O pastor Anny Kitembo (foto), vice-presidente da Frente de Libertação do Estado de Cabinda/Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) foi exonerado por exigência do estado-maior, por “desrespeitar a hierarquia” de comando e de utilizar “abusivamente” do cargo que ocupava, anunciou a organização. A história repete-se e o fim da resistência ao domínio de Angola está próximo.

Por Orlando Castro
“Ochefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, mente sobre o que se passa em Cabinda”. Quem terá dito estas aleivosias? Foi em Maio de 2004.
Um alto dirigente da FLEC reagia assim às declarações então proferidas, em Washington, pelo Presidente de Angola, segundo o qual “não há guerra” neste território.
Quando José Eduardo dos Santos afirmava que já “não há guerra em Cabinda” pretendia fazer crer à opinião pública internacional que Angola “esmagou a FLEC”, declarou na altura esse dirigente cabinda ao Ibinda.com, acrescentando que “qualquer pessoa de grande experiência política compreende que o Presidente de Angola está com graves contradições sobre a questão de Cabinda”.
“José Eduardo dos Santos é um chefe de Estado de grande experiência política, daí que é surpreendente quando faz declarações absurdas como estas, a não ser que só queira revelar a sua má intenção com os seus irmãos de Cabinda”, considerou esse dirigente cabinda, sublinhando ainda que o povo cabinda, “organizado politicamente em torno da FLEC”, tem lutado contra a ocupação militar do seu território pelo MPLA (partido no poder em Angola) desde 1974.
“Em Cabinda todos os dias perdem-se vidas humanas, mas Angola não quer falar disso e prefere ignorar os seus próprios mortos”, sublinhou esse dirigente, levantando algumas interrogações.
“Se não há guerra em Cabinda, qual é o paradeiro da FLEC? Se não há guerra em Cabinda, qual é a razão do aumento constante dos efectivos militares angolanos em Cabinda, e porque é que existem posições militares em quase todas as aldeias de Cabinda?”, perguntava.
E acrescentava: “A verdade é esta: nós existimos dentro do território de Cabinda, fazemos as mudanças tácticas necessárias para nos adaptarmos às novas exigência da luta, e continuaremos a combater até encontrarmos a solução necessária para este conflito. Podemos provar que tudo o que disse o Presidente José Eduardo dos Santos não é verdade. Nós podemos garantir que Angola nunca será capaz de nos desalojar do nosso terreno”.
O dirigente de Cabinda desmentiu então também a afirmação de José Eduardo dos Santos de que o seu Governo estava a dialogar com todas as comunidades de Cabinda. “Não é verdade. O que o MPLA faz em Cabinda é a politiquice a nível dos regedores e com algumas autoridades tradicionais mais fáceis de enganar. Mas nós, nem a igreja, nem os quadros do exterior e do interior de Cabinda, que constituem a FLEC, podemos apoiar essa afirmação do Presidente de Angola”.
Sobre essa deslocação de Eduardo dos Santos a Washington, p político dizia que ela visava renovar o contrato de exploração petrolífera em Cabinda por mais 20 anos com a empresa petrolífera norte-americana Chevron Texaco.
Nessa altura acusou a Chevron Texaco de ser “cúmplice” no “genocídio” em Cabinda: “A Chevron explora o petróleo em Cabinda, dando as receitas a Angola, sabendo que esta utiliza essas mesmas receitas para pôr em prática o genocídio do povo de Cabinda”.
Como quase (tudo) na vida, mudam-se os tempos, há mais dólares para dividir e isso obriga a que alguns mudem as vontades (1).

Outro caso, outr