quarta-feira, 23 de maio de 2018

UM CHEQUE EM BRANCO PARA A RENAMO


É já informação que circula nos corredores da Assembleia da República, que a tristemente célebre proposta de revisão constitucional atinente ao alargamento do processo de descentralização em Moçambique, seja debatida e aprovada ao longo desta semana, numa descomunal correria, que levará o nosso Parlamento a mimosear-nos com sessões plenárias até o próximo domingo.
É conhecido o cepticismo com que encaro essa proposta, pese embora haja quem tenha a convicção errônea de que estamos diante de uma panaceia para o conflito militar que o país vive desde 1976, pese embora em paz armada desde 1992.
O denominador comum nesse intrincado conflito militar é que Afonso Dhlakama e a sua Renamo sempre apresentaram uma reivindicação, que mudava em função do tempo, usando o trunfo das armas que mantêm em sua posse e de outras adquiridas depois de 4 de Outubro de 1992.
Depois do AGP de Roma, durante o consulado do Presidente Chissano, a Renamo sempre nos presenteou com a narrativa da fraude e não reconhecimento dos órgãos eleitos em 1994 e 1999, que ao jeito do dipolomata nato, permitiu adormecer a Renamo e levar o país para frente, entretanto, mantendo aquela as armas e homens armados, para qualquer encomenda.
Durante os mandatos de Armando Guebuza, mais precisamente depois da vitória retumbante, esmagadora, convincente, avassaladora e história, de 2009, a Renamo socorreu-se da necessidade de revisão da legislação eleitoral, acomodando uma paridade na constituição dos órgãos eleitorais. Para viabilizar as eleições, à Renamo foi servida de bandeja a famosa paridade, que levou Dhlakama a dizer que as eleições de 2014 seriam as únicas livre e independentes. Ainda assim, a Renamo manteve os Rasta Mazembe desta vida armados até aos dentes.
Hoje, com Filipe Nyusi, o cavalo de batalha são as autarquias provinciais. Digo Autarquias Provinciais pois a proposta sumariamente chumbada em 2015 pela Bancada Parlamentar da Frelimo, regressa hoje, num embrulho sugestivo, a que se designa Pacote de Descentralização, como se em 1998 não tivesse sido inaugurado o advento da descentralização. Aliás, na proposta apresentada pelo Presidente da República há mais Desconcentração que Descentralização.
Por aquilo que têm sido os discursos da Chefe da Bancada da Frelimo e do Presidente do Partido (essencialmente em comícios) posso asseverar que a FRELIMO está para emitir mais um *cheque em branco* à RENAMO, pois a citada proposta vai ser aprovada, sem que se elimine o que tem enorme potencial para perigar a paz: as armas na posse da Renamo. É preciso que nos lembremos que o desarmamento e a descentralização, são dois gémeos siameses, pelo que não podem ser tratados em separado.
É que após as eleições, se a RENAMO não concordar com os resultados das eleições, há uma enorme probabilidade de voltar, de novo, às matas.
É nestes momentos em que eu gostaria de ter poderes mágico-religiosos para poder ver Margarida Talapa, Edson Macuacua, Lucas Chomera Jeremias, entre outros, a contarem aos seus netos, como dividiram um país, continuando com a guerra e com a FRELIMO na oposição.
A FRELIMO deve pensar num país unido e evitar que o mesmo, que está claramente polarizado, resvale para uma Perestroika. Mais do que isso, a Comissão Política da FRELIMO deve ser madura o suficiente, para pensar numa geração e num país unido e não nos seus interesses eleitorais imediatos.
PS.: O erro crasso que a Assembleia da República, dominada pela FRELIMO, vai cometer esta semana, deixa-me profundamente deprimido, ya ya ya.
Apreciando o Cenário nas Calmas!

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9 comentários
Comentários
Angelo Pelembe Bunguele Estamos perante um processo de exigências, apoios e cedências não só condicionado pela paz, mas deve ser ditado por uma ética política e não por interesses partidários. Tudo o processo social é dialéctico com novas exigências quando se satisfazem as antigas.
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Jorge Jone Sejamos optimistas e razoáveis! Nyussi faz o que pode pela paz e vamos apoiá-lo. E quanto a mim está sendo muito mais acertivo do que o seu antecessor. Não há razão para apelo ao retrocesso numa altura dessas.
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Isalcio Mahanjane O problema de um pensamento pobre é esse, pensar no antecessor e não pensar nos netos (futuro)... não há, ainda, premissas dos hipotéticos ganhos... como podemos adivinhar assertivo o “passo”?
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Alexandre Chivale Papá, estamos em 2018 e o antecessor saiu em 2015. Essa forma de ver pensar é qual?
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Armistício Mulande Eu escrevi algures que a pobreza dum país mede-se pela incapacidade de olhar para frente. Mesmo que o anterior presidente do partido tenha sido tão bom (e acho que foi), já passou, devemos olhar para o futuro. As decisões a serem tomadas devem focalizar no que queremos para o país amanhã, e não o que o país era ontem.
Não sei qual é a dificuldade de dar este salto na nossa forma de pensar. Isto deprime!

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Efraime Naftal Tembe Até porque a lei no geral dispõe pra o futuro, Armando Guebuza foi um dos melhores senão o melhor presidente que Moçambique teve.
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Gito Bazima Não tenha o pior como referência!
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15 h
Dino Foi A Comissão Política mais me parece que está lá para “ saudar presidente Nyusi”, “apreciar o trabalho da bancada “ e “encorajar o governo”. Nos últimos 3 anos não vi uma actividade de relevo e não me tragam a ladainha de que antes do congresso era uma CP do anterior consulado, o partido é o mesmo.
Se a CP não pára de tratar assuntos corriqueiros semanais e avança para um mega-plano estratégico que ultrapasse os órgãos correntes estaremo-nos a condenar à uma situação em que a constituição vai ser mexida em cada 5 anos para acomodar este e aquele até chegarmos à uma situação em que não vai ser possível fazer 2/3 por falta de “coligação”, aí é que será essa altura em que os visados no seu exemplo estarão a contar aos seus netos a epopeia da democracia Moçambicana quando eles estiveram a legislar.
Já estamos em Junho, você pensa mesmo que para a CP trazer candidatos para os Municípios ( com a conjuntura legal ou a próxima por aprovar) precisa mesmo de levar tanto tempo como se estes viessem do Marte?!
A Renamo e os outros partidos têm uma maneira diferente e garanto que à esta altura já tem os seus e quando quiserem ativarão num dia! A Frelimo ainda terá de ir às primárias, aprovar os candidatos, aquela queima de personalidade habitual e depois ir ao terreno e, depois estamos em Outubro.

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Isalcio Mahanjane Manish Cantilal, veja o que os amigos aprontaram enquanto dormíamos...😎
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Armistício Mulande A CP da FRELIMO é o rosto mais visível da nossa miséria "politico-intelectual" nos últimos 3 anos. Nunca compreendi como é que pode haver tanta mediocridade. E pessoas que estão lá há anos parece que retrocederam na sua forma de abordar os assuntos. Só posso pensar que a liderança é algo tão importante, mesmo para uma estrutura que se pretende ser o corpo pensante dum partido como a FRELIMO.
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Ce Henriques Prendam Dino Foi.. anda muito safado!
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Alexandre Chivale Dino Foi, eu? Outras coisas é azar🤔
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Tomás Paulino André Apraz me dizer que alguns moçambicanos pouco atenciosos fazem vista grossa ao comportamento e desejos insanaveis da RENAMO fazendo com que se legitimem enumeras exigencias barbaras que este movimento armando vem perpetrando no solo patrio. A RENAMO deve pôr a mão na consciência e se desidir em fazer o bem em prol do povo e de quem a apoia e elege e ao país que não fica desenvolvido por em parte da culpa própria da RENAMO que quando vêm suas exigências inacabaveis insatisfeitas recorrem a matanças, pilhagens e crimes contra humanidade fazendo assim cair o tecido economico e social do país. Nenhum moçambicano deve ficar indiferente com atitude deste grupo de pessoas que de tempo em tempo mudam de discurso segundo os seus apetites. Bem haja a verdade.
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Angelo Pelembe Bunguele Exigências bárbaras? .... nenhum mocambicano?
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Lucas Arnaldo Mazive Aguardemos p ver.
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Manuel Matola Caro Alexandre Chivale, os argumentos que apresenta até podem fazer sentido, mas é preciso olharmos para o reverso da moeda. O PR acordou este pacote com o líder da Renamo que já não está entre nós, eventualmente, na expectativa de futuramente aprimorar o documento, aliás, qualquer legislação deve ser revista com o tempo, caso seja necessária. Qualquer recuo nos acordos firmados entre o PR e Dhlakama pode ter o mesmo efeito que o caríssimo antevê: uma nova guerra movida pela Renamo, seguramente, com um argumento válido nessa altura - "traição" pelo não cumprimento do que foi acordado com o líder da Renamo em vida - e a Frelimo na oposição e, muito provavelmente, em declínio.
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Alexandre Chivale Que tal se voltar a ler o texto e só depois comentar. Estamos a falar de assuntos diferentes.
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Tomás Paulino André Srº Manuel Matola, também verifiquei que não comentou o assunto postado mas sim algo igual aos teus desejos. Faça seu post para debatermos teu assunto.
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Manuel Matola Alexandre Chivale, parece que não terá entendido o meu ponto. Do seu percebi que o que o incomoda é a manutenção das armas e a aprovação de uma lei que, ao que parece, também discorda dela. Também estou do lado dos que querem ver a Renamo sem armas - hoje não faz sentido, até porque a pessoa que mais requeria segurança já não está entre nós e o líder interino nunca foi alvo de ameaça, aliás, passa boa parte do seu tempo em Maputo e nunca foi vítima de ameaça por não ter segurança dos chamados Rangers. Mas insisto: o PR e o líder da Renamo firmaram um acordo para a busca da paz. Se eventualmente não houve necessidade de se trocar a aprovação de uma lei pelas armas é porque este ponto terá sido de certeza o de discórdia.... Enfim, espero ter compreendido que o entendi.
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Manuel Matola Tomás Paulino André, espero que leia o que escrevi. Um conselho: ou me trata por tu, ou por você. É-me indiferente, mas era bom que as regras gramaticais fossem respeitadas. Grato.
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Felix Wiliamo Macuacua Moçambique está a ser governado pelos moçambicanos desde 1975, até hoje temos decisões feitas nas esquinas com órgãos bem instituídos, não me venham com vai a debate na AR, porque já é costume chumbar assuntos que amanhã não estarão a favor da Frelimo, nunca se fez referendo neste país porque já se sabe mesmo antes qual seria o resultado.
A RENAMO não usa nada mais que seus meios para se defender, como tamanha em usa a outra parte os seus agentes para reprimir, intimidar é até assassinar.
O problema do país não está centrado no desarmamento da RENAMO, mas sim nas políticas de exclusão implementadas por todo o território...
Existe um sentimento hoje de que chegou a vez dos "nortenhos"
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Alexandre Chivale Manuel Matola , entendi bem, por isso sugeri nova leitura. Constato que valeu a pena o conselho.
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Tomás Paulino André Srº Felix Wiliamo Macuacua leia Artigo 77 da Constituição da Republica de Moçambique.
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Gito Bazima Felix Wiliamo Macuacua ... o problema de Moçambique não está no desarmamento..chegou a vez dos nortenhos..." quais, os de mocimboa da praia?
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15 h
Aristides Mario Patrici Buraimo Haaa Carambas que se cansam de dizer bujardas ..como se os seus escritos fossem passagens da biblia calem-se.... Camaleois esperem os resultados de Outubro
Paz efectiva à espreita em Moçambique

A Assembleia da República acaba de aprovar, na generalidade e por consenso, a proposta de lei da revisão pontual da Constituição República de Moçambique.
Se a razão para a RENAMO não desarmar totalmente era o aprofundamento da democracia, mediante a descentralização da administração pública, então Filipe Nyusi, Presidente da FRELIMO e da República de Moçambique, desmistificou isso, convencendo a liderança da RENAMO de que para tal não é preciso recorrer ao uso da força das armas; basta conversar pacífica e construtivamente.
Isto requereu coragem excepcional por parte do Presidente e Filipe Nyusi, que nem sempre foi bem entendido por todos nós moçambicanos. Com efeito, até hoje há pessoas que atacam Filipe Nyusi, alegando que ele permitiu a capitulação do Estado ante a pressão de um grupo de "bandidos". Essas pessoas são inimigas da paz!
Esta é a minha opinião.
Faço, pois, votos para que a nova liderança da RENAMO paute pelo patriotismo e agilize o processo de desmantelamento do seu braço armado.
Bem haja Filipe Nyusi, que hoje emerge como o arquitecto da reforma da paz podre em paz efectiva em Moçambique!

Eu disse.
Palavra d'onra!
Gosto
Comentários
Estevao Simoes K assim seja
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8 h
Adamo Manonga Well done
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Ver Tradução8 h
Homer Wolf Quem são essas pessoas que "atacam" Sexa PR, Profe?
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7 h
Julião João Cumbane Queres nomes para quê, Homer Wolf?!... Elas sabem quem são!!... Queres integrar o grupo dos antipaz?!...
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7 hEditado
Homer Wolf É que dito assim parece fofoca... 
Há palavras k devemos evitar, sob risco de não nos levarem a sério: "Alguns"... "Consta que"... "Dizem'...
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7 h
Julião João Cumbane Não farei isso aqui, Homer Wolf! Mas que existem, existem; e têm rostos bem conhecidos!!
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7 h
Homer Wolf E Sexa conhece-os?
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7 h
Julião João Cumbane Acho que sim, Homer Wolf... Aliás, foram "conselheiros" dos seus antecessores! Afinal porquê Joaquim Chissano e Armando Guebuza não fecharam o dossier paz?! Há-de ter sido por terem ouvido demais aos tais crápulas intolerantes e convencidos!
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7 hEditado
Homer Wolf Ou seja, está a falar (também) dos so-called G40?!... (Dado que essa foi a mais conhecida "falange de apoio" de AEG)
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7 h
Wilson Timane Yaaaa..., Homer Wolf, estás mesmo a cutucar o Teacher para citar os nomes dos tais "intolerantes e inimigos da paz".
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7 h
Becane Sibia Homer Wolf é mesmo jornalista

Cada pergunta eishhh
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6 h
Julião João Cumbane Não, Homer Wolf! Esses não falam em público...
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6 h
Homer Wolf Como não falam?!😱 Volta e meia lá estão eles na TV/// a biznar peixe deles...
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1 h
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Tomás Paulino André Enquanto não chega Outubro vamos debatendo actualidade.
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1 dia(s)

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