pública designa
a visibilidade da discussão, a partir
do escrutínio público dos actores e
acções da esfera política. Os seus instrumentos
seriam a opinião pública
e a sociedade civil nas suas diversas
instituições e formas de mediação.
Mas a sua acção é muito mais ampla
do que a influência política: a esfera
pública, de que media são um dos
suportes, é uma espécie de regulador
não-declarado de algumas noções civilizacionais
e um incrementador de
mercados culturais para o consenso e
o conhecimento. Se só há a dimensão
política, como acontece em Moçambique,
a esfera pública fica coxa.
Em 2007 tive de discutir numa aula
se seria possível, como sugeria uma
reportagem da STV, a uma jovem da
periferia ter parido um bule e duas
chávenas. Num país desenvolvido,
com uma rede de publicações científicas,
esta reportagem seria impossível à
cabeça porque o conhecimento médio
científico exporia ao ridículo o jornalista
e o editor que embarcou em tal
sensacionalismo.
A existência de uma esfera pública é
o que permite uma grelha de critérios
exteriores a nós, a qual serve para medirmos
a pertinência e legitimidade
do que pensamos e fazemos, à luz de
uma perspectiva de valores comparativos.
Sem isto estamos entregues às
nossas crenças, que em 99% dos casos
nos encaminha para a idiotia.
Se escrevo um romance, este não é
bom ou mau porque assim o decidi
mas em comparação com milhares
de romances da história da literatura,
ponto. Sem eu medir o meu romance
com os de Proust, por exemplo, o meu
critério é falho.
Seria esta uma das funções da crítica,
regular, meter em perspectiva, comparar.
Quando não existe uma esfera pública
que sirva de anteparo e filtro
os factos dão-se sempre em excesso
sendo natural que face ao seu caudal o
espírito se sinta presa de vertigem. Aí
agarramo-nos desesperadamente às
crenças pessoais, mesmo que imbecis,
e despontam os surtos psicóticos.
O surto psicótico
A matequenha que
paralisou um monstro
T
odos os dias não nos esquecemos de nos fazermos lembrar de que Moçambique
é um Estado soberano, e que deve, por isso, merecer o respeito de todos
os outros. Mas a soberania deve ser muito mais do que o simples facto de ter
um território, uma bandeira, um hino nacional e um governo.
Ela, a soberania, deve ser nutrida com várias doses de prestígio, que muitas vezes se
revela pela solidez e actuação das instituições que corporizam um Estado.
E nesta última semana, a soberania e o prestígio de Moçambique foram testados
até a um limite que trouxe ao de cima fragilidades que até muito recentemente só
poderiam ser produto da fertilidade da imaginação humana.
Quando o sistema financeiro de um país se revela tão vulnerável como o nosso se
revelou esta semana, há muitas perguntas que só não requerem respostas porque, de
facto, a nossa permissibilidade se tornou tão banal que nunca exigimos contas a ninguém,
que aceitamos qualquer desculpa de pessoas cuja função é fazerem as coisas
acontecerem, e não necessariamente ocupar-nos com subterfúgios para justificar a
sua incapacidade.
E as consequências dessa ausência de diligência não foram ainda contabilizadas na
sua totalidade, para que se tenha uma dimensão real do quanto o colapso do nosso
sistema financeiro, durante cinco dias, custou ao país e de tal rotineiras que as explicações
se tornaram, que nunca chegaremos a esse ponto.
Desde o virar do século que se tem vindo a imprimir uma nova dinâmica no sistema
financeiro nacional, com o surgimento de mais e mais bancos, quase todos dando
uma resposta unânime aos desígnios da inclusão financeira propalada pelo governo.
O banco central foi se desdobrando em apelos para que os cidadãos aderissem
cada vez mais a uma economia plástica e electrónica, pressupondo a realização de
complexas transacções financeiras em que o dinheiro se tornava um produto virtual.
Houve uma adesão massiva a esse chamamento, de tal modo que, também cientes
dos perigos que representa o facto de andarem carregados de dinheiro vivo, muitos
cidadãos passaram a acreditar que até poderiam viajar para qualquer parte do mundo
só com a sua carteira cheia de cartões. Tudo parecia normal, e uma maravilha, uma
dádiva dos avanços tecnológicos que tiveram o seu despontar no século passado, e
que se tornaram mais aperfeiçoados no novo século.
Esse paradigma prevaleceu até ao dia 16 de Novembro de 2018, quando todos se
aperceberam de que estavam a viver uma grande ilusão. Pessoas que acordaram com
planos de realização de transacções muito simples, ficaram a saber que o seu poder
não tinha qualquer valor. Para os que por diversas razões se encontravam fora do
país, tornaram-se de repente vulneráveis, perante necessidades inadiáveis e incontornáveis,
mas para as quais não tinham respostas.
Se o colapso em si já é suficientemente stressante, a ausência de uma explicação
sobre o que estava a acontecer, por parte de quem de direito, tornava o desespero
ainda maior.
Essa explicação oficial só viria a surgir mais de 48 horas depois, mas por essa altura,
a “Rádio Boca” já se encarregara de transmitir a informação, com todas as nuances
possíveis de imaginar.
Nesta explicação, que se pode considerar semi-oficial, até o termo “chantagem” chegou
a ser utilizado. O país estava a ser alvo da habitual “chantagem” por parte de
quem estaria supostamente a agir de má-fé. Para o lado passaram todas as questões
contratuais que estavam no cerne de uma disputa não resolvida em tempo útil. Mas
de explicações sobre fracassos, sobre processos intransparentes de gestão, estamos
mesmo calejados. Não é novidade, para nós, o omnipresente fantasma dessa invisível
“mão externa”.
E quando finalmente a comissão parlamentar do plano e orçamento convocou o
banqueiro do Estado para perceber melhor a dimensão do problema, ficamos a saber
que o causador de todo este problema, a lusitana Bizfirst, era uma empresa de
pequena dimensão, sem expressão no mercado, e que o único contrato de prestação
de serviços que tinha era com Moçambique. A melhor designação que a ela se podia
dar era a de “terroristas cibernéticos”. Negociar com estes “terroristas”? Nem pensar;
há soluções em carteira, para daqui a um mês, na melhor das hipóteses. Como se
todo esse palavreado fosse de alguma utilidade para ajudar a resolver o problema que
se tinha pela frente.
Muitos dos que vivem fora dos principais centros urbanos moçambicanos estão
familiarizados com um bichinho chamado matequenha. Apesar do seu tamanho
diminuto, quando ele se aloja nos pés, provoca uma dor enorme que pode impedir a
pessoa de se movimentar à vontade.
A Bizfirst pode ser comparada a uma matequenha que se alojou no corpo de um
país que é quase nove vezes maior que o tamanho do país da sua origem. Mas não
foi por isso que deixou de causar os danos que causou à economia moçambicana.
Moral da história: quando se está perante um problema, a solução é resolvê-lo por
todos os meios possíveis. Nenhum subterfúgio ou autovitimização, para justificar
incapacidade ou incompetência, será um antídoto válido.
E foi precisamente isso que os bancos comerciais fizeram. Ignoraram a irredutibilidade
e petulância do seu regulador e negociaram com a Bizfirst, para que se encontrasse
uma solução. Com essa acção, numa clara demonstração da sua capacidade de
liderança, repuseram sobre o sistema financeiro moçambicano a credibilidade e fiabilidade
que tanto necessita para que este país continue a prosperar. Talvez venham a
sofrer multas por esse acto de tamanha desobediência. Mas esse é um outro capítulo
Savana 23-11-2018 19 OPINIÃO
604
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Uma coleção internacional [27]
1. Entendemos que numa era
em que, nas chamadas ‘’democracias
eleitorais’’, cresce
o descrédito sobre o modelo
de participação tradicional,
a motivação para aderir aos
processos políticos por intermédio
do voto mostra-se
como aquela em que tende a
registar menores índices. Por
exemplo, em Moçambique a
abstenção passou de 13% em
1994 para 52,6% em 2014
(dados das eleições gerais).
Porém, apesar do incremento
participativo nas recentes
eleições (60,1%), não nos é
permissível concluir que essa
tendência deveu-se às redes
sociais da Internet, mesmo
que se tenha constatado a
extensão e promoção do modelo
de participação através
do voto, uma vez que regularmente
as redes sociais foram
usadas exactamente para
mobilizar os cidadãos para
as eleições, facto verificado
com a partilha de mensagens
e apelos que procuravam
mobilizar os cidadãos (na
sua maioria jovens) para a
sua participação nas recentes
eleições em Moçambique, o
que por extensão se viu também
nos principais partidos
concorrentes que agigantaram
a sua presença nas redes
P
odemos iniciar o presente
ensaio colocando a
hipótese segundo a qual
a internet tem estado a
mudar a forma como nos comunicamos
na sociedade. Essa dinâmica
possibilita o surgimento
de novas e efervescentes formas
de intervenção dos cidadãos na
esfera pública, para além do tradicional
mecanismo de participação
através do voto. De facto,
em vários países de África, tais
como África do Sul, Nigéria e
Quénia, é notório que a internet
e, por conseguinte, as redes sociais
têm permitido a promoção
de fóruns e iniciativas que vão
desde a realização de manifestações,
emissão de opinião por
intermédio de plataformas digitais,
sondagens de opinião, bem
como a realização de petições
ou mesmo de ocupações - boicotes.
Moçambique, não sendo uma
ilha, não escapou à realidade
acima descrita, pois constatamos
que nos últimos anos crescem
diferentes iniciativas que
tendem a promover acções de
engajamento político dos cidadãos
(na sua maioria jovens
presentes nos grandes centros
urbanos – Movimento Activista
Moçambique, Txeka/Olho do
Cidadão, entre outros), pese essa
tendência esbarre na existência
de uma estrutura de governação
que é mera disseminadora de
informação e provedora de serviços
- sem espaço para um diálogo
que possibilite a interacção
com os governados e o retorno
(feedback).
Neste texto podemos entender
por engajamento político como
“(...) toda a actividade realizada
por cidadãos de forma privada
ou colectiva, cujo objectivo visa
influenciar a selecção dos governantes
políticos e/ou as acções
que tomam” (Verba e Nie,
1972:2). Contudo, alguns estudos
nos mostram que não é somente
de aspectos positivos que
são feitas as redes sociais da Internet,
pois prevalecem críticas
sobre a real capacidade destas
serem um espaço que possibilite
o engajamento dos cidadãos
(ver, por exemplo Evgeny Morozov
– The Net Delusion: The
Dark Side of Internet Freedom,
2012). Mesmo reconhecendo
essa realidade, o presente ensaio
opinativo pretende discutir as
possibilidades do engajamento
político na era das redes sociais
em Moçambique, através de
dois elementos basilares, nomeadamente:
a motivação e a
socialização políticas.
sociais, uns com maior visibilidade
propagandística do
que os outros.
2. Por conseguinte, facto constatado
através da nossa
presença na qualidade de
observadores em diferentes
espaços de interacção nas
redes sociais da Internet
nos faz afirmar, com a devida
reserva, que nem todos
os cidadãos moçambicanos
possuem igual socialização
política para participarem
em processos de tomada de
decisão e mobilização políticas.
Aliás, os que se interessam
por questões de
governação constituem, na
sua maioria, um nicho localizado
de cidadãos que teve
antes alguma forma de acção
política no espaço offline,
seja em organizações juvenis
ou estudantis. Essa realidade
nos faz pensar que para o
caso de Moçambique as redes
sociais da Internet ainda
representam uma desigualdade
de oportunidades para
serem tomadas como genéricas,
dada a sua incipiente
abrangência social e geográfica
no país - podendo assim
ser causadoras da divisão digital.
Ademais, a inexistência
de dados desagregados (idade,
região e género) sobre os
usuários da Internet no país,
torna a nossa tarefa sensível
em abordar este tópico aliado
ao facto da mesma Internet
ser de acesso oneroso e
qualitativamente baixa para
os usuários.
Colocados os dois pressupostos
acima, não pretendemos de todo
afirmar que as redes sociais da
Internet não sejam modeladoras
de engajamento político em
Moçambique, pelo contrário,
entendemos que elas possuem
um potencial participativo que
vai merecer atenção nos próximos
tempos, sobretudo para as
eleições gerais de 2019. Porém,
ficou evidente que nos faltam
dados aprimorados para estabelecer
uma relação entre as redes
sociais e o/a aumento/diminuição
do engajamento político no
país, embora não excluamos a
ocorrência de uma “onda cívica
on-line’’ que não poderá ser travada
no país, facto que os actores
políticos já tomaram como
consciência.
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Engajamento político e redes sociais da Internet
em Moçambique: propostas para início de debate?
Por Dércio Tsandzana
A
nossa conversa da semana
passada acabou de forma
abrupta, como deves ter
reparado. Culpa minha.
Entrei em colapso alcoólico, ou,
como diria a minha saudosa nora,
apaguei. Mas vamos continuar. O
que eu queria dizer é que, antes de
atravessar a Avenida Angola ou
abandonar o restaurante Vasco da
Gama, chegou à nossa companhia
o duo Cabaço: o João Cabaço e o
André Cabaço.
O João Cabaço tinha uma voz
de uma versatilidade inigualável
e gravou músicas que até hoje
continuo a ouvir com muito prazer.
Digo “tinha” porque o João
Cabaço já morreu. Morreu neste
ano ou em finais do ano passado.
Continua vivo o irmão dele,
o André Cabaço, que está a viver
há muito tempo em Portugal,
mas continua a surpreender-me
com canções novas, num changana
puro, num ronga puríssimo, e
com uma poesia que não deixo de
admirar.
Chegaram eles, chegou também
outra figura inigualável da Mafalala,
que é o Kharambas, que foi
um dos maiores jogadores de futebol
de Lourenço Marques, para
quem se lembra. Na companhia
dele vinham o quarentinha e o
Mandoviana.
E depois, como se não bastassem
o sonho, a ternura e esse prazer
grande que tinha, de levar o Carlos
Santana ao encontro da Mafalala,
chegou o Belmiro Simango,
que, a jogar básquete pelo Maxaquene,
foi campeão africano. De
jeito molengão, jeito mulato – ou
mestiço, como queiram dizer –, ao
lado dele estava o Hélder Nhandamo,
do clã do mesmo nome,
que também criou um filho chamado
Cláudio Nhandamo.
Estávamos nessa, quando nos
surpreendeu a presença da maior
e melhor dançarina de marrabenta
de Lourenço Marques e de
todos os tempos, a Muchina. E
então acabei o meu passeio pela
Mafalala com o Carlos Santana
e a Leia Tchembene, a cantar e a
dançar Elisa Gomara Saia.
Passeio pela cratera lunar
Andrei Gregorivich Nikolaiev
Uma coleção internacional [30]
20 Savana 23-11-2018 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
A
problemática dos feitos na governação
é incontornável. É como
se houvesse um desafio de não
“passar pelo poder” sem lá deixar
evidências indeléveis do seu rasto. No caso
de Moçambique, parece não preocupar a
questão da continuidade dos planos do
governate cessante, por mais organizados
e pertinentes que os mesmos se mostrem.
O que está em causa é mesmo a promoção
da imagem do indivíduo que acaba de se
sentar. Para tal, nada melhor que algo que
provoque estranheza e uma mistura de debate
e repúdio. As rupturas são necessárias.
Novas abordagens e novas maneiras de fazer
os caminhos do desenvolvimento são
um desafio inevitável. Repetir que o maior
desafio é a mudança de mentalidade dos
colaboradores e até mesmo do eleitorado
também entra nessa equação.
Trump conseguiu e consegue fazer isso
da melhor forma possível. Aparece quase
que regularmente na primeira página dos
Feitos e rupturas
jornais de referência mundial ou mesmo na
abertura dos telejornais mais sérios do planeta.
Quando não se encontra nesses lugares de
destaque, no mínimo, está em alguma página
desse mesmo jornal ou em algum momento do
telejornal. Continua-se a ouvir: Trump não serve,
Trump é louco, Trump tem razão o mundo
é que é hipócrita, Trump privilegiou muros em
vez de pontes, etc. Mas América é outra coisa.
Do poderio militar ao diplomático, passando
pelo poderio financeiro, vinca na mente dos povos
a existência de uma hierarquia que comanda
as relações entre os Estados e Nações, onde
a águia, do alto, hegemónica, com a sua visão
controla os movimentos que selecciona e que
atribui alguma importância. Mesmo passando
bem longe, qualquer animal, qualquer mamba,
evita dar nas vistas. Essa águia predadora não se
alimenta de amizades, mas de interesses. O jovem
Presidente norte coreano sabe muito bem
disso. A União Europeia continua a aprofundar
os seus conhecimentos sobre a águia.
Diferentemente de Trump Moçambique inaugurou
a sua ponte-cartão de visita e não muros.
Se assumirmos que em qualquer governação o
que está em causa são os feitos de cada um, que
podem ou não coincidir com a “marca” deixada,
olhando para Moçambique diríamos que a
ponte Maputo-Catembe é, por enquanto, mais
“marca” do que propriamente um “feito”. Será
um feito se não se tranformar num elefante
branco. Muitos podem não gostar do grande
empreendimento por não se simpatizarem com
o cidadão visionário que, de facto, sonhou e
materializou o grande empreendimento (politiquice
à parte).” Maputo-Catembe” por pouco
não foi baptizada com o seu nome. O grande
problema esteve (ou está ou estará) supostamente
nas avultadas somas envolvidas para a
“marca” pessoal em detrimento da marca nacional.
Olhar para o valor total da ponte na perspectiva
algo titubeante de “uma cerveja, um
bloco” tem o seu mérito, pois chama à atenção
da opinião pública para a valorização da planificação
enquanto envolvimento democrático.
Entretanto, não faz mais do que lembrar a
“marca” deste e daquele Papa quando nos
remete aos fabulosos valores ganhos pelos
jogadores de basquetebol que poderiam
ser úteis na eliminação da fome, na cura
de doenças, na minimização do sofrimento
dos que não têm um tecto onde dormir,
etc. Ou seja, quantas estradas secundárias
e terciárias, postos de saúde, campos desportivos,
quantas escolas equipadas convenientemente
teríamos no lugar da ponte
Maputo-Catembe? As contas já foram
feitas e publicadas. Como fazer quando
em simultâneo desejamos a “cerveja” e o
“bloco”? Aqui a reclamação ou a chamada
de atenção feita pelos cidadãos é válida no
sentido da inclusão no debate sobre as decisões
mais importantes do País. Mas isso
também não aconteceu no “debte a dois”
sobre a guerra e a paz em Moçambique.
Questões de estratégia na resolução dos
problemas da Nação ou a necessidade de
capitalização de um feito?
N
uma velha república das bananas, este
seria o momento para José Eduardo
dos Santos ( JES) fazer sair uns
tanques e uns canhões das casernas
e afastar João Lourenço com um pronunciamento
militar, enquanto o general se encontrasse
preso na barriga do avião que o transporta
para Portugal.
JES não tem tropa ou não tem fôlego para
a fazer sair dos quartéis, por isso optou por
fazer uma aparentemente amena conferência
de imprensa em que se defendeu, atacando
publicamente, pela primeira vez, João Lourenço.
A verdade é que a conferência de imprensa de
JES deixa duas marcas fundamentais: trata-se
da primeira invectiva amplamente publicitada
do antigo presidente contra o novo; ataca
o ponto fraco de Lourenço, onde se estão a
sentir presentemente as maiores dificuldades
e onde a equipa de Lourenço revela extrema
incompetência e falta de visão: a economia.
JES começou por explicar que, quando abandonou
o poder, não havia falta de dinheiro
no tesouro angolano, e deu várias explicações
para isso.
Em primeiro lugar, o défice público era financiado
por títulos do tesouro comprados pelos
bancos comerciais. Quer isto dizer que o
governo emitia papel através do qual os bancos
lhe emprestavam dinheiro a juros. E que,
naturalmente, bastaria prosseguir esta prática
para se continuar a ter dinheiro. Se isto era
assim, temos um problema bem grave na relação
entre as finanças públicas e a solvabilidade
da banca angolana, o qual merece estudo
aprofundado.
Em segundo lugar, afirmou JES, existiam
as reservas do Banco Nacional de Angola
(BNA), que montariam a 15 mil milhões de
dólares norte-americanos. Resta saber quantos
destes milhões foram “acomodados” em
bolsos privados imediatamente antes da saída
de cena do antigo presidente.
Finalmente, Dos Santos explicou que as
receitas do Orçamento Geral do Estado
(OGE) permitem sempre encher os cofres, e
que Lourenço só não fez isso porque atrasou a
aprovação do Orçamento. Aqui sempre se comentará
que as receitas só enchem os cofres
do Estado se as despesas não forem maiores.
Depois, JES dedicou-se a ilustrar como estava
a economia no final do seu mandato para,
obviamente, vincar o contraste com os problemas
que ela vive nos tempos de Lourenço.
JES referiu que, apesar da redução do preço
do petróleo bruto até aos 38 dólares, manteve
sempre a economia debaixo de controlo, não
desvalorizando a moeda (piada à desvalorização
acentuada e, possivelmente, desastrada
levada a cabo por Massano, governador do
BNA), pagando a tempo e horas à função
pública, incluindo o 13.º mês, mantendo o
poder de compra através da indexação gradual
dos salários à inflação, garantindo a cesta
básica, e baixando a inflação em seis meses.
E concluiu sublinhando que no seu tempo
havia uma relativa estabilidade na economia
nacional.
Este não é o tempo de desmontar as afirmações
de JES. É o tempo de dizer o que elas
significam. E significam duas coisas:
Dos Santos chama mentiroso e incompetente
a João Lourenço. Mentiroso por ter afirmado
que encontrou os cofres vazios, quando eles
estavam suficientemente abonados. Incompetente
porque herdou uma economia estabilizada
e controlada e deixou que esta se
descontrolasse e desestabilizasse.
Neste momento, é no fracasso económico de
João Lourenço que JES aposta. Os problemas
económicos levarão ao descontentamento popular
que afastará João Lourenço. Segundo os
anti-lourencistas, já não são precisos tanques
para o afastar: basta a revolta das zungueiras,
dos comerciantes, dos funcionários públicos,
de todos os que foram afectados pela crise
económica.
Começou o duelo entre o novo e o antigo
presidentes, e no seu centro estão a economia
e as finanças.
(makaangola.org)
O Império contra-ataca:
Dos Santos versus Lourenço P
ouco de bom reserva o Brexit para o septuagenário
príncipe de Gales que, no dia em
que ascender ao trono, arrisca acabar associado
à dissolução do Reino Unido legado
por Isabel II.
Theresa May, caso resista a um eventual desafio
pela liderança do Partido Conservadores, claudicará
ante a rejeição pelo Parlamento de Westminster
do projecto de acordo negociado com 27 Estados
da União Europeia.
Nenhum putativo candidato à chefia dos conservadores
apresenta alternativas para uma renegociação
com Bruxelas que possam ser aceites pelos 27 antes
do final de Março do próximo ano.
Jeremy Corbin, por sua vez, aposta numa maioria
trabalhista em eleições antecipadas e na quimera
de um Brexit em que o Reino Unido gozaria das
actuais prerrogativas do mercado único.
É este o panorama e não há volta a dar.
Muda a discussão
Antes de o ano chegar ao fim a discussão já se terá
centrado nos termos práticos da aplicação das regras
da Organização Mundial do Comércio e de
compromissos pontuais sobre os termos para circulação
e residência de cidadãos britânicos e dos
27, cooperação policial e judiciária e negociações
bilaterais.
O desconcerto da política britânica em que fracassaram
todas as promessas da campanha de 2016
pela ruptura com a UE irá exacerbar as tensões
sociais, regionais e etárias patentes nos resultados
do referendo.
No País de Gales, onde 52,5% dos eleitores optaram
pela ruptura, os efeitos políticos de um Brexit
desordenado poderão demorar algum tempo a
fazer-se sentir na Assembleia Nacional criada em
1998, mas o primeiro-ministro do governo de Cardiff,
o trabalhista Carwyn Jones, vai dizendo nunca
ter visto tamanha crise política.
As maiorias pela permanência na UE registadas
em Junho de 2016 na Escócia (62%) e na Irlanda
do Norte (55,8%) auguram, entretanto, o pior para
a unidade do estado.
Os Acordos de Paz de Belfast de 1998 e a instituição
da Assembleia da Irlanda do Norte (suspensa,
por sinal, desde Janeiro de 2017) e do Executivo
de Stormont abriram condições para a legitimação
de novas entidades políticas com capacidade para
negociar com Dublin e Londres.
A controvérsia acerca da unificação da ilha ou a
manutenção dos seis condados no Reino Unido da
Grã-Bretanha e Irlanda criado em 1801 e imposto
por Londres à maioria católica assumirá contornos
muitos mais virulentos a partir do próximo ano.
A chamada devolução de poderes, promovida pelos
trabalhistas de Tony Blair, que instituiu o Parlamento
Escocês em 1998, ameaça, por seu turno,
converter-se em confronto de poderes com os nacionalistas
a forçarem um segundo referendo sobre
a independência com promessa de encetarem negociações
para aderir à União Europeia.
É concebível que os nacionalistas consigam superar
os resultados do referendo de 2014 quando apenas
44,7% do eleitorado se pronunciaram a favor de
um governo independente em Edimburgo e, consequentemente,
pela manutenção do Tratado de
União dos reinos da Escócia e Inglaterra de 1706.
As reformas institucionais que desde a década de
1990 concederam poderes administrativos a autoridades
locais, com destaque para Londres (2000)
e Manchester (2011), vão, por sua vez, passar pelo
teste do confronto com o governo central, mas uma
clivagem brutal está já patente.
“Ter mão nas coisas”, “decidir”, “retomar o controlo”,
foram palavras de ordem que confortaram
um nacionalismo inglês em 2016, a grande força
que levou ao triunfo do Brexit, desorientado por
décadas de transformações ofensivas do orgulho
imperial.
A emigração oriunda dos despojos do Império a
partir dos anos 50, a perda de prestígio na crise do
Suez em 1956 quando Washington travou veleidades
militares de Londres e Paris, a difícil reconversão
do Welfare State e a polarização social trazida
pelo liberalismo conservador de Margaret Tatcher
deixaram marcas.
A truculenta relação entre Londres e os parceiros
continentais, as reivindicações separatistas e soberanistas
no Reino Unido, mais fossa fizeram à
imagem tradicional da Inglaterra serena, senhora
de si e impositiva.
A ronda dos tristes
Numa manobra clássica de pressão, Madrid, fechadas
as negociações entre Bruxelas e Londres,
veio reclamar esta semana que ficasse expresso no
projecto de acordo o direito soberano de Espanha
negociar em exclusivo com o Reino Unido o estatuto
de Gibraltar.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Madrid,
o catalão, Joseph Borrel, afirmou, de resto,
estar muito mais preocupado com a integridade do
Reino Unido do que com a unidade de Espanha,
aludindo à questão da Irlanda do Norte e ao nacionalismo
escocês.
“Mais cedo se desintegra o Reino Unido do que o
reino de Espanha”, asseverou o ministro socialista.
É ironia amarga para um Reino Unido em bolandas,
uma Espanha dividida e uma União Europeia
sem norte.
(jornaldenegocios.pt)
O Brexit do Rei Carlos
João Carlos Barradas*
Savana 23-11-2018 21 PUBLICIDADE
22 Savana 23-11-2018 DESPORTO
ANÚNCIO DE CONSULTORIA
Organização UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza
Programa / Projecto Estratégia de Sustentabilidade e Inclusão para Corredores de
Desenvolvimento em África (SUSTAIN-Africa)
Tipo de contrato Consultoria de curto prazo
Objectivo do
trabalho
Redacção de 4 estudos caso do programa SUSTAIN em Moçambique
(Recolha das principais aprendizagens acerca da promoção do crescimento
sustentável e inclusivo no corredor do Vale do Zambeze)
Duração 20 dias (14 + 6)
Candidaturas até 2 de Dezembro
Data de inicio 5 de Dezembro
A IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza, no quadro do projecto SUSTAIN África
- Estratégia de Sustentabilidade e Inclusão para Corredores de Desenvolvimento em África em
implementação em Moçambique, pretende realizar uma consultoria para concepção e redacção de
4 estudos caso sobre as aprendizagens e resultados do programa, que após 5 anos de implementação
está agora na sua recta final. O SUSTAIN Moçambique pretende apoiar o crescimento sustentável e
inclusivo do corredor do vale do Zambeze através da promoção de parcerias e diálogo entre os vários
stakeholders que promovam uma gestão inclusiva e integrada da água, terra e dos serviços prestados
pelos ecossistemas. Para a realização desta consultoria, foram elaborados Termos de Referência (TdR)
que podem ser consultados em:
https://hrms.iucn.org/iresy/index.cfm?event=vac.offline.show&offline_vacancy_id=1523, solicitados
através do email: helga.marques@iucn.org ou levantados nos escritórios na IUCN.
Os candidatos interessados devem submeter as suas candidaturas completas, disponibilidade e
proposta financeira até ao dia 2 de Dezembro. As candidaturas devem ser enviadas para Susana
Gomes – susana.gomes@iucn.org ou entregues em mão nos escritórios da IUCN, sitos na Rua Fernão
Melo e Castro nº23, Maputo. Mais se informa que candidaturas incompletas não serão consideradas
e por isso aconselhamos a leitura atenta dos TdR.
O
seleccionador nacional de
futebol, Abel Xavier, vive,
por estes dias, uma nova
vida, depois de “abafar” a
crítica pública e reacender as esperanças
dos mais de 28 milhões de
moçambicanos de verem a sua selecção
a marcar presença na Copa
Africana das Nações (CAN), a ser
disputada nos Camarões, em 2019
ao vencer a Zâmbia (1-0), em jogo
pontuável para a quinta jornada.
Outrossim, por ter qualificado a
selecção sub-23, para a segunda
eliminatória de acesso ao CAN da
categoria, a ser disputada, igualmente
em 2019, no Egipto.
O momento chega dois meses depois
de o técnico luso-moçambicano
ter atravessado um dos piores
momentos, desde que assumiu o
comando técnico da selecção nacional
de futebol, ao perder dois
jogos e empatar outro em três jogos
consecutivos referentes à fase de
qualificação para a maior prova de
futebol africano.
Eram quase 17:30 horas, quando
o árbitro tswana, Joshua Bondo,
apitou pela última vez, no Estádio
Nacional do Zimpeto, colocando
uma pausa no sofrimento de um
país, que, durante dois meses, viveu
uma verdadeira agonia, ao ver quase
hipotecada a hipótese de estar presente
na maior festa do futebol africano,
ao somar duas derrotas e um
empate nos anteriores três jogos.
Foi uma tarde e noite únicas e memoráveis,
em que o seleccionador
nacional suspirou de alívio, depois
de ter visto a sua “cabeça na bandeja”
devido aos maus resultados, que
voltaram a descredibilizar o combinado
nacional, apesar da vitória
histórica de Ndola (Zâmbia), em
Junho do ano passado.
A cinzenta tarde de domingo marcou
a única vitória dos “Mambas”,
em casa, nesta campanha, assim
como o segundo triunfo na prova
e o segundo consecutivo sobre
a Zâmbia, o maior carrasco moçambicano
de todos os tempos.
Foi também o regresso da selecção
nacional às vitórias caseiras, em jogos
oficiais, desde o triunfo sobre
Depois da vitória dos “Mambas” sobre os “Chipolopolo”, “Mambinhas” de sub-23 eliminam eSwatini e passam para segunda eliminatória
Xavier ganha nova vida!
Por Abílio Maolela
às Maurícias (1-0), em 2016, na
última jornada das qualificações ao
CAN-2017.
Por isso, o triunfo, garantido, na segunda
parte, por Reginaldo, avançado
do Kukësi, da Albânia, aliviou
a pressão sobre Abel Xavier, que viu
a sua continuidade em risco, depois
de um empate (contra a Guiné-
-Bissau) e duas derrotas (frente à
Namíbia), nos últimos dois meses.
A estes desaires juntavam-se as
três últimas péssimas participações
na Taça COSAFA e a eliminação
precoce e caseira da corrida ao
CHAN-2018.
São resultados que, associados à
avaria no sistema de pagamentos
e transacções electrónicas (que
privou muitos cidadãos do seu dinheiro),
afastaram os adeptos do
palco do jogo, apesar dos renovados
apelos feitos pela equipa técnica e
jogadores.
O domingo que registou a primeira
vitória moçambicana sobre a Zâmbia,
em solo pátrio, fica também na
história como tendo sido aquele
que menos público registou (menos
de 20 mil espectadores) nos confrontos
entre estas duas equipas.
Lembre-se que, em 2015, o ENZ
registou a sua segunda maior enchente,
depois da do dia da inauguração,
com mais de 41 mil espectadores
a assistirem a “última”
derrota dos “Mambas” diante dos
“Chipolopolo”.
Para o seleccionador nacional, a
vitória não é nenhuma resposta às
críticas de que foi alvo nos últimos
dias, que lhe levaram a convocar
uma conferência de imprensa, onde
apareceu com uma estatueta de
boxe, para se defender dos apelidados
“apóstolos da desgraça”.
“Fizemos uma confrontação saudável
com o grupo sobre o que aconteceu
nos jogos anteriores e o jogo
retratou o que fizemos nos treinos”,
disse aos jornalistas, no final do
jogo, num tom suave e sereno, uma
característica pouco habitual.
“Encaramos com normalidade as
críticas. Não demos nenhuma resposta
aos críticos. Fomos dominantes
em todos os jogos e devemos
analisar como sofremos os golos
na dupla jornada com a Namíbia
e Guiné-Bissau”, afirmou, salientando
que tanto ele, assim como os
jogadores querem estar nos Camarões,
em Junho de 2019.
Com a vitória sobre a Zâmbia, Moçambique
reacendeu a esperança de
marcar presença no CAN-2019,
ocupando, neste momento, a terceira
posição com sete pontos, atrás
da dupla Guiné-Bissau e Namíbia,
que soma oito pontos, na primeira
e segunda posição, respectivamente,
depois de terem empatado sem golos,
na última jornada.
Aliás, foi devido a este resultado,
que a nossa selecção passou a depender
de si para marcar presença
naquele país francófono, cabendo-
-lhe apenas a missão de ganhar a
sua congénere da Guiné-Bissau,
que procura apenas um ponto para
garantir a sua qualificação. O jogo
entre as duas nações dos PALOP
(Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa) está agendado para o
dia 22 de Março de 2019, na capital
guineense, Bissau.
Embora faltem quatro meses para
a realização da partida, o seleccionador
nacional disse ser importante
que os jogadores dêem uma
boa resposta ao nível dos clubes, de
modo a que possam merecer confiança
da equipa técnica.
Por sua vez, o defesa moçambicano,
Zainadine Júnior falou da necessidade
de haver jogo de controlo, de
modo a permitir maior coesão no
grupo, sublinhando que a equipa de
todos nós é mais forte que a guineense,
pelo que acredita na qualificação.
Um resultado que não apaga
o passado
Entretanto, a segunda vitória consecutiva
sobre a Zâmbia, em 21
confrontos (15 vitórias do adversário
e quatro empates), não apaga
o passado recente sobre o desempenho
da selecção nacional nesta
campanha que, no entender de alguns
desportistas, neste momento,
a equipa técnica já devia estar focalizada
na preparação do CAN e
não na qualificação para esta prova.
O facto é que os “Mambas” tiveram
todas as condições para garantir
a qualificação antes do fecho da
fase de qualificação e sem precisar
de combinar resultados das outras
selecções, com destaque para a Namíbia
com quem perdem no confronto
directo.
Depois da vitória sobre a Zâmbia,
em Ndola, Moçambique teve dois
jogos consecutivos, em casa, e uma
dupla jornada com a equipa “mais
fraca” do grupo, porém, somou um
ponto, fruto de um empate frente
à Guiné-Bissau e duas derrotas perante
a Namíbia.
Assim, em casa, a selecção nacional
somou quatro pontos, dos nove
possíveis, um desempenho muito
negativo, no grupo. A Namíbia somou
cinco pontos, nos três jogos,
enquanto a Guiné-Bissau soma seis
pontos em dois jogos caseiros. Por
sua vez, a Zâmbia soma três pontos
nos dois jogos até então realizados.
7DOFRPRPXLWRV $EHO;DYLHUVRQKDFRPDTXDOLÀFDomR
Agenda Cultural
Campismo da Praia de Xai-xai
Sábado, 08 DEZ as 20H00
SHOW DO ANO - II Edicao com:
Puto Portugues e sua Banda, Mr Bow, Swit, etc
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados, Domingos e Feriados 18h30
Apresenta“Mae Coragem”
Maputo Waterfront
Todas Sextas, 19h
Jantar Dancante com Alexandre Mazuze
Todos Sábados, 19h
Música com Zé Barata ou Fernando Luís
Todos Domingos, das 13/18h
Animacao com DJ
Chefs Restaurante
Todas Sextas, 19h Música ao vivo
Naita Ussne
Savana 23-11-2018 23 PUBLICIDADE DESPORTO
Edital dos Exames de Admissão 2019
81,9(56,'$'(
('8$5'2
021'/$1(
A Universidade Eduardo Mondlane comunica que já estão abertas as candidaturas para os Exames de Admissão para o
ano 2019, que se realizarão de 07 à 11 de Janeiro.
Para mais informações, consulte a website da UEM: www.uem.mz.
LISTA DE CURSOS DE GRADUAÇÃO A SEREM LECCIONADOS PELA UEM NO ANO LECTIVO DE 2019
PERÍODO LABORAL
I. FACULDADE DE AGRONOMIA
E ENGENHARIA FLORESTAL
(Maputo)
Agroeconomia e Extensão Agrária
Engenharia Agronómica
Engenharia Florestal
II. FACULDADE DE
ARQUITECTURA (Maputo)
Arquitectura e Planeamento Físico
III. FACULDADE DE CIÊNCIAS
(Maputo)
Biologia Aplicada
Biologia e Saúde
Biologia Marinha, Aquática e Costeira
Cartografia e Pesquisa Geológica
Ciências de Informação Geográfica
Ecologia e Conservação da
Biodiversidade Terrestre
Estatística
Geologia Aplicada
Informática
Matemática
Química Ambiental
Química Industrial
Física
Meteorologia
IV. FACULDADE DE DIREITO
(Maputo)
Direito
V. FACULDADE DE ECONOMIA
(Maputo)
Economia
Gestão
Contabilidade e Finanças
VI. FACULDADE DE EDUCAÇÃO
(Maputo)
Desenvolvimento e Educação de Infância
Educação Ambiental
Língua de Sinais de Moçambique
Organização e Gestão da Educação
(também ministrado à Distância)
Psicologia das Organizações
Psicologia Social e Comunitária
Psicologia Escolar e de Necessidades
Educativas Especiais
VII. FACULDADE DE ENGENHARIA
(Maputo)
Engenharia Civil
Engenharia do Ambiente
Engenharia Eléctrica
Engenharia Electrónica
Engenharia Informática
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
VIII. FACULDADE DE FILOSOFIA
(Maputo)
Filosofia
IX. FACULDADE DE LETRAS E
CIÊNCIAS SOCIAIS (Maputo)
Administração Pública
Antropologia
Arqueologia e Gestão do Património
Cultural
Ciências Políticas
Ensino de Francês
Ensino de Inglês
Ensino de Línguas Bantu
Ensino de Português
Ensino de Língua, Cultura e Literatura
Chinesa
Geografia
História
Linguística
Literatura Moçambicana
Serviço Social
Sociologia
Tradução Português/ Inglês
Tradução Português/ Francês
X. FACULDADE DE MEDICINA
(Maputo)
Medicina
XI. FACULDADE DE VETERINÁRIA
(Maputo)
Ciência e Tecnologia de Alimentos
Ciência e Tecnologia Animal
Medicina Veterinária
XII. ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E
ARTES (Maputo)
Arquivística
Biblioteconomia
Jornalismo
Marketing e Relações Públicas
Música
Teatro
XIII. ESCOLA SUPERIOR DE
CIÊNCIAS DO DESPORTO
(Maputo)
Ciências do Desporto
XIV. ESCOLA SUPERIOR DE
CIÊNCIAS MARINHAS E
COSTEIRAS (Quelimane)
Oceanografia
Biologia Marinha
Química Marinha
Geologia Marinha
XV. ESCOLA SUPERIOR DE
DESENVOLVIMENTO RURAL
(Vilankulo)
Comunicação e Extensão Rural
Economia Agrária
Agroprocessamento
Produção Agrícola
Produção Animal
Produção Pesqueira
Engenharia Rural
XVI. ESCOLA SUPERIOR DE
HOTELARIA E TURISMO DE
INHAMBANE
Animação Turística
Gestão de Mercados Turísticos
Gestão Hoteleira
Informação Turística
XVII. ESCOLA SUPERIOR
DE NEGÓCIOS E
EMPREENDEDORISMO DE
CHIBUTO
Finanças
Gestão de Empresas
Gestão Comercial
Agro-Negócios
Agricultura Comercial
ENSINO À DISTÂNCIA
I. FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Organização e Gestão da Educação
II. FACULDADE DE ECONOMIA
Gestão de Negócios (10 por província)
III. FACULDADE DE LETRAS E
CIÊNCIAS SOCIAIS
Administração Pública – Cidade de
Maputo
Administração Pública - Sabié
Administração Pública - Chibuto
Administração Pública – Vilankulo
Administração Pública - Inhambane
Administração Pública – Beira
Administração Pública - Manica
Administração Pública – Quelimane
Administração Pública - Lichinga
PERÍODO PÓS-LABORAL
I. FACULDADE DE CIÊNCIAS
(Maputo)
Ciência de Informação Geográfica
Estatística
Informática
II. FACULDADE DE DIREITO
Direito
III. FACULDADE DE ECONOMIA
(Maputo)
Economia
Gestão
Contabilidade e Finanças
IV. FACULDADE DE EDUCAÇÃO
(Maputo)
Educação Ambiental
Organização e Gestão da Educação
Psicologia das Organizações
Psicologia Social e Comunitária
Psicologia Escolar e das Necessidades
Educativas Especiais
V. FACULDADE DE ENGENHARIA
(Maputo)
Engenharia Civil
Engenharia do Ambiente
Engenharia Eléctrica
Engenharia Electrónica
Engenharia Informática
Engenharia e Gestão Industrial
VI. FACULDADE DE FILOSOFIA
(MAPUTO)
Filosofia
VII. FACULDADE DE LETRAS E
CIÊNCIAS SOCIAIS (Maputo)
Administração Pública
Ciências Políticas
Ensino de Francês
Ensino de Inglês
Ensino de Português
Ensino de Língua, Cultura e Literatura
Chinesa
Geografia
História
Linguística
Literatura Moçambicana
Sociologia
Tradução Português/ Inglês
XIII. ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E
ARTES (Maputo)
Arquivística
Biblioteconomia
Jornalismo
Marketing e Relações Públicas
IX. ESCOLA DE HOTELARIA E
TURISMO DE INHAMBANE
Gestão
X. ESCOLA SUPERIOR
DE NEGÓCIOS E
EMPREENDEDORISMO DE
CHIBUTO
Finanças
Gestão de Empresas
24 Savana 23-11-2018 CULTURA
O
realizador moçambicano
Inadelso Cossa vai integrar
o júri da competição
Internacional do maior
Festival de cinema documentário
(IDFA) 2018.
O Festival IDFA decorre de 14 a
26 de Novembro na capital Holandesa
Amsterdão e conta já com
uma programação rica em que se
destaca a secção “Mestres” que vai
estrear o filme do realizador Russo
Dziga Vertoz descoberto e restaurado
recentemente e nunca antes
mostrado em qualquer festival. O
filme de abertura será Kabul, The
city in the wind, do realizador
Aboozar Amini. Com este filme,
o realizador Aboozar Amini apresenta-se
como um autor original
e descomprometido”, diz Orwa
Inadelso Cossa na Meca do cinema documental
Nyrabia, director do Festival.
O IDFA vai na sua trigésima primeira
edição e, para este ano, há
mudanças positivas para o festival.
Depois de estrear a sua primeira
longa metragem “Uma Memória
em Três Atos” na secção competitiva
“first appearance” do IDFA
em 2016, Cossa foi convidado
este ano como membro do júri da
competição internacional.
O IDFA é dos mais importantes
festivais de cinema documentário
que anualmente junta profissionais
da indústria cinematográfica e
realizadores mestres como Vickor
Kossakovsky, Werner Herzog, Patricio
Guzman, e tantos outros.
Inadelso Cossa vai integrar então
o membro do júri que irá premiar
o melhor filme em competição no
festival. Entre outros membros
do júri também constam o realizador
Chadiano Mahamat Saleh
Haroun e realizador brasileiro
Eduardo Escorel.
Inadelso Cossa está neste momento
a produzir a sua segunda longa
metragem entitulada “As Noites
ainda cheiram à Pólvora” que já
conta com o apoio do IDFA Bertha
Fund para desenvolvimento,
o projecto segue em Dezembro
para o Festival Internacional de
Cinema de Marrakesh no Marrocos,
onde foi seleccionado para o
Atlas workshop, evento dedicado
à co-produção internacional de
projectos africanos e do Magrebe
em fase de desenvolvimento e
pós-produção. A.S
F
oi apresentado publicamente,
no dia 19 de Novembro, pelas
17:30 h, no auditório do BCI
no edifício Sede, em Maputo,
o livro da autora Lisié Champier,
denominado “Teresinha uma vida
em Moçambique”, sob a chancela
da Alcance Editores.
No livro Teresinha Uma Vida em
Moçambique, conta-se a História
de Teresinha, uma mulher moçambicana
de classe baixa, guiando-nos
pela mística de África, as suas tradições,
cultura, o real e o fantástico.
Teresinha é o espelho da realidade
em Moçambique, nas suas dificuldades,
lutas e na forma como encara
a vida. Teresinha nasce numa pequena
zona no centro de Moçambique,
filha de João e Maria. A família
de Teresinha muda-se para a capital,
Maputo, onde ela presencia uma
vida mais agitada e cheia de desafios
para conseguir viver. Teresinha tem
que apoiar os pais nas actividades
diárias e nas vendas, tentando conciliar
com a escola e a sua infância.
Não é uma vida fácil, mas ela sor-
“Teresinha uma vida
em Moçambique”
ri e aceita a vida tal como ela é. Já
adolescente, Teresinha apaixona-se
por José e, tal como a mãe, engravida
antes do casamento. Teresinha
e José acabam por se casar e iniciam
uma vida em conjunto. Ambos amadurecem
e assumem as responsabilidades
de gerir o lar, criar os filhos
e navegar pelas alegrias da vida em
Moçambique.
Lisié Chavry Champier, moçambicana,
nasceu na Cidade da Beira
(Sofala – Moçambique) em 1984.
Vive actualmente em Maputo onde
reside há 30 anos. Formou-se em
Informática de Gestão e trabalha
em Marketing. Em Julho de 2016
iniciou a sua incursão no ramo da
escrita compondo pequenas histórias
e poemas sobre diversos temas.
Os seus textos e poemas já foram
publicados em algumas revistas e
antologias. Administra a página do
facebook “Tu consegues Fazer Lindo”,
a qual foi a principal responsável
e motor impulsionador para
a criação da exposição literária e
fotográfica “Teresinha – Uma Vida
em Moçambique”, em geral para o
projecto Teresinha. A.S
A
Associação Cultural MOZOLUA
em parceria com o
Conselho Municipal da Cidade
de Maputo, patrocínio
dos Caminhos de Ferro de Moçambique
e apoio do BCI, Água Namaacha,
ChitaráSound, Pixel – Design e
Serviços, realiza hoje e amanhã a II
Edição do Festival Municipal de Artes
e Cultura.
O evento a ter lugar no Centro Cultural
Franco-Moçambicano pretende
exaltar a riqueza artística e cultural da
cidade de Maputo, enquanto espaço
que congrega muitas facetas em termos
de criação e inovação.
O festival procura oferecer aos munícipes
um programa pensado para as
Festival Municipal
famílias e outros públicos, onde desde
as primeiras horas do dia, a audiência
tem a possibilidade de viver momentos
de lazer, disfrutar da gastronomia,
apreciar o melhor do artesanato local,
ver os vários movimentos teatrais
e literários que a cidade das acácias
continua a forjar.
O Festival Municipal de Artes e Cultura
surge igualmente num contexto
de promoção do turismo doméstico,
tendo em conta o vasto património
histórico (material e imaterial) de
que Maputo dispõe, reforçando deste
modo o conjunto de esforços desencadeados
por outras entidades no
campo das artes e cultura na capital
do país. A.S
Realizador Inadelso Cossa no centro
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1298 23 DE NOVEMBRO DE 2018
E PORQUE O SACANA ÀS VEZES
TAMBÉM FALA DE COISAS SÉRIAS
AQUI VAI UM ABRAÇO POR ESTES
18 ANOS....
2 Savana 23-11-2018 SUPLEMENTO Savana 23-11-2018 3
AQUELA, SOBRE QUEM O POETA DISSE
QUE PRIMEIRO ESTRANHA-SE E DEPOIS
ENTRANHA-SE, AMEAÇA PARTIR......HASTA
SIEMPRE Ó AMIGA DE INFÂNCIA.
ELES ANDEM POR AÍ....
Savana 23-11-2018 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto)
Naíta Ussene (Fotos)
D
epois do rebuliço das eleições autárquicas realizadas recentemente
no país, chegou o momento de arregaçar as mangas para
os desafios prometidos por parte dos vencedores.
Não é por acaso que Calisto Cossa, Presidente do Município da
Matola, procurou estar com os jornalistas para fazer lançamento do seu
programa para o presente mandato. Pelo semblante dos jornalistas Eduardo
Conzo, do mediaFAX, Sebastião Ngomane, câmera da STV, Francisco
Mulima, Visão Aberta, Carlos Pussik, do jornal Xiquento parece
pairar muita dúvida no que ouvem. Estamos habituados a ver o trabalho
no terreno. De palavras e promessas estamos cansados.
Sabemos que todos têm sempre um comentário sobre determinado assunto.
Agora resta saber se o comentário feito vai de acordo com o desejado.
Quando não vai de encontro, o interlocutor não presta a devida atenção.
É o que acontece no diálogo travado entre Salvador N´tumuke, Ministro
da Defesa Nacional, e Raimundo Diomba, Governador da Província de
Maputo. Este preferiu concentrar o olhar no que lhe interessa.
Deve estar a desejar estar noutro círculo de conversa onde pode ouvir
algo mais importante. Referimo-nos à conversa entre Adriano Maleiane,
Ministro da Economia e Finanças, Roque Silva, Secretário-geral do
partido Frelimo, Eneas Comiche, vencedor das autárquicas pela cidade
de Maputo. Pelo nível de concentração, os dois últimos devem estar a
falar da situação económica do país que deixa a desejar. A dificuldade de
encontrar soluções está a tirar sono a muitos dirigentes.
No meio a muita preocupação sobre a situação do país, existem dirigentes
que parece que nem estão aí para as preocupações. Não queremos
dizer que seja o facto. Dizemos isso por causa do ar descontraído de José
Pacheco, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Celmira da Silva, viceministra
da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, David Simango,
edil cessante do Município de Maputo. Reparem que Beatriz Buchili,
Procuradora-Geral da República, no fundo da imagem, não esconde o ar
de preocupação.
Enquanto isso, existem aqueles dirigentes que parece estarem a respirar
de alívio pelos problemas que encararam durante um tempo estão à beira
do fim. Pode não ser isso. O futuro vai ditar. Deve estar a dizer isso Silva
Magaia, PCA da empresa Maputo Sul, para João Loureiro, Presidente do
Município de Boane e Rocha Nuvunga, Delegado Provincial do INGC,
que os problemas que vierem futuramente são pequenos em relação aos
que enfrentou durante a construção do empreendimento que é simbolizado
pela ponte Maputo-Katembe e as restantes estradas que fazem parte
deste projecto.
Outros problemas
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF /PWFNCSP EF t "/0 997 t /o
1298 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA
A
o fim de 13 dias de trabalho
em Maputo, a equipe do
Fundo Monetário Internacional
(FMI) congratulou a
recuperação da economia moçambicana
e apresentou perspectivas optimistas
quanto ao desempenho para o
próximo ano.
-JEFSBEB QPS 3JDBSEP 7FMMPTP
B FRVJQB FTUFWF OB DBQJUBM NPÎBNCJDBOB FOUSF F EF /PWFNCSP DPSSFOUF QBSB
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FDPOØNJDPT F JOJDJBS EJTDVTTÜFT TPCSF
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2019.
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RVF EFTUBDB P DSFTDJNFOUP SFBM
EP 1*# RVF
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Economia continuará a
recuperar em 2019
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QBSB EBS DBCP EB KJIBBE EF $BCP
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Em voz baixa
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Carlos Cardoso
Savana 23-11-2018
EVENTOS
1
0DSXWR GH1RYHPEURGH $12;;91o 1298
EVENTOS
N
o âmbito das celebrações
do Dia Internacional do
Estudante, a unidade
de extensão universitária
da Universidade Politécnica
promoveu, no sábado, na vila de
Moamba, na província de Maputo,
a II Caravana Jurídica 2018,
que consistiu na prestação de assistência
jurídica e atendimento
psicológico gratuitos à comunidade
daquele distrito, bem como
a emissão de Bilhetes de IdentiPolitécnica
presta apoio jurídico em Moamba
dade (BI), atribuição de Número
Único de Identificação Tributária
(NUIT), registo de nascimentos e
doação de sangue.
Trata-se do prosseguimento de
acções, que a maior universidade
privada do País tem vindo a desenvolver
desde a sua criação, há
23 anos, baseadas na sua firme
convicção de que pode contribuir
para a transformação do mundo
à sua volta, através da formação
sólida dos seus estudantes, incutindo-lhes
o espírito de complementar
a formação teórica com a
componente prática.
A propósito da II Caravana Jurídica
2018, levada a cabo em
coordenação com o Ministério
da Saúde, Autoridade Tributária
de Moçambique, Registo e Notariado,
Direcção Nacional de
Identificação Civil e o Instituto de
Patrocínio e Assistência Jurídica
(IPAJ), o reitor da Universidade
Politécnica, Narciso Matos, referiu
que o mais importante é o que
os estudantes do curso de Ciências
Jurídicas aprendem nesta interacção
com a comunidade.
“É uma aprendizagem, uma interacção
directa com a comunidade
e os seus problemas, alguns dos
quais básicos e de fácil resolução
e constitui um teste da realidade,
pois para alguns dos nossos estudantes
é a primeira vez que saem
da grande cidade para vivenciar
uma outra realidade”, frisou.
Segundo consta, a jornada de assistência
jurídica e atendimento
psicológico marca um dos momentos
desta prática da Universidade
Politécnica e é neste âmbito
que tem estabelecido parcerias
estratégicas com diversas instituições
nacionais e estrangeiras, na
promoção de acções com impacto
junto à comunidade, o que ocorre
geralmente na fase final da formação
do estudante, em que este tem
a oportunidade de demonstrar a
capacidade de integração e assimilação
das exigências do mercado
de trabalho, em particular, e da
comunidade, em geral.
Abordada no local, a administradora
do distrito de Moamba,
Guilhermina Gaspar Kumagwelo,
louvou a iniciativa da Universidade
Politécnica, considerando-a
muito proveitosa, particularmente
por combinar vários aspectos
de interesse da população, como
a saúde, emissão de documentos
pessoais essenciais e as componentes
cultural e jurídica.
“O facto de as pessoas terem
acorrido em massa para este local
prova a importância das acções
desenvolvidas no âmbito desta
Caravana Jurídica para a nossa
população”, indicou a administradora,
ajuntando que iniciativas do
género concorrem para o desenvolvimento
sócio-económico do
distrito.
Filipe Bila é um dos participantes
na II Caravana Jurídica da Universidade
Politécnica, que num
acto de solidariedade doou sangue.
“Tenho consciência de que este
meu gesto pode salvar uma vida,
pois as unidades sanitárias do País
têm registado uma grave carência
deste líquido vital”, contou o dador,
salientando a necessidade de
criação do hábito de doar sangue.
O
Barclays Bank Moçambique
inaugurou,
no último
sábado, em Tete, a
sua segunda agência naquele
ponto do país, somando
assim o quadragésimo quarto
balcão desta instituição
bancária em todo o território
nacional.
Inaugurada pelo governador
da província de Tete, Paulo
Auade, o “Balcão do Futuro”
do Barclays Bank MoçamInaugurada
nova agência Barclays em Tete
bique foi criado com o intuito
de orientar os clientes para uma
visão de negócios, habilitando-os
para a actual conjuntura do sistema
financeiro.
Durante a cerimónia, o governador
começou por dizer que a
nova agência vai impulsionar a
iniciativa de financiamento do
sector privado em particular,
como também explorar as potencialidades
de que a província
dispõe nos sectores de turismo,
agricultura, recursos hídricos,
entre outros.
“Gostaria de sublinhar que a
população da província de Tete
é generosa e trabalhadora e tem
a consciência e clareza sobre o
papel inovador e multiplicador
que o Barclays Bank Moçambique
desempenha e continuará a
desempenhar no processo de desenvolvimento
da nossa província”,
afirmou Paulo Auade.
Por seu turno, a Presidente do
Conselho de Administração do
Barclays, Luísa Diogo, disse que
a escolha de Tete para a instalação
de um “Balcão do Futuro”
visa acompanhar o desenvolvimento
que a província vem registando.
“A esta infra-estrutura chamamos
“Balcão do Futuro”, olhando
para aquilo que são as exigências
de hoje e a demanda para amanhã.
Com os recursos mineiras
que, cada vez mais, vão sendo
descobertos nesta província, o
balcão do Barclays vem dizer
sim em resposta à sua demanda,
anseios e ajudar a descobrir melhor
o negócio”, sublinhou Luísa
Diogo.
Neste contexto, Diogo destacou
as soluções digitais na
simplificação das operações
bancárias e facilidades da
interacção entre os clientes e
os bancos.
“Estamos hoje mais próximos
dos nossos clientes,
trazendo para o mercado diferentes
soluções inovadoras,
quer ao nível de serviços e
produtos que disponibilizamos,
quer por novos balcões,
como este, em que a tecnologia
é a nossa forte aposta”,
acrescentou a fonte.
Savana 23-11-2018 EVENTOS
2
Um conjunto de soluções
para o controlo de risco
e a fraude bancárias,
com recurso a sistemas
de inteligência artificial (IA) e
aprendizado de máquina (“machine
learning”), foi apresentado
na terça-feira, 20 de Novembro,
aos representantes de várias instituições
financeiras moçambicanas,
pela empresa SAS (Statistical
Analysis System) e seu parceiro
local, a Cilix Software.
Para este efeito, a Cilix estabeleceu
uma parceria com a empresa SAS,
líder mundial em “Analytics”,
com sede nos EUA e há 25 anos
a operar na África do Sul. Refira-
-se que a Cilix é uma empresa
moçambicana especializada em
serviços de software, datacenter e
internet para empresas, criada em
Moçambique há 14 anos, tendo
sido responsável pela prestação de
serviços às maiores empresas do
País e também ao Governo: “Isto
nos traz vantagens acrescidas, porque
conhecemos bastante bem o
mercado nacional e suas necessidades”,
segundo afirmou o CEO
da Cilix, João Leopoldo.
Durante o encontro, João LeoControlo
de risco e fraudes bancárias
SAS e Cilix Software apresentam soluções
poldo referiu que as soluções
apresentadas ao sector bancário
tem por objectivo ajudar de forma
atempada (“predictive”) a minimização
do risco, assim como na
detecção e, deste modo, impedir as
fraudes nas aplicações bancárias,
uma prática cada vez mais corrente
não só no nosso País, como no
resto do mundo.
“Quantas vezes somos confrontados
com informação súbita de
que ocorreram débitos nas nossas
contas bancárias, como se estivéssemos
em países tão longínquos
como, por exemplo, Singapura,
A
Capital Finance International
(CFI.co)
distinguiu recentemente
a Electricidade
de Moçambique (EDM) e
o PCA cessante da empresa,
Mateus Magala, com os prémios
de Melhor Empresa de
Energia em Sustentabilidade
e Melhor Liderança em Desenvolvimento
Estratégico do
sector energético, ao nível da
África Austral.
O painel do júri, que premiou
a EDM, assinala, no seu discurso
laudatório, que a empresa
aposta num duplo objectivo:
assegurar o acesso universal à
energia até 2033 e massificar o
uso de energias renováveis.
Para o alcance desses objectivos,
será necessária a edificação
de uma rede eléctrica
em todo o território nacional
e o fornecimento de energia a
toda a população.
Na nota, assinada por Maseela
Seesay, membro do painel
do júri, lê-se que a empresa
pública EDM quer estar na
vanguarda de uma revolução
energética sustentável.
Sector energético
EDM e Magala
vencem prémios
Actualmente, 70% da população
moçambicana não tem
acesso à energia eléctrica.
Contando com a abundância
de recursos energéticos,
a companhia pretende aumentar
a quota de energias
renováveis que usa na sua
rede para 20% nos próximos
25 anos, o que resultará numa
capacidade de produção de
1.200 MW neste tipo de
energia.
As parcerias internacionais
que a EDM firmou permitiram
que o país passasse a
contar com a primeira central
de energia a gás e com uma
central de energia solar, que
vai beneficiar 175 famílias a
partir de 2019.
Com receitas anuais de 500
milhões de dólares e 1,6 milhões
de clientes, a EDM está
apostada em afirmar-se como
líder no sector em Moçambique.
O painel do júri da CFI.
co elogia os esforços que a
EDM tem empreendido para
tornar Moçambique num
pólo regional de geração e
comercialização de energia.
quando afinal estamos no momento
em Moçambique? A solução
que apresentamos aos bancos
moçambicanos permite não só detectar,
como impedir este tipo de
fraude”, segundo referiu Leonardo
Scoth, “sales leader” da SAS.
Por seu turno, o gestor de parcerias
da SAS, Alexandre Negrão,
explicou que as soluções do SAS
operam na base de inteligência
artificial, o qual funciona ao
“combinar grandes quantidades
de dados com processamento rápido
e interactivo e algoritmos inteligentes,
permitindo ao software
SAS aprender automaticamente
com padrões ou informações nos
dados”. Com efeito, a inteligência
artificial possibilita que máquinas
aprendam com experiências, se
ajustem a novas entradas de dados
e desenvolvam tarefas como os seres
humanos.
“A indústria bancária enfrenta
hoje um problema grave relacionado
com a quantidade de dados
existentes ao nível dos sistemas
que usa, sendo que as soluções do
SAS têm a capacidade de transformar
esses dados, não controlados
e desorganizados, de forma
inteligente, em informação que
possa ser útil para a tomada de
decisões e na detecção e impedimento
de fraudes”, referiu Negrão.
Segundo foi dado a conhecer na
ocasião, 85 por cento dos bancos
sul-africanos utilizam este sistema,
daí o interesse em expandir as
operações na perspectiva de ajudar
outros bancos espalhados pelo
continente africano, incluindo os
do mercado moçambicano.
A digitalização do sector bancário,
conforme sustentou Negrão,
só é possível quando um banco
tiver informação fidedigna, daí
que num sistema bancário maduro
faça “todo o sentido que se
comece a ter uma visão holística
de resolver alguns dos problemas
que ocorrem, como são os casos da
fraude bancária”, acrescentou.
O
Instituto Nacional de
Segurança Social (INSS)
submeteu, semana passada,
um recurso de apelação
ao juiz presidente do Tribunal
Administrativo (TA), referente
ao processo nº56/2018-CA em
que foi considerado procedente
o pedido da construtora Nadhari
Opway. Em acórdão também tornado
público semana passada, o
TA condenava o INSS a observar
os termos do contrato promessa,
quanto ao sancionamento da
mora.
INSS recorre do acórdão do TA
Numa nota enviada a nossa Redação,
o INSS faz notar que em nenhum
momento se recusou a pagar
o valor estipulado no contrato.
“O que impediu o pagamento
foi o incremento do valor inicial
do contrato que passou de
1.544.400,000 meticais, para
3,675,672,000 meticais, o que
corresponde a um aumento de
138 por cento em relação ao preço
global, quando, nos termos da lei,
o limite permitido para o aumento
é até 25 por cento”, afirma.
Segundo o INSS, também não
constitui verdade que o INSS tenha
sido condenado a pagar algum
valor à Nadhari Opway.
“O Acórdão é claro quanto ao
seu objecto: Observar os termos
do contrato promessa quanto ao
sancionamento da mora que, no
entender do Tribunal, consiste no
pagamento de uma indemnização
ao promitente comprador, o INSS,
no valor de 11,625 meticais, por
cada dia de atraso, até ao máximo
de 60 dias, nos termos da cláusula
6ª, nº1 do Contrato”, sublinha a
nota do INSS.
C
om o objectivo de criar
novas oportunidades profissionais
para os jovens
licenciados, o Millennium
bim lançou, recentemente,
a 4ª edição do People Grow.
Trata-se de um programa de captação
de talentos jovens junto das
instituições superiores de ensino,
onde o banco vai oferecer a estes a
oportunidade de desenvolverem-
-se de forma profissional e pessoal
baseada na flexibilidade e integração.
O foco desta edição é permitir
que os participantes ganhem uma
visão geral e completa do negócio
da Banca, através da combinação
do aprendizado em contexto real
de trabalho com a formação em
sala.
Segundo o Director dos Recursos
Humanos do Millennium bim,
Bim lança 4º edição do People Grow
António Penim, com esta oportunidade,
pretende-se atrair e desenvolver
o melhor Talento existente
em Moçambique, proporcionando
a oportunidade aos jovens finalistas
e recém-licenciados de fazerem
parte, desde o 1º dia, do quadro de
Colaboradores de uma instituição
de prestígio como o Millennium
bim.
“Esta 4ª edição do Programa People
Grow visa, mais uma vez, reforçar
a nossa imagem como uma
das empresas de preferência dos
jovens quando estes saem ou estão
prestes a sair das Universidades e
é mais um sinal do comprometimento
do Millennium bim com o
desenvolvimento do Talento em
Moçambique”, acrescentou Penim.
Os candidatos seleccionados serão
formados por profissionais com
uma larga experiência, nos quais
se incluem Responsáveis de diferentes
Áreas do Banco, e contarão
com o apoio de Mentores.
Com o intuito de divulgar e dar
a conhecer o Programa People
Grow, o Millennium bim tem realizado
diversas palestras em várias
universidades de Moçambique,
nomeadamente na Universidade
Pedagógica, na Universidade São
Tomás de Moçambique, no Instituto
Superior de Transportes e
Comunicações, no Instituto Superior
de Ciências e Tecnologias
de Moçambique e na Universidade
Eduardo Mondlane.
Entretanto, os estudantes que
participaram nestas palestras
vêem este programa como uma
oportunidade única, uma vez que
o Millennium bim não exige experiência,
pois o que pretende é
identificar e desenvolver o talento
existente nos jovens moçambicanos.
(C.C)
João Leopoldo
Savana 23-11-2018
EVENTOS
3
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Savana 23-11-2018 EVENTOS
4
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Poderão candidatar-se aos Testes de Diagnóstico
indivíduos que preencham os seguintes requisitos:
Î)ŸƋƚÚ±ĹƋåŸÚŅ)ĹŸĜĹŅåÏƚĹÚ´ųĜŅ:åų±ĬŧƚåƋåĹʱĵ
ÏŅĹÏĬƚĝÚŅ±ŎƖřÏĬ±ŸŸåÚŅc)ŅƚåŧƚĜƴ±ĬåĹƋåſ
Îų±Æ±ĬʱÚŅųåŸŧƚåƋåĹʱĵÏŅĵŞĬåƋ±ÚŅ±ŎƖřÏĬ±ŸŸå
ÚŅc)ŅƚåŧƚĜƴ±ĬåĹƋåŞ±ų±ÏŅĹƋĜĹƚ±ÓÅŅÚååŸƋƚÚŅŸØ
ŸåĵŞųåģƚĝDŽŅÚ±ĬåčĜŸĬ±ÓÅŅåĵƴĜčŅųţ
PERÍODO DE INSCRIÇÃO
e±ŞųåŸåĹƋ±ÓÅŅÚ±ŸÏ±ĹÚĜÚ±Ƌƚų±ŸÚåÏŅųųåűåÏųåƋ±ųĜ±
ÚŅF )aرƋæŅÚĜ± 10 de Dezembro de 2018.
Os candidatos aos testes serão avaliados apenas nas
disciplinas nucleares dos cursos da sua preferência.
BŅų´ųĜŅ×í×ƐLjBŠ%ĜƚųĹŅšåŎƀ×ƐLjBŠ{ņŸěĬ±ÆŅų±Ĭšţ
Escola/Curso Vagas
Diurno cŅÏƋƚųĹŅ Peso Peso :ųƚŞŅ
Disciplinas Requisitos
Disciplina 1 Disciplina 2
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
aåÚĜÏĜű:år±Ĭ
aåÚĜÏĜű%ånƋ´ųĜ±
F±ųĵ´ÏĜ±å ontrŅĬåÚå}ƚ±ĬĜÚ±ÚåÚåaåÚĜϱĵåntos
210
50
50
ESCOLA SUPERIOR DE ECONOMIA E
GESTÃO DE NEGÓCIOS
:åsƋÅŅÚå)ĵŞų埱Ÿ
onƋ±ÆĜĬĜÚ±Úåå Auditoria
:åstão Financeir±åÚååčƚros
:åsƋÅŅÚåa±ųĩeting
:åstão de RecurŸŅŸBƚĵ±ĹŅŸåcåčŅÏĜ±ÓÅŅ
100
120
100
50
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50% 50%
50% 50%
50% 50%
50% 50%
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
aaƋåĵ´ƋĜϱ Português
ESCOLA SUPERIOR DE ENGENHARIAS E
TECNOLOGIAS
)ngenharia InfŅųĵ´ƋĜϱ
)ĹčåĹʱųĜ±:åŅĬņčĜϱåÚåaĜűŸ
100 aaƋåĵ´ƋĜϱ 50%
100
50%
50% 50%
Física
aaƋåĵ´ƋĜϱ Física
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS
JURÍDICAS E ARTES
Arquitectur±åųƱĹĜŸĵŅ
Direito
45
150
B
B
B
A
A
A
A
A
C
C
C
A
50% 50%
50% 50%
Desenho aaƋåĵ´ƋĜϱ
Português História
80
80
80
50
60
-
-
-
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-
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50
50% 50%
50% 50%
50% 50%
ĜŅĬŅčĜ± }ƚĝĵĜϱ
ĜŅĬŅčĜ± }ƚĝĵĜϱ
ĜŅĬŅčĜ± }ƚĝĵĜϱ
cŅ ¶ĵÆĜto das conÚĜÓŝes gerais de ingresso no )nsino uperiŅųØ previstos na ĬåĜ n° Ɩƀ/ƖLjLjĿØ de eƋåĵÆro ŠXåĜ do )nsino
ƚŞåųĜŅųØ artigo ƖƐØ n° 5 ±Ĭínea ±š onde a coĹÚĜÓÅo de acesso à fŅųĵ±ÓÅŅ conducente ao grau ±Ï±ÚæĵĜco de XĜÏåĹÏĜatura æ a
coĹÏĬƚŸÅŅ com aprov±ÓÅŅ da ŎƖř cĬasse ou equiv±ĬentåØ o F )a torna ŞƜÆĬĜco que irão decorrer no dia 11 de Dezembro
de 2018, Testes de Diagnóstico e Entrevistas Vocacionais para admissão aos cursos que a seguir se indica:
Para mais informações contacte:
åÏųeƋ±ųĜ±ÚŅF )aØĹŅ ±ĵŞƚŸUniverŸĜƋ´ųĜŅ
Rƚ±ŎƐĿĉěZona da Fe FaØƐƖƖěa±ŞutŅţ
åĬ×íƖƐLjĿĉŎƐLjŅƚíƖƐŎƐƖƖLjLj
)ěĵ±ĜĬןåÏųeƋ±ųĜ±ÄĜŸÏƋåĵţ±ÏţĵDŽ
www.isctem.ac.mz
EDITAL
2019
Testes de Diagnóstico e
Entrevistas Vocacionais
ee%aF k%k ec%F%ek) 8)Fe
k )ec%ke)}F%e%)%k:.c)kţ
Construa a
Ponte do Seu
Futuro Promissor
Construa a
Ponte do Seu
Futuro Promissor
Savana 23-11-2018
EVENTOS
5
DIVULGAÇÃO
Mozambique Rovuma Venture S.p.A
(MRV) and ExxonMobil Moçambique
Limitada (EMML) are pleased
to invite all interested companies to
proceed with the registration of their
companies in our Rovuma LNG Phase
1 “Supplier Registration Portal”.
Registering your company in our portal
is an opportunity to stay abreast of
our activities in Mozambique.
Registering your company through
the link below, will allow us to obtain
accurate and relevant information
about your business.
https://mz.rovumalngsrp.com/
For Eni Rovuma Basin (ERB) applications,
please refer to https://esupplier.eni.com/PFU_en_US/home.
page)
SUPPLIER
REGISTRATION
PORTAL
A Mozambique Rovuma Venture
S.p.A (MRV) e a ExxonMobil Moçambique
Limitada (EMML) tem o prazer
de convidar a todos interessados, a
procederem o registo das suas empresas,
no “Portal de Registo de Fornecedores”
Rovuma LNG Fase 1.
O Registo da sua empresa será uma
RSRUWXQLGDGHSDUDÀFDUDSDUGDVQRVsas
actividades em Moçambique.
O Registo da sua empresa através do
link abaixo, vai nos permitir também
obter informações precisas e relevantes
sobre o seu negócio.
https://mz.rovumalngsrp.com/
Para registo no Portal da Eni Rovuma
Basin (ERB), por favor consulte a página
https://esupplier.eni.com/PFU_
en_US/home.page)
PORTAL DE
REGISTO DE
FORNECEDORES
Savana 23-11-2018 EVENTOS
6
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Savana 23-11-2018
EVENTOS
7
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O Fundo das Nações Unidas para População (UNFPA), é
uma agência internacional de desenvolvimento que trabalha
em prol de um mundo onde cada gravidez é desejada,
cada parto é seguro e o potencial de cada jovem é realizado.
O UNFPA solicita candidaturas de cidadãos moçambicanos
TXDOLÀFDGRVHH[SHULHQWHVSDUDDVHJXLQWHYDJD
Posto # e título: Consultoria – Preparação do
Relatório Nacional da Juventude
Tipo de contrato, nível: Consultor/a Individual
Local de Trabalho: Escritório do UNFPA
Duração: 45 Dias
Prazo da candidatura: As candidaturas devem ser
feitas até 30 de Novembro de 2018
Requisitos Gerais:
0HVWUDGRHPGHVHQYROYLPHQWR FLrQFLDVVRFLDLVRXRXWUD
DUHDUHOHYDQWH HFRQRPLD SRSXODomR GHPRJUDÀD
8PPtQLPRGH DQRVGHH[SHULrQFLDFRPLQLFLDWLYDVGH
MRYHQV LQFOXLQGRSHVTXLVDVVREUHMRYHQV
([SHULrQFLDHPSODQHDPHQWRDQDOtWLFRHHVWUDWpJLFR
([FHOHQWHFDSDFLGDGHGHHVFULWDHFRPXQLFDomR
&DSDFLGDGHGHPRQVWUDGDSDUDWUDEDOKDUHPHTXLSHHHP
harmonia com pessoas de diferentes nacionalidades e
FXOWXUDV
&RQKHFLPHQWRGH3RUWXJXrVH,QJOrV
Anúncio
)DPLOLDUL]DGRFRPRFRQWH[WRVRFLDOHHFRQ{PLFRGRSDtV
)DPLOLDUL]DGR FRP DVPDLV UHFHQWHVOHLV FRQYHQo}HV H
acordos internacionais.
Descrição do Trabalho: Os Termos de Referência estão disponíveis
na recepção do escritório do UNFPA em Maputo
no endereço abaixo, das 08:30 até 16:00 horas, de segunda
a quinta-feira.
Endereço: UNFPA, Fundo das Nações Unidas
para População
Av. Julius Nyerere, 1419, PO Box 4595,
Maputo, Mozambique
Como se candidatar: Os interessados devem submeter as
VXDVFDQGLGDWXUDV &9 DFRPSDQKDGRGDFDUWDGHPRWLYDomRHP,QJOrVSDUDRVHJXLQWHHQGHUHoRHOHFWUyQLFR
moz.recruitments@unfpa.org
Não há nenhuma cobrança de taxa de candidatura, processamento
ou de outra natureza. O UNFPA não solicita
ou procura obter informações dos candidatos quanto ao
VHXHVWDGRGH+,9RX6,'$HQmRGLVFULPLQDFRPEDVHQD
VLWXDomRGH+,9H6,'$ $VFDQGLGDWXUDVGHYHPVHUVXEmetidas
no endereço acima até o dia 30 de Novembro de
2018.
Savana 23-11-2018 EVENTOS
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A continuar uma história de inovação que se estende há mais de 130 anos. Hoje, a ABB, escreve o
futuro da digitalização industrial com duas proposições claras: ao trazer eletricidade de qualquer
estação de energia para qualquer tomada e ao automatizar indústrias desde recursos naturais a
produtos finalizados. A ABB tem o prazer de anunciar a nossa nova sede nas icónicas Torres Rani
Towers, em Maputo, reafirmando o compromisso a Moçambique como um mercado de crescimento
rápido e uma importante base de clientes.
Clientes podem, agora, contactar-nos: Torres Rani Towers, Av. da Marginal, 141,
8 piso, +258 20 300 244/5 | abb.com/Africa
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Nova sede da ABB abre em Maputo
Vamos juntos escrever o futuro
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