ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
Cameron Underwood tentou o suicídio, mas falhou e os danos provocaram-lhe graves danos na cara. Em janeiro fez um transplante facial que durou 25 horas e envolveu mais de 100 médicos.
Cameron Underwood, 26 anos, apontou a arma ao queixo e disparou numa tentativa de suicídio há pouco menos de dois anos. Não morreu, mas a tentativa destruiu-lhe o rosto. Agora, 11 meses depois do transplante facial a que foi submetido, conta a sua história.
Natural da Califórnia, Estados Unidos, Cameron tentou suicidar-se em junho de 2016. A tentativa acabou por falhar e os danos provocaram-lhe a destruição total do nariz, parte do queixo e dentes. Ainda investiu em algumas cirurgias reconstrutivas, mas de nada lhe valeram.
Sem uma solução aparente, a mãe do jovem leu um artigo numa revista sobre o trabalho do médico Eduardo Rodriguez no departamento de cirurgias plásticas de NYU Langone Health, um centro de investigação médico universitário em Nova Iorque, e considerou que a única solução passava por lá. “O Cameron sabia que ele [o médico] era a única pessoa em que ele podia confiar a vida”, conta a mãe, citada pela cadeia de televisão CNN.
A cerca de 4.300 quiolómetros da clínica e “dispostos a tudo”, mãe e filho rumaram a Nova Iorque sem pensar duas vezes. O transplante facial foi realizado em janeiro do ano passado, liderado pelo professor e Eduardo Rodriguez, durou 25 horas e envolveu uma equipa de mais 100 médicos. A operação foi um sucesso e partilhada em vídeo esta quinta-feira na rede social Twitter pelo NYU Health.
Os procedimentos foram relativamente rápidos, já que entre o momento do acidente e o transplante passaram apenas 18 meses. Os médicos consideram que este facto ajuda em grande medida na recuperação a nível física, emocional e psicológica do paciente, já que pode levar a “problemas severos como a depressão, abusos de drogas e outros comportamentos de risco”.
Cameron e a mãe acabaram por conhecer a mãe do dador, um rapaz de 23 anos que se alistou como dador aos 10 anos. Após o período de reabilitação, o jovem já regressou a casa, na Califórnia. Agora, está eternamente grato à equipa médica e tem esperança no futuro, mas tem que tomar medicamentos anti-rejeição para o resto da vida.
Espero que a minha experiência inspire e dê esperança a outras pessoas que enfrentam problemas faciais e que são muitas vezes alvo de ofensas , assim como eu fui inspirado por outros. A jornada não foi fácil, mas valeu a pena”, sublinha Cameron.
O primeiro transplante facial com sucesso aconteceu em 2005, mas a transplantada acabou por morrer em abril de 2016, devido ao cancro causado pelos medicamentos anti-rejeição. Já a pessoa mais jovem a ter um transplante facial foi Katie Stubblefield, na altura com 18 anos.